[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

domingo, 12 de janeiro de 2025

[3483.] VÊ SE A PRIMAVERA JÁ CHEGOU. MARIA HELENA E ÓSCAR LOPES: CARTAS DA PRISÃO

 * VÊ SE A PRIMAVERA JÁ CHEGOU * 

[AJHLP || Dezembro de 2024]

VÊ SE A PRIMAVERA JÁ CHEGOU. Maria Helena e Óscar Lopes: cartas da prisão

"Vê se a Primavera já chegou às árvores do quintal. Em mim, é Primavera constantemente: basta viver e viverem pessoas como tu." [carta de Óscar Lopes a Maria Helena, 15-03-1955]

70 anos após a detenção de Óscar Lopes pela PIDE, no âmbito do "Processo dos 52" envolvendo o MUD Juvenil do Porto, Manuela Espírito Santo, em mais um trabalho rigoroso e oportuno, dá a conhecer a sua correspondência de prisão com a mulher, Maria Helena, e os filhos, preservada "a seu pedido", "para ficarem com uma recordação desses amargos dias".

São transcritos 52 postais e cartas do preso político Óscar Lopes para a mulher e uma carta dirigida aos filhos e 27 endossadas ao escritor e professor, produzidas entre 15 de março e 15 de julho de 1955, quando foi libertado sob caução, totalizando 80 documentos inéditos.

Editado, em dezembro de 2024, pela Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto, é um livro belíssimo e imperdível, tanto pela contextualização do que foi o fascismo em Portugal, como por ajudar "a compor um retrato pouco conhecido do linguista: o marido, o pai, o filho, o amante da natureza, das flores e das plantas do jardim, dos gatos, o trabalhador incansável."

[João Esteves]

[3482.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCCLXV

 PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCCLXV *

02122. Ferrador Adolfo Xavier [1927]

[Ferrador Adolfo Xavier.
2.º Sargento do Grupo de Artilharia de Montanha 15. Preso em fevereiro de 1927, por ter participado no movimento revolucionário do Porto. Detido na Casa de Reclusão do Porto, de onde terá saído em liberdade condicional em 08/12/1927.]

02123. Miguel da Silva Vieira [1927]

[Miguel da Silva Vieira
2.º Sargento de Infantaria. Preso em fevereiro de 1927, por ter participado no movimento revolucionário do Porto. Detido na Casa de Reclusão do Porto, de onde terá saído em liberdade condicional em 08/12/1927. Condenado em Tribunal Militar Especial a 30 dias de prisão disciplinar.]

02124. Ernesto Ferreira [1927]

[Ernesto Ferreira.
1.º Sargento artífice - reformado. Preso em fevereiro de 1927, por ter participado no movimento revolucionário do Porto. Detido na Casa de Reclusão do Porto, de onde terá saído em liberdade condicional em 08/12/1927.]

02125. Vicente José [1927]

[Vicente José.
Marinheiro. Participou no movimento revolucionário de fevereiro de 1927. Deportado para Angola, terá sido autorizado a regressar em dezembro.]

02126. José Rodrigues de Campos [1927]

[José Rodrigues de Campos.
Grumete. Participou no movimento revolucionário de fevereiro de 1927. Deportado para Angola, terá sido autorizado a regressar em dezembro.]

02127. Joaquim Ferreira Barbosa [1927]

[Joaquim Ferreira Barbosa.
Paredes. Funcionário público. Preso, juntamente com outros funcionários públicos de Paredes, em dezembro de 1927. Levado para o Aljube de Lisboa.]

02128. Manuel Pires Moreira Mata [1927]

[Manuel Pires Moreira Mata.
Paredes. Funcionário público. Preso, juntamente com outros funcionários públicos de Paredes, em dezembro de 1927. Levado para o Aljube de Lisboa.]

02129. Joaquim Ferreira Barbosa Júnior [1927]

[Joaquim Ferreira Barbosa Júnior.
Paredes. Funcionário público. Preso, juntamente com outros funcionários públicos de Paredes, em dezembro de 1927. Levado para o Aljube de Lisboa.]

[João Esteves]

domingo, 5 de janeiro de 2025

[3479.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCCLXIV

 PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCCLXIV *

02114. Guilherme José de Freitas Alves [1927]

[Guilherme José de Freitas Alves.
Viana do Castelo, c. 1904. Empregado de escritório. Filiação: Maria do Rosário Alves, Arnaldo Alves de Freitas. Solteiro. Residência: Calçada do Cabra, 3. Preso em 31/10/1927, quando tinha 23 anos, "por conspirar contra a Ditadura Militar". Transferido para a Penitenciária de Lisboa em 13/11/1927 e libertado em 15/11/1927.]

02115. Manuel Pedroso [1927]

[Manuel Pedroso.
Preso por conspirar contra a Ditadura Militar, entrou na Penitenciária de Lisboa em 13/11/1927.]

02116. Manuel de Abreu e Silva [1927]

[Manuel de Abreu e Silva.
Vila Real de Santo António, c. 1900. Marinheiro ref. Filiação: Antónia Assunção e Silva, Miguel José da Silva. Solteiro. Residência: Rua da Barroca, 138. Preso em 29/10/1927, "por conspirar contra a Ditadura Militar com António Silva, José dos Santos "O 90", Manuel da Silva, José Augusto Gerardo Dias, Domingos Lopes Bibi, Guilherme José de Freitas Alves, José Júlio Ferreira, Clemente Sanches Parracias, António Faria da Costa e Cesar Timóteo, que estavam em ligação, constituindo-se em grupo revolucionário, para tomarem parte no futuro movimento contra a atual situação política." Transferido, em 13/11/1927, para a Penitenciária de Lisboa, foi deportado, em 15/11/1927, para África. Apresentou-se, em 02/01/1930, em Angra do Heroísmo. Seguiu para Cabo Verde em 1931, onde se encontrava quando foi abrangido pela amnistia de 05/12/1932. Apresentou-se em 14/02/1933, não declarando para onde ia residir. Tornou a apresentar-se em 25/03/1933, declarando ir residir para a Calçada dos Cavaleiros, 142. Foi-lhe entregue a respetiva guia de marcha, a fim de se apresentar na Unidade a que pertence.]

02117. Armando Ferreira [1927, 1935]

[Armando Ferreira.
Lisboa, c. 1896. Marítimo. Filiação: Matilde Augusta Santos, João Ferreira. Casado. Residência: Rua de Santa Ana à Lapa, 1 - Lisboa. Preso em 07/11/1927, por conspirar contra a Ditadura Militar e ser detentor de bombas. Transferido para a Penitenciária de Lisboa em 13/11/1927, foi deportado para as Colónias em 15/11/1927. Encontrava-se, em dezembro de 1928, no Funchal de onde se evadiu, sendo considerado "um elemento avançado de grande ação". Vigiado em agosto de 1930: "tem aliciado muitos marinheiros para o movimento revolucionário em preparação". Preso em 04/05/1935, à saída de uma mercearia, onde se reunira com vários sargentos do Exército e da Marinha que, também, seriam detidos. Despronunciado pelo TME de 31/07/1935. Libertado em 29/08/1935.]

02118. Francisco Augusto Brás [1927, 1927]

[Francisco Augusto Brás || ANTT || PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-3-NT-8903]

[Francisco Augusto Brás.
Chamusca ou Golegã, c. 1903. Empregado de Praça. Filiação: Maia Augusta de Jesus, José Brás. Solteiro. Residência: Rua Morais Soares, 76 - Lisboa. Preso em 15/06/1927, por ter tomado parte no movimento revolucionário de fevereiro. Preso em 11/11/1927, por conspirar contra o Governo. Transferido para a Penitenciária de Lisboa em 13/11/1927 e deportado para África - Angola em 15/11/1927. Seguiu, em 10/09/1930, de Angola para Ponta Delgada. Regressou e apresentou-se em 25/02/1931, indo residir para a Rua Morais Soares, 76.]

02119. Manuel Barata de Lima [1927]

[Manuel Barata de Lima.
Lisboa, c. 1899. Empregado de comércio. Filiação: Maria da Piedade, João Barata Lima. Solteiro. Residência: Calçada dos Barbadinhos, 62. Preso em 12/11/1927, por conspirar contra o Governo. Transferido para a Penitenciária de Lisboa em 13/11/1927 e deportado para África - Angola em 15/11/1927. Seguiu, em 10/09/1930, de Angola para Ponta Delgada. Regressou e apresentou-se em 11/03/1931, indo residir para a Calçada dos Barbadinhos, 62.]

02120. Fernando Carvalho Farto [1927]

[Fernando Carvalho Farto.
Sargento da Guarda Fiscal. Preso em 1927, provavelmente acusado de estar implicado na revolução de fevereiro. Libertado da Penitenciária de Lisboa em 13/11/1927.]

02121. António Maria Monteiro [1927]

[António Maria Monteiro.
Alferes reformado. Preso em 1927, provavelmente acusado de estar implicado na revolução de fevereiro. Libertado da Penitenciária de Lisboa em 13/11/1927.]

[João Esteves]

terça-feira, 31 de dezembro de 2024

[3478.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCCLXIII

 PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCCLXIII *

02111. Pedro Gustavo Pinto [1927]

[Pedro Gustavo Pinto.
Vivia em Vila Nova de Gaia. Preso em setembro de 1927, por conspirar ativamente contra a Situação. Levado de comboio para Lisboa no dia 21/09/1927, juntamente com outros presos políticos: seguiu da estação do Rossio, com bastante aparato policial, para o Governo Civil.]

02112. António Moreira Cordeiro [1927]

[António Moreira Cordeiro.
Vivia em Espinho. Preso em setembro de 1927, por conspirar ativamente contra a Situação. Levado de comboio para Lisboa no dia 21/09/1927, juntamente com outros presos políticos: seguiu da estação do Rossio, com bastante aparato policial, para o Governo Civil.]

02113. Manuel Guilherme de Almeida [1931, 1935, 1943, 1956, 1963]

[Manuel Guilherme de Almeida || ANTT || PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-4-NT-8904]

[Manuel Guilherme de AlmeidaAlfaiate, inventor, professor de corte, sindicalista, preso político, deportado, mestre, comendador, pai, avô e bisavô.

Janeiro de Cima, 10/01/1898. Nome incontornável da alfaiataria portuguesa, foi, desde muito jovem, um defensor da sua classe e o seu ativismo associativo e político, neste caso no âmbito do Partido Comunista Português e do Socorro Vermelho Internacional, levaram a que fosse preso quatro vezes durante a 1.ª República (1920, 1922), “por ser conhecido agitador da classe operária", e cinco durante o fascismo (1931, 1935, 1943, 1956, 1963), conhecendo, ainda, a deportação em 1931 e 1936. Entre 14 de abril de 1920 e 13 de outubro de 1964, totalizou 93 meses de privação da liberdade, passando por numerosas esquadras, nomeadamente a 1.ªCampo de Concentração de Ataúro (Timor), AljubeForte de S. Julião da BarraForte de CaxiasFortaleza Militar de Peniche e Fortaleza de S. João Baptista, em Angra do Heroísmo. Juntamente com a sua mulher, Alice Marques Louro de Almeida (1907-1983), prestou inestimável apoio aos presos políticos e suas famílias, fosse ele humano, material ou jurídico, numa permanente e arriscada solidariedade reconhecida por todos os que dela usufruíram. Filho de José Guilherme (1873-1959), assalariado rural, e de Maria do Carmo de Almeida (1873 - 1939), Manuel Guilherme de Almeida, o primogénito de sete irmãos, nasceu em 10 de setembro de 1898, na aldeia de Janeiro de Cima, terra natal de seus pais e avós. A partir de 1908, passou a residir em Lisboa, onde os pais já viviam e labutavam, aí concluindo a 3.ª e 4.ª classes. Em finais de 1911, com 13 anos, começou a trabalhar como aprendiz de alfaiate, após responder a um anúncio publicado no "Diário de Notícias", iniciando uma invulgar, reconhecida e prestigiada carreira nesse ramo: oficial (1918), contramestre (1923) e, por fim, mestre. Leccionou aulas de corte na Associação Fraternal dos Operários Alfaiates de Lisboa, de que era sócio desde 1913, e aprofundou um novo método de corte, "de sua autoria, inovador e eficaz"Encerrada aquela em setembro de 1933 e extinta a escola de corte, fundou, em 4 de março de 1934, com António Mendes Baptista, a Academia de Corte Geométrico, desenvolvendo o seu método de corte, que denominou sistema Maguidal (acrónimo de Manuel Guilherme d'Almeida). A partir de Março de 1939, aquela instituição passou a denominar-se Academia de Corte Sistema Maguidal: criou e leccionou cursos de alfaiataria, cursos de camiseiro e cursos por correspondência para alunos de fora de Lisboa, lançando, nesse mesmo ano, a revista trimestral "Vestir", que duraria até 1985. Em 1943, passou a produzir um Álbum semestral de figurinos, denominado "Moda Actual" e que perdurou sete anos. Nunca descurando a sua classe e as dificuldades que enfrentava na velhice, esteve, em 1944, entre os fundadores da Casa de Repouso dos Alfaiates de Portugal, destinada aos idosos que ficavam sem meios de subsistência. Ainda na década de 1940, em 1948, publicou o livro "Método de Corte Sistema Maguidal", obra pioneira e a mais completa da alfaiataria portuguesa, reeditada em 1962. Palestras, conferências, exposições e congressos, a par dos Cursos que ministrava, preenchiam a vida profissional, tendo a Academia formado mais de 3500 alfaiates durante mais de meio século. Em 10 de junho de 1983, foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem de Mérito Industrial. A par do invulgar percurso profissional, manteve, desde jovem, atividade associativa e política, acarretando-lhe riscos, prisões, deportações e sobressaltos, a que a família não escapou. Republicano "convicto até à medula", militou nas Juventudes Sindicalistas, foi preso três vezes em 1920, "por ordem superior", "por ser conhecido agitador das classes operárias", "por andar a colar prospectos incitando o povo à greve" e "por fazer parte do grupo de grevistas da Classe dos Alfaiates" e, em 1921, estava entre os fundadores do Partido Comunista Português. Em 10 de março de 1922, por estar envolvido em novas greves, voltou a ser preso "por ordem superior" e enviado, com outros trabalhadores, para o Forte de São Julião da Barra. Em 1923, casou com Alice Marques Louro, aprendiz de costureira, que se revelou uma mulher de "coragem invulgar", "suporte das opções políticas de Manuel Guilherme de Almeida", "apoio da família", "personalização do auxílio" a tantos antifascistas, "visita amiga dos que estavam presos", "amparo moral, e por vezes material, dos que estavam doentes". Do enlace nasceram três filhos: Fernando Louro de Almeida (1924-2013), formado em Escultura pela ESBAL; Arnaldo Louro de Almeida (1926-2008), formado em Pintura pela ESBAL; e Guilherme Alexandre Louro de Almeida (n. 1950), formado em Física pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Nesse mesmo ano, integrou a Comissão Administrativa da Comuna Salvador Segui (Anjos - Lisboa); em Abril de 1924, foi eleito delegado da Comuna Karl Marx, de Arroios, à Conferência Regional Comunista a realizar em Junho; e, em Dezembro de 1925, tornou-se Secretário dos Encarcerados Socorro Vermelho Internacional, cuja missão era acompanhar a situação dos detidos pela polícia política, apoiando-os e denunciando os maus-tratos e torturas. Com o triunfo da Ditadura Militar em 28 de maio de 1926, recomeçaram as prisões e aconteceram as deportações. Preso em 26 de Agosto de 1931, acusado de estar envolvido no movimento revolucionário desse dia, seria deportado para Timor em 2 de Setembro, indo a bordo do vapor Pedro Gomes com mais 377 presos políticos. Calhou-lhe ficar no ilhéu de Ataúro, um campo de concentração natural onde o clima era implacável, devido à humidade, calor sufocante e abundância de mosquitos, e vivia, tal como os restantes deportados, em condições desumanas. Depois, passou para Díli e, abrangido pela amnistia de 5 de dezembro de 1932, regressou a Portugal no navio "Moçambique", tendo desembarcado em 9 de Junho de 1933. A par do retomar da profissão, coube-lhe, em 1934, reestruturar o Socorro Vermelho Internacional, ficando este de prestar apoio jurídico e material aos presos e suas famílias, para além de contactos com o estrangeiro. Alice Louro de Almeida visitava os presos, transmitia notícias e dava o apoio possível. No âmbito das suas funções no Secretariado do SVI, foi preso em 20 de março de 1935, levado para uma esquadra, de onde seguiu para o Aljube no dia 30. Transferido para uma esquadra em 11 de junho, regressou ao Aljube em 29 de julho. Em 7 de agosto foi, mais uma vez, enviado para uma esquadra, a 1.ª, aí permanecendo até 3 de setembro, quando voltou ao aljube, seguindo para Peniche no dia 11. Regressou à 1.ª esquadra em 25 de outubro, para ser julgado no dia seguinte pelo TME e condenado a 600 dias de prisão correcional.


[Manuel Guilherme de Almeida || 22-23_11_1935 || ANTT || PT-TT-MI-GM-4-54-419]

Levado para a Fortaleza Militar de Peniche em 22 de novembro de 1935, aí permaneceu até 14 de outubro de 1936, sendo deportado três dias depois para Angra do Heroísmo, seguindo no cargueiro "Loanda", o qual também transportava os presos que iriam inaugurar o Campo de Concentração do Tarrafal. Permaneceu na Fortaleza de S. João Baptista até finais de 1938: indultado em 23 de dezembro, regressou a Lisboa na primeira semana de Janeiro de 1939, viajando no paquete Carvalho Araújo, e apresentou-se na PVDE no dia 6.Mais uma vez, retomou a vida profissional e a sua Academia Maguidal, situada na Rua da Palma - 219, era, simultaneamente, residência da família, escola de corte, loja de utensílios de alfaiate, redacção da revista Vestir e por lá passavam muitos oposicionistas, "funcionando como uma central de acolhimento aos antifascistas, às suas famílias e aos perseguidos pela polícia política". Porto seguro e solidário, onde Alice Louro de Almeida teve papel de destaque, a Maguidal acolhia os que eram perseguidos pela PIDE, como Maria Machado; albergava os que andavam em trabalho político na capital; apoiava os presos recém libertados, que se encontravam em condições difíceis; proporcionava alimentos, roupa e, até, cuidados médicos. Ali se refugiaram, para além de Maria MachadoAntónio Ramos Rosa, o casal Diamantina Vicente e José VitorianoIlda AleixoJosé TengarrinhaManuel Lourenço Neto, (António Maria) Vitoriano Rosa, entre muitos outros.

[Manuel Guilherme de Almeida || F. 27/10/1943 || ANTT / RGP/665]

Em 21 de outubro de 1943, foi preso por seis dias, "para averiguações", e levado para Caxias. Em 1945, interveio no Movimento de Unidade Democrática (MUD) e, em 14 de abril de 1956, na sequência de ter dado abrigo à militante comunista Maria Machado, voltou a ser detido, bem como a família mais próxima, acusado de "atividades contra a Segurança do Estado". Apenas o filho mais novo não o foi por ter, apenas, cinco anos e meio de idade.

[Manuel Guilherme de Almeida || F. 21/04/1956 || ANTT / RGP/665]

De Caxias só seria libertado, juntamente com a mulher, em 27 de agosto de 1956. Dois anos depois, estava com as candidaturas presidenciais de Arlindo Vicente e de Humberto Delgado

[Manuel Guilherme de Almeida || F. 22/04/1963 || ANTT / RGP/665]

A última prisão aconteceu em 22 de abril de 1963: julgado em 29 de março de 1964, foi condenado em 18 meses, repartidos entre Caxias e Peniche, e libertado em 13 de outubro de 1964. Tal como é evidenciado nesta evocação biográfica, a vida familiar, profissional e política de Manuel Guilherme de Almeida são indissociáveis e conjugam-se numa só. Faleceu em 11 de Novembro de 1992, com 94 anos e uma vida plenamente preenchida.]

O filho, Guilherme de Almeida, publicou, em maio de 2022, um importantíssimo livro sobre o pai - "Manuel Guilherme de Almeida (1898 - 1992): Pequena biografia de um natural de Janeiro de Cima" -, o qual foi editado pela Câmara Municipal do Fundão.



[Nota: muito grato ao Professor Guilherme de Almeida pela imediata disponibilização deste livro, sem a qual não teria sido possível, compreender o percurso profissional e político de Manuel Guilherme de Almeida, bem como outras informações amavelmente prestadas sobre o pai, para além de documentação dos anos vinte e trinta do século XX.]

[João Esteves]

sábado, 21 de dezembro de 2024

[3477.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCCLXII

 PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCCLXII *

02105. Eduardo Ferreira dos Santos Silva [1927, 1930]

[Eduardo Santos Silva]

[Eduardo Ferreira dos Santos Silva.
Porto, 18/03/1979. Médico. Filiação: Ana Teixeira, Dionísio Ferreira dos Santos Silva. Casado. A par da sua carreira profissional, enquanto médico e docente de vários níveis de ensino, foi ainda um republicano e maçom muito conceituado no Porto, tendo sido Presidente da Comissão Executiva da Câmara Municipal (1915-1918), vereador e Presidente do Senado (1919-1923). Militante do Partido Republicano Português, esteve preso durante o Sidonismo (maio de 1918) e participou, como médico miliciano, na 1.ª Guerra, integrando o Corpo Expedicionário Português. Assumiu o cargo de ministro da Instrução por duas vezes (1925, 1926), em governos liderados por António Maria da Silva, e seria eleito deputado na última legislatura da I República. Com o fim abrupto desta, combateu a Ditadura Militar e integrou todos os movimentos de oposição enquanto foi vivo. Preso no Porto em 19/09/1927,  foi levado, com outros presos políticos, para o Quartel de Infantaria 18. Enviado de comboio, talvez no dia 21, para Lisboa, juntamente com o filho Eduardo, estudante de medicina, seguiu da estação do Rossio, com bastante aparato policial, para o Governo Civil e, depois, para o Aljube. Voltaria a ser preso em 05/07/1930, também no Porto, acusado de "estar envolvido em manejos conspiratórios". Como lhe fossem apanhados documentos relacionados com a sua ligação a Bernardino Machado, no exílio, seria deportado, em 23/07/1930, para a Madeira, onde exerceu clínica, levando consigo o filho Eduardo. Regressou em 09/03/1931 e retomou as atividades contra a Ditadura. Apoiou, em 1949 e 1958, as candidaturas presidenciais de Norton de Matos e de Humberto Delgado. Faleceu em 14-09-1960, no Porto.]

02106. Eduardo dos Santos Silva [1927, 1931]

[Eduardo dos Santos Silva.
1907. Estudante de medicina. Filiação: Ernestina Martins Morgado, Eduardo Ferreira dos Santos Silva. Preso no Porto em setembro de 1927 e enviado para Lisboa, talvez em 21/09/1927, juntamente com o pai e outros presos políticos. Dirigente da greve académica de maio de 1928, no Porto, contra a extinção da Faculdade de Letras. Preso em 03/04/1931, na sequência da greve académica decretada pelos estudantes de medicina do Porto.]

02107. Artur Ferreira da Cunha [1927]

[Artur Ferreira da Cunha.
Porto, c. 1881. Comerciante. Filiação: Amélia C. B. Ferreira Cunha, Francisco Pereira da Cunha. Casado. Residência: Porto. Referenciado, em setembro de 1927, como fazendo propaganda contra a Ditadura. Preso em 21/09/1927, "por conspirar ativamente contra a Situação", e enviado de comboio  para Lisboa, juntamente com outros presos políticos: seguiu da estação do Rossio, com bastante aparato policial, para o Governo Civil. Libertado em 30/10/1927.]

02108. Joaquim Pinto de Oliveira Júnior [1927]

[Joaquim Pinto de Oliveira Júnior.
Porto (Sé), 1894. Funcionário público - 1.º Oficial da Câmara Municipal (afastado). Filiação: Maria de Jesus Oliveira, Joaquim Pinto de Oliveira. Solteiro. Residência: Rua do Sol, 124 - Porto. Frequentou, no início da década de 1920, a Universidade do Porto. Terá estado envolvido no movimento revolucionário de 3 de fevereiro de 1927, não tendo sido preso por ter fugido. Considerado próximo de José Domingos dos SantosPreso em 21/09/1927, "por conspirar ativamente contra a Situação", e enviado de comboio  para Lisboa, juntamente com outros presos políticos: seguiu da estação do Rossio, com bastante aparato policial, para o Governo Civil. Libertado em 30/10/1927. Quando faleceu, em abril de 1962, o jornal "República" salientou  que era um "homem de ideias firmes, republicano e democrata de sempre", tendo feito parte de "algumas tertúlias intelectuais do Porto". Referiu, ainda, que tinha sido redator dos diários "A Tribuna" e "O Norte"; exerceu o cargo de admnistrador de Matosinhos; e era sócio-gerente da Empresa Industrial Gráfica do Porto, sócio-gerente de Edições Maranus.]

02109. Joaquim Duarte Vaz Pinto [1927]

[Joaquim Duarte Vaz Pinto.
Porto, c. 1890. Negociante. Filiação: Fortunata Duarte Vaz Pinto, João Pinto. Casado. Residência: Porto. Terá participado na revolta de 3 de fevereiro, "onde teve papel preponderante". Preso em 21/09/1927, "por conspirar ativamente contra a Situação", e enviado de comboio  para Lisboa, juntamente com outros presos políticos: seguiu da estação do Rossio, com bastante aparato policial, para o Governo Civil. Libertado em 29/10/1927. Vigiado, era referenciado como "antigo membro da carbonária portuguesa" e "esquerdista muito perigoso", sendo anotados os seus contactos e deslocações. Preso pela Delegação do Porto, "acusado de reunir, no seu estabelecimento, com vários indivíduos conhecidos como chefes de grupos civis", e enviado para Lisboa em 15/04/1931. Libertado em 09/05/1931, sendo-lhe fixada residência em Espinho. Requereu por mais de uma vez autorização para residir no Porto, devido aos seus negócios, o que não lhe foi imediatamente concedido. Requereu ao Ministério do Interior, em 20/06/1931, que lhe fosse "anulada a fixação de residência em Espinho a fim de poder regressar definitivamente ao Porto", tendo a Polícia informado, em 25/06/1931, ter deferido o seu requerimento.] 

02110. Francisco Horta [1927, 1931, 1931]

[Francisco Horta
Lisboa, 23/08/1902. 1.º grumete / ajudante de chofer. Filiação: Beatriz dos Santos Horta, António Luís Horta. Solteiro. Residência: Rua da Penha de França, 43 - Lisboa. Alistou-se na Marinha em 02/07/1921. Participou, em Lisboa, na revolta de fevereiro de 1927: preso no Forte de Sacavém, foi deportado, em março, para Angola, onde permaneceu cerca de um ano. Abrangido por uma amnistia, regressou em abril de 1928 e, em 15/05/1928, passou à Reserva Naval. É um dos nomes abrangidos pelo Decreto 16002, de 04/10/1928, que admitia "a possibilidade de colocação nas colónias e reintegração nos quadros ou serviços a que pertenciam magistrados e funcionários civis e militares que tomaram parte no movimento de Fevereiro de 1927, e bem assim aqueles a quem pelo Governo tenha sido fixada residência nas ilhas adjacentes ou nas colónias por motivos de natureza política, a partir de 28 de Maio de 1926 até 15 de Julho de 1928". Preso em 07/02/1931, acusado de estar comprometido num caso de bombas", sendo referenciado como tendo sido "informador desta Polícia [Polícia de Defesa Política e Social] há bastante tempo". Libertado em 11/05/1931, depois de ter cumprido uma pena de 90 dias na prisão do Aljube. Preso em 13/05/1931, "por estar implicado no fabrico de bombas". Acusado de ter "grande cadastro nesta Polícia", ter pertencido à Legião Vermelha, "tomando parte em vários atentados", e fabricado bombas por diversas vezes, sendo, por isso, "um elemento perigosíssimo, capaz de praticar todo e qualquer atentado", foi deportado, em 27/06/1931, para Timor: embarcou no "Gil Eanes" no dia 28. Ao fim de quatro meses de viagem, em 21/10/1931, desembarcou em Oecussi, ficando, como os restantes companheiros de viagem, no respectivo campo de concentração. Passou por várias localidades da ilha e, aquando da invasão japonesa, colaborou com o exército australiano: evacuado, em 03/08/1943, para a Austrália, onde permaneceu em campos de internamento de prisioneiros sob vigilância das autoridades. Finda a Guerra, viajou daquele país para Portugal no navio "Angola" e  desembarcou em Lisboa em meados de fevereiro de 1946. Regressou a Timor ainda nesse ano, como colono, juntamente com Natalina Ramos Filipe Horta, com quem constituiu família e, em 1951, ingressou na carreira administrativa. Faleceu em 15/11/1970. Pai de José Ramos Horta.]

[Francisco Horta || 07/11/1935 || ANTT || PT-TT-MI-GM-4-48-42]

[Francisco Horta || 20/11/1935 || ANTT || PT-TT-MI-GM-4-48-42]

[Francisco Horta || 21/11/1935 || ANTT || PT-TT-MI-GM-4-48-42]

[Diário de Lisboa || 15/02/1946]

[João Esteves]

sábado, 14 de dezembro de 2024

[3476.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCCLXI

 PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCCLXI *

02097. António Marques / António Jorge Marques [1927, 1930, 1933]

[António Marques || ANTT || RGP/5]

[António Marques.
"O Marques da Ajuda", por residir na Rua da Torre - Ajuda. Lisboa (Santos-o-Velho), c. 1893. Serralheiro. Filiação: Matilde Maria, Joaquim Marques. Solteiro. Residência: Rua da Torre, 28 - Lisboa. Preso em 14/09/1927, por estar envolvido na organização de um movimento revolucionário contra a Ditadura Militar, mobilizando sargentos e reunindo-se com o Dr. Pires de Carvalho, o sargento ajudante Fontes e o 1.º sargento JeremiasDeportado para Angola quatro dias depois, regressou ao fim de 15 meses, em 13/12/1928. Preso em 14/05/1930, por ter mantido reuniões com "elementos revolucionários" no Arco da Bandeira; libertado em 10/06/1930. Em Maio de 1932 era procurado, juntamente com José Maria Teixeira Cadão, por estar envolvido na tentativa de libertação dos presos José Maria Videira (1.º sargento reformado) e José Severo dos Santos (ex-sargento da Armada), detidos na esquadra de Alcântara. Da acusação, constava o fornecimento de pistolas e metralhadoras ao grupo que os devia soltar. Andou fugido quase um ano, sendo preso em 05/05/1933, "por ser um elemento muito ativo na organização do movimento revolucionário em preparação, onde atuava como agente de ligação do ex-comandante Sarmento de Beires". Nas declarações prestadas aquando da prisão, terá confirmado o envolvimento nos preparativos para a libertação dos detidos na esquadra de Alcântara, referiu que tinha sido Custódio Maldonado de Freitas quem o aliciara para tal e que a ação não se concretizara "por falta de probabilidades de êxito", tendo tido contactos com Nestor da Assunção e o chofer Joaquim MartinsSegundo as mesmas declarações, esteve escondido na Quinta da Formiga, onde permaneceu até julho de 1932; ficou alguns dias em casa de Maria Rabaça Loureiro, através de quem travou conhecimento com Sarmento de Beires; e refugiou-se em Alpiarça mediante contactos com Renato Pinhão, que conhecera através de Júlio Pinto de Oliveira. Nesta localidade, usou o nome José Joaquim Pereira. Em Alpiarça, devido à ligação a Sarmento de Beires, teria ficado encarregado de arranjar bombas, tendo, então, estabelecido contactos para esse fim com, entre outros, Joaquim Martinho do Rosário (Santarém), António José da Silva FialhoAntónio Jorge (Santa Ana), João Gaspar (Cartaxo), Simão Piteira VarelaRenato Pinhão (Alpiarça), Abel PinhãoAntónio Dias (Almeirim), Custódio Dias (Almeirim) e João Pereira dos SantosVoltou para Lisboa em finais de fevereiro de 1933, mas regressou a Alpiarça e a Almeirim para recuperar o material já conseguido, tendo sido acompanhado, entre outros, pelo chofer Jaques Carlos Ferreira Isasca e Augusto Porfírio Cardoso. As bombas, o clorato e o antimónio ficaram, depois, guardados em Sacavém, em casa de João da Ana, sendo aí que a polícia descobriu o material bombista. Integrou a leva de 143 presos políticos que, em 19/11/1933, embarcou no vapor "Quanza", fundeado a cerca de 500 metros da praia sul de Peniche, com destino à Fortaleza de São João Baptista, em Angra do Heroísmo, onde chegou a 22. Julgado nos Açores pelo TME de 21/08/1934, foi acusado de conspirar com Sarmento de Beires e outros para derrubar o governo e fabricar e transportar bombas, sendo condenado a 14 anos de degredo numa das Colónias e multa de vinte mil escudos. A pesada pena refletia o juízo de que "há muitos anos se dedica a manejos revolucionários, o que levou o Governo a deportá-lo para as Colónias por ser um elemento indesejável para a ordem pública". Interpôs recurso, mas a sentença foi confirmada pelo mesmo Tribunal em 30 de agosto. Seguiu, em 23/10/1936, para o Campo de Concentração do Tarrafal de onde só sairia em 6 de Julho de 1949, com destino ao Forte de PenicheEmbora o tempo de prisão a que fora condenado terminasse em 01/10/1950, só saiu em liberdade condicional em 26/04/1951. A liberdade definitiva só a obteve três anos depois, por sentença de 30/04/1954. No Tarrafal, segundo escreve Edmundo Pedro nas suas "Memórias" (II Volume, Âncora Editora, 2011), António Jorge Marques "colaborara em várias iniciativas de Bento Gonçalves, nomeadamente na construção da pequena fábrica de produção de gelo e, mais tarde, na tentativa, inacabada com a morte do Bento, de construir um barco de ferro. Fora ele que montara, sob a supervisão daquele meu infausto amigo e camarada, o cavername, em cantoneira e ferro T, destinado a receber as chapas metálicas, provenientes dos bidões de transporte do gasóleo, que serviriam para revestir o casco do barco" (p. 109). Libertado, "bastante envelhecido" quando teria "perto de sessenta anos", "sem familiares próximos" e vivendo "numa extrema miséria", procurou Edmundo Pedro no início da década de 50 e trabalhou alguns anos com ele na empresa Vóltio, Lda, da qual aquele era sócio, aproveitando a sua experiência de "excelente serralheiro civil" (Edmundo PedroMemórias, Vol. II, pp. 111).]

02098. José Alberto [1927]

[José Alberto.
Olhão. Trabalhador rural. Filiação: Maria do Carmo, Manuel José. Solteiro. Residência: Rua de Machede - Évora. Preso em setembro de 1927, "por ser chefe do grupo anarquista Universo, de Évora". Deportado para Angola em 18/09/1927, embarcando no barco "Zaire" com destino a Luanda.]

02099. António Proença [1927, 1931]

[António Proença
Lisboa, c. 1895. Funileiro. Filiação: Bebiana da Conceição, Francisco Proença. Solteiro. Residência: Rua de S. Sebastião da Pedreira, 172 - Lisboa. Preso em 08/03/1927, "por ter fugido de bordo do vapor 'Lourenço Marques'"; entregue à Polícia Militar no mesmo dia. Deportado para Luanda, Angola, em 18/09/1927, juntamente com o irmão, António Proença, e outros presos políticos. Embarcou no barco "Zaire". Preso em 26/08/1931, por ter participado no movimento revolucionário desse dia, e deportado para Timor em 02/09/1931. Abrangido pela amnistia de 05/12/1932, regressou em 09/06/1933 e apresentou-se no dia 12, declarando ir residir na mesma morada.]

02100. José Vilhena Salema Júnior [1927]

[José Vilhena Salema Júnior
"O Pepe". Preso por ordem superior em 18/02/1927 e enviado, em 21/02/1927, à Comissão de Inquérito relacionada com o movimento revolucionário desse mês. Deportado para Angola em 18/09/1927, tendo embarcado no vapor "Zaire".]

02101. Jorge dos Santos Mendes [1927]

[Jorge dos Santos Mendes.
Preso em 1927 e deportado para Angola em 18/09/1927. Embarcou, tal como muitos outros presos políticos e comuns, no barco "Zaire" com destino a Luanda.]

02102. José Azevedo [1927]

[José Azevedo.
Braga, c. 1886. Comerciante. Filiação: Maria Gomes de Azevedo, Alfredo Maria de Azevedo. Casado. Residência: Avenida Almirante Reis, 75 - Lisboa. Um dos proprietário do Armazém Azevedo, na Rua dos Fanqueiros, foi preso em 21/09/1927, "por ser detentor de armas de fogo sem a respetiva licença", e enviado ao Tribunal Militar em 29/09/1927. Referenciado, em janeiro de 1930, como fazendo parte de um comité secreto da Associação dos Lojistas, juntamente com Dário Névoa, antigo presidente da Associação dos Caixeiros, e António Casanova.]

02103. António José Azevedo [1927]

[António José Azevedo.
Braga, c. 1893. Comerciante. Filiação: Maria Gomes de Azevedo, Alfredo Maria de Azevedo. Casado. Um dos proprietário do Armazém Azevedo, na Rua dos Fanqueiros, foi preso em 21/09/1927, "por ser detentor de armas de fogo, sem licença"; libertado em 29/09/1927. Irmão de José Azevedo.]

02104. Armando Martins [1927]

[Armindo Martins.
Um dos proprietário do Armazém Azevedo, na Rua dos Fanqueiros, foi preso em 21/09/1927.

  [João Esteves]

sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

[3475.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCCLX

PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CCCLX * 

02089. Sebastião Cardoso [1927]

[Sebastião Cardoso.
Preso em setembro de 1927 pela Polícia de Informações do Ministério do Interior.]

02090. António Dias Rebelo [1927]

[António Dias Rebelo.
Preso em setembro de 1927 pela Polícia de Informações do Ministério do Interior.]

02091. João Camacho Freitas [1927]

[João Camacho Freitas.
Preso em setembro de 1927 pela Polícia de Informações do Ministério do Interior.]

02092. Custódio José Dantas [1927]

[Custódio José Dantas.
Arcos de Valdevez, c. 1866. Filiação: Luísa Maria, Diogo José Cerqueira Dantas. Casado. Residência: Rua da Assunção, 53 - Lisboa. Preso em 16/09/1927, "por se intitular agente de Polícia e ser revolucionário de profissão", e deportado para Angola em 18/09/1927, tendo embarcado no navio "Zaire", com muitos outros presos, com destino a Luanda. Seguiu, em 14/01/1930, para Angra do Heroísmo, onde lhe foi fixada residência. Regressou e apresentou-se em 09/02/1931, indo residir no Porto.]

02093. Alexandre Pereira de Campos [1927]

[Alexandre Pereira de Campos
Preso em setembro de 1927 e deportado para Angola em 18/09/1927, tendo embarcado no navio "Zaire" com destino a Luanda.]

02094. António Mendes Soldado Júnior [1927]

[António Mendes Soldado Júnior.
Avis, c. 1903. Relojoeiro. Filiação: Maria Emília Vilela, António Mendes Soldado. Solteiro. Residência: Quinta dos Loios - Lavradio. Preso em setembro de 1927 e deportado para Angola em 18/09/1927, tendo embarcado no navio "Zaire" com destino a Luanda.]

02095. Arnaldo Simões Januário [1927, 1931, 1934]

[Arnaldo Simões Januário || ANTT || RGP/17]

[Arnaldo Simões Januário.
Coimbra, 06/06/1897. Barbeiro. Filiação: Maria Augusta Januário, José Maria Januário. Casado. Residência: Coimbra. Militante libertário da União Anarquista Portuguesa e colaborador ativo da CGT. Preso em 1927, seria deportado para Angola em 18/09/1927, embarcando no barco "Zaire" com destino a Luanda. Deportado, em 1931, para Timor, onde ficou no Campo de Concentração de Oekussi-Ambeno e fundou a Aliança Libertária de Timor. Libertado, regressou a Coimbra, onde assumiu a organização da greve geral revolucionária de 18/01/1934. Preso em 26/01/1934seria encarcerado no Aljube, onde foi barbaramente torturado, e no Presídio Militar da Trafaria. Condenado pelo TME a 20 anos de desgredo, seguiu, em 08/09/1934, para Angra do Heroísmo. Transferido, em 23/10/1936, para o Campo de Concentração do Tarrafal, onde integrou a sua Organização Libertária e faleceu em 27-03-1938, vitimado por uma biliosa anúrica, sem qualquer assistência médica, nem medicamentosa.]

02096. Manuel Portugal Saraiva [1927]

[Manuel Portugal Saraiva.
Preso em setembro de 1927 e deportado para Angola em 18/09/1927, tendo embarcado no navio "Zaire" com destino a Luanda.]

[João Esteves]