Como o título indica, este será um texto sobre coisas excessivas, sobre asneiras que as pessoas repetem, sobre ideias demasiado consagradas, sobre acontecimentos exageradamente discutidos, etc..
1. Numa entrevista, quando ainda era treinador do Braga, Jorge Jesus disse que aprendera no mesmo sítio que Guardiola e que, por isso, o seu modelo, em termos de princípios de jogo, era idêntico ao do Barcelona. O excessivo, aqui, não é o exagero da coisa, mas a redução da ideia de modelo ao conjunto de princípios gerais: futebol ofensivo, pressão alta, linhas subidas, etc. Os princípios de jogo do Barcelona vão muito para além disto e é esse muito que o distingue. O modelo de jogo de Jesus, tendo virtudes, não é por isso sequer primo do modelo de Guardiola.
2. Outra coisa excessiva a respeito do modelo de Jesus é o entusiasmo que causa. O problema desta relação entre qualidade do modelo e entusiasmo que provoca é que é falaciosa. O melhor modelo não é o que galvaniza mais as bancadas, o que cria mais oportunidades de golo, o que motiva mais os jogadores. Não há relação de causalidade entre qualidade e efeitos exteriores na audiência, resultados práticos ou capacidade de motivação. O melhor modelo, e esta é a minha definição, é aquele que faz depender o colectivo o menos possível das individualidades. Nesse aspecto, o modelo de Jorge Jesus tem-se revelado cada vez mais banal. Depende excessivamente - e isto é algo que ando a dizer desde o início da época passada, embora se revele cada vez mais - da vertigem que as individualidades são capazes de colocar no jogo; depende das correrias dos laterais, da velocidade a que cada jogador reage à perda de bola, da espontaneidade de cada elemento, etc. Se é verdade que, jogando deste modo, impede os adversários de se organizar do melhor modo, impede também a própria equipa de jogar de modo organizado. O modelo de Jesus prepara a equipa para ser forte em momentos de desorganização, mas limita-a não a preparando para ser competente quando é preciso inventar essa desorganização.
3. Talvez o melhor exemplo de como o modelo tem graves problemas seja Saviola. O argentino - têm dito - não está na sua melhor forma. Isto é absolutamente falso. Tem tido menos preponderância neste Benfica porque este Benfica, pelo modo como joga, não procura valorizar aquilo em que Saviola pode fazer a diferença, sobretudo em ataque posicional. Ao jogar excessivamente em velocidade, o Benfica passa a focar o seu interesse em jogadores velozes e fortes fisicamente e perde de vista aquilo que os mais criativos, como Saviola, podem emprestar em criação de espaços curtos. Saviola, como aliás Pablo Aimar, foram os jogadores que, o ano passado, puderam permitir ao Benfica ser uma equipa com outras soluções que não as corridas desenfreadas. Este ano, Jesus tem gradualmente abdicado desse tipo de soluções e os dois argentinos foram perdendo protagonismo. Com essa perda de protagonismo, perdeu também o Benfica imprevisibilidade e passou a depender mais daquilo que cada jogador é capaz de dar, enquanto individualidade.
4. No final da época passada, quando elegemos André Villas Boas como o melhor treinador do campeonato, tínhamos em conta precisamente estes defeitos do modelo de Jesus. Um ano volvido, acreditamos ainda mais na diferença entre os dois. Não obstante um ou outro problema no modelo do Porto, é certo que é o modelo que, em Portugal, maior qualidade apresenta, pois é aquele que depende menos da soma das suas individualidades. O que é excessivo, neste ponto, é portanto a incompreensão de como o Porto deste ano, radicalmente diferente do do ano anterior, soube superiorizar-se ao Benfica de Jesus, tal como este, na época passada, se superiorizara ao Porto de Jesualdo.
5. O principal defeito do modelo portista, a meu ver, está na tarefa distinta dos extremos. Toda a equipa privilegia uma posse de bola curta e o passe ao drible, à excepção dos extremos, que parecem ter liberdade para individualizar os lances. É verdade que Hulk e Varela são fortes no um para um e é verdade que várias das suas acções individuais podem trazer benefícios ao colectivo. Também é verdade que há movimentações sem bola, sobretudo de abaixamento, que os extremos fazem e que se inserem na ideia colectiva. Mas existe, no meu entender, uma fé excessiva na capacidade individual destas unidades que pode ser prejudicial à equipa. Os extremos são jogadores essencialmente verticais e que têm a tarefa de definir os lances. Raramente são utilizados na gestão passiva e racional da bola, o que impossibilita que o Porto consiga ser ainda mais dominador do que é quando a tem. Assim sendo, o Porto é fortíssimo a controlar o jogo com bola nos dois primeiros terços do terreno, mas não o é nas imediações da área. Raramente consegue penetrar em defesas sólidas e densas sem utilizar a arma das individualidades: os remates de meia distância, o drible, o um para um, etc. Falta envolvência ofensiva em espaços curtos a esta equipa e muito por causa da excessiva verticalidade que é pedida ou autorizada ao trio da frente.
6. São excessivas também as previsões catastróficas do futuro sportinguista. Basta lembrar o que era o Benfica antes de Jorge Jesus para se perceber que tudo pode mudar de um ano para o outro, havendo a sorte de se contratar competência. É evidente que os recursos financeiros do Benfica são outros, mas a principal causa da mudança está no cargo de treinador. Tenha o Sporting a sapiência de contratar um treinador competente e a próxima época será certamente diferente. É também evidente que os rivais estão muitíssimo fortes e que ganhar o título poderá depender muito do que esses rivais forem capazes de fazer para o ano. Mas, com um treinador capaz, pelo menos a intromissão na luta pelo título é um horizonte mais do que realista. Do que me pude aperceber das eleições que se avizinham, o único candidato que poderia relançar imediatamente o Sporting é Dias Ferreira. Não por ter competências excepcionais como presidente ou como pessoa, mas porque foi o único que apresentou um treinador que me parece apropriado para as aspirações do Sporting. E o treinador deveria ser, sem dúvida, a principal preocupação eleitoral.
1. Numa entrevista, quando ainda era treinador do Braga, Jorge Jesus disse que aprendera no mesmo sítio que Guardiola e que, por isso, o seu modelo, em termos de princípios de jogo, era idêntico ao do Barcelona. O excessivo, aqui, não é o exagero da coisa, mas a redução da ideia de modelo ao conjunto de princípios gerais: futebol ofensivo, pressão alta, linhas subidas, etc. Os princípios de jogo do Barcelona vão muito para além disto e é esse muito que o distingue. O modelo de jogo de Jesus, tendo virtudes, não é por isso sequer primo do modelo de Guardiola.
2. Outra coisa excessiva a respeito do modelo de Jesus é o entusiasmo que causa. O problema desta relação entre qualidade do modelo e entusiasmo que provoca é que é falaciosa. O melhor modelo não é o que galvaniza mais as bancadas, o que cria mais oportunidades de golo, o que motiva mais os jogadores. Não há relação de causalidade entre qualidade e efeitos exteriores na audiência, resultados práticos ou capacidade de motivação. O melhor modelo, e esta é a minha definição, é aquele que faz depender o colectivo o menos possível das individualidades. Nesse aspecto, o modelo de Jorge Jesus tem-se revelado cada vez mais banal. Depende excessivamente - e isto é algo que ando a dizer desde o início da época passada, embora se revele cada vez mais - da vertigem que as individualidades são capazes de colocar no jogo; depende das correrias dos laterais, da velocidade a que cada jogador reage à perda de bola, da espontaneidade de cada elemento, etc. Se é verdade que, jogando deste modo, impede os adversários de se organizar do melhor modo, impede também a própria equipa de jogar de modo organizado. O modelo de Jesus prepara a equipa para ser forte em momentos de desorganização, mas limita-a não a preparando para ser competente quando é preciso inventar essa desorganização.
3. Talvez o melhor exemplo de como o modelo tem graves problemas seja Saviola. O argentino - têm dito - não está na sua melhor forma. Isto é absolutamente falso. Tem tido menos preponderância neste Benfica porque este Benfica, pelo modo como joga, não procura valorizar aquilo em que Saviola pode fazer a diferença, sobretudo em ataque posicional. Ao jogar excessivamente em velocidade, o Benfica passa a focar o seu interesse em jogadores velozes e fortes fisicamente e perde de vista aquilo que os mais criativos, como Saviola, podem emprestar em criação de espaços curtos. Saviola, como aliás Pablo Aimar, foram os jogadores que, o ano passado, puderam permitir ao Benfica ser uma equipa com outras soluções que não as corridas desenfreadas. Este ano, Jesus tem gradualmente abdicado desse tipo de soluções e os dois argentinos foram perdendo protagonismo. Com essa perda de protagonismo, perdeu também o Benfica imprevisibilidade e passou a depender mais daquilo que cada jogador é capaz de dar, enquanto individualidade.
4. No final da época passada, quando elegemos André Villas Boas como o melhor treinador do campeonato, tínhamos em conta precisamente estes defeitos do modelo de Jesus. Um ano volvido, acreditamos ainda mais na diferença entre os dois. Não obstante um ou outro problema no modelo do Porto, é certo que é o modelo que, em Portugal, maior qualidade apresenta, pois é aquele que depende menos da soma das suas individualidades. O que é excessivo, neste ponto, é portanto a incompreensão de como o Porto deste ano, radicalmente diferente do do ano anterior, soube superiorizar-se ao Benfica de Jesus, tal como este, na época passada, se superiorizara ao Porto de Jesualdo.
5. O principal defeito do modelo portista, a meu ver, está na tarefa distinta dos extremos. Toda a equipa privilegia uma posse de bola curta e o passe ao drible, à excepção dos extremos, que parecem ter liberdade para individualizar os lances. É verdade que Hulk e Varela são fortes no um para um e é verdade que várias das suas acções individuais podem trazer benefícios ao colectivo. Também é verdade que há movimentações sem bola, sobretudo de abaixamento, que os extremos fazem e que se inserem na ideia colectiva. Mas existe, no meu entender, uma fé excessiva na capacidade individual destas unidades que pode ser prejudicial à equipa. Os extremos são jogadores essencialmente verticais e que têm a tarefa de definir os lances. Raramente são utilizados na gestão passiva e racional da bola, o que impossibilita que o Porto consiga ser ainda mais dominador do que é quando a tem. Assim sendo, o Porto é fortíssimo a controlar o jogo com bola nos dois primeiros terços do terreno, mas não o é nas imediações da área. Raramente consegue penetrar em defesas sólidas e densas sem utilizar a arma das individualidades: os remates de meia distância, o drible, o um para um, etc. Falta envolvência ofensiva em espaços curtos a esta equipa e muito por causa da excessiva verticalidade que é pedida ou autorizada ao trio da frente.
6. São excessivas também as previsões catastróficas do futuro sportinguista. Basta lembrar o que era o Benfica antes de Jorge Jesus para se perceber que tudo pode mudar de um ano para o outro, havendo a sorte de se contratar competência. É evidente que os recursos financeiros do Benfica são outros, mas a principal causa da mudança está no cargo de treinador. Tenha o Sporting a sapiência de contratar um treinador competente e a próxima época será certamente diferente. É também evidente que os rivais estão muitíssimo fortes e que ganhar o título poderá depender muito do que esses rivais forem capazes de fazer para o ano. Mas, com um treinador capaz, pelo menos a intromissão na luta pelo título é um horizonte mais do que realista. Do que me pude aperceber das eleições que se avizinham, o único candidato que poderia relançar imediatamente o Sporting é Dias Ferreira. Não por ter competências excepcionais como presidente ou como pessoa, mas porque foi o único que apresentou um treinador que me parece apropriado para as aspirações do Sporting. E o treinador deveria ser, sem dúvida, a principal preocupação eleitoral.
7. A valorização de Domingos é outra das coisas que me faz alguma confusão. É interessante que o diga agora, um dia depois de um apuramento histórico do Braga. Campanhas europeias históricas ou alguns resultados surpreendentes não chegam para qualificar um treinador. Se chegasse, Jaime Pacheco teria de ser recorrentemente uma das cogitações para treinar um grande. É verdade que, na Europa, o Braga está a fazer mais do que se esperaria. Mas internamente está a fazer menos. Num ano em que o Sporting está tão mal e em que o Guimarães não tem pedalada para mais, um treinador de grande qualidade teria de deixar o Braga em terceiro lugar. Concordo que Domingos tem qualidades, sobretudo ao nível da preparação estratégica dos jogos e da implementação de certos conceitos defensivos. Mas o seu Braga não é, nem nunca foi, uma equipa capaz de dominar jogos. Trata-se de uma equipa organizada, sim, mas ofensivamente medíocre. E já o ano passado o era, fazendo a campanha interna que fez por questões mentais, por se ter adiantado na classificação num momento precoce da época e, por isso, ter adquirido forças extra para superar os obstáculos. Numa equipa grande, Domingos teria, a meu ver, enormes dificuldades para se impor.
8. Muitos terão visto o jogo da segunda mão entre Barcelona e Arsenal e muitos terão opiniões sobre esse jogo. Não vou falar do jogo, mas de um pormenor que não sei até que ponto terá passado despercebido. Os noventa minutos foram todos praticamente jogados em 30 metros. Quando assim acontece, por norma, esses são os trinta metros mais próximos da baliza de quem defende. Não foi isso que se passou neste jogo. O jogo foi jogado apenas em trinta metros, mas praticamente no meio-campo. Deveu-se esse facto a duas razões: à atitude defensiva do Arsenal, por um lado, e à opção, invulgar em quem opta apenas por defender, por uma linha defensiva muito subida. O Arsenal jogou basicamente com duas linhas, uma de seis jogadores e outra com quatro, mas tentou fazê-lo na zona de meio-campo e não à frente da sua baliza. A intenção era evitar que o Barcelona jogasse entre linhas, mas sem recuar em demasia. Com isso, o jogo foi de tendência unicamente catalã, como tantas vezes acontece, mas disputado numa zona do terreno pouco comum. Quem viu o desafio com atenção viu por isso um jogo altamente atípico, jogo esse que, na minha opinião, é representativo de um tipo de futebol que se jogará no futuro.
9. Já se falou muito de treinadores; fale-se agora de jogadores. Um dos mais criticados, no início da época, em Espanha, era o francês Karim Benzema. Benzema pode não ser um jogador extraordinário de costas para a baliza, como apoio vertical, mas não é, também, dos piores. Depois, é tecnicamente muito evoluído e é capaz de se desembaraçar com alguma facilidade em espaços curtos. Sempre achei as críticas que faziam ao francês, que eram unicamente baseadas no facto de não marcar golos, incrivelmente desajustadas. A mobilidade de Benzema e a facilidade com que combinava com os colegas emprestaram ao Real Madrid, nessa fase, algo de muito positivo. A arrastar marcações, então, foi determinante. Ninguém foi capaz de ver isso e, agora que voltou a marcar, acham que evoluiu e que está mais confiante. Nada mais falso. Karim Benzema está igual. Mas, como marca golos, as pessoas mudaram a opinião. É um bom exemplo de como a imbecilidade se pode propagar.
10. Em Portugal, dois jogadores de quem se tem falado recentemente e em relação aos quais não consigo compreender o entusiasmo: Djalma e Rúben Brígido. O primeiro é um extremo veloz e habilidoso. Só. Poderá crescer, eventualmente, até a um nível aceitável, mas duvido que venha a ser um jogador de topo. Falta-lhe, sobretudo, compreender e pôr em prática ideias colectivas, e carece de imaginação. A menos que se torne muito forte no um para um, coisa que ainda não é, nem de perto nem de longe, poderá ter alguma utilidade, e ainda assim apenas num modelo que privilegie tais características. Quanto a Rúben Brígido, o melhor que se pode dizer dele é que é atrevido. Sim, arrisca ir para cima dos defesas e não tem medo de falhar. Nunca percebi por que razão tais características são coisas positivas. É demasiado vertical, procura sempre o desequilíbrio, e não é capaz de perceber as necessidades da equipa em cada situação. Tem boa técnica, embora não seja especialmente forte no um para um, mas raramente toma boas decisões. É um jogador agressivo com bola, espontâneo, objectivo, como dizem, mas pouco imprevisível. Tenho também sérias dúvidas que algum dia tenha capacidade para singrar ao mais alto nível.
8. Muitos terão visto o jogo da segunda mão entre Barcelona e Arsenal e muitos terão opiniões sobre esse jogo. Não vou falar do jogo, mas de um pormenor que não sei até que ponto terá passado despercebido. Os noventa minutos foram todos praticamente jogados em 30 metros. Quando assim acontece, por norma, esses são os trinta metros mais próximos da baliza de quem defende. Não foi isso que se passou neste jogo. O jogo foi jogado apenas em trinta metros, mas praticamente no meio-campo. Deveu-se esse facto a duas razões: à atitude defensiva do Arsenal, por um lado, e à opção, invulgar em quem opta apenas por defender, por uma linha defensiva muito subida. O Arsenal jogou basicamente com duas linhas, uma de seis jogadores e outra com quatro, mas tentou fazê-lo na zona de meio-campo e não à frente da sua baliza. A intenção era evitar que o Barcelona jogasse entre linhas, mas sem recuar em demasia. Com isso, o jogo foi de tendência unicamente catalã, como tantas vezes acontece, mas disputado numa zona do terreno pouco comum. Quem viu o desafio com atenção viu por isso um jogo altamente atípico, jogo esse que, na minha opinião, é representativo de um tipo de futebol que se jogará no futuro.
9. Já se falou muito de treinadores; fale-se agora de jogadores. Um dos mais criticados, no início da época, em Espanha, era o francês Karim Benzema. Benzema pode não ser um jogador extraordinário de costas para a baliza, como apoio vertical, mas não é, também, dos piores. Depois, é tecnicamente muito evoluído e é capaz de se desembaraçar com alguma facilidade em espaços curtos. Sempre achei as críticas que faziam ao francês, que eram unicamente baseadas no facto de não marcar golos, incrivelmente desajustadas. A mobilidade de Benzema e a facilidade com que combinava com os colegas emprestaram ao Real Madrid, nessa fase, algo de muito positivo. A arrastar marcações, então, foi determinante. Ninguém foi capaz de ver isso e, agora que voltou a marcar, acham que evoluiu e que está mais confiante. Nada mais falso. Karim Benzema está igual. Mas, como marca golos, as pessoas mudaram a opinião. É um bom exemplo de como a imbecilidade se pode propagar.
10. Em Portugal, dois jogadores de quem se tem falado recentemente e em relação aos quais não consigo compreender o entusiasmo: Djalma e Rúben Brígido. O primeiro é um extremo veloz e habilidoso. Só. Poderá crescer, eventualmente, até a um nível aceitável, mas duvido que venha a ser um jogador de topo. Falta-lhe, sobretudo, compreender e pôr em prática ideias colectivas, e carece de imaginação. A menos que se torne muito forte no um para um, coisa que ainda não é, nem de perto nem de longe, poderá ter alguma utilidade, e ainda assim apenas num modelo que privilegie tais características. Quanto a Rúben Brígido, o melhor que se pode dizer dele é que é atrevido. Sim, arrisca ir para cima dos defesas e não tem medo de falhar. Nunca percebi por que razão tais características são coisas positivas. É demasiado vertical, procura sempre o desequilíbrio, e não é capaz de perceber as necessidades da equipa em cada situação. Tem boa técnica, embora não seja especialmente forte no um para um, mas raramente toma boas decisões. É um jogador agressivo com bola, espontâneo, objectivo, como dizem, mas pouco imprevisível. Tenho também sérias dúvidas que algum dia tenha capacidade para singrar ao mais alto nível.
3 comentários:
Nuno,
Tens razao de facto. Por aqui - Entre10 - ja tinhas afirmado essa maior valia de Villas Boas em relacao ao Jesus. E num tempo em que ainda nao tinha ganho nada. Justica e honra te seja feita por isso. Ao nivel da blogoesfera julgo que somente tu e o PLF o fizeram. Prognostico (de certo modo) e avaliacao 100% certa que hoje a comparacao entre os desempenhos e respectivos resultados desses desempenhos oferecem.
Nuno, mas sobre "coisas excessivas, asneiras que as pessoas repetem, ideias demasiado consagradas e acontecimentos exageradamente discutidos" o que mais acho estranho e no dia de hoje tudo isso ainda ser repetido, quando as evidencias questionam todas essas ideias e asneiras. Eu por exemplo nao estou em condicoes de a 1 ano de distancia quando o Villas-Boas era ainda tecnico da AA de Coimbra perspectivar o ano que ele esta a viver, mas hoje, hoje, ate a mim e obvio que o Villas-Boas transpira toda uma serie de virtudes que o Jesus nao tem. Como e que vemos isto? Resultados e nao so: o proprio desempenho. As poucas ou nenhumas abebias que a equipa do Villas-Boas da aos adversarios. A consistencia, independentemente do maior ou menor espectaculo. A propria personalidade do Villas-Boas que apesar de transbordar exarcebado portismo e (ao mesmo tempo) anti-benfquismo em tudo o que diga, nota-se perfeitamente que nao esta ali alguem tapado ou curto. Pessoa inteligente e cultivada, e atributos que decerto se relacionam com o entendimento que tem de futebol, ou da sua profissao. A inteligencia e a principal arma, como dizes muitas vezes. Porque com inteligencia fica-se mais perto de perto andar das boas ideias, do bem-fazer.
Nao significa isto que Jesus seja mau. Obvio que nao e. E muito bom, e um dos melhores. Agora e obvio que em Portugal - imprensa e adeptos - esta criada toda uma rede de impressoes e ideias falsas que colocam o Jesus acima de qualquer outro treinador. Isto e evidente, e esta errado, porque choca com a cultura do merito que importa sempre afirmar. E o futebol nao foge a regra.
O proprio Mourinho sofreu com isso. Jaele tinha ganho 1 Liga Europa e preparava-se para ser bi-campeao em Portugal e ainda havia quem questionasse o seu valor, a sua "sorte". E ridiculo, mas existe.
E da mesma forma que absurdamente se questionam meritos evidentes, proclamam-se de forma excessiva meritos que nao existem, ou que nao existem na dimensao em que sao proclamados.
Nuno,
Após a leitura do texto não fica claro porque razão o Benfica piorou em termos colectivos da época passada para esta. Defendes que é o próprio Jesus que incentiva uma organização ofensiva mais directa e veloz? O que achas que aconteceu?
Eu concordo que o Saviola perdeu protagonismo este ano, mas não sei se concordo em relação ao Aimar, penso que está tanto em jogo como no ano passado.
E lamento que Jesus não consiga tirar mais partido do Gaitan (sim, ainda mais!) parece que pede ao Gaitan as mesmas coisas que pedia ao Di Maria, quando são 2 jogadores tão diferentes... penso que se puderia aproveitar melhor a qualidade de passe e visão de jogo que o Gaitan tem. Talvez colocando-o sobre a direita, ou mais interior esquerdo perto do Aimar e do Saviola.
Desculpa, Batalheiro, pela demora na resposta. Em primeiro lugar, não acho que o Benfica tenha piorado, em termos colectivos. Acho que os defeitos são os mesmos e já os havia apontado a época passada. Acho que, no entanto, o facto de Aimar e Saviola terem o protagonismo que tinham o ano passado disfarçava esses defeitos. Este ano, parece que o modelo está mais consolidado, que Coentrão tem mais peso na equipa e que a inclusão sistemática de dois jogadores verticais nas linhas, como sejam Gaitán e Salvio, ajuda a que o futebol mais pausado e cerebral de Aimar e Saviola não se veja tanto. O jogo joga-se mais em velocidade e pelos flancos e menos pelo centro do terreno. Havendo mais facilidade em jogar em transição, dá-se também menos preferência a momentos de organização.
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