Compartilhe no Facebook
A campanha de esgoto que o tucano José Serra fez este ano, nas eleições presidenciais, conseguiu trazer para os holofotes os setores mais atrasados, conservadores e extremistas da sociedade brasileira e acentuou à tensão máxima o ódio, o preconceito e a divisão raivosa entre nós. Como nunca antes na História desse país, a xenofobia entre compatriotas esteve tão explícita, orgulhosa e falando em tão alto e bom som.
Depois do revelador manifesto "São Paulo para os paulistas", que diz muito sobre o PSDB perpetuar-se no Palácio dos Bandeirantes desde 1995 (ou desde 1983, considerando que é praticamente o mesmo grupo que chegou ao poder com Franco Montoro), presenciamos a lamentável sequência de barbaridades no Twitter e a escalada oficial do preconceito em plena mídia de informação.
O mais recente (e triste) exemplo vem de Santa Catarina. No jornal da RBS, retransmissora da TV Globo no Sul do país, o comentarista Luiz Carlos Prates afirmou, sobre a alta incidência de mortes nas estradas no feriadão que se estendeu até segunda-feira (grifos nossos): "Antes de mais nada, a popularização do automóvel. Hoje, qualquer miserável tem um carro. O sujeito jamais leu um livro, mora apertado numa gaiola que hoje chamam de apartamento, não tem nenhuma qualidade vida, mas tem um carro na garagem".
Depois de dizer que o tal "miserável" ainda tem problemas matrimoniais e por isso desconta suas frustrações abusando da velocidade no trânsito, o comentarista volta à carga: "Popularização do automóvel, resultado deste governo espúrio, que popularizou pelo crédito fácil o carro para quem nunca tinha lido um livro. É isso".
Ou seja, o Lula é culpado por ter distribuído renda e dado o direito ao consumo e ao lazer aos "miseráveis analfabetos", culpados por todo e qualquer acidente de automóvel. Pelo o que dá a entender, os ricos, esses iluminados, nunca morrem nem matam ninguém no trânsito. Será?
Parabéns, José Serra. Colha com prazer o que você semeou:
Ps.: É sintomático que os lamentáveis comentários tenham vindo de Santa Catarina, estado que, a exemplo de São Paulo ("dos paulistas"), de Minas Gerais e do Paraná, também elegeu governador do PSDB. Vejam aí mais um exemplo da xenofobia que a campanha repulsiva dos tucanos fez emergir:
12 comentários:
É um babaca esse Luiz Carlos Prates. Que nojo dessa corja.
Opa! Minas, não! A prefeitura de BH é do PT há 20 anos. O PT ganha para presidente aqui desde 2002. E Patrus ou Pimentel teriam grandes chances para governador, mas nos foi empurrado Hélio Costa como candidato da "esquerda". Aí até eu tive que votar no Anastasia.
Muito escroto.
Obrigatório, o Marcão mencionou MG como exemplo de estado que elegeu governador do PSDB. Poderia ter citado, além de SP e PR, tbem Goiás, Pará, Tocantins, Alagoas ou Roraima.
Ter eleito um governador do PSDB não signfica que o estado é xenófobo nem reacionário. E a crítica do Marcão é por mim percebida muito mais direcionada a setores do eleitorado do que a todo o conjunto.
O comentário do Prates é mesmo muito infeliz. Mas é um cara que é abertamente saudoso da ditadura, qdo diz que gozava de liberdade efetiva... É um comentarista conservador que tem um espaço enorme na RBS catarinense. Pra quem estiver com disposição, os vídeos relacionados dão amostras disso.
Sim, Obrigatorio, faltou no post a observação de que, NAS REGIÕES SUL E SUDESTE, em contraposição aos odiados Norte e Nordeste, Minas Gerais e os outros estados citados elegeram governador do PSDB - o que, como bem observou o Anselmo, não significa que toda a população seja xenófoba ou preconceituosa. Mas parte dela é e demonstra isso com orgulho, com adesivos ou até mesmo na televisão. E foi José Serra, inegavelmente, quem estimulou e fez explodir essas manifestações monstruosas.
Sobre Minas: O PT perdeu para a presidência em BH, onde deu Marina no primeiro turno e Serra no segundo. Lamentavelmente, também perdeu aqui na minha Governador Valadares, onde Serra venceu nos dois turnos (o que, pra mim, é mais um protesto contra a prefeita, petista, que qualquer outra coisa). Mas votar em tucano por não gostar do Hélio Costa também não me parece uma solução plausível.
É... boa parcela de Santa Catarina, Paraná e de outros estados que, agora, depois da campanha de ódio da direita, escancara a xenofobia, antes "cordial", não votou com o estomâgo. Votou com o que o sistema digestivo expele e que está em suas mentes podres, como a do Prates.
Pior é que tem gente, até na esquerda, que não se deu conta do que ocorreu nesta eleição e do que ficou evidenciado durante e confirmado depois. Triste.
É uma das manifestações mais execráveis que eu já vi.
Sem dúvida, essa campanha presidencial trouxe muito disso à tona e legitimou um ódio muito incruado.
Teremos um preço a pagar, até desfazer o que foi feito nesses meses.
aliás, será que a mulher do Prates suporta ele?
Lamentável a fala do Prates. O cara não sabe nada. E deve ser responsabilizado pela justiça por seu preconceito ou xenofobia. Agora, botar a conta para a população que por direito votou em outro candidato que não foi a Dilma, seja de qual Estado for, é tão xenófobo quanto. Ou separar paulistas e não paulistas de São Paulo não é sintoma disso? Somos todos brasileiros.
Coincidência irônica: o candidato a governador pelo PSTU, este ano, foi outro Luiz Carlos Prates, o "Mancha".
(candidato a governador em São Paulo)
Postar um comentário