[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]
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quarta-feira, 25 de março de 2020

[2325.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS - DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO [IX] || 1926 - 1933

* PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || IX *

00055. Adelino Jesus da Cruz [1928]

[Lisboa, 1902, marinheiro da Armada - Lisboa. Preso em 22/06/1928 e deportado para Angola em 21/08/1928 (Processo 3864)].

00056. Adelino Joaquim Freitas da Silva [1928, 1932, 1933, 1936]

[Lisboa, 05/04/1902, ex-2.º Sargento de Infantaria 16 / empregado do comércio. Filiação: Joaquina Rosa, Adelino Joaquim Freitas da Silva. Casado. Residência: Rua do Amauriz, 7 - Évora. Pertenceria à organização revolucionária de Évora (v. Processo 4872) e mantinha contactos com emigrados e deportados políticos. Quando de serviço no Regimento de Infantaria 16, por ter manifestado, em 21/07/1928, o apoio às movimentações revolucionárias do dia anterior, foi-lhe aplicada pelo ministro da Guerra a pena de 25 dias de prisão disciplinar agravada. Reintegrado, em 13/05/1930 e a seu pedido, no serviço. Afastado dos Quadros do Exército em 1932, foi entregue, em 10/04/1932, pelo Comando da Região Militar de Évora à Polícia. Foi-lhe fixada, em 20/08/1932, residência obrigatória em Peniche, para onde seguiu em 28/09/1932 (v. Processo 383). Deixou de ter residência fixada em 09/12/1932, por estar abrangido pela amnistia de 5 de Dezembro. Preso em Évora, foi enviado em 01/11/1933, para Lisboa e deportado, em 19/11/1933, para Angra do Heroísmo (Processo 845). Regressou de Angra, apresentou-se em 23/05/1934 e voltou a viver em Évora, na Rua do Amauriz. Empregado no comércio. Preso em Évora e enviado para Lisboa em 10/10/1936, recolheu à 1.ª Esquadra. Transferido para o Aljube em 25/11/1936, foi libertado em 28/11/1936.]
[alterado em 30/03/2022]
[alterado em 04/04/2023]

00057. Adelino Lourenço [1927]

[Tábua, 1894, guarda de cais - Lisboa. Preso em 24/02/1927 e entregue à Polícia Militar em 02/03/1927 (Processo 3007/PI, do M.I.].

00058. Adelino Marques [1927]

[Lisboa, 1904, carroceiro - Lisboa. "O Canhoto". Preso em 24/02/1927, libertado em 02/03/1927 (Processo 3004)].

00059. Adelino Martins [1927]

[Sargento da GNR. Preso em 03/02/1927(?)].

00060. Adelino Pinto [1927]

[Coimbra, 1879, sapateiro - Lisboa. Preso em 24/02/1927, libertado em 28/02/1927 (Processo 3003)].

00061. Adelino Rebelo dos Santos [1928]

[Adelino Rebelo dos Santos || 01/12/1928 || ANTT || -ca-PT-TT-PVDE-Polícias-Anteriores-3-NT-8903 || "Imagem cedida pelo ANTT"]

[Talvez preso em Novembro de 1928].

 00062. Adelino Soares Bastos [1928, 1938]

[Adelino Soares Bastos || 01/05/1928 || ANTT || PT-TT-PVDE-Polícias-Anteriores-3-NT-8903 || "Imagem cedida pelo ANTT"]

[Fiães - Vila da Feira, 30/11/1882. Inspetor escolar da Feira. Preso pela Polícia de Informações do Porto em 11/04/1928, «por fazer parte dum movimento revolucionário em preparação». Levado para Casa de Reclusão e deportado para S. Tomé e Príncipe em 04/05/1928. Seguiu, em 10/04/1929, para Angra do HeroísmoPreso pela Delegação do Porto da PVDE em 27/05/1938, transferido para Lisboa em 21/06/1938 e levado para o Aljube (Processo 203/938). Transferido para a Delegação do Porto em 22/06/1938, regressou a Lisboa em 24/04/1939 e recolheu ao Aljube. Julgado pelo Tribunal Militar Especial em 27/06/1939 e 19/08/1939. Transferido para Caxias em 21/05/1940 e libertado em 03/06/1940 por ter sido amnistiado. Pai de Alcina Bastos.]

[alterado em 18/03/2023]
[alterado em 12/06/2024]
[João Esteves]

segunda-feira, 21 de julho de 2014

[0715] ALCINA DE SOUSA BASTOS [III] || 1915 - 1993

[07/04/1915 - 17/08/1993]
[Alcina Bastos sentada à direita durante o comício do general Humberto Delgado no Liceu Camões a 18 de Maio de 1958] [Fonte: CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_114759 (2014-7-22)]

Advogada e jurista, Alcina Bastos é mais um nome que tem sido estranhamente esquecido tanto pelo periodismo mediático como pela historiografia contemporânea, apesar de ter sido uma das poucas advogadas de presos políticos e da activa participação na campanha presidencial do general Humberto Delgado [15/05/1906-13/02/1965] em 1958, sendo, não raras vezes, a única mulher a marcar presença nas mesas das sessões políticas então realizadas, apesar de se omitir a sua identificação.

Desde muito nova que Alcina Bastos, até por motivos familiares já que o pai, republicano, conspirou contra o salazarismo e foi condenado a quatro anos de prisão, se associou a quase todas as principais iniciativas de combate às ditaduras salazarista e marcelista, sempre com enorme coerência e dignidade, mantendo a mesma intervenção cívica nos quase 20 anos que viveu em democracia na sequência da revolução de Abril de 1974.

Filha de Filomena de Sousa Vilarinho Bastos e de Adelino Soares Bastos, professor e inspetor escolar, nasceu em Fiães, concelho de Vila da Feira, a 7 de abril de 1915.

Fez a instrução primária na terra natal, frequentou o Colégio dos Carvalhos e, entre 1934-1935 e 1939-1940, cursou a Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, onde se licenciou e deu colaboração ao Socorro Vermelho Internacional (SVI).

Inicialmente, exerceu a advocacia no Porto, Espinho e Vila da Feira. Aí aderiu ao Movimento de Unidade Democrática (MUD) e militou na Delegação do Porto da Associação Feminina Portuguesa para a Paz, onde era a sócia n.º 211. 
  
Em 1949, empenhou-se na candidatura do general Norton de Matos à Presidência da República e, em 1958, integrou, juntamente com o irmão Joaquim Bastos, também advogado, a equipa que promoveu e organizou a candidatura presidencial do general Humberto Delgado, de quem foi colaboradora próxima e a quem procurou honrar a memória póstuma. Esteve directamente envolvida no processo que procurou fundir as candidaturas de Arlindo Vicente [05/03/1906-24/11/1977] e a de Delgado.

Após as eleições, fez parte da Comissão Permanente do Movimento Nacional Independente (MNI), criado pelo general em 18 de junho, e desempenhou cargos no Centro Republicano António José de Almeida e Centro Escolar Republicano Almirante Reis

Solidária, defensora, enquanto advogada, de vários presos políticos, integrou a Liga Portuguesa dos Direitos do Homem.

Reconquistada a liberdade, empenhou-se no julgamento dos assassinos de Humberto Delgado, marcando presença nas audiências dos agentes da PIDE, e na trasladação dos restos mortais do general para Portugal e, depois, para o Panteão Nacional.

Após o 25 de Abril de 1974, aderiu ao Movimento Democrático Português (MDP), onde se manteve entre 1975 e 1979; participou no Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC); interveio no âmbito da União dos Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP), de que fora uma das fundadoras e dirigente; tornou-se sócia da Associação das Mulheres Juristas; e integrou o Conselho Nacional do Movimento Democrático de Mulheres, eleita no II Congresso (1980) e no III Congresso (1984).

Casada com o militar republicano Armando Pereira de Castro Agatão Lança [19/08/1894-23/05/1965], também interveniente ativo nas conspirações para derrubar o regime que pôs fim à I República, teve uma filha (n. 1955) que seguiu o mesmo trajecto profissional da mãe.

Aquando da sua morte preparava um livro sobre o assassinato de Humberto Delgado.

Faleceu em 17 de Agosto de 1993, tendo o voto de pesar aprovado pela Assembleia da República sublinhado que “o seu nome, ultimamente, aparecia pouco nas colunas da imprensa. Esquecimento injusto, porque Alcina Bastos foi uma das personalidades cuja intervenção na vida nacional, nos difíceis anos do fascismo, se caracterizou por uma firmeza e uma coerência exemplares”.
  
Quis ser enterrada com a sua toga no Cemitério dos Prazeres e, um ano depois, a título póstumo, foi-lhe atribuída a Ordem da Liberdade. 

[João Esteves]