[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]
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sábado, 30 de outubro de 2021

[2598.] MARIA LAMAS || NASCIDA HÁ 128 ANOS

 * MARIA LAMAS *

NASCIDA HÁ 128 ANOS (06/10/1893 - 06/12/1983)

MULHERES. PAZ. LIBERDADE / MARIA LAMAS

[Torres Novas || Outubro de 2017 || Município de Torres Novas]

Capa do Catálogo da Exposição realizada na Assembleia da República de 19 de Outubro a 6 de Dezembro de 2017

Organização:

Margarida Moleiro (Museu Municipal Carlos Reis / Município de Torre Novas)

Textos:

Alexandra Luís 

Catarina Inverno

Catarina Martins 

Cristina Duarte 

Elza Pais 

Heloísa Apolónio

José Gabriel Pereira Bastos 

Manuela Tavares 

Margarida Freira Moleiro

Maria Leonor Machado de Sousa 

Patrícia Fonseca 

Teresa Leal Coelho 

Teresa Joaquim 

Regina Marques 

Virgínia Baptista

domingo, 30 de maio de 2021

[2581.] CICLO INTERNACIONAL DE CONFERÊNCIAS MULHERES SEM FRONTEIRAS [I] || 28/05/2021 - COMEMORANDO o 110.º ANIVERSÁRIO DO VOTO DE CBA

 * CICLO INTERNACIONAL DE CONFERÊNCIAS MULHERES SEM FRONTEIRAS *

MOVIMENTOS DE MULHERES NOS SÉCULOS XX E XXI

1.ª SESSÃO || 28 DE MAIO DE 2021

Movimentos sufragistas da 1.ª vaga - História e Memória: Comemorando o 110.º aniversário do Voto de Carolina Beatriz Ângelo


Comissão Organizadora

Alexandra Alves Luís – Associação Mulheres sem Fronteiras / CICS.NOVA - Faces de Eva

Christine Auer – Associação Mulheres sem Fronteiras

Cristina L. Duarte - CICS.NOVA - Faces de Eva / Ass. Mulheres sem Fronteiras

Isabel Ventura - CEMRI-Uab / Associação Mulheres sem Fronteiras

Natividade Monteiro - HTC-NOVA FCSH / CEMRI-UAb / CICS.NOVA - Faces de Eva

Parcerias: CICS.NOVA / Faces de Eva. Estudos sobre a Mulher / CEMRI - ESM-GSC

sexta-feira, 10 de junho de 2016

[1493.] ESCOLA DE VERÃO FACES DE EVA [I] AS MULHERES E A GRANDE GUERRA

ESCOLA DE VERÃO FACES DE EVA *

|| AS MULHERES E A GRANDE GUERRA || FCSH-UNL || AQUI ||

|| 4 A 13 DE JULHO || 

|| dias úteis: 17h00 às 20h00 || dia 4: 17h00 às 21h00 || sábado: 10h00 às 13h00 ||

Docentes: Zilia Osório de Castro, Alexandra Luís, Cristina Duarte, Fátima Mariano, Ilda Soares Abreu, Maria José Remédios, Natividade Monteiro, Rita Mira.


Objetivos:
- Conhecer o movimento de mulheres durante a Grande Guerra.
- Analisar o voluntariado feminino no apoio aos combatentes, prisioneiros e outras vítimas da guerra.
- Reflectir sobre o papel da imprensa feminina e do teatro como suportes ideológicos da propaganda de guerra.
- Conhecer os modelos da educação escolar feminina no tempo da guerra.
- Analisar o fenómeno social da moda na sua relação com a guerra.
- Desconstruir as noções dominantes de ‘Mulher’ e ‘Feminilidade’.
- Proporcionar a atualização científica sobre a participação pública feminina durante a guerra.


Programa

  1. As organizações femininas de apoio aos combatentes: A Cruzada das Mulheres Portuguesas e a Assistência das Portuguesas às Vítimas da Guerra.
  2. A assistência aos feridos e mutilados de guerra.
  3. O apoio das mulheres aos prisioneiros de guerra.
  4. Mulheres e Imprensa em tempo de Guerra.
  5. O teatro na propaganda da I Guerra Mundial.
  6. A educação feminina em tempo de guerra.
  7. A Moda e a Guerra.
  8. Identidades Femininas e noções de feminilidade.
  9. Visita aos locais da Baixa lisboeta associados às mulheres no período da guerra.

Com a beligerância portuguesa na frente europeia, as mulheres mobilizaram-se para apoiar os combatentes e organizaram-se em torno da Cruzada das Mulheres Portuguesas, constituída pelas elites republicanas, e da Assistência das Portuguesas às Vítimas da Guerra, que agregava monárquicas e católicas. A abordagem destas duas associações permitirá conhecer as personalidades que lideraram o processo de participação pública das mulheres no esforço de guerra, as relações com o poder político e os discursos produzidos.
A assistência aos feridos e mutilados de guerra foi o grande objetivo das organizações femininas. A Sociedade Portuguesa da Cruz Vermelha (SPCV) e a Cruzada das Mulheres Portuguesas (CMP) foram as entidades responsáveis pela formação de enfermeiras e por serviços autónomos de saúde. As damas-enfermeiras da SPCV e as enfermeiras militares da CMP tiveram um papel relevante nos hospitais temporários da retaguarda e nos hospitais da Base do Corpo Expedicionário Português, em França.
Cerca de oito mil portugueses foram feitos prisioneiros pelo Exército alemão entre 1914 e 1918, vivendo em campos de concentração onde a comida escasseava, os cuidados médicos eram mínimos e sem dinheiro nem roupa adequada ao clima frio e húmido. Foram meses de grandes privações durante os quais o apoio das organizações femininas foi essencial para que conseguissem suportar melhor o período de cativeiro.
A imprensa foi o principal suporte ideológico do voluntariado feminino ao serviço da guerra. Através do Diário de Notícias, A Lucta, A Vanguarda, A Semeadora e O Mundo, analisaremos as representações das mulheres, ao longo de 1916, com destaque para a cobertura noticiosa do seu envolvimento no esforço de guerra.
Também o teatro foi um dos suportes da propaganda de guerra apoiando, com algumas excepções, o intervencionismo de Portugal na contenda. O teatro de revista, mais próximo das camadas populares, dispunha de um numeroso elenco feminino intérprete de canções e fados que exortavam ao patriotismo e exaltavam o heroísmo dos combatentes, durante e depois do conflito.
Importa também conhecer o estado da educação escolar feminina em tempo de Guerra, fazendo um mapeamento da oferta pública e privada de educação escolar direcionada para "as meninas", quer de nível primário, quer de nível secundário. Questionar-se-á a criação, e tardia implementação, do 1.º Liceu feminino e analisar-se-á, como uma questão de género, os planos de estudos apresentados. Focar-se-á a atenção numa instituição de educação escolar feminina, criada para as filhas de militares, em tempo de Guerra. Analisaremos, por último, a intervenção pública de algumas mulheres, com relevância na educação feminina, sobre a Guerra.
A guerra refletiu-se em todas as vertentes da vida quotidiana e influenciou também a moda. Partindo de uma citação de Gertrude Stein (n.EUA,1874 – f.Paris, 1946), propomos uma análise do fenómeno social da moda na sua relação com a guerra. Stein sugere uma fenomenologia da guerra, através das lentes da moda, e da vida quotidiana. «War makes fashion» vai permitir-nos assim uma viagem no tempo, também presente.
Sendo a identidade feminina uma construção psicossocial, resultando de um processo social de aprendizagem e internalização e não uma identidade inata, é importante compreender quais são as noções dominantes de mulher e de feminilidade nas instituições e práticas sociais durante a época da 1.ª Grande Guerra, em Portugal.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

[1060.] ALICE MODERNO [V]

* ALICE AUGUSTA PEREIRA DE MELO MAULAZ MONIZ MODERNO *

[11/08/1867 - 20/02/1946]

Poetisa, professora particular de Português e de Francês, jornalista, editora, tradutora, mulher de negócios, republicana e feminista.

Filha de Celina Pereira de Melo Maulaz Moderno e do médico e comendador João Rodrigues Pereira Moderno, descendentes de imigrantes no Brasil onde nasceram e se casaram, Alice Moderno nasceu em Paris, a 11 de Agosto de 1867 e faleceu a 20 de Fevereiro de 1946, em Ponta Delgada, apenas oito dias após Maria Evelina de Sousa, sua companheira de 40 anos. 

Embora tenha nascido em Paris, cidade onde os pais se tinham instalado, o "casal Moderno mudou para a Terceira, ainda no ano do seu nascimento, ali permanecendo durante nove meses. Regressaram a Paris, e só em 1876 vemos de novo Alice Moderno em Angra do Heroísmo e, depois, em Ponta Delgada, onde se fixou a 31 de Agosto de 1883, ano da estreia literária com a publicação da poesia “Morreu”, a que se seguiu, três anos passados, Aspirações, o seu primeiro livro de versos. [Cristina l. Duarte].

Foi a primeira aluna a frequentar o Liceu Nacional de Ponta Delgada, onde se matriculou quando já tinha 20 anos, e cursou o magistério, sendo “muito estimada pelas suas faculdades e processo de ensino” [Inocêncio Francisco da Silva e Brito Aranha, Dicionário Bibliográfico Português, Lisboa, Imprensa Nacional - Casa da Moeda, Vol. XXII, p. 64]. 

Dirigiu o periódico mensal Recreio das Salas [1888] e o Diário dos Açores, fundou, em Ponta Delgada, o jornal A Folha [05/10/1902 - 15/04/1917], que veiculou as novas ideias feministas, divulgando o que se passava em Portugal e no Mundo, e manteve permuta com a imprensa do continente. 

Mulher combativa e emancipada, que vivia de forma independente devido exclusivamente aos seus trabalhos, tornou-se numa prestigiada activista, nos Açores, das organizações de mulheres da I República.

Militou na Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, na Associação de Propaganda Feminista e na Associação Feminina de Propaganda Democrática

Já em 1906, o “Jornal da Mulher” de O Mundo a considerava como “uma das convictas e sinceras feministas da nossa terra” e, “apesar de estar longe de nós, [...], em todas as cruzadas de propaganda feminista que se empreendam no nosso meio, o estímulo da sr.ª D. Alice Moderno vem sempre, generosamente, animar-nos nas campanhas, as mais difíceis”. 

Colaborou em A Madrugada, órgão da LRMP, na Alma Feminina, periódico do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, e na Revista Pedagógica, dirigida pela professora, e amiga inseparável, Maria Evelina de Sousa. 

Interveio, em 1909, na campanha a favor da aprovação da Lei do Divórcio, quer através de artigos, como subscrevendo o abaixo-assinado posto a circular nesse sentido e, em Agosto de 1912, durante uma das suas frequentes passagens por Lisboa, foi homenageada, juntamente com Evelina de Sousa, companheira de causas, pela Liga. 

Para além das homenageadas, discursaram Agostinho Fortes, Carneiro de Moura, Ana Augusta de Castilho, Maria Veleda e Mariana da Assunção da Silva, tendo esta frisado que “a colectividade se devia orgulhar pela honra da sua presença, que era bem um caso esporádico visto que todas as intelectuais portuguesas, excepto D. Ana de Castro Osório, se têm afastado dela, num injusto retraimento”. Na sua intervenção, Alice Moderno considerou que “em cada membro [...] da Liga Republicana há um paladino glorioso do feminismo”. 

As mesmas duas açoreanas presenciaram iniciativas da Associação Feminina de Propaganda Democrática [1915-1916] – associaram-se à homenagem ao Presidente da República, Bernardino Machado, em Maio de 1916 – e voltaram a merecer atenção especial no Primeiro Congresso Feminista e de Educação, promovida pelo CNMP em 1924, enquanto propagandistas do feminismo e da educação das mulheres no Arquipélago. 

Mulher de negócios, “dirigindo todos os trabalhos da sua oficina tipográfica, uma exploração agrícola” [Revista do Bem, nº 113, 31/01/1912] e correspondente de importantes companhias e casas comerciais e bancárias estrangeiras nos Açores, não se pode ignorar a sua vasta e contínua colaboração em periódicos literários de todo o país: 

Bouquet Literário [1885], semanário literário e pedagógico do Porto; A Alvorada, revista mensal literária e científica de Vila Nova de Famalicão [1887, na homenagem a Camilo Castelo Branco no dia do seu 61.º aniversário]; A Apoteose [19/10/1887], número único comemorativo do sétimo centenário e inauguração da estátua de D. Afonso Henriques; Gazeta das Salas [30/01/1890], de Lisboa; A Festa das Crianças [18/10/1891], de Ponta Delgada; Nova Alvorada [1891-1903], revista mensal literária e científica de Vila Nova de Famalicão; Almanaque das Senhoras [1896, 1899, 1903, 1904, 1913 a 1919, 1923]; A Crónica [1900-1906], revista ilustrada e literária de Lisboa; O País [1901-1904], semanário independente, político, noticioso, crítico, literário e teatral do Porto; Revista de Lisboa [1901-1909]; Folha de Saudação [1902], número único dedicado a António Maria Eusébio, o Calafate; A Sociedade Futura [1902-1904]; Álbum Açoriano [1903], publicado em Lisboa; Jornal das Senhoras [1904-1905]; Alma Feminina [1907-1908], hebdomadário literário e noticioso publicado em Matosinhos; Revista Micaelense [1918-1921]; Os Açores [1922-1924, 1928]; O Despertar de Angeja [1924-1927], semanário independente, noticioso e literário; O Instituto, de Coimbra; Portugal Feminino; A Leitura [1932], publicação de Angra do Heroísmo; e Ínsula (anos 30), revista mensal ilustrada publicada em Ponta Delgada. 

Foi redactora e directora do Diário de Anúncios, periódico de Ponta Delgada do final do século XIX; participou na obra dedicada a Antero de Quental In memoriam, com “Tributo singelo” [1887]; colaborou na publicação A maior dor humana [1889], “coroa de saudades, oferecida a Teófilo Braga e sua esposa para a sepultura de seus filhos” [Inocêncio, vol. XVIII, p. 91]; e utilizou, segundo a recolha de Adriano da Guerra Andrade, os pseudónimos Da Janela do Levante, Dominó Preto, Ecila, Eurico, o Secular, Gavroche, Gil Diávolo, Gyp e Veritas. 

Poetisa consagrada e premiada, saudada por Camilo Castelo Branco, Teófilo Braga e João de Deus, com versos publicados em várias línguas (francês, inglês, alemão, italiano, espanhol, norueguês), traduziu Camões para francês, pertenceu ao Instituto de Coimbra, por proposta de Bernardino Machado, à Sociedade Literária Almeida Garrett, à Sociedade de Geografia de Lisboa, à instituição italiana Luigi di Camoens, e fundou a Sociedade Protectora dos Animais Micaelenses (1911) e o Sindicato Agrícola Micaelense. 

Mulher interventiva, que não se enquadrava nos cânones femininos da sua época, até porque usava o cabelo cortado e fumava [Maria da Conceição Vilhena], a faceta enquanto jornalista está por esmiuçar, bem como o papel que desempenhou na divulgação das ideias feministas nas ilhas. 

A poetisa açoriana Mariana Belmira de Andrade dedicou-lhe, no periódico O Velense, a poesia “Desencanto: A Alice Moderno” [1886]. Tinha então apenas dezanove anos. 

Tal como sublinhou a investigadora Maria da Conceição Vilhena no 40.º aniversário da sua morte, estamos perante “uma conhecida desconhecida”. 

Como refere Cristina L. Duarte, para além de Alice Moderno ter passado a usar cabelo curto desde os dezanove anos, "mais tarde seria considerada excêntrica pelo seu gosto pela camisa branca, com colarinho e gravata preta, acompanhado por chapéu masculino e bengala. Na década de 40, era vista pela manhã nas ruas daquela cidade, fumando charuto, a passear um cãozinho pela trela." [Agenda Feminista, As Mulheres e a República - 2010

Sobre o percurso e ideário enquanto professora, consultar a entrada de Carlos Enes para o Dicionário de Educadores Portugueses [Porto, ASA, 2003]. 

O Dicionário no Feminino (séculos XIX-XX) incluiu a sua biografia [Lisboa, Livros Horizonte, 2005],

Cristina L. Duarte fez um breve esboço biográfico para a Agenda Feminista As Mulheres e a República - 2010.

Adriana Mello fez a entrada para Feminae. Dicionário Contemporâneo [Lisboa, CIG, 2013].  

[João Esteves]