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A terça-feira após feriado, um dia de trabalho normal, leva ao fim do expediente com um inusitado bom humor. É o caso, avalio com meus botões, de comparecer com flores lá em casa, aproveitar o momento pós-eleitoral em que o mundo é melhor e mais bonito do que quando havia campanha.
Foto: Jardineiro.net
Compra feita, de volta ao ponto, bastava eu escolher qualquer coletivo que percorresse a rua Cardeal Arcoverde.
De vasinho na mão, equilibrista, tomo o primeiro que passa com esse itinerário. Como quem embarca primeiro é a tal flor, é inevitável virar o centro dos olhares no busão, mas isso logo mudaria.
O ônibus encaminhava-se, da pista da direita, para conversão à esquerda, para migrar da avenida para a rua supracitadas. Um carro preto, de montadora japonesa, decidiu que poderia seguir reto a partir da pista da esquerda, exclusiva para quem vai virar. A colisão, leve, é inevitável.
Os veículos param e instala-se uma pequena conferência entre a motorista do veículo de passeio, o piloto do coletivo e seu respectivo cobrador. Um princípio de engarrafamento se instala na via.
Os passageiros, alijados de acompanhar os trâmites e sem poder desembarcar, acham ruim. Começam por xingar a motorista, praguejar máximas machistas sobre os malefícios de as mulheres ocuparem o volante de veículos automotores, lamentam o desaparecimento de agentes da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), e por aí vai.
A sensatez não passa por perto, quando veio o diagnóstico definitivo:
– Isso é macumba de flamenguista!
O vascaíno, nascido no estado do Pará, via no cenário uma clara ação de algum rival, em trabalho metafísico, para prejudicar sua existência.
– A essa hora eu podia estar em casa... Só pode ser macumba – reforçou, apesar de não terem se completado cinco minutos desde que a colisão havia ocorrido.
Desconsolado, o vascaíno percorre o ônibus com o olhar, para tentar puxar mais assunto, um interlocutor qualquer que fosse. Encontrou o dendrobium:
– É pra sua dona a flor?
Diante da resposta afirmativa, ele prevê tudo:
– Pô, o cara vai chegar em casa com a flor e a mulher vai achar que ele trouxe de presente pra desfazer alguma que fez... Ela vai dizer: 'trouxe flor porque tava na gandaia, ô desgraçado!"
A profecia não se confirmaria e sequer tinha base na realidade. Mas a engenhosidade da piada desperta a curiosidade de outros passageiros. Um explica que tinha uma irmã que colecionava orquídeas, explicando ter 60 espécimes, pelo menos 15 dendrobiuns, como os que eu carregava.
Animado, o manguaça ainda defenderia, com pouco entusiasmo, que os passageiros buscassem um barzinho para continuar a conversa, talvez mudando de ideia sobre a origem da mazela.
O tema da palestra consumiu mais uns minutos, até se esgotar. O tempo passava e nada de motorista e cobrador voltarem. Quando o silêncio se refez dentro do ônibus, o mesmo vascaíno me olhou nos olhos e novamente se solidarizou definitivamente:
– E a orquídea é que sofre...
Passados 15 minutos, o ônibus seguiu seu trajeto. A orquídea sobreviveu e passa bem.
6 comentários:
Sensacional. Minhas estimas à orquídea. E o Anselmo, aqui no Futepoca, é o único "amante à moda antiga, do tipo que ainda manda flores".
Gênios, todos.
Gênios, todos. (2)
Gênios, todos. (3), hahahahahahaha!
É realmente uma história romântica. Qeu belo desfecho. Comovente. Parabéns, Anselmo.
Intro: A7+ A6 Bm7 E7/9
A7+ A6 A7+
Ainda bem que tocou
A6 G#m7 C#7/9
Essa música suave
F#m7
Eu posso dançar com você
Em7 G/A A7/9- D7+
Como no passado
Dm6
Dançando assim
C#m7 F#7/13 F#7/13-
Eu tenho você nos meus braços
B7/9
E posso sentir seu corpo macio
E7/9
Seu peito desse jeito
Apertado no meu peito
A7+ A6 A7+
E seu rosto colado no meu
A6 G#m7 C#7/9
Me convida a dizer
F#m7
Coisas que as outras pessoas
Em7 G/A A7/9- D7+
Não devem saber
Dm6
Me abrace mais forte
C#m7 F#7/13 F#7/13-
Não se importe com os outros casais
B7/9
Que bom se essa música
E7/9 A7+ A6 Bm7 E7/9
Não terminasse jamais...
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