Em nossa casa havia um gato , nada comum aos gatos que já conhecíamos. Esse amava pular,
brincar, receber cafuné, até aqui tudo bem, pois todos os gatos são assim, mas
esse era especial e se chamava Pitoco, um gatinho super fofo e sapeca, metade branca com manchas
amareladas quase laranja e um pêlo ouriçado e macio, com uma mancha acima dos olhos lembrando a ponta de uma estrela, e um par de asas ladeando o focinho. Era só você olhar no seu olhar e se podia ver o gatinho sapeca voando, e pra disfarçar que podia voar a qualquer hora, saía pulando
feito macaco pela casa.
Para as crianças era uma festa brincar com ele, e sua
brincadeira preferida era abraçar com as duas patas os braços das crianças e
lutar, ele amava lutar com a garra-mão que lhe faziam, a mesma mão que dantes lhe
acariciava, e também lhe fazia medo, só pra ver ele rosnar assim como quando
estava se alimentando, se alguém o chamasse rosnava feito leão.
Esse gato chamado Pitoco dava sinais de ser de outro
mundo, um país distante nas estrelas, país da mesma estrela pintada em sua pelagem, onde
vivem outros gatos espertos, pois esse gato amava ouvir poesia. Era só alguém
abrir um livro e começar recitar que ele pulava no sofá entre as pernas do
leitor e o livro e ficava ali, querendo morder o livro, querendo receber
carinho e ouvir a poesia de forma
melodiosa e afetiva.
Um dia, sem mais nem menos, de forma rápida alguém passou
e roubou a vida de Pitoco, que nada disse, nem sequer um verso de dor, nem um
poema triste, apenas acenou o rabinho e voou.
Agora, quando a gente olha o céu, pode ver entre as constelações, seu rabo macio de gato, feito pêndulo, afastando as estrelas e escrevendo com saudade a
palavra: Amor!
E se a gente reparar bem nas noites de lua, poderá ver o gato
pular de uma estrela para outra, ou voar com suas asas macias para uma nova galáxia para brincar.
Só assim poder-se-á compreender : Pitoco era um ser estrelar!
Paula Belmino
Hoje nosso domingo não é dos mais felizes, ontem à noite um triste fato nos roubou a alegria. Á noite vindo da igreja nosso gatinho brincava na calçada de minha mãe, enquanto esperávamos a chave para abrir a porta, pois ela esquecera, vim pra casa e deixei a Alice por lá com a tia, primos, quando o pai chega com ela vem aos prantos pois um carro atropelou nosso gatinho Pitoco que amava ouvir poesia, brincar, pular, arranhar e morder de mansinho see machucar as crianças. E essa semana mesmo mostrei ele aqui
Alice ficou aos prantos, e eu não consegui segurar a dor da tristeza, da saudade, da perda de um ser tão iluminado, nosso gato que só trazia alegrias.
Precisei conversar com Alice sobre a morte, a perda e li para ela o poema de Manuel Bandeira: Pardalzinho:
Pardalzinho
O pardalzinho nasceu livre.
Quebraram-lhe a asa.
Sacha lhe deu uma casa,
Água ,comida e carinhos.
Foram cuidados em vão:
A casa era uma prisão ,
O pardalzinho morreu.
O corpo Sacha enterrou
No jardim; A alma ,essa voou
Para o céu dos passarinhos!
Manuel Bandeira
Após todo choro e conversa, ela me conta que ele apenas abanou o rabinho, e eu lhe disse: Com certeza Alice ele lhe deu até logo, pois queria dizer que era muito amado por você e viveu sua vida muito feliz, mas agora como o pardalzinho, Pitoco vai para o céu dos gatinhos e de lá vai ver você feliz com outros gatinhos que aparecerão na nossa casa.
Ela foi ao quarto escreveu na agenda dela e pedi para passar para um papel com um desenho, assim seria uma maneira de superar a dor, e pelo luto, compreender suas emoções e saber assim administrá-las, afinal como tudo na vida, passa!
Restará a saudade e as boas lembranças de nosso Pitoco que amava ouvir poesia
Esse vídeo foi nosso último poema lido para ele, que parece agora nos dizer, que como o gato preto no telhado da Poliana Barbosa ele também iria para um casa-telhado, o céu!
Vejam como Pitoco amava poesia: Era começar a ler e ele vinha ouvir
Olhem bem a farra de Pitoco com a poesia de Sônia Barros
Aproveitamos então a Blogagem coletiva da Lourdes no blog com a inspiração numa imagem por semana, para o Poetizando e Encantando, com objetivo de criar, inspirar, interagir, poemar.
Hoje a imagem é essa de dois caminhos, ao fundo uma árvore vistosa e verde ladeada de flores violeta, na qual me inspiro e escrevo o que sinto:
Nosso Pitoco seguiu viagem em um caminho celeste, e agora sobre em árvores durante o dia, corre e brinca com flores violetas de beleza e perfume, e à noite se mostra nas estrelas a piscar e acenar com suas asas!
Participe também!
filosofandonavidaproflourdes.blogspot.com.br/