* JOÃO DA ROCHA *
[Viana do Castelo, 17/04/1868 - Lisboa, 01/01/1921]
Estudioso rigoroso da História de Viana do Castelo, cidade onde também lecciona, António José Barroso vem há muito a retirar do esquecimento tradições, acontecimentos e figuras do seu património, com a preocupação, didáctica e científica, de os contextualizar e divulgar num reavivar da memória que, em muito, transcende, o local.
A partir de uma análise metódica das fontes coevas, com enfoque na documentação do Arquivo Municipal de Viana do Castelo e no recurso à imprensa local e regional tem, regular e persistentemente, dado a conhecer, através de comunicações, artigos e separatas, as suas profícuas investigações.
Em 2016, resgatou e enquadrou o percurso de vida de "João da Rocha: um desconhecido vianense" [Separata de A Falar de Viana, Vol. V, Série 2, 2016, pp. 189-197], que fora militar, professor, fundador, em 1907, da Liga de Instrução de Viana do Castelo, membro da Comissão Distrital do Partido Republicano na sequência do 5 de Outubro de 1910 e, após a sua adesão ao Partido Evolucionista, chefe de Gabinete de António José de Almeida, em 1916, e seu secretário particular, em 1919, aquando da eleição para Presidente da República, deputado eleito em 1919 e redactor do jornal A República, fazendo sobressair a relevância do seu legado enquanto autor de textos, de contos, de poesias e de centenas de quadras e sonetos dispersos por jornais e revistas locais, muitos dos quais fundou e/ou dirigiu.
A morte aos 52 anos, em 1 de Fevereiro de 1921, a destruição de muitos dos seus escritos aquando dos ataques à sede do Centro Evolucionista durante a Monarquia do Norte e o "ser um inimigo declarado da notoriedade" (António Ferreira, Elogio Académico de João da Rocha, 1921), publicando escassos livros, tornaram-no um quase desconhecido, apesar de contemporâneo de Raul Brandão e de António Nobre, de quem foi amigo próximo.
É ao Vianense João Loureiro da Rocha Barbosa e Vasconcelos, nascido em 17 de Abril de 1868, que António José Barroso volta no ano do Centenário do seu falecimento, com "Um Alquimista de João da Rocha", dando, assim, a conhecer, o manuscrito do conto "Um Alchimista", escrito em Vianna e datado de 1895 [Separata de A Falar de Viana, Viana do Castelo, Vol. X, Série 2, (2021), pp.255-263].
Em edição de rara qualidade gráfica, exemplo do que pode e deve ser uma capa de índole cultural, António José Barroso cativa o leitor ao ir directamente ao tema, expondo-o de forma sóbria e objectiva, sempre devidamente documentado. Não se perde no enredo, focando-se estritamente no que se propõe divulgar, fazendo interagir, sempre que oportuno, o local e o nacional.
Depois do Colóquio organizado em 19 de Junho na cidade de Viana, sob o tema "Literatura, História e Intervenção Cívica: comemorações do Centenário da Morte de João da Rocha", tendo por um dos dinamizadores António José Barroso, será a vez da Biblioteca Nacional promover, no quarto trimestre de 2021, uma mostra bibliográfica intitulada "João da Rocha: um escritor a descobrir".
[João Esteves]