1. Depois de uma época que só não foi exemplar por ter deixado escapar a Liga Europa, Jorge Jesus perdeu vários jogadores e começou a época com um plantel bem menos forte do que o dos últimos anos. O sorteio da Champions não ajudou, e o Benfica acabou eliminado das competições europeias mais cedo do que nos últimos anos. À margem das circunstâncias adversas, o futebol encarnado depende, mais do que nunca na era de Jesus, da qualidade individual, e é essa a principal crítica que lhe deve ser feita. Num modelo como o de Jesus, o mínimo desinvestimento tem um impacto significativo, e o desempenho ofensivo dos encarnados, esta época, é quase exclusivamente explicado pelos golos de Talisca, pelas arrancadas de Salvio e Gaitan, e pela qualidade de Enzo.
2. O Porto de Lopetegui é uma equipa de oito e oitenta. Tem um plantel formidável do meio-campo para diante; tem uma plantel banalíssimo do meio-campo para trás; tanto goleia como empata com o Boavista; tanto sufoca o adversário do primeiro ao último minuto como se deixa surpreender depois de estar a vencer por alguns golos de diferença. Agrada-me a atitude ofensiva da equipa e agrada-me a intenção de pressionar alto; desagradam-me, porém, as variações constantes de flanco, o excesso de vertigem e a incapacidade, mais ou menos geral, para controlar o ritmo de jogo. Não sei o que acontecerá na segunda metade da época, até porque, sobretudo numa prova de regularidade como é o campeonato, uma equipa assim tanto arrisca o fracasso quanto o sucesso.
3. Marco Silva está a fazer um trabalho interessante. Um clube como o Sporting deve ambicionar sempre o título. O que não pode fazer, num momento complicado em que não pode, de maneira nenhuma, competir com o investimento dos dois rivais e que vem na sequência de anos de crise desportiva, é anunciar publicamente essa ambição. Enquanto "outsider", o Sporting pode sempre intrometer-se nessas contas, como aconteceu o ano passado; enquanto candidato, dificilmente. Não tem plantel para isso e entra em campo pressionado para ganhar. Não obstante, Marco Silva tem apresentado bons indicadores. É verdade que ter Nani - que só por questões extra-desportivas não está a jogar num dos dez melhores clubes europeus - ajuda muito, mas a equipa tem comportamentos interessantes. Acima de tudo, é menos mecânica do que a equipa de Leonardo Jardim, que obteve o máximo do que poderia ter obtido a época transacta, e isso é já um indício do quanto poderá evoluir no futuro. Era importante agora, a meu ver, que dessem finalmente oportunidades a dois jogadores da equipa B que, por quaisquer razões, continuam na gaveta: Chaby e Iuri.
4. Em Espanha, o Real Madrid só não é campeão se não quiser. Dia sim, dia não, a imprensa portuguesa diz que Mourinho é o melhor do mundo. Mas basta ver as diferenças do Real de Mourinho para o Real de Ancelotti para se perceber que, no mínimo, a imprensa portuguesa é tendenciosa. Mourinho jogava com médios como Khedira, Granero ou Diarra. Chegou a jogar com Pepe no meio-campo. Modric nunca foi opção. Ancelotti joga só com dois médios: Modric e Kroos. Não é preciso falar de títulos para que se percebam as diferenças. Mesmo sem Ozil e sem Di Maria, jogando num sistema de jogo que nem sempre oferece uma boa rede de apoios, o Real é uma máquina de futebol de ataque. E isso tem a ver, acima de tudo, com as ideias de Ancelotti a respeito do seu meio-campo. É aí que é profundamente diferente de Mourinho. E é por aí que o seu Real é bem mais competente e criativo do que o Real de Mourinho. Voltemos alguns anos atrás no tempo, lembremo-nos de que foi ele quem "inventou" um meio-campo inteiro para que um jogador que nunca sequer tinha jogado como médio-defensivo se pudesse tornar o melhor dos últimos quinze anos nessa posição e teremos a melhor descrição possível de Carlo Ancelotti.
5. O novo Barcelona começou muito bem. Luis Enrique conseguiu que a equipa jogasse com o bloco tão subido quanto na era de Guardiola, com os sectores muito juntos e a pressionar muito alto. Ao mesmo tempo, ia apostando em jovens jogadores de grande talento, como Munir, usava aos três e aos quatro médios criativos, e conseguia dinâmicas inacreditáveis. Tudo isso se foi, pouco a pouco, dissipando. Às vezes fala-se da coragem de um treinador sem se saber muito bem do que se fala. Para mim, coragem é manter as ideias quando as coisas não correm bem. E o que Luis Enrique fez, a partir de dada altura, foi mostrar que não a tem. Primeiro, foi Piqué, de longe o melhor central do plantel (seguido de Bartra) a ser encostado. Luis Enrique prefere Mascherano e Mathieu porque são mais compenetrados, metem mais o pé, esfolam-se mais, etc.. Depois, foi a derrota diante do Real Madrid. O Barça ainda não tinha sofrido golos no campeonato, jogava bem e fazia coisas que mais nenhuma equipa (salvo o Bayern de Guardiola) faz. Depois da derrota com o rival da capital, o Barça é uma equipa mais banal do que o Barça de Tata Martino. Já não joga com a defesa subida, já não aproxima os sectores, já não pressiona alto, e já nem sequer é capaz de fazer um jogo de posse como antes. Entretanto, desde que Luis Suarez passou a poder jogar, Pedro Rodriguez nunca mais foi titular e Munir raramente foi chamado. Mais do que nunca, o Barça é uma equipa de avançados, e o seu treinador espera que Neymar, Messi e Suarez, para os quais os outros oito jogam, resolvam individualmente o que o colectivo deixou de querer resolver.
6. Paco Jémez foi um dos nomes mais falados para substituir Tata Martino. A direcção do Barça acabou por escolher mal, e Paco Jémez manteve-se aos comandos do Rayo Vallecano. Esta entrevista devia ser lida por toda a gente, mas principalmente por Luis Enrique, que é quem tem a responsabilidade, pela herança que tem, pela tradição do clube e pelas características dos jogadores que possui, de fazer o que nela é ensinado. Para Jémez, ter a bola a todo o custo, arriscando se for preciso arriscar, é o que mais importa, e metê-la na frente é sempre pior do que procurar alguém perto com critério. Além disso, é o adversário que tem de se preocupar com a sua equipa, não a sua equipa com o adversário, e a defesa defende os espaços, não os adversários. Por outro lado, quando um lateral sobe, deve estar preocupado com tudo menos com o facto de ter de vir defender a seguir: a equipa encarregar-se-á de compensar essa subida colectivamente. Para Paco Jémez, é falso que não se possa pressionar durante 90 minutos essencialmente porque pressionar, em seu entender, é um esforço colectivo que depende mais de ajudas, coberturas e posicionamentos relativos do que com esforço muscular, agressividade perante o portador da bola e perseguições individuais. Empatar, acrescenta ainda, é o pior resultado que pode obter: prefere perder, porque, evidentemente, pode perder dois jogos em cada três e fazer os mesmos pontos que faz com três empates. Há pouca gente que pensa assim, e há pouca gente que não vai achar em quase tudo o que Paco Jémez diz um certo atrevimento. E, no entanto, diz mais coisas acertadas em meia-dúzia de respostas do que se diz em dez anos de cursos de formação de treinadores.
7. Nuno Espírito Santo começou a sua aventura em Valência e tem sido bastante elogiado. Evidentemente, é elogiado porque tem tido bons resultados. O futebol do Valência baseia-se, porém, no erro do adversário e no contra-golpe. Tudo o que Nuno pretende é que a equipa chegue rapidamente à baliza adversária, assim que rouba a bola. Defensivamente, os comportamentos da equipa nem são maus, parecendo saber exactamente o que fazer nos momentos de pressing. Mas com bola exigia-se muito mais. E exigia-se sobretudo menos pressa. O Sevilha, o Villareal e o Rayo Vallecano, para dar exemplos de equipas com orçamentos inferiores ou muito inferiores, jogam muito mais à bola do que o Valência, e quando as coisas começarem a correr menos bem e os resultados começarem a ser menos lisonjeiros, talvez caia em desgraça com a mesma velocidade com que caiu em graça.
8. Em Inglaterra, o campeão Manchester City cometeu, a meu ver, o maior pecado que um campeão pode cometer: não ter mudado nada para a nova época. Os campeões precisam de estímulos novos para continuarem a querer ser os melhores, e uma boa maneira de criá-los seria modificar qualquer coisa, sobretudo na forma de atacar da equipa. Sem grandes reforços e sem grandes mexidas na maneira da equipa jogar, o City perderá a pouco e pouco a capacidade de continuar no topo em Inglaterra.
9. O Arsenal de Wenger continua incapaz de ser uma equipa competitiva durante toda a época. Embora o investimento comece a aproximar-se do investimento feito por alguns rivais, e embora consiga finalmente preservar os melhores jogadores de ano para ano, mantêm-se os principais problemas na equipa: as competências defensivas e as lesões. É pena, porque a equipa consegue fazer coisas que a esmagadora maioria das equipas não consegue. E é pena porque Wenger é dos treinadores mais interessantes, do ponto de vista ofensivo. Gosto do estilo, mas tenho de reconhecer que, se não caprichar mais, sobretudo na forma como a equipa defende, o estilo de Wenger não é suficiente.
10. O Chelsea de Mourinho tem o melhor plantel, de muito longe, da Premier League. E mesmo com um meio-campo composto por Matic, Fabregas e Óscar, o futebol praticado é, na maioria das vezes, muito pobre. Defensivamente, a equipa não podia ser mais competente, mas continua a preferir entregar a decisão dos jogos às iniciativas individuais e ao aproveitamento dos detalhes do que às qualidades colectivas. Ainda assim, é capaz de chegar para ser campeão. Em Espanha, em Itália, em França e na Alemanha, Mourinho dificilmente seria campeão a jogar desta maneira. Mas em Inglaterra não há uma equipa capaz de ser regular desde que Ferguson se reformou, e isso é tudo o que importa. O seu Chelsea é competente defensivamente, e isso talvez seja suficiente.
11. Entretanto, Mourinho não perde uma oportunidade para aludir a Guardiola. Quando lhe perguntaram se podia ganhar quatro competições esta época, disse que não porque, ao contrário de outros campeonatos, o campeonato inglês não tem pausa de Inverno e até se joga no Natal. Já aqui tinha sugerido que a carreira de Mourinho pode ser descrita, a partir de certo momento, como uma tentativa de resposta a uma certa obsessão. Agora parece que encontrou outra.
12. Depois de uma época quase brilhante, o Liverpool de Brendan Rodgers está a fazer uma campanha sofrível. A saída de Suarez e a lesão de Sturridge fazem com que o ataque da formação inglesa seja muito diferente do que foi a época passada, e essa pode ser uma explicação para o sucedido, até porque não há muitas mais diferenças. Gosto de pensar, contudo, que uma equipa em que Mario Balotelli é titular em praticamente todos os jogos e em que Lazar Markovic mal tem oportunidades para jogar é uma equipa que não merece muito mais do que a modesta posição que ocupa. Pode-se tentar explicar o insucesso do Liverpool de muitas maneiras, mas referir um treinador que avalia tão mal a qualidade individual dos atletas que tem à sua disposição é capaz de ser suficiente.
13. Gostei muito do trabalho de Pochettino no Espanyol e, do que vi em Inglaterra, só posso dizer bem. A aventura com o Tottenham não tem sido tão feliz quanto isso, ainda que a equipa mantenha as aspirações intactas (está a cinco pontos do acesso à Liga dos Campeões) e há muita gente que tem criticado o seu trabalho. A primeira coisa que gostava de dizer é que Pochettino herdou uma equipa absurda, quase toda formatada pela ideia absurda de jogo que André Villas-Boas tentou implementar. A qualidade individual do Tottenham, ao contrário do que se possa pensar, é muito má, quando se pensa que o clube tem aspirações europeias: Lloris, Verthongen e Lamela são talvez os únicos que podiam jogar num clube maior. Daí que exigir a Pochettino outra coisa que não ficar entre os dez primeiros me pareça um exagero. Ainda assim, não se vê o técnico argentino a jogar para os pontos. Pelo contrário, é das poucas equipas da Premier League que tenta fazer coisas diferentes, que tenta jogar pelo meio, que tenta invadir espaços entre linhas, que joga com os apoios próximos. As derrotas não têm ajudado e vê-se que muitos dos jogadores não gostam de ter de pensar tanto e preferiam um futebol mais à inglesa. Há uns anos, Juande Ramos tentou fazer coisas parecidas e os jogadores do Tottenham, na altura, fizeram-lhe a cama. Lembro-me de ter dito que, embora tivesse regressado às vitórias com Harry Redknapp, o Tottenham perdera nessa altura uma boa oportunidade de se tornar um clube grande em Inglaterra. Não me enganei, ainda que os quartos e quintos lugares de Redknapp tenham dado alegrias a muita gente. Com Pochettino, o Tottenham tinha finalmente a oportunidade de ser, a médio prazo, uma equipa muito forte em Inglaterra. É verdade que os jogadores não são os melhores para isso, mas, para já, era pelo menos importante que esses mesmos jogadores não preferissem ser jogadores de equipa pequena. Infelizmente, é isso que me parece que querem ser.
14. Tim Sherwood, antigo treinador do Tottenham, percebe tanto de futebol como um lagarto ao sol percebe de física quântica. Na sequência da recente derrota do Tottenham com o Chelsea, sugeriu que o belga Verthongen é "muito mau a defender". Para Sherwood, defender é aquilo a que, nas distritas e na Premier League, vulgarmente se chama ter caparro. Verthongen, realmente, não tem caparro. Ou não faz grande uso dele. Isso não significa que não saiba defender. É com preconceitos deste género, preconceitos de que o futebol está completamente cheio, que continuamos a ter de lidar. Esta gente ganha milhões e continua a pensar como o velho que vai à bola ao Domingo a dizer que o futebol era bom era no tempo dos cinco violinos.
15. Na Alemanha, o Bayern vai chegar de novo à viragem do ano com o campeonato praticamente no bolso. É verdade que a resistência interna não é muita, e que o Dortmund, ainda por cima, tratou de facilitar a vida aos bávaros, mas não deixa de ser uma proeza. Quanto ao futebol da equipa, vai crescendo aos poucos e, mesmo sem alguns dos melhores intérpretes, Guardiola tem os seus pupilos cada vez mais próximos do que pretende. Além do 433 da época passada, a equipa joga agora também em 343 e em 352 com uma facilidade impressionante. A linha defensiva está sempre muito alta, o que é absolutamente decisivo para quem queira jogar como Guardiola joga, e os sectores sempre muito juntos, pelo que é fácil depois à equipa adaptar-se a um posicionamento diferente. Mais significativo ainda é perceber que o 343, por exemplo, não serve tanto para abrir a frente de ataque, pois os extremos são essencialmente jogadores para jogar por dentro e vir solicitar o passe a zonas entre a linha defensiva e a linha de meio-campo, quanto serve para ter mais gente no meio. A diferença de Guardiola para os restantes treinadores de futebol é tanta que fazer com que as pessoas a percebam é muito difícil.
16. Por cá, nos últimos dias, o Benfica recebeu o Belenenses, que jogou sem Miguel Rosa e sem Deyverson, possivelmente os dois jogadores mais influentes da equipa esta época. Se calhar é patetice minha, mas isto é capaz de ser um caso de polícia. Miguel Rosa desvinculou-se do Benfica e, mesmo assim, continua a ver a sua carreira comprometida por quem quer que no Benfica tenha algum poder. Já o ano passado tinha sido assim, e voltou a sê-lo este ano. E a única coisa que se faz é assobiar para o lado. Há muita coisa que vai mal no futebol. Há pouca coisa tão abjecta como isto.
17. Por falar em mafiosos, um dos sites portugueses com maior afluência, o TV Golo, foi há tempos bloqueado por todas as operadoras, segundo consta, na sequência de uma ordem judicial desencadeada por uma queixa da Sporttv. O site em questão disponibilizava links para videos de golos e apanhados dos melhores lances de jogos de muitas ligas. Não sei muito bem o que leva uma empresa como a Sporttv a sentir-se lesada por um site deste género (ainda por cima, tanto quanto pude perceber, o site inglês okgoals.com disponibiliza boa parte do que era disponibilizado pelo tvgolo.com), da mesma maneira que não consigo compreender a maior parte das razões contra a livre divulgação de conteúdos na internet, em geral. De qualquer modo, é no mínimo irónico que esta acção moralizadora dos costumes dos utilizadores da internet tenha vindo precisamente de uma empresa que, pelo menos até há bem pouco tempo, detinha o monopólio do negócio do futebol em Portugal e que o vendia como queria e pelos preços que queria. Haja escrúpulos...
2. O Porto de Lopetegui é uma equipa de oito e oitenta. Tem um plantel formidável do meio-campo para diante; tem uma plantel banalíssimo do meio-campo para trás; tanto goleia como empata com o Boavista; tanto sufoca o adversário do primeiro ao último minuto como se deixa surpreender depois de estar a vencer por alguns golos de diferença. Agrada-me a atitude ofensiva da equipa e agrada-me a intenção de pressionar alto; desagradam-me, porém, as variações constantes de flanco, o excesso de vertigem e a incapacidade, mais ou menos geral, para controlar o ritmo de jogo. Não sei o que acontecerá na segunda metade da época, até porque, sobretudo numa prova de regularidade como é o campeonato, uma equipa assim tanto arrisca o fracasso quanto o sucesso.
3. Marco Silva está a fazer um trabalho interessante. Um clube como o Sporting deve ambicionar sempre o título. O que não pode fazer, num momento complicado em que não pode, de maneira nenhuma, competir com o investimento dos dois rivais e que vem na sequência de anos de crise desportiva, é anunciar publicamente essa ambição. Enquanto "outsider", o Sporting pode sempre intrometer-se nessas contas, como aconteceu o ano passado; enquanto candidato, dificilmente. Não tem plantel para isso e entra em campo pressionado para ganhar. Não obstante, Marco Silva tem apresentado bons indicadores. É verdade que ter Nani - que só por questões extra-desportivas não está a jogar num dos dez melhores clubes europeus - ajuda muito, mas a equipa tem comportamentos interessantes. Acima de tudo, é menos mecânica do que a equipa de Leonardo Jardim, que obteve o máximo do que poderia ter obtido a época transacta, e isso é já um indício do quanto poderá evoluir no futuro. Era importante agora, a meu ver, que dessem finalmente oportunidades a dois jogadores da equipa B que, por quaisquer razões, continuam na gaveta: Chaby e Iuri.
4. Em Espanha, o Real Madrid só não é campeão se não quiser. Dia sim, dia não, a imprensa portuguesa diz que Mourinho é o melhor do mundo. Mas basta ver as diferenças do Real de Mourinho para o Real de Ancelotti para se perceber que, no mínimo, a imprensa portuguesa é tendenciosa. Mourinho jogava com médios como Khedira, Granero ou Diarra. Chegou a jogar com Pepe no meio-campo. Modric nunca foi opção. Ancelotti joga só com dois médios: Modric e Kroos. Não é preciso falar de títulos para que se percebam as diferenças. Mesmo sem Ozil e sem Di Maria, jogando num sistema de jogo que nem sempre oferece uma boa rede de apoios, o Real é uma máquina de futebol de ataque. E isso tem a ver, acima de tudo, com as ideias de Ancelotti a respeito do seu meio-campo. É aí que é profundamente diferente de Mourinho. E é por aí que o seu Real é bem mais competente e criativo do que o Real de Mourinho. Voltemos alguns anos atrás no tempo, lembremo-nos de que foi ele quem "inventou" um meio-campo inteiro para que um jogador que nunca sequer tinha jogado como médio-defensivo se pudesse tornar o melhor dos últimos quinze anos nessa posição e teremos a melhor descrição possível de Carlo Ancelotti.
5. O novo Barcelona começou muito bem. Luis Enrique conseguiu que a equipa jogasse com o bloco tão subido quanto na era de Guardiola, com os sectores muito juntos e a pressionar muito alto. Ao mesmo tempo, ia apostando em jovens jogadores de grande talento, como Munir, usava aos três e aos quatro médios criativos, e conseguia dinâmicas inacreditáveis. Tudo isso se foi, pouco a pouco, dissipando. Às vezes fala-se da coragem de um treinador sem se saber muito bem do que se fala. Para mim, coragem é manter as ideias quando as coisas não correm bem. E o que Luis Enrique fez, a partir de dada altura, foi mostrar que não a tem. Primeiro, foi Piqué, de longe o melhor central do plantel (seguido de Bartra) a ser encostado. Luis Enrique prefere Mascherano e Mathieu porque são mais compenetrados, metem mais o pé, esfolam-se mais, etc.. Depois, foi a derrota diante do Real Madrid. O Barça ainda não tinha sofrido golos no campeonato, jogava bem e fazia coisas que mais nenhuma equipa (salvo o Bayern de Guardiola) faz. Depois da derrota com o rival da capital, o Barça é uma equipa mais banal do que o Barça de Tata Martino. Já não joga com a defesa subida, já não aproxima os sectores, já não pressiona alto, e já nem sequer é capaz de fazer um jogo de posse como antes. Entretanto, desde que Luis Suarez passou a poder jogar, Pedro Rodriguez nunca mais foi titular e Munir raramente foi chamado. Mais do que nunca, o Barça é uma equipa de avançados, e o seu treinador espera que Neymar, Messi e Suarez, para os quais os outros oito jogam, resolvam individualmente o que o colectivo deixou de querer resolver.
6. Paco Jémez foi um dos nomes mais falados para substituir Tata Martino. A direcção do Barça acabou por escolher mal, e Paco Jémez manteve-se aos comandos do Rayo Vallecano. Esta entrevista devia ser lida por toda a gente, mas principalmente por Luis Enrique, que é quem tem a responsabilidade, pela herança que tem, pela tradição do clube e pelas características dos jogadores que possui, de fazer o que nela é ensinado. Para Jémez, ter a bola a todo o custo, arriscando se for preciso arriscar, é o que mais importa, e metê-la na frente é sempre pior do que procurar alguém perto com critério. Além disso, é o adversário que tem de se preocupar com a sua equipa, não a sua equipa com o adversário, e a defesa defende os espaços, não os adversários. Por outro lado, quando um lateral sobe, deve estar preocupado com tudo menos com o facto de ter de vir defender a seguir: a equipa encarregar-se-á de compensar essa subida colectivamente. Para Paco Jémez, é falso que não se possa pressionar durante 90 minutos essencialmente porque pressionar, em seu entender, é um esforço colectivo que depende mais de ajudas, coberturas e posicionamentos relativos do que com esforço muscular, agressividade perante o portador da bola e perseguições individuais. Empatar, acrescenta ainda, é o pior resultado que pode obter: prefere perder, porque, evidentemente, pode perder dois jogos em cada três e fazer os mesmos pontos que faz com três empates. Há pouca gente que pensa assim, e há pouca gente que não vai achar em quase tudo o que Paco Jémez diz um certo atrevimento. E, no entanto, diz mais coisas acertadas em meia-dúzia de respostas do que se diz em dez anos de cursos de formação de treinadores.
7. Nuno Espírito Santo começou a sua aventura em Valência e tem sido bastante elogiado. Evidentemente, é elogiado porque tem tido bons resultados. O futebol do Valência baseia-se, porém, no erro do adversário e no contra-golpe. Tudo o que Nuno pretende é que a equipa chegue rapidamente à baliza adversária, assim que rouba a bola. Defensivamente, os comportamentos da equipa nem são maus, parecendo saber exactamente o que fazer nos momentos de pressing. Mas com bola exigia-se muito mais. E exigia-se sobretudo menos pressa. O Sevilha, o Villareal e o Rayo Vallecano, para dar exemplos de equipas com orçamentos inferiores ou muito inferiores, jogam muito mais à bola do que o Valência, e quando as coisas começarem a correr menos bem e os resultados começarem a ser menos lisonjeiros, talvez caia em desgraça com a mesma velocidade com que caiu em graça.
8. Em Inglaterra, o campeão Manchester City cometeu, a meu ver, o maior pecado que um campeão pode cometer: não ter mudado nada para a nova época. Os campeões precisam de estímulos novos para continuarem a querer ser os melhores, e uma boa maneira de criá-los seria modificar qualquer coisa, sobretudo na forma de atacar da equipa. Sem grandes reforços e sem grandes mexidas na maneira da equipa jogar, o City perderá a pouco e pouco a capacidade de continuar no topo em Inglaterra.
9. O Arsenal de Wenger continua incapaz de ser uma equipa competitiva durante toda a época. Embora o investimento comece a aproximar-se do investimento feito por alguns rivais, e embora consiga finalmente preservar os melhores jogadores de ano para ano, mantêm-se os principais problemas na equipa: as competências defensivas e as lesões. É pena, porque a equipa consegue fazer coisas que a esmagadora maioria das equipas não consegue. E é pena porque Wenger é dos treinadores mais interessantes, do ponto de vista ofensivo. Gosto do estilo, mas tenho de reconhecer que, se não caprichar mais, sobretudo na forma como a equipa defende, o estilo de Wenger não é suficiente.
10. O Chelsea de Mourinho tem o melhor plantel, de muito longe, da Premier League. E mesmo com um meio-campo composto por Matic, Fabregas e Óscar, o futebol praticado é, na maioria das vezes, muito pobre. Defensivamente, a equipa não podia ser mais competente, mas continua a preferir entregar a decisão dos jogos às iniciativas individuais e ao aproveitamento dos detalhes do que às qualidades colectivas. Ainda assim, é capaz de chegar para ser campeão. Em Espanha, em Itália, em França e na Alemanha, Mourinho dificilmente seria campeão a jogar desta maneira. Mas em Inglaterra não há uma equipa capaz de ser regular desde que Ferguson se reformou, e isso é tudo o que importa. O seu Chelsea é competente defensivamente, e isso talvez seja suficiente.
11. Entretanto, Mourinho não perde uma oportunidade para aludir a Guardiola. Quando lhe perguntaram se podia ganhar quatro competições esta época, disse que não porque, ao contrário de outros campeonatos, o campeonato inglês não tem pausa de Inverno e até se joga no Natal. Já aqui tinha sugerido que a carreira de Mourinho pode ser descrita, a partir de certo momento, como uma tentativa de resposta a uma certa obsessão. Agora parece que encontrou outra.
12. Depois de uma época quase brilhante, o Liverpool de Brendan Rodgers está a fazer uma campanha sofrível. A saída de Suarez e a lesão de Sturridge fazem com que o ataque da formação inglesa seja muito diferente do que foi a época passada, e essa pode ser uma explicação para o sucedido, até porque não há muitas mais diferenças. Gosto de pensar, contudo, que uma equipa em que Mario Balotelli é titular em praticamente todos os jogos e em que Lazar Markovic mal tem oportunidades para jogar é uma equipa que não merece muito mais do que a modesta posição que ocupa. Pode-se tentar explicar o insucesso do Liverpool de muitas maneiras, mas referir um treinador que avalia tão mal a qualidade individual dos atletas que tem à sua disposição é capaz de ser suficiente.
13. Gostei muito do trabalho de Pochettino no Espanyol e, do que vi em Inglaterra, só posso dizer bem. A aventura com o Tottenham não tem sido tão feliz quanto isso, ainda que a equipa mantenha as aspirações intactas (está a cinco pontos do acesso à Liga dos Campeões) e há muita gente que tem criticado o seu trabalho. A primeira coisa que gostava de dizer é que Pochettino herdou uma equipa absurda, quase toda formatada pela ideia absurda de jogo que André Villas-Boas tentou implementar. A qualidade individual do Tottenham, ao contrário do que se possa pensar, é muito má, quando se pensa que o clube tem aspirações europeias: Lloris, Verthongen e Lamela são talvez os únicos que podiam jogar num clube maior. Daí que exigir a Pochettino outra coisa que não ficar entre os dez primeiros me pareça um exagero. Ainda assim, não se vê o técnico argentino a jogar para os pontos. Pelo contrário, é das poucas equipas da Premier League que tenta fazer coisas diferentes, que tenta jogar pelo meio, que tenta invadir espaços entre linhas, que joga com os apoios próximos. As derrotas não têm ajudado e vê-se que muitos dos jogadores não gostam de ter de pensar tanto e preferiam um futebol mais à inglesa. Há uns anos, Juande Ramos tentou fazer coisas parecidas e os jogadores do Tottenham, na altura, fizeram-lhe a cama. Lembro-me de ter dito que, embora tivesse regressado às vitórias com Harry Redknapp, o Tottenham perdera nessa altura uma boa oportunidade de se tornar um clube grande em Inglaterra. Não me enganei, ainda que os quartos e quintos lugares de Redknapp tenham dado alegrias a muita gente. Com Pochettino, o Tottenham tinha finalmente a oportunidade de ser, a médio prazo, uma equipa muito forte em Inglaterra. É verdade que os jogadores não são os melhores para isso, mas, para já, era pelo menos importante que esses mesmos jogadores não preferissem ser jogadores de equipa pequena. Infelizmente, é isso que me parece que querem ser.
14. Tim Sherwood, antigo treinador do Tottenham, percebe tanto de futebol como um lagarto ao sol percebe de física quântica. Na sequência da recente derrota do Tottenham com o Chelsea, sugeriu que o belga Verthongen é "muito mau a defender". Para Sherwood, defender é aquilo a que, nas distritas e na Premier League, vulgarmente se chama ter caparro. Verthongen, realmente, não tem caparro. Ou não faz grande uso dele. Isso não significa que não saiba defender. É com preconceitos deste género, preconceitos de que o futebol está completamente cheio, que continuamos a ter de lidar. Esta gente ganha milhões e continua a pensar como o velho que vai à bola ao Domingo a dizer que o futebol era bom era no tempo dos cinco violinos.
15. Na Alemanha, o Bayern vai chegar de novo à viragem do ano com o campeonato praticamente no bolso. É verdade que a resistência interna não é muita, e que o Dortmund, ainda por cima, tratou de facilitar a vida aos bávaros, mas não deixa de ser uma proeza. Quanto ao futebol da equipa, vai crescendo aos poucos e, mesmo sem alguns dos melhores intérpretes, Guardiola tem os seus pupilos cada vez mais próximos do que pretende. Além do 433 da época passada, a equipa joga agora também em 343 e em 352 com uma facilidade impressionante. A linha defensiva está sempre muito alta, o que é absolutamente decisivo para quem queira jogar como Guardiola joga, e os sectores sempre muito juntos, pelo que é fácil depois à equipa adaptar-se a um posicionamento diferente. Mais significativo ainda é perceber que o 343, por exemplo, não serve tanto para abrir a frente de ataque, pois os extremos são essencialmente jogadores para jogar por dentro e vir solicitar o passe a zonas entre a linha defensiva e a linha de meio-campo, quanto serve para ter mais gente no meio. A diferença de Guardiola para os restantes treinadores de futebol é tanta que fazer com que as pessoas a percebam é muito difícil.
16. Por cá, nos últimos dias, o Benfica recebeu o Belenenses, que jogou sem Miguel Rosa e sem Deyverson, possivelmente os dois jogadores mais influentes da equipa esta época. Se calhar é patetice minha, mas isto é capaz de ser um caso de polícia. Miguel Rosa desvinculou-se do Benfica e, mesmo assim, continua a ver a sua carreira comprometida por quem quer que no Benfica tenha algum poder. Já o ano passado tinha sido assim, e voltou a sê-lo este ano. E a única coisa que se faz é assobiar para o lado. Há muita coisa que vai mal no futebol. Há pouca coisa tão abjecta como isto.
17. Por falar em mafiosos, um dos sites portugueses com maior afluência, o TV Golo, foi há tempos bloqueado por todas as operadoras, segundo consta, na sequência de uma ordem judicial desencadeada por uma queixa da Sporttv. O site em questão disponibilizava links para videos de golos e apanhados dos melhores lances de jogos de muitas ligas. Não sei muito bem o que leva uma empresa como a Sporttv a sentir-se lesada por um site deste género (ainda por cima, tanto quanto pude perceber, o site inglês okgoals.com disponibiliza boa parte do que era disponibilizado pelo tvgolo.com), da mesma maneira que não consigo compreender a maior parte das razões contra a livre divulgação de conteúdos na internet, em geral. De qualquer modo, é no mínimo irónico que esta acção moralizadora dos costumes dos utilizadores da internet tenha vindo precisamente de uma empresa que, pelo menos até há bem pouco tempo, detinha o monopólio do negócio do futebol em Portugal e que o vendia como queria e pelos preços que queria. Haja escrúpulos...
18 comentários:
Concordo com quase tudo.
Quanto ao Sporting é isso, percebi a "candidatura" ao título mais como uma manobra de galvanizar sócios e aumentar receitas do que outra coisa qualquer, mas, realmente, acaba por ter mais efeitos negativos do que positivos(até porque esperar da maior parte dos adeptos do meu clube uma capacidade de interpretar e contextualizar declarações é o mesmo do que esperar que o Nani nunca seja assobiado e que nunca se idolatre jogadores tão mediocres como Diego Capel). Boa referência ao Iuri e ao Chaby, que realmente têm sido muito mal geridos(dois talentos como aqueles já deviam jogar com os melhores, ainda estarem na equipa B e, para agravar, mal jogarem, é ridículo). Acrescento mais dois jogadores. Em primeiro lugar, Ryan Gauld, que foi contratado esta época e que está a fazer não sei o quê na equipa B, porque o seu futebol já pede um contexto muito maior. Tem semelhanças com o Chaby, mas, a meu ver, um potencial ainda maior, o que diz tudo do que penso dele. Raríssimo fazer algo mal. O outro jogador é Daniel Podence, extremo com um potencial notável. Qualidade técnica assombrosa, extremamente rápido e ágil, mas, no entanto, o que impresssiona mais é o seu perfil de decisão. Procura sempre descobrir as melhores soluções, tentando ao máximo não se perder em dribles inócuos. Tem tudo, e apenas por ter 1m68 poderá não ser aposta. Como já não estamos nos anos 20, nem ponho essa questão...
Quanto ao futebol dos 3 grandes, concordo quanto ao Benfica, que apesar da notável organização defensiva, tem cada vez menos competência em organização ofensiva. Menor qualidade individual, sim, mas não só... Ainda assim, acho que vão penar um bocado com a saída do Jesus, caso ele acabe mesmo por saír. No caso do Porto, não concordo totalmente na parte da defesa(têm laterais de muita qualidade, fantásticos tendo em conta este contexto competitivo), mas, quanto a Lopetegui, concordo. Embora me pareça que os momentos interessantes do Porto se devem muito mais aos grandes jogadores que possuem do que a bom trabalho coletivo. Quanto ao Sporting também estou de acordo, há a criticar algumas opções ao Marco, quase todas na escolha dos 11s(Maurício pisar um campo de futebol, o desprezo a Esgaio por um jogador banalíssimo como Miguel Lopes, Adrien em vez de André Martins e Slimani em vez de Montero), mas notam-se claras melhorias em relação ao ano passado.
Boa referência, também, ao Paco Jémez. Concordo quanto ao Valência, têm bons conceitos defensivos, mas com bola estão muito áquem da qualidade individual que possuem. Ao ver o Rayo x Valência para a Taça do Rei isso tornou-se ainda mais nítido, o Valência tinha 20x mais qualidade individual do que o Rayo, mas no entanto apenas o Rayo jogava. O Valência deu a volta e acabou por ganhar, devido a erros individuais do Rayo, claro(o primeiro é absolutamente ridículo).
Não tenho acompanhado de forma muito assídua o futebol inglês, pelo que me abstenho de comentar essa parte. Embora, do pouco que vi, realmente esperasse mais do Chelsea, com toda aquela criatividade no meio-campo.
Quanto à Bundesliga, concordo. Guardiola claramente à frente de tudo o resto, vai ser campeão nacional e, se não cometer erros como os que cometeu no ano passado, campeão europeu. A qualidade do seu modelo e das suas individualidades(embora esteja a ser algo assolado pelas lesões, falta-lhe alguma criatividade no meio, que o Thiago lhe daria se não estivesse lesionado).
Para concluir, não sei se as acompanhas ou não, mas caso o faças, queria pedir-te um comentário sobre o Leverkusen do Roger Schmidt e sobre a Roma do Rudi Garcia.
Só alterava uma coisa em relação à análise ao Tottenham: Eriksen também me parece jogador para mais
Cumprimentos!
A questão do Piqué é disciplinar. Ele anda há muito tempo a fazer asneiras a torto e a direito e foi encostado para reflectir. Tanto que agora já voltou a ser titular. E pelo que li, muita sorte teve em apenas ser afastado 2 ou 3 jogos.
Não sou a favor de ditadores no balneário mas também me faz confusão como é que um adulto ainda anda a lançar bombas de mau cheiro e a fazer criancices do género num balneário.
Quanto ao Barça acho que teve jogos em que esteve francamente mal, nomeadamente com o Real e o Valência. Mas também teve jogos como com o Sevilla, Apoel e agora Espanyol em que esteve bastante bem. Honestamente, ainda não percebi qual Barça é que o Lucho quer. De qualquer forma preocupa-me que abdique da forma de jogar em jogos teoricamente mais complicados.
Depois, o Suarez é horrível e condiciona a forma de jogar de qualquer equipa. Nisso a crítica que faço ao Lucho é a de o deixar jogar. Mas tem sido curioso ver que os outros colegas começam a abdicar de jogar com ele. Estive a ver as estatísticas e no jogo com o Espanyol tocou tanto na bola como o Bravo.
Quanto ao Porto estás mais benévolo do que eu (apesar de não concordar contigo porque o Porto tem 2 laterais fabulosos). Mas a organização ofensiva do Porto e depois a transição defensiva após a perda, para mim, estão muito más. Há igualdades numéricas com a defesa do Porto em todos os jogos. Contra equipas que não as banais do campeonato português o Porto sofreria golos todos os jogos.
Quanto ao Benfica, nunca gostei deles ofensivamente e quanto mais as peças vão perdendo qualidade mais notório se torna que o modelo é limitado. Para mim, sofrem sempre na Champions porque são incapazes de ter bola e gerir os ritmos do jogo contra equipas minimamente capazes.
Depois a situação do Rosa e do Deyverson, enfim... Estamos em Portugal onde a surpresa foi o Tozé sofrer e marcar o penalty com o Porto. O resto é normal.
"Estamos em Portugal onde a surpresa foi o Tozé sofrer e marcar o penalty com o Porto. O resto é normal."
Acrescenta aí que, SEM SURPRESA, no final do jogo foi abordado por pessoas do FCP a pedir explicações sobre o penalty.
"Num modelo como o de Jesus, o mínimo desinvestimento tem um impacto significativo"
Podes alongar um pouco mais? Estás a querer dizer que o modelo de JJ depende muito (para lá do "normal") da qualidade individual dos jogadores? Ou, por outras palavras, o modelo de JJ, ao contrário que muitos defendem, não consegue que o colectivo se sobreponha ao individual?
PicaretaLeonina, ainda não vi o Gauld a jogar. O Podence é muito bom. Não o referi porque é mais novo do que os outros e tem tempo de aparecer. Para os outros é que começa a ser tarde. Como aliás para o Nuno Reis, que tem mais qualidade do que qualquer outro central no Sporting, à excepção talvez do Paulo Oliveira.
Quanto ao Porto, sim, os laterais devem ser tirados da equação. Embora o Danilo continue sem me convencer a 100%. Tem a virtude de gostar de vir para dentro, e é bom tecnicamente, mas continuo a achar que não lê bem aquilo que as circunstâncias do jogo pedem, sobretudo em lances defensivos.
Sobre o Leverkusen, vi pouco e não com a atenção suficiente para poder falar. O mesmo em relação à Roma. Aliás, não falei do campeonato italiano porque não o tenho acompanhado.
Luis Santos, o Eriksen tem algumas qualidades, mas por acaso acho que tem sido muito sobrevalorizado. É um jogador com critério, que sabe pensar o jogo, que tenta fazer o que é simples, mas acho que lhe falta alguma criatividade. Em situações complicadas, dificilmente resolve rápido e bem, e nunca o vi a fazer nada realmente inesperado. Para a posição dele, também dinamarquês, prefiro o Schone do Ajax, embora seja mais velho e tenha demorado a aparecer na alta roda. Daí não saber muito bem se o Eriksen é jogador para um clube muito melhor.
DC, o que é que o Piqué fez? Foram as criancices? Isso faz parte e é das coisas mais saudáveis que pode haver num balneário. Se foi isso, francamente, é uma estupidez. Se foram outras coisas, não sei. De qualquer modo, o Piqué arrancou a época como suplente e isso não foi disciplinar. Foi opção do Luis Enrique. E, coincidência ou não, voltou a apostar nele quando as coisas começaram a correr pior.
Sobre o Suarez, conheces a minha opinião. É inacreditável como se pode achar que aquilo é um jogador de topo. É que é mau a decidir e é um tronco a tratar a bola. As suas recepções são do mais anedótico que há.
Pedro, estou sobretudo a falar em termos de organização ofensiva. O Benfica do Jesus é muito competente, em termos colectivos, nos restantes momentos do jogo, mas em organização ofensiva depende incrivelmente da qualidade individual dos jogadores. A ideia do Jesus, parece-me, é fazer com que os seus jogadores troquem de posições rapidamente e que a bola ande rapidamente de jogador para jogador, sem grande critério, até haver brechas que possam ser aproveitadas. Ou seja, as únicas indicações, em organização ofensiva, que os jogadores têm é a de não pararem quietos e a de trocarem rapidamente a bola. O que não é nada. Quando resulta, resulta porque um deles desequilibra individualmente. É por isso que a equipa de Jesus, não parecendo tão cínica e tão calculista como, por hipótese, as de José Mourinho, na verdade o é. A diferença está essencialmente em o Mourinho não querer mesmo que a sua equipa assuma momentos de organização ofensiva, em saltar por cima desse momento, em trabalhar pouco os lances e em chegar à baliza com poucos toques. Mas à medida que o Jesus foi perdendo certos jogadores, a equipa foi perdendo qualidade em organização ofensiva. E foi-se tornado cada vez mais uma equipa mais parecida com as de Mourinho. Como a organização ofensiva interessa ao Jesus, pelo menos assim parece, e como a qualidade desse momento depende muito da qualidade individual, parece-me que a falta de certas individualidades é mais gritante, nesses momentos.
Nuno, pelo que li ele chegou ao ponto de largar uma bomba de mau-cheiro no avião da equipa. Mas agora está de volta à equipa e felizmente. Ontem as poucas coisas que deram enorme gosto ver no Barça (além do Messi) foi ele e Bartra a defender igualdades numéricas. São fantásticos os dois, classe e inteligência como só mais 3 ou 4 centrais no mundo têm.
Já agora, o que achaste daquele 3-4-3? Pareceu-me que, mais uma vez, o Luis Enrique se adaptou ao adversário. Não gosto. E também não gosto da intenção dele de adiantar Busquets no terreno. Além de que Messi qualquer dia até à baliza tem que ir já que neste momento vem começar as jogadas atrás do meio-campo e terminá-las à àrea.
"Quanto ao Porto, sim, os laterais devem ser tirados da equação. Embora o Danilo continue sem me convencer a 100%. Tem a virtude de gostar de vir para dentro, e é bom tecnicamente, mas continuo a achar que não lê bem aquilo que as circunstâncias do jogo pedem, sobretudo em lances defensivos."
A tomada de decisão do Alexandro com bola também não é nada de extraordinário.
Quando tem pouco espaço para jogar toma vezes demais más decisões. Em todos os outros momentos e situações parece-me ser um excelente jogador.
Em relação ao Danilo tenho a mesma opinião que tu.
Já agora um aparte para falar do que disseste sobre o Marco Silva. Embora já se tenha visto algumas coisas com algum interesse neste Sporting, o Marco já deu provas de que acredita em certos mitos.
A equipa que entrou ontem contra o Chelsea prova que o Marco tem limitações que o impedem de alcançar outros patamares.
Um treinador que coloca o Mauricio, que coloca o Capel quando tem Mané ou André Martins (Poderia jogar em 442) e que coloca o Slimani quando tem Montero é um treinador que tem pelo menos, dificuldade em compreender o que é um jogador de futebol.
Ok, Nuno, obrigado. Era isso que pensava que querias dizer.
" É que é mau a decidir e é um tronco a tratar a bola"
Como justificas então os números e importância que teve quer no Ajax quer no Liverpool?
Pedro, é fácil de justificar.
É monstruoso fisicamente, finalizador relativamente bom, mas acim de tudo, tinha em Inglaterra e Holanda muitas oportunidades por jogo.
Revê os 5-0 que eles espetaram ao AVB no ano passado. O Suarez marca 3 mas falha 10, no mínimo.
Quantos avançados podem dizer que têm 10 situações para marcar todos os jogos? O Suarez no Liverpool tinha regularmente muitas e muitas situações para finalizar em todos os jogos. Aliás, também o Sturridge teve números de golos estrondosos e não me parece que seja também um jogador fantástico.
DC, é verdade, com o Piqué e com o Bartra atrás, o Barça é outra equipa.
Sobre o 343, parece-me uma tentativa de reproduzir um modelo que o Guardiola implementou muito bem no último ano. Mas o problema é o mesmo com o 433: a equipa joga muito desligada e quer chegar demasiado depressa à frente. O modelo não tem elasticidade nenhuma e, em muitos momentos, nem serve para aquilo que supostamente deveria servir, que era para pressionar ainda mais à frente e para criar mais apoios no meio.
Jorge Gaspar, tens razão. Eu gosto de algumas coisas no Marco Silva, mas a verdade é que preferir Slimani a Montero tem de ser assinalado.
Pedro, o DC já disse algumas coisas relevantes. Acho sempre que números de avançados que jogam na Holanda ainda são mais enganadores do que noutros sítios. Vê o caso do Kezman, que se fartava de marcar no PSV. Quanto ao que fez no Liverpool, é preciso não esquecer que jogou sempre num modelo em que se esperava dele, essencialmente, que facturasse. Nunca foi obrigado senão a esperar os momentos de finalização ou os momentos em que havia espaço, e nunca foi criticado por perder 4 bolas em cada 5 porque isso era o que lhe era pedido. O Torres, no Liverpool, também era um goleador temível. Quando foi forçado a jogar em modelos diferentes, não se conseguiu adaptar. O Suarez não é, como o Torres, um jogador exímio no contra-golpe; a sua especificidade é de outro tipo. Mas continuo a achar que é um jogador talhado para equipas que não precisam de ter muito a bola, equipas que criam as suas situações através da pressão e forçando o erro do adversário. No Barcelona, até porque o sistema táctico não o vai favorecer, creio que terá muitas dificuldades para atingir números interessantes. E, pior do que isso, creio que prejudicará muito o futebol apoiado, de toque curto, da equipa.
Nuno, sobre o Benfica. Penso que o problema é a pressa. Ele tem N combinações interessantes e trabalhadas, para o último terço. O problema é a velocidade que mete em tudo. Um pouco a alemão... mas o posicionamento, quando a equipa está no último terço não deixa mentir. Há apoios, e há possibilidades de jogo curto, de toque, entre sectores. Mas a pressa...
Nuno, parabens pelo teu blog.
Sei que nao me perguntou nada, e tampouco está preocupado com o que acho, mas ainda assim quero dizer.
Por muito tempo discordava de ti, pois acreditava que a forma como criticava algo no futebol que nao te agrada e a maneira que recebia criticas ou discordancias era excessivamente agressiva. Para falar a verdade, de quando em vez ainda acho, mas isso nao é importante. É uma questao menor
O importante é o conteudo do teu blog. E é realmente sensacional. Apesar de ainda estar longe de entender o futebol como voce, Baggio(L.E, PdB), Gonçalo, entre outros, através do teu blog e do Lateral Esquerdo, pude dar um valor muito maior à importancia e à riqueza de um jogo apoiado, com toques curtos e jogadas pelo corredor central. PArece apenas que o que estou a fazer é uma repetição de cliches, mas, de fato, minha percepção de futebol e a valoração a certos estilos mudaram muito depois de ter contato com o que se escreve nos dois lugares. Ainda ha longo caminho a percorrer e aprender por mim, mas enfim
Numa pesquisa ao conteudo por exemplo, posso ver claramente como a diminuição a Mourinho diminuiu... e por culpa dele mesmo! So gostaria de fazer uma pergunta em relação a isso. A mudança na apreciação de Mourinho se dá somente pela sua mudança no que se refere à forma de jogar dos seus times ou há tambem uma antipatia pelo facto de Mourinho encarnado, de uns tempos pra ca, um personagem "anti-Guardiola"?
Por falar nisso, nao é novidade que em alguns momentos nao se pode entender as ideias de Guardiola. Longe de isso ser uma critica, mas pelo simples facto de ser um treinador tao a frente do seu tempo, que às vezes nao se decifra imediatamente o que ele quer exactamente em dado momento. Por isso mesmo, nao imagino o que Guardiola, no jogo contra o Leverkusen, quis. Alineou do Meio pra frente algo que parecia com: Xabi; Robben, Gotze, Ribery; Muller ;Lewandowski. Todos esses estao jogando a maioria dos confrontos, é verdade. MAs a forma como foram dispostos foi um pouco diferente, com Robben e Ribery ocupando espaços um pouco diferentes dos habituais no meio do campo. Nao sei se apenas é mais uma variação tactica ou se Guardiola pretende utilizar mais vezes essa formação com apenas um "centrocampista" tipico naquela zona.(Sei que o conceito posicional no futebol depende muito mais de capacidades intectuais/cognitivas do jogador do que sua "posição de origem" mas nao é intençao esgotar a discussao aqui).
Nuno, parabens pelo teu blog.
Sei que nao me perguntou nada, e tampouco está preocupado com o que acho, mas ainda assim quero dizer.
Por muito tempo discordava de ti, pois acreditava que a forma como criticava algo no futebol que nao te agrada e a maneira que recebia criticas ou discordancias era excessivamente agressiva. Para falar a verdade, de quando em vez ainda acho, mas isso nao é importante. É uma questao menor
O importante é o conteudo do teu blog. E é realmente sensacional. Apesar de ainda estar longe de entender o futebol como voce, Baggio(L.E, PdB), Gonçalo, entre outros, através do teu blog e do Lateral Esquerdo, pude dar um valor muito maior à importancia e à riqueza de um jogo apoiado, com toques curtos e jogadas pelo corredor central. PArece apenas que o que estou a fazer é uma repetição de cliches, mas, de fato, minha percepção de futebol e a valoração a certos estilos mudaram muito depois de ter contato com o que se escreve nos dois lugares. Ainda ha longo caminho a percorrer e aprender por mim, mas enfim
Numa pesquisa ao conteudo por exemplo, posso ver claramente como a diminuição a Mourinho diminuiu... e por culpa dele mesmo! So gostaria de fazer uma pergunta em relação a isso. A mudança na apreciação de Mourinho se dá somente pela sua mudança no que se refere à forma de jogar dos seus times ou há tambem uma antipatia pelo facto de Mourinho encarnado, de uns tempos pra ca, um personagem "anti-Guardiola"?
Por falar nisso, nao é novidade que em alguns momentos nao se pode entender as ideias de Guardiola. Longe de isso ser uma critica, mas pelo simples facto de ser um treinador tao a frente do seu tempo, que às vezes nao se decifra imediatamente o que ele quer exactamente em dado momento. Por isso mesmo, nao imagino o que Guardiola, no jogo contra o Leverkusen, quis. Alineou do Meio pra frente algo que parecia com: Xabi; Robben, Gotze, Ribery; Muller ;Lewandowski. Todos esses estao jogando a maioria dos confrontos, é verdade. MAs a forma como foram dispostos foi um pouco diferente, com Robben e Ribery ocupando espaços um pouco diferentes dos habituais no meio do campo. Nao sei se apenas é mais uma variação tactica ou se Guardiola pretende utilizar mais vezes essa formação com apenas um "centrocampista" tipico naquela zona.(Sei que o conceito posicional no futebol depende muito mais de capacidades intectuais/cognitivas do jogador do que sua "posição de origem" mas nao é intençao esgotar a discussao aqui).
Baggio, eu também acho que a pressa é o principal inimigo. Mas ao mesmo tempo não consigo dissociá-la das decisões. Eles partem de posições apoiadas, mas não utilizam os apoios.
MOS, é verdade que o aparecimento do Guardiola tornou mais claro, para mim, a antipatia que estava a crescer em relação ao Mourinho. Mas não acho que a minha opinião acerca de Mourinho tenha alguma coisa a ver com a antipatia dele em relação ao Guardiola. Tem a ver com o facto de ter mudado algumas das suas ideias e de ter levado essa mudança tão longe que se tornou muito diferente quer daquilo que era, quer daquilo que Guardiola é. O aparecimento de Guardiola ajudou a perceber melhor o estilo antagónico que o Mourinho estava a desenvolver, e nesse sentido ajudou a perceber definitivamente que esse estilo não era coisa que apreciasse.
Não vi o jogo com o Leverkusen, mas tinha visto o jogo anterior, em que jogou o Gotze e o Ribery a médios, o Muller, o Robben e o Lewandowski na frente. O Ribery e o Gotze jogaram claramente a médios, não obstante não serem médios de raiz. Na segunda parte, o Robben ainda passou por momentos pela posição de médio. Isso não significa que a equipa tenha jogado só com um médio. Jogou com três, como é hábito, mas dois deles não costumam ser médios. Aliás, se vir, os extremos do Guardiola não jogam como extremos tradicionais. Jogam quase sempre por dentro. Vêem para dentro com bola, e vêm receber dentro sem bola. A largura é sistematicamente dada pelos laterais. Quanto às razões dessa utilização, tem a ver com a onda de lesões da equipa. Schweinsteigger ainda está a readquirir a melhor forma; Lahm, Javi Martinez e Thiago estão lesionados. Restavam o Rode, que é um jogador que não oferece grande coisa, em termos de criatividade, o Hojbjerg, que não tem sido grande aposta, e o Gaudino, que é um jovem. O Guardiola optou por utilizar dois jogadores que costumam jogar mais à frente, sabendo que são jogadores inteligentes e que podem fazer a posição sem grandes problemas, sobretudo em jogos de exigência média-baixa.
Nuno, obrigado pela resposta.
Entendi exatamente o que voce disse. QUem sou eu para te pedir algo, mas depois se quiseres, da uma olhada no jogo contra o Leverkusen para para ver Talvez ate discordes frontalmente do que eu disse no meu comentario anterior.
A minha inquietação durante o jogo se deu, como te disse, pelo posicionamento de Robben e Ribery. Mas ,realmente, vendo pelo teu ponto, o facto de os dois ja serem acostumados a jogar em "zonas interiores" se movimentando dentro do bloco, justifica o posicionamento deles no jogo contra o Leverkusen.(sem desprezar, claro, o dinamismo da equipe e o facto de o esquema permitir essa fluidez nos movimentos).
Inclusive, no sitio do autor Marti Perarnau se falou justamente disso.
http://www.martiperarnau.com/articulos-de-futbol/bundesliga/centrocampistas-para-el-dolor-de-cabeza/
.
NO jogo contra o Freiburg, do meio para frente o Guardiola colocou a jogar os mesmos jogadores, mas com disposições diferentes. Robben sim alternando "dentro e fora", Ribery buscando mais as laterais, e o posicionamento de lewanwdowski tambem diferente em relaçao ao jogo contra o leverkusen. Claro, mais uma vez, sem desprezar a fluidez do sistema de tanta movimentação. So nao sei se realmente foi algo predeterminado pelo Guardiola ou se os jogadores, ao serem apresentados a um contexto diferente, apresentaram uma diferença posicional
É sempre bom ler aqui!!!!
quanto ao Benfica ofensivamente basta ver qual é o jogador que menos é aposta declarada, e menos compreendido pela maior parte das pessoas... Ola John, sempre à procura de apoios e sem pressa...
Enviar um comentário