Lá se vai beirando a estrada, a doce menina que outrora
corria e bradava aos quatro ventos um amor louco e juvenil, sonhando acordada,
entrelaçando fantasia e sonho, desejos e estranhezas, ora brincando com as
flores da estrada, ora querendo voar sob as nuvens numa paixão entorpecente.
Era abril...
Um amor cego, um olhar doce, um encontro de almas que se
amaram plenamente, enlouquecido amor, feito pássaro a beijar uma flor, e freneticamente
como a chuva que molha a terra sedenta.
Uma paixão pulsante, um desejo incontido, uma sede que
nenhuma tempestade saciava, nem centenas de palavras poderiam descrever...
Era um marco de sua passagem, o comemorar de sua juventude,
a moça pela estrada, vagando em busca de um sonho: o amor, e o pássaro
encantado a deslizar poesias nas mãos e na boca macia o beijo de mel.
Era o céu.
O encontro deu-se assim, moça e anjo, pássaro e árvore,
néctar e flor, sensações infinitas,meio sutileza, meio maldade, mais desejo e
submissão que solidariedade, anseios de um coração que ditava a sorte em versos
escritos nas paredes e na areia por onde varria o chão com suas lágrimas, de
ardente desejo, de sonegação, de solidão.
Um encontro ás cegas, mas sob à luz de um sentimento vasto,
que arrasou os dois incompreendidos corações,
E derreteu-se manhã e noite a sós ,a fusão de alma e corpos ao som da música no rádio e sob a luz da lua na
janela, de uma cidade esquecida, feita só para eles... Viveram dias entre
lençóis... Corpos, almas e um fim de caminho... Seria assim como um fim de
capítulo de um romance? Final feliz, para sempre?
Era a verdade escrita no corpo e tatuada na alma com brasa,
pra nada e nem água alguma limpar, nem remédio cura, sombra nenhuma apagar...
Era amor e paixão, ora benevolente, ora doente, ora sonho e magia, pouco depois
fantasia...E o destino cansado de tanto furor findou... Não cabiam neles tanto
amor.
Era abril...O início de tudo
E agora na estrada solitária ela não sabe mais em que mês adormeceu,
se perdeu, definhou o anjo, o pássaro...
O amor.
Será que nos meus 41 anos amadureci? Poder-se-ia esquecer um amor?