* PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCLII *
01501. José Maria de Almeida [1929, 1931,1933, 1936]
01502. Joaquim Martinho do Rosário [1927, 1933]
[NOTA: agradece-se a Maria João Dias as preciosas informações prestadas em 24/03/2024, assim como a documentação enviada.]
01503. Custódio Dias [1933]
[Estava preso em 1933. Sofreu transferência de cárcere em 11/10/1933.]
01504. João Gaspar [1933]
[Cartaxo, c. 1895. Industrial. Filiação: Maria José Gaspar, José Gaspar. Casado. Residência: Rua Batalhas, 54 - Santarém. Referenciado, em novembro de 1931, como estando «envolvido na organização comunista de Santarém», sendo filiado no Grupo N.º 4 do Socorro Vermelho Internacional [Processo 166]. Preso e entregue pela PSP de Santarém em 30/05/1933, «por estar envolvido em manejos revolucionários», juntamente com António Jorge e Simão Piteira Varela - fabrico de invólucros para bombas. Sofreu transferência de cárcere em 11/10/1933. Julgado pelo TME em 19/04/1934, foi condenado na pena de prisão já sofrida. Libertado nesse mesmo dia.]
01505. Ernesto dos Santos [1933]
[Lisboa, 1912 ou 1913. Empregado de escritório. Filiação: Berta Maria dos Santos, João dos Santos. Solteiro. Residência: Campo de Santa Clara, 38 - Lisboa. Em Maio de 1932 já andaria fugido à polícia por estar envolvido em «assuntos de carácter comunista», mantendo contatos com Hernani Amaro, responsável pela célula de Abrantes [Processo 449]. Por parecer do Diretor-Geral de Segurança Pública e despacho do ministro do Interior, foi ordenada, em 22/06/1932, a sua captura e deportação para as Colónias. Continuava fugido em Fevereiro de 1933, «por estar envolvido na organização comunista». Filiado N.º 100 das Juventudes Comunistas, integrando a Célula N.º 1 e o Comité de Zona N.º 1, participou, em 04/09/1932, juntamente com António da Piedade Cipriano, na afixação de propaganda na zona da Sé e do Castelo [Processo 626]. Preso em 28/03/1933, sofreu transferência de cárcere em 11/10/1933. Deportado, em 19/11/1933, para Angra do Heroísmo por ordem do Governo. Julgado pelo TME, Seção dos Açores, em 25/08/1934, seria condenado a 300 dias de prisão correcional, dada por expiada com a preventiva [Processo 713, Processo 58/933 - TME]. Regressou e apresentou-se em 09/11/1934, sendo libertado em 09 ou 10/11/1934.]
01506. Rodrigo Marques [1933, 1934]
[Lisboa, c. 1909. Empregado de escritório. Filiação: Maria Emília da Silva, João Pedro Marques. Solteiro. Residência: Rua Sara de Matos, Porta U - Lisboa. Terá sido preso uma primeira vez em 1933, pois em 11/10/1933 foi transferido de cárcere. Deu entrada no Aljube em 16/10/1934, por ser «Secretário da Comissão Regional da Organização das J. C. P.». Julgado pelo TME em 20/03/1935 e condenado em 4 anos, seguiu para Peniche em 05/04/1935. Transferido, em 14/10/1936, para Caxias, embarcou, em 17/10/1936, para Angra do Heroísmo, de onde foi libertado em 24/09/1938.]
01507. Floriano Gabriel Soares Sampaio Luz [1933, 1934, 1936, 1936, 1947]
[Militante das Juventudes Comunistas, foi preso em 1933, 1934, 1936 e 1947. Conheceu os calabouços do Governo Civil, a Casa de Reclusão da Torre de São Julião da Barra, o Aljube, Caxias e esteve quase três anos deportado em Angra do Heroísmo.
Lisboa, 11/10/1915. Estudante / Empregado de comércio. Filiação: Palmira da Conceição Soares Luz, Adolfo Jaime Sampaio Luz. Solteiro / Casado. Residência: Rua Sara de Matos, 46 - Lisboa / Largo das Fontainhas, 13 - Lisboa. Estudante, integraria, a Célula N.º 49 do Comité de Zona N.º 4 das Juventudes Comunistas, sendo o seu Secretário. Tinha, também, a cargo a Comissão Feminina. Participou, em 20/01/1933, na distribuição de manifestos clandestinos à porta das Oficinas Gerais da CML, em Alcântara. Preso em 24 ou 26/01/1933, quando participava numa reunião clandestina juntamente com Adolfo Teixeira Pais, "O Diabo", António da Piedade Cipriano, João Ferreira de Abreu e Manuel dos Santos, "O Manuel da Fonte Santa". Tratava-se de uma reunião do Comité de Zona N.º 4 realizada na Rua 1.° de Maio, no fim da qual foram surpreendidos por dois agentes da PSP e um dos guardas foi ferido com um tiro. Enquanto Adolfo Teixeira Pais e Manuel dos Santos conseguiram fugir, os outros três foram presos, levados para os calabouços do Governo Civil e entregues à Polícia de Defesa Política e Social [Processo 626]. Segundo o Cadastro Político de Floriano Sampaio Luz, este era considerado «um elemento bastante ativo e muito perigoso». Subscreveu a Carta Aberta impressa, datada de 30 de Março de 1933, em resposta a uma visita do ministro do Interior [Albino Soares Pinto dos Reis Júnior (30/09/1888 - 14/05/1983)] ao Aljube e à respectiva nota oficiosa publicada nos jornais, em que 56 dos 75 presos no Aljube de Lisboa esclarecem e denunciam as torturas sofridas, sendo que «foram espancados 49, e alguns duma maneira bastante selvagem». Transferido, em 11 ou 12/03/1933, para a Casa de Reclusão da Torre de São Julião da Barra, de onde se evadiu em 27/12/1933. Julgado em 02/03/1934, foi condenado a 10 meses de prisão correcional a contar da data de captura [Processo 31/934 - TME]. Voltou a ser detido em 06/04/1934, por se ter evadido anteriormente [Processo 626-A], e libertado em 01/05/1934. Continuou a sua militância e, em 10/03/1936, voltou a ser preso por fazer parte da Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas e ter participado, juntamente com António Gomes Pereira, Edmundo Pedro, Helder David Dias de Meneses, Júlio Agostinho Marques da Silva, Manuel José Ferreira e outros, nos comícios relâmpago realizados na Escola Industrial Machado de Castro e Escola Comercial Rodrigues Sampaio. Uma semana depois, em 17/03/1936, quando era conduzido da Secção Política e Social da PVDE à esquadra onde se encontrava incomunicável, conseguiu fugir [Processo 1813], permanecendo em Espanha entre 29/05/1936 e 02/08/1936, dia em que se entregou no Posto da Secção Internacional da PVDE em Vilar Formoso. A fuga para Espanha fora feita na companhia de José Cabral de Jesus, que também tinha escapado à PVDE. Levado incomunicável para uma esquadra, foi transferido para a 1.ª em 06/08/1936 e entrou no Aljube em 19/08/1936. Em 17/10/1936, embarcou para Angra do Heroísmo e aí foi julgado pelo TME em 29/05/1937, condenando-o em 4 anos de prisão e perda dos direitos políticos [Processo 165/936 do TME]. Três anos depois, em 07/06/1939, foi transferido de Angra para a prisão de Caxias, onde entrou no dia 8, depois de ter passado um dia no Aljube. Por ter sido indultado, foi libertado em 24/12/1939. Voltou a ser detido, para averiguações, em 01/04/1947, levado para o Aljube e libertado em 06/05/1947. Paula Godinho, na Dissertação de Doutoramento em Antropologia "Memórias da Resistência Rural no Sul - Couço (1958 - 1962)" [UNL - FCSH, 1998], evoca a memória de Floriano Sampaio Luz, «velho lutador com quem convivi ao longo de mais de 20 anos, que me ensinou a perceber "por dentro" instituições com a marca do segredo e a perscrutar, de forma participante, a matéria de que se fazem os revolucionários e as revoluções».]
[João Esteves]