O inédito título de campeão obtido na Inglaterra e a boa repercussão causada aqui no Brasil, não foram suficientes para fazer com que os patrocinadores de Luiz Fernando Cruz se sensibilizassem e continuassem apostando na carreira do talentoso piloto. Sendo assim não havia muito o que fazer. Sem dinheiro, sem corridas.
As corridas eram a vida do piloto gaúcho e ele tinha de fazer alguma coisa e seguir em busca dos seus objetivos. Deixou temporariamente a família aqui no Brasil (sua esposa estava grávida) e voltou à Inglaterra, no início de 1988, período de dura crise na economia brasileira.
Chegando no seu destino, procurou ficar por dentro dos acontecimentos. Não havia dinheiro para correr, apenas para viver. Havia propostas de equipes na Fórmula 3, onde havia feito testes após o título da Fórmula Ford, entretanto ele necessitava ter 1/3 do orçamento para correr, o que não havia. Várias equipes e construtores tinham suas sedes dentro ou muito próximas do autódromo de Snetterton, onde havia estado no ano anterior, como a International Motorsport, Pacific Racing, Van Diemen e Swift Cars. Num raio de 30 km ficavam também a Lotus, Lola, Spice entre outras.
Cruz chegou a receber uma proposta da Swift para pilotar de graça um Fórmula Ford 1600, mas ele achou que não valeria a pena repetir a categoria, pois já estava passando dos 30 anos de idade. Mesmo assim acabou ficando na Swift, mas o que ele iria pilotar seria a prancheta.
A Swift UK começou como revendedora do modelo Swift americano em 1986. Durante dois anos eles não modificaram nada nos carros, mas em 1988 eles resolveram fazer seus próprios projetos, entretanto o projetista da fábrica havia deixado o cargo para trabalhar na McLaren e foi aí que Cruz entrou na história.
Eles tinham um novo modelo do câmbio Hewland, denominado LD200, porém era necessário fazer todo um trabalho de adaptação deste ao carro. Cruz foi o responsável pelo projeto. Os resultados foram muito animadores. O carro foi campeão Europeu de FF1600 com o piloto inglês Richard Dean em 1988 e vice campeão Inglês de FF2000 com o brasileiro Elio Seikel.
Já totalmente engajado nos projetos da Swift, no segundo semestre de 88 Cruz projetou o novo Fórmula Renault que naquele ano mudava o regulamento para multimarcas de chassis. A estreia seria com a pole position do piloto francês Michel Ligonnet, em Nogaro, na primeira etapa do campeonato Francês de 1989. Michel foi o quarto colocado ao final do campeonato com o único Swift, vencendo 2 provas. Abaixo o carro de Michel.
Foi também em 89 que a Fórmula Renault estreava na Inglaterra e lá, os carros da Swift, projetados por Cruz, venceram provas e marcaram melhores voltas nas mãos dos pilotos Neil Riddiford e Dave Coyne. Abaixo, Cruz aparece testando o Fórmula Ford 2000 na pista de Pembrey e logo abaixo vemos o chassi de 1990 da mesma categoria.
Em 1990 Cruz projetou o novo FF1600 com o qual Dave Coyne venceu o World Festival.
Enquanto isso, o brasileiro Thomas Erdos vencia o Campeonato Inglês de Fórmula Renault. Cruz lembra que o interessante daquele ano é que os principais pilotos das fábricas da Fórmula Renault eram brasileiros, pois além de Erdos, Paulo Carcasci era o da Van Diemen (conquistando o vice) e José Cordova era o da Reynard. Ainda naquele ano a Swift bateu o próprio recorde de carros construídos, 64. Cruz lembra ainda que em 1988, eles começaram com apenas 10 carros ao longo do ano. Na época de Cruz, passaram pela Swift, além dos pilotos já citados, outros como Mika Salo, Adrian Fernandes, Oswaldo Negri, Terry Fullerton, Bobby Verdon-Roe, entre outros.
O então engenheiro não perdia as vezes de piloto e testava na pista suas melhores ideias. Abaixo um teste no Fórmula Renault de 1990 em Brands Hatch e nas imagens seguintes a vitória de Thomas Erdos.