* LIGA REPUBLICANA DAS MULHERES PORTUGUESAS *
Assembleia-Geral || 24/07/1913
"Vida Republicana - Liga Republicana das Mulheres Portuguesas"
O Mundo || 25/07/1913
* LIGA REPUBLICANA DAS MULHERES PORTUGUESAS *
Assembleia-Geral || 24/07/1913
"Vida Republicana - Liga Republicana das Mulheres Portuguesas"
O Mundo || 25/07/1913
* LIGA REPUBLICANA DAS MULHERES PORTUGUESAS *
NÚCLEO DE SETÚBAL
REPRESENTAÇÃO AO MINISTRO DA JUSTIÇA || 07/03/1911
A Comissão Dirigente do Núcleo de Setúbal da LRMP entrega, em 10 de Março de 1911, uma representação a Afonso Costa, Ministro da Justiça:
«Ao Ex.mo Senhor Ministro da Justiça Dr. Afonso Costa.
Cidadão:
A comissão dirigente do núcleo da «Liga Republicana das Mulheres Portuguesas» de Setúbal vem pedir a V. Ex.a que o convento, ou recolhimento de Soledade, sito na Avenida Todi desta cidade, freguesia da Anunciada, seja arrolado como outro qualquer convento, passando para a posse do Estado, do qual é, para lhe ser dado o destino que mais útil parece a esta comissão, que é a de o transformar em Escola primária do sexo feminino.
Não compreendemos o motivo porque o referido convento não foi desde logo considerado propriedade do Estado, e arrolado, como sucedeu aos outros aqui existentes, pois é evidente que nenhuma razão há para que se faça semelhante excepção.
O interesse de seis velhas senhoras que ali vivem uma existência inútil, em completo desacordo com a sociedade moderna, progressiva e laboriosa, não é exemplo que a República deva proteger e aplaudir.
Este recolhimento tem salas facilmente adaptáveis a escola, e tem um jardim e um terraço onde as crianças poderão Ter algumas horas de recreio durante o dia. Informam-nos que além da casa alguma mobília ali existe, mesmo escolar, que foi dada pelo governo aquando do decreto-burla de Hintze Ribeiro.
Este recolhimento tornou-se depois da revolução, e com a expulsão dos outros frades e freiras, um pequeno foco de beatério havendo ali confissões e missas frequentes e chamando a essas práticas a população mais inculta da cidade, como seja a colónia piscatória de ovarinas.
Nenhuma razão plausível encontra esta comissão para que tal recolhimento continue na posse das velhas recolhidas, que têm família na cidade e podem ser socorridas cá fora como agora, pois são mantidas pela caridade de algumas pessoas que têm dó do seu isolamento. Parece, pois, a esta comissão que é injusto conservar assim inútil uma boa casa que indubitavelmente pertence ao Estado, que por largos anos a subsidiou e mandou fazer as obras necessárias para a sua conservação.
Ninguém – nem as próprias recolhidas – se lembrou ao princípio de contestar ao Estado a posse desta casa, vindo só depois as dúvidas, sem provas que as justifiquem, somente fundadas, ao que parece, no desejo de não serem desgostadas as velhas senhoras, que esperavam a cada passo o arrolamento judicial e agora só esperam que as coisas sosseguem para dar entrada a mais outras recolhidas.
Ora, enquanto estas seis velhas senhoras desfrutam inutilmente uma casa enorme, na freguesia em que este convento está situado existem actualmente 500 crianças do sexo feminino, em idade escolar, ou mais talvez ainda, porque são deficientíssimos os cadernos paroquiais por onde se faz a matrícula.
Eis o motivo porque esta comissão do núcleo de Setúbal da «Liga Republicana das Mulheres Portuguesas» vem, confiada no alto critério de justiça de V. Ex.a, pedir para que este seu pedido seja atendido porque ele é, no seu entender, da mais alta vantagem social e educativa.
Saúde e Fraternidade
Setúbal, 7 de Março de 1911.
A comissão dirigente do núcleo de Setúbal da “Liga Republicana das Mulheres Portuguesas”.»
["Feminismo”, O Radical, 19/3/1911]
[Manifestação de 26/04/1974 - Coimbra, in Victor Costa e Alexandre Ramires, A força do Povo. O 25 de Abril em Coimbra, Lápis de Memórias, 2014] |
[in Alberto Vilaça, O MUD Juvenil em Coimbra. História e estórias, Campo das Letras, 1998]
Na década de 1930, em parte devido ao caso que envolveu o jornal A Verdade, ligado a Afonso Costa e com alguns números publicados clandestinamente e escondidos no armazém do pai [João Gomes Júnior, 0363], José Gomes dos Santos "passou" por Peniche (1933), Fortaleza de Angra do Heroísmo e Aljube (1939-1940), onde "conviveu" com Miguel Torga, de quem tinha toda a obra autografada e com dedicatória, caso raríssimo naquele autor.
Alberto Vilaça descreveu, no seu livro À Mesa d'A Brasileira, a importância do relacionamento de José Gomes dos Santos com escritores, artistas e inteletuais.
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"Ao Ex.mo Senhor Ministro da Justiça Dr. Afonso Costa.Cidadão:
A comissão dirigente do núcleo da «Liga Republicana das Mulheres Portuguesas» de Setúbal vem pedir a V. Ex.ª que o convento, ou recolhimento de Soledade, sito na Avenida Todi desta cidade, freguesia da Anunciada, seja arrolado como outro qualquer convento, passando para a posse do Estado, do qual é, para lhe ser dado o destino que mais útil parece a esta comissão, que é a de o transformar em Escola primária do sexo feminino.Não compreendemos o motivo porque o referido convento não foi desde logo considerado propriedade do Estado, e arrolado, como sucedeu aos outros aqui existentes, pois é evidente que nenhuma razão há para que se faça semelhante excepção.O interesse de seis velhas senhoras que ali vivem uma existência inútil, em completo desacordo com a sociedade moderna, progressiva e laboriosa, não é exemplo que a República deva proteger e aplaudir.Este recolhimento tem salas facilmente adaptáveis a escola, e tem um jardim e um terraço onde as crianças poderão ter algumas horas de recreio durante o dia. Informam-nos que além da casa alguma mobília ali existe, mesmo escolar, que foi dada pelo governo aquando do decreto-burla de Hintze Ribeiro.Este recolhimento tornou-se depois da revolução, e com a expulsão dos outros frades e freiras, um pequeno foco de beatério havendo ali confissões e missas frequentes e chamando a essas práticas a população mais inculta da cidade, como seja a colónia piscatória de ovarinas.Nenhuma razão plausível encontra esta comissão para que tal recolhimento continue na posse das velhas recolhidas, que têm família na cidade e podem ser socorridas cá fora como agora, pois são mantidas pela caridade de algumas pessoas que têm dó do seu isolamento. Parece, pois, a esta comissão que é injusto conservar assim inútil uma boa casa que indubitavelmente pertence ao Estado, que por largos anos a subsidiou e mandou fazer as obras necessárias para a sua conservação.Ninguém – nem as próprias recolhidas – se lembrou ao princípio de contestar ao Estado a posse desta casa, vindo só depois as dúvidas, sem provas que as justifiquem, somente fundadas, ao que parece, no desejo de não serem desgostadas as velhas senhoras, que esperavam a cada passo o arrolamento judicial e agora só esperam que as coisas sosseguem para dar entrada a mais outras recolhidas.Ora, enquanto estas seis velhas senhoras desfrutam inutilmente uma casa enorme, na freguesia em que este convento está situado existem actualmente 500 crianças do sexo feminino, em idade escolar, ou mais talvez ainda, porque são deficientíssimos os cadernos paroquiais por onde se faz a matrícula.Eis o motivo porque esta comissão do núcleo de Setúbal da «Liga Republicana das Mulheres Portuguesas» vem, confiada no alto critério de justiça de V. Ex.ª, pedir para que este seu pedido seja atendido porque ele é, no seu entender, da mais alta vantagem social e educativa.Saúde e FraternidadeSetúbal, 7 de Março de 1911A comissão dirigente do núcleo de Setúbal da "Liga Republicana das Mulheres Portuguesas".»
[”Feminismo” || O Radical || 19/03/1911]