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domingo, 14 de agosto de 2016

Um dia... Um Pai


Um dia um pai avô... Um cafuné, um balançar de rede, um pilar café.
Nestes dias tudo era mais colorido, as flores no quintal, besouros e maribondos, borboletas e lagartas de fogo no pé de laranjeira e as pequenas hortas em cima de um jirau perfumando a manhã de cheiro verde, anunciavam a paz e a vida.
Um dia ao seu lado e a vida se movia em estrondosa felicidade, o puxar água no cacimbão e deitar sobre as pedras do quarador que anunciavam varais de roupas estendidas e a cerca de varas secando roupas, sonhos, brinquedos.
Ao seu lado as noites eram curtas pra caber tantas histórias e sonhos e mesmo nos dias rotineiros, dias e noites eram os mais encantados, os mais verdadeiros, os mais enluarados, cheios de lendas e fábulas... Ao pé de sua cama eu o idolatrava porque só em sua voz haviam heróis e fadas madrinhas, príncipes e princesinhas, ora crianças pobres de roupas rotas, ora com vestidos que cabiam o mar e todos os peixes, o sistema solar e todas estrelas, as flores de todos jardins.
A vida era silenciosa feito meio dia, onde o cochilo na rede era indispensável e trazia ao engenho cantigas e cordel, o som do rádio, o fogo fagulhando o abanador de palha predizendo as orações da tarde.
Um avô que sabia tudo de mim. Um mago que entoava canções de ninar para eu dormir.
Um Pai avô que não se vai nunca dentro de mim... Porque é feito um anjo bom que vela e acalanta, é como inspiração que canta, é feito passarinho que dá sinal de paz.
Saudade de um amor que nunca se vai, o tempo não apaga, a distância não explica, o som da solidão não é capaz de fazer vazio um coração que ressoa as gargalhadas e o fantasiar, o cantarolar cedo e ao meio dia. Um sonho doce que foi ter o melhor avô do mundo e que foi tão cedo ao alto encontrar-se com Deus, mas que fica aqui na aba do coração, nos dedos a escrever poesias, no sobrenatural dom de imaginar versos de amor.Um Pai avô que é para sempre, eterno em afeições, posto que é puro amor... Imortal!!!


Paula Belmino

Quanta saudade de meu pai avô Nico, das histórias que contava, das canções que pra mim entoava antes de eu dormir e para poder me alimentar, ele tocava uma lata, cantava assoviava, brincava.
Levantava cedo pra fazer o café, pra pegar ovos das galinhas, uma só minha pra eu brincar e tomar gemada, já que eu era a neta primeira, a menina franzina, cheia de sonhos, a mais amada.



* Fotos lembranças as únicas que retratam o rosto de meu avô Galdino Simões, imagem esta que é guardada a sete chaves em minha memória