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domingo, 14 de março de 2010

Como perder um jogo em 15 minutos...

Faltavam menos de vinte minutos para o fim da partida e o Inter vencia calmamente o Catania. Num jogo de pouca intensidade, com o Inter a reservar energias para o embate a meio da semana com o Chelsea, os pupilos de Mourinho, baseando-se numa estrutura colectiva relativamente forte e concentrada, iam conseguindo manter o adversário à distância. O jogo parecia caminhar calmamente para o seu final, com o Catania a mostrar pouca capacidade para furar as linhas defensivas dos de Milão. Nesta conjuntura, como perder então um desafio? Simples. Possuir jogadores que, do ponto de vista intelectual, deixem algo a desejar.



Três golos, três infantilidades inadmissíveis a este nível. No primeiro lance, é Lúcio, um central excessivamente valorizado ao longo da sua carreira por certos atributos que, além de não possuir, não eram os mais importantes para a sua posição, quem falha clamorosamente. A jogada nem sequer é muito rápida, mas o defesa do Inter ocupa uma posição incrivelmente baixa, mantendo-se afastado da linha defensiva em cerca de dois metros. O que esta desconcentração causou, neste lance, foi evidente, com Maxi López a entrar no espaço à sua frente e posto em jogo pelo seu erro posicional. Do nada, graças a uma desconcentração que é até frequente no defesa brasileiro, o Catania igualava a partida. Estava dado o mote para o que viria a seguir.

Tentando mexer no jogo, Mourinho colocou em campo Muntari. O médio esteve em campo cerca de dois minutos. No primeiro lance que teve, rasteirou um adversário à entrada da área, fazendo uma falta perfeitamente escusada, dado que tinha vários colegas a tapar o caminho da baliza. De seguida, na cobrança do livre, fazendo parte da barreira, salta para tentar impedir que a bola o sobrevoe. Esqueceu-se que estava dentro da área, que já tinha um amarelo e que o futebol não se joga com as mãos. Em dois minutos, viu dois amarelos e ofereceu de bandeja o segundo golo ao adversário. Converter a grande penalidade à Panenka, estando o jogo empatado, é merecedor de destaque. O autor foi Mascara.

Em poucos minutos, o Inter passara da condição de vencedor à de vencido e tinha agora um jogador a menos. Mas não era ainda tudo. Já a acabar, Lúcio volta a falhar uma abordagem a um lance, não conseguindo cabecear a bola, e Martinez fica com ela. A forma como o uruguaio do Catania conseguiu passar por Lúcio tem a ver também com a incapacidade que este sempre demonstrou, ao longo da carreira, para ficar em contenção. Procurando estar em cima do adversário, quando lhe deveria ter dado mais algum espaço, de modo a poder reagir condignamente, ficou demasiado perto deste e não foi capaz de lhe evitar o drible. Mas Lúcio não foi o pior defensor neste lance. Materazzi, que só tinha que fazer cobertura ao colega, veio à parva tentar ser ele a desarmar Martinez. Passara-lhe possivelmente pela cabeça até pontapear o adversário. O que os neurónios de Materazzi não previram, porém, foi que no momento exacto em que tenta ultrapassar Lúcio, pela esquerda, o uruguaio finta o colega pelo outro lado, ultrapassando assim, de uma assentada, dois opositores. Depois, ainda driblou Júlio César e fez o terceiro.

Resultado final: três golos oferecidos. É o que dá confiar em jogadores intelectualmente displicentes. Materazzi, Muntari e Lúcio podem ter certos atributos louváveis, mas são francamente medíocres do ponto de vista intelectual. E, hoje em dia, o intelecto é o requisito máximo de um atleta de alta competição. Jogadores de alto nível não podem cometer erros deste tipo e prejudicar um colectivo desta maneira. As grandes equipas, por definição, não se podem dar ao luxo de possuir nas suas fileiras jogadores que, a qualquer momento, por não estarem concentrados, oferecem brindes deste tipo aos adversários. Mourinho, em tempos, era um treinador que dava especial valor ao intelecto. Parece agora excessivamente acomodado ao que ganhou e à sua própria fama. As suas equipas são cada vez menos imaginativas, os seus jogadores cada vez menos inteligentes e cada vez mais brutos. Não sei se Mourinho terá capacidade para se reinventar e para perceber onde estão as suas principais falhas. Se a tiver, talvez consiga tirar deste desafio as ilações devidas.