1. Portugal carimbou a passagem aos quartos-de-final, com mais uma exibição de qualidade. Deco é, até ver, o homem do Euro. Que exibição de sonho! Parecia tocado por uma vontade divina! Já Ronaldo, foi simplesmente horrível. Alguém que lhe explique quantos são 1+10...
2. Como é que era mesmo aquela frase feita do futebol: Nuno Gomes não presta; Liedson é que é bom! Realmente, agora faziam falta os rasgos do levezinho...
3. Assim que entrou Koller, Scolari meteu Meira. Fenomenal, a estratégia do novo treinador do Chelsea! Como ia entrar um tipo que ganha as bolas todas de cabeça, a coisa certa a fazer é pôr alguém que tente estorvar o mais possível... Patético...
4. Petit sabe o que é uma posição? Que barata-tonta!
5. Scolari disse que a Alemanha, tacticamente, é perfeita. Argumenta Scolari que os jogadores tinham as posições bem definidas. Eu cá acho que, num jogo de matraquilhos, os jogadores ainda têm as posições mais definidas.
6. A Suíça já foi. Jogava em 442 clássico. Curioso...
7. A Alemanha que, para muitos, jogou bastante contra a Polónia, fez um jogo miserável contra a Croácia. Menotti e Mourinho, para além de Scolari, gabaram a selecção germânica, pelo que este segundo jogo seria uma aberração. Não creio. Este segundo jogo veio demonstrar tudo o que achava da Alemanha. Na altura, disse que, em termos tácticos, os comandados de Low eram pré-históricos. Contra selecções que se abrissem menos e que tivessem melhores intérpretes, teriam dificuldades. O jogo contra a Croácia confirmou tudo isso. A Alemanha interpreta bem o seu 442 clássico, mas o próprio sistema obriga a um futebol simples, demasiado simples. Nunca foram capazes de combinações mais complexas e foram completamente manietados por uma selecção que, tacticamente, nem é grande coisa.
8. Modric joga tanto! Ainda bem que há malta que se apressou a dizer, depois de um primeiro jogo em que não teve tanta bola, que ele estava verde para estas andanças. É bom e vai dar mesmo muito que falar. Juande Ramos, sagaz, não hesitou em adquiri-lo antes do europeu. Por que terá sido?
9. Com Modric, Rakitic, Srna e Kranjcar, a selecção croata está aí para as curvas. Nos próximos anos, vão dar que falar. Se lhes juntarmos a promessa que é Kalinic, está em vista uma selecção com muito potencial.
10. No jogo dos tristes, Áustria e Polónia repartiram pontos. Duas equipas, tacticamente, tão senis quanto a Alemanha. Os germânicos não deverão ter dificuldades em ultrapassar os austríacos...
11. A Roménia empatou com a Itália e só depende de si para seguir em frente. Deixar Itália e França pelo caminho teria a sua piada.
12. A Holanda esmagou a França. Se contra a Itália a equipa viveu de momentos felizes, como o caso do primeiro golo, neste jogo recolheu frutos do brilhantismo estratégico de Van Basten. A França pode até ter sido superior à Holanda em alguns momentos, mas a opção pela qualidade de posse de bola e pelo talento em detrimento da combatividade é qualquer coisa com que o receio do modernismo no futebol não nos costuma brindar. A ganhar ao intervalo por 1-0, o treinador holandês tirou um dos seus médios-defensivos, fazendo entrar Robben e deslocando Van der Vaart para terrenos mais recuados. Com isso, perdeu agressividade, mas ganhou talento e frescura na frente, assim como segurança na posse de bola e ideias no meio-campo. Nessa altura do jogo, a França carregou, em busca do empate, e muitos acharam que isso fora reflexo da estratégia de Van Basten. O treinador holandês respondeu, nesta altura, novamente contra o que é convencional. A ser pressionado pela França, voltou a tirar um elemento combativo, Kuyt, e colocou em campo Van Persie, ganhando ainda mais velocidade e talento. Com a França a atacar, a estratégia de Van Basten não se poderia ter revelado melhor, com o segundo golo a aparecer logo de seguida e o jogo a ficar definitivamente encaminhado. Estava demonstrado ao mundo que, ao contrário do que é vulgar pensar, não é pela força, pela disponibilidade física, pela agressividade, pela garra e pela altura, mas sim pela posse de bola, pela inteligência e pela qualidade com que se ataca que melhor se defende. Que grande lição!
13. A Espanha venceu e está nos quartos-de-final. Como não vi o jogo, não sei bem o que dizer, mas lá que esteve difícil, esteve...
14. A Grécia vai para casa mais cedo. Esgotaram-se os créditos em 2004?
15. Finda a segunda ronda, pode-se dizer que aquela ideia parva que anda um pouco na moda de dizer que os jogadores cada vez se desgastam mais ao longo da época e chegam a estas competições sem muita vontade de fazer alguma coisa de jeito é mesmo só uma ideia parva. A qualidade do campeonato, julgo, tem demonstrado precisamente o contrário: bons jogos, competitividade, emoção, etc... Ainda bem que Carlos Queirós disse, antes do torneio, que estas competições tinham cada vez menos interesse.
16. O campeonato de júniores terminou e o Sporting foi campeão. José Lima, o medíocre treinador sportinguista não merecia; já os jogadores, sendo a equipa mais fraca dos últimos anos, eram claramente superiores à concorrência e não serem campeões seria, sem dúvida, muito mau. Mas teve quase para acontecer. Depois dos pontos perdidos em casa na jornada anterior com o Leixões, com Diogo Rosado, na altura, a saltar do banco para empatar a partida, o Sporting precisava, pelo menos, de um empate frente ao Porto. Durante muito tempo, e num jogo aborrecido porque José Lima mandou a sua equipa defender atrás e com marcações homem a homem no meio-campo, manteve-se o empate que se desenhou nos primeiros 10 minutos. Mas, a meio da segunda parte, o Porto passou para a frente e o Sporting passou a estar em desvantagem. No deserto de ideias que foi a equipa em termos ofensivos, registo apenas para um passe soberbo de Diogo Rosado a isolar Marco Matias. E o jogo encaminhava-se para o fim, com o Porto já a fazer a festa. Nas bancadas, havia quem maldissesse, por exemplo, Diogo Rosado. Que era um pintas, que tinha a mania que era estrela, que era só vaidade. E depois aplaudia-se de pé a exibição miserável de Wilson Eduardo, quando este foi substituído. O futebol tem destas coisas e os adeptos leoninos parece que têm apetência por avançados burros. Outra coisa para a qual parece terem apetência é para se equivocarem. Diogo Rosado, o tal que é pintas, pegou na bola junto à linha, driblou para dentro, deixando para trás o opositor directo, tirou ainda outro adversário do caminho e, do meio da rua, com um potentíssimo e colocadíssimo remate, deu o campeonato aos de Alvalade. Já ninguém esperava, até porque o Sporting pouco tinha feito para ganhar o jogo, e talvez por causa disso, a euforia foi impressionante. Nessa altura, todos esqueceram que foi o tal vaidoso que os fez pular. Mais uma vez. Diogo Rosado despiu a camisola e viu o segundo amarelo, sendo expulso. Estávamos nos descontos e pouco poderia o Porto fazer, portanto, Rosado, sentindo que tinha a missão cumprida, abraçou o árbitro como que agradecendo a expulsão e saiu debaixo de uma chuva de aplausos. Pouco tempo depois, acabou a partida, fez-se a festa e engatou-se tudo à porrada. Diogo Rosado, como poucos, manteve-se longe disto tudo e festejou para dentro. Afinal, o título era mais dele do que qualquer um dos outros. Depois, era aquele que se mantinha à parte do grupo, a quem todos vinham, à vez, abraçar, mas festejando de uma forma diferente. Quando os jogadores alinharam para serem chamados, um de cada vez, todos os que ouviam o nome corriam a colocar-se ao lado dos colegas, virados para as bancadas. Diogo Rosado foi o único que foi a passo. Também foi aquele para quem os aplausos foram mais intensos. De repente, o patinho feio era um cisne e todos queriam agradecer-lhe. O que fica, disto, é a postura solitária de Diogo Rosado, a postura com que afinal se fez jus àquilo que se passou neste jogo. O Sporting foi campeão e está de parabéns, mas o campeonato, muito mais do que da equipa, é dele.