O Leicester de Ranieri é isto: jogadores ao monte, desorganização geral, referências ao homem, etc.. Muita fé e pouca ciência, em suma! Foi isto que foi campeão inglês o ano passado. Se querem elogiar o Leicester, muito bem. Mas o que estão a elogiar é isto. E isto é a Pré-História do jogo. Foi campeão porque o ano passado as únicas equipas que jogavam um jogo minimamente parecido com aquilo que o futebol é actualmente fizeram uma má época, porque os jogadores do Leicester se convenceram a dada altura de que eram melhores do que na verdade são e porque, em Inglaterra, o jogo continua a ser pré-histórico.
domingo, 5 de fevereiro de 2017
O Campeão Inglês
O Leicester de Ranieri é isto: jogadores ao monte, desorganização geral, referências ao homem, etc.. Muita fé e pouca ciência, em suma! Foi isto que foi campeão inglês o ano passado. Se querem elogiar o Leicester, muito bem. Mas o que estão a elogiar é isto. E isto é a Pré-História do jogo. Foi campeão porque o ano passado as únicas equipas que jogavam um jogo minimamente parecido com aquilo que o futebol é actualmente fizeram uma má época, porque os jogadores do Leicester se convenceram a dada altura de que eram melhores do que na verdade são e porque, em Inglaterra, o jogo continua a ser pré-histórico.
Escrito por Nuno às 21:12:00 50 bolas ao poste
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quinta-feira, 15 de dezembro de 2016
Lateral Esquerdo
Escrito por Nuno às 00:17:00 6 bolas ao poste
Etiquetas: Cortesias
terça-feira, 25 de outubro de 2016
As Incidências do Jogo e as Análises do Resultado
Vem isto a propósito de dois jogos da Liga dos Campeões da semana passada. É quase unânime que o Sporting foi muito inferior ao Borussia de Dortmund, sobretudo na primeira parte, e é quase unânime que essa inferioridade se explica pela incapacidade (individual e colectiva) de pressionar Weigl, o médio-defensivo que dava sistematicamente início à construção dos alemães. Não concordo com nada disto, e estou convencido de que tais análises decorrem justamente da impressão que os golos, e o resultado, causam às pessoas. Quando Aubameyang marcou o primeiro golo do Borussia, num lance em que Rúben Semedo não fica isento de responsabilidades (achou que podia tentar ganhar em velocidade, quando podia facilmente ter encostado assim que o gabonês arrancou), o Sporting mandava por inteiro no jogo: já tinha tido duas oportunidades de golo e, sobretudo, não permitia ao Dortmund senão lançamentos longos, a explorar as alas, que invariavelmente acabavam em bolas perdidas. Se, antes do golo, o jogo era diferente daquilo em que se tornaria depois, é absurdo diagnosticar um mal geral ao modo como o Sporting encarou a primeira parte do desafio. Se Bryan Ruiz tivesse conseguido dominar aquela bola que William lhe endossou e, ficando na cara do guarda-redes, fizesse golo, ou se o árbitro da partida tivesse assinalado a grande penalidade sobre Bas Dost no lance que precede o primeiro golo dos alemães, o jogo seria completamente distinto. Mais ainda, o golo não afectou a equipa de Jesus de imediato. Nos minutos seguintes, o Dortmund continuou com muitas dificuldades em ligar o seu jogo, e a liberdade de que Weigl acabou por gozar começou a fazer-se notar apenas aos poucos, e com a descrença que se foi apoderando da equipa leonina. No final da primeira parte, fica-se com a impressão de que Weigl jogou os primeiros 45 minutos sem oposição, que o Dortmund conseguiu sempre superar as linhas de pressão do Sporting e aproveitar o espaço entre a linha de meio-campo e a linha defensiva adversária, e que os leões foram totalmente subjugados. Nada mais falso. Do meu ponto de vista, aliás, o Dortmund fez uma primeira parte relativamente fraca. O jogo interior dos alemães, por exemplo, praticamente não existiu. À excepção de dois lances em que Weigl conseguiu ligar o jogo por Goetze (ao minuto 13, na sequência de uma acção defeituosa de Elias, que se fixa em demasia na referência do homem e deixa um espaço enorme no meio, e ao minuto 29, em que Goetze aparece a receber entre Elias e Gelson, já perto da linha lateral), a opção dos alemães foi sempre o jogo exterior, e esse raramente constituiu um grande problema. É verdade que o Dortmund conseguiu chegar muitas vezes ao último terço do terreno, e que o Sporting não travou o principal responsável por isso, Weigl, mas raramente lá chegou com a defesa leonina desequilibrada. Os desequilíbrios alemães ocorreram quase todos na sequência de lances de contra-ataque (como o de Pulisic ou como o de Kagawa) ou em acções individuais (como aquelas protagonizadas por Aubameyang). Em organização ofensiva, quantas vezes o Dortmund conseguiu realmente incomodar o Sporting? Conseguiu fazer a bola chegar ao último terço do terreno, mas quase sempre por fora e quase sempre com as linhas defensivas bem arrumadas.
O Sporting começou muito bem o jogo, em todos os aspectos (qualidade a sair de zonas de pressão, capacidade de circular a bola e penetrar no bloco adversário, competência a pressionar, com a linha defensiva muito subida a encurtar os espaços interiores), e continuou a fazer bem algumas dessas coisas. Mas houve uma coisa que mudou com o golo de Aubameyang. Fosse por receio de perder o controlo da profundidade, fosse por desconcentração, a linha defensiva dos leões não se comportou sempre como deveria, afundando em excesso em determinadas ocasiões. Veja-se, por exemplo, o lance de contra-ataque conduzido por Kagawa aos 39 minutos: Bartra recupera a bola, e toda a linha média do Sporting sai em pressão; a linha defensiva, porém, permanece atrasada, e o japonês pôde receber entre linhas, sem ninguém num raio de 20 metros. Foi esse, a meu ver, o principal defeito do Sporting, na primeira parte. Sempre que, em organização defensiva, a linha de defesa baixava, a linha média não tinha outra hipótese que não fosse baixar também, dada a colocação de Goetze e Kagawa (que se posicionavam sistematicamente junto à linha defensiva leonina), e foi isso que permitiu a Weigl toda aquela liberdade. E isso só aconteceu porque o resultado era desfavorável e, concretamente, porque isso resultara de um lance em que Aubameyang conseguira ganhar as costas à defesa do Sporting. Perante um resultado desfavorável, o passar do tempo faz aumentar a descrença dos jogadores, e com essa descrença aumenta também o receio de falhar e a desconcentração. O Sporting continuou a jogar bem, tanto ofensiva como defensivamente, depois de sofrer o golo (esteve muito bem a sair de zonas de pressão, a trocar a bola em espaços curtos, a explorar o jogo interior, a criar situações de ataque através de combinações colectivas, a criar superioridade numérica na zona da bola, a reduzir os espaços no corredor central, etc.), mas num ou noutro momento os jogadores perderam a concentração (geralmente em aspectos em que é mais fácil perdê-la, como seja em acções de posicionamento sem bola), e isso criou a ilusão de que o Borussia de Dortmund tinha dominado o jogo a seu bel-prazer. O Sporting falhou em certos momentos, é certo, mas não me parece justo justificar o resultado de um jogo (neste caso, o resultado que se verificava ao intervalo) com base num falhanço estratégico quando, na verdade, as falhas foram pontuais e em grande medida motivadas pelas incidências do próprio jogo.
Escrito por Nuno às 14:51:00 8 bolas ao poste
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domingo, 23 de outubro de 2016
O Futebol não é para Meninos
Escrito por Nuno às 13:01:00 50 bolas ao poste
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sexta-feira, 7 de outubro de 2016
O Futebol e o Bacalhau à Brás: a Falácia dos Princípios de Jogo
Escrito por Nuno às 12:59:00 43 bolas ao poste
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quarta-feira, 28 de setembro de 2016
A Criatividade de Pizzi, o Discernimento de William e a Vox Populi
A maioria das pessoas concederá a Pizzi, nesse lance, a excelência técnica do apontamento de calcanhar. Eu acho que a virtude do lance está toda no modo como o transmontano, ao ocupar aquele espaço, entre o central, o lateral e os dois médios bracarenses, antecipa o desequilíbrio que tornará possível a situação de golo. Quando Pizzi invade esse espaço, não o faz apenas porque o lateral precisava de um apoio em quem soltar a bola; fá-lo porque, imaginando Gonçalo Guedes a ganhar vantagem sobre o lateral bracarense (como se haveria de verificar), sabe que, recebendo ali o passe, o pode redireccionar de imediato para a esquerda, assim criando um desequilíbrio imediato junto à faixa. Pode não antecipar toda a jogada, não antever que o central do Braga, ao aproximar-se de si no momento em que a bola lhe é passada, fará com que Gonçalo Guedes fique com espaço para ganhar a linha de fundo, mas também não ocupa o espaço, como a maioria dos jogadores, em quem a criatividade não abunda, apenas para que a bola lhe seja endossada. Quando Gonçalo Guedes atrasa a bola para Grimaldo, Pizzi tem já várias ideias acerca do que poderá fazer à bola quando ela lhe chegar (dominar e esperar pelo apoio, devolver de primeira ao lateral, ou colocar em Guedes na linha, etc.), e quando o espanhol se enquadra, algumas fracções de segundo depois, o transmontano já percebeu que a melhor decisão, das três acima mencionadas, será de facto jogar de primeira para Gonçalo Guedes, que entretanto ganhou a frente ao lateral. Pizzi antecipou o lance na medida em que ocupou antecipadamente um espaço cuja mera ocupação, no momento em que receber a bola, será decisiva para que o desequilíbrio se concretize. Ainda que, no momento em que decide ocupá-lo, o desequilíbrio não fosse evidente (era preciso que Gonçalo Guedes ganhasse a frente ao lateral bracarense e criasse aquela superioridade numérica, o que ainda não acontecera), a decisão de ocupá-lo contempla esse desequilíbrio futuro. Claro que, se tal desequilíbrio não se proporcionasse, a decisão a tomar, no momento em que recebesse o passe, seria outra. Mas o que está em causa é a capacidade de imaginar o desequilíbrio antes de ele acontecer. A criatividade é, antes de qualquer outra coisa, essa capacidade imaginativa. Pizzi faz uma leitura perfeita das circunstâncias, imagina o que ainda não aconteceu, e mexe-se em função daquilo que imaginou. Se, instantes depois, acontecer exactamente aquilo que antecipou que aconteceria, está em posição privilegiada para definir a jogada como pensou possível defini-la. O futebol de Pizzi é pensado como o pensam os melhores. Equaciona todas as possibilidades, mas imagina também o que vai acontecer de seguida. Num colectivo que esteja melhor trabalhado, com mais jogadores capazes de pensar bem à sua volta, será sempre mais influente do que é numa equipa que, colectivamente, é apenas o que os jogadores quiserem que seja. Apesar de continuar sem ser chamado à selecção, e de continuar a motivar assobios vindos das bancadas - por razões que só os seus detractores saberão - é, de longe, o melhor jogador português a actuar em Portugal. Já o era, aliás, o ano passado.
Escrito por Nuno às 15:57:00 39 bolas ao poste
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domingo, 24 de julho de 2016
Orgulho e Preconceito
12 Apontamentos sobre o Euro 2016:
1. A selecção francesa chegou à final sem mostrar grande coisa para além de algumas individualidades muito inspiradas: Lloris, Payet, Griezmann e Giroud, principalmente, estiveram a um bom nível, e isso chegou, muitas vezes, para que os problemas colectivos não fossem relevantes.
2. A evolução do futebol suíço, nos últimos anos, tem sido notável, e a selecção suíça é hoje muito mais respeitada do que era há uma década. Além do trabalho federativo, que permitiu aos suíços uma quantidade de jogadores de algum talento, há a salientar na selecção A a mudança de paradigma: ao contrário da selecção de Hitzfeld, que apostava tudo na organização defensiva, a selecção de Petkovic é uma equipa que procura ter a iniciativa do jogo. Falta-lhe criatividade no miolo do terreno, é verdade, mas assume esse jogo e procura fazer mais do que aproveitar os erros dos adversários.
3. Ao contrário da generalidade das opiniões que fui lendo, gostei do que a selecção do País de Gales fez. Não é tacticamente extraordinária, e procurou acima de tudo povoar a sua defesa com muita gente. Soube, no entanto, tirar o melhor partido dos seus três melhores jogadores (Ramsey, Bale e Allen, que mostrou que nunca lhe deram o devido valor em Liverpool), os quais procuraram sempre combinar uns com os outros. A liberdade que estes três jogadores tiveram para se procurarem constantemente, e que lhes foi possibilitada pela estratégia colectiva, foi a grande arma desta selecção. E só quando um deles, exactamente aquele que melhor se ligava aos outros dois, não pôde jogar é que foram vencidos.
4. Enquanto em terras de Sua Majestade se continuar a pensar como há 50 anos, o futebol inglês andará longe das vitórias. Não sou contra a ideia de Rooney jogar no meio-campo, e até gostei de ver, talvez pela primeira vez na história do futebol inglês, um médio-defensivo com critério com bola. Mas a aposta nas qualidades atléticas é inequívoca. Em Inglaterra, continuam a achar que o cérebro, em futebol, não serve para nada. Enquanto pensarem assim, vai ser difícil.
5. Sobre a Eslováquia, apraz-me dizer que se confirma aquilo que há muito penso: que o melhor jogador desta geração não é Marek Hamsik, como se faz crer, mas Vladimir Weiss. Hamsik é um médio expedito, muito rápido a ler o jogo e tecnicamente evoluído. Mas não é um médio criativo. É competente a ligar o meio-campo ao ataque, e garante fluidez ao futebol ofensivo da sua equipa, mas raramente é capaz de encontrar uma solução inesperada. Não é inventivo nem imaginativo como Weiss, que a partir da ala procura constantemente o apoio interior. Hamsik pode ser um jogador muito competitivo, mas sem aquilo que distingue Weiss, a criatividade, não passa de um médio relativamente banal.
6. A Rússia teve o que mereceu. Quando se fala tanto em pragmatismo, e quando se pensa que a abordagem pragmática é aquela que, nos dias que correm, tem tido mais sucesso, olhe-se, por exemplo, para a Rússia. O pragmatismo tanto pode dar para ter sucesso como para ser sovado. Os russos não podiam ter sido mais pragmáticos, e foram para casa mais cedo precisamente por causa desse pragmatismo.
7. A selecção croata foi das que mais gostei, neste europeu. Tive pena de não ver Coric, ou de ter visto tão pouco de Pjaca. Mas a qualidade individual dos croatas já não é uma novidade. O que me parece que está a melhorar, no futebol croata, são as ideias colectivas. É possível que, num futuro próximo, consigam bater o pé às melhores selecções. Têm qualidade individual para isso, tê-la-ão nesse futuro próximo, e parecem-me interessados em trabalhar colectivamente para que essas individualidades possam finalmente sobressair.
8. A Alemanha foi a melhor selecção do torneio. Não se pode ganhar sempre, e um pequeno detalhe (penalty de Schweinsteiger), num jogo que estava a dominar, deitou tudo a perder. Mas o futebol jogado foi, no cômputo geral, muito bom. Contra a Eslováquia, por exemplo, roçou a perfeição. Pode não ter dado seguimento ao título mundial conquistado há 2 anos, mas fez tudo bem feito, e é isso que lhes garante que vão continuar a ser favoritos, nos próximos torneios.
9. A Espanha começou bem o campeonato. Sem os erros do mundial de 2014 (titularidade de Koke e Diego Costa), Vicente del Bosque soube escolher um bom onze, mérito que já lho reconhecera anteriormente. Mas não soube estar à altura dos acontecimentos, quando era preciso que estivesse. Primeiro, não soube evitar que a sobranceria se apoderasse dos seus jogadores, depois das duas primeiras vitórias, e não soube convencê-los da importância de vencer o último jogo do grupo. E depois, perante uma selecção italiana a pressionar alto e a esconder a bola dos espanhóis, não soube reagir à adversidade. Já devia ter saído há muito tempo.
10. Zlatan Ibrahimovic terminou o seu percurso na selecção. Deixou de haver razões para ver a Suécia a jogar.
11. A qualidade individual da Bélgica está hoje ao nível das melhores da Europa. Para ser sincero, só vejo melhor conjunto de jogadores na Alemanha, na Espanha e, talvez, na França. Ainda assim, a selecção belga continua sem conseguir impor-se a nível europeu. Colectivamente, o futebol belga continua a ser pobre, e é isso que falta agora mudar.
12. A selecção italiana que se apresentou no Euro 2016 foi uma das mais fracas, em termos individuais, de que me lembro. E sem Marchisio e Verratti, os dois melhores médios italianos (se excluirmos Andrea Pirlo), mais fraca ainda ficou. O futebol italiano precisa urgentemente de uma revolução, e esta geração de jogadores é o sinal claro disso. Ainda assim, Antonio Conte conseguiu construir uma selecção muito competitiva. A forma como eliminou a Espanha foi notável.
Melhor Onze:
Avançados: Antoine Griezmann
Treinador: Joachim Löw
Suplentes:
Guarda-Redes: Gianluigi Buffon
Defesa Direito: Alessandro Florenzi
Defesa Esquerdo: Jan Vertonghen
Defesas Centrais: Giorgio Chiellini e Ricardo Carvalho
Médio Defensivo: Joe Allen
Médios Interiores: Luka Modric e Toni Kroos
Extremos: Julian Draxler e Nani
Avançado: Cristiano Ronaldo
Treinador: Antonio Conte
Escrito por Nuno às 20:50:00 43 bolas ao poste
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domingo, 10 de julho de 2016
Renatices
59 mins: Má opção. (Apanha uma sobra, conduz, tenta passar por Gareth Bale e é desarmado.)
Fica o video com os apontamentos individuais do Renato (excluem-se os lances sem bola a que dei destaque), ao longo do jogo, com o agradecimento ao PicaretaLeonina, que o deixou na caixa de comentários do texto anterior:
Conclusões:
2) Além da jogada do minuto 25, que serve para demonstrar que aquilo que as pessoas mais admiram no futebol de Renato Sanches não acarreta benefícios colectivos, devo ainda destacar a primeira e a última jogada em que o médio português se viu envolvido. A primeira porque é perfeita para mostrar o quão inconsequente é a sua irreverência e a sua hiperactividade: ir buscar a bola aos pés de um central e conduzi-la a toda a velocidade apenas para a deixar nos pés do lateral adversário é a melhor ilustração daquilo que vale. A última porque é perfeita para mostrar o quão irracionais são as suas cavalgadas com bola e o quão mal define, ao contrário do que se julga, em lances de condução: se não consegue respeitar o trabalho sem bola dos colegas, de nada serve que consiga acelerar o jogo.
3) Desde que o europeu começou que me parece o mais fraco de que tenho memória. É pelo menos tão fraco quanto o de 2004. Salvava-se a Alemanha, que acabou por não ter sorte nas meias-finais, a Espanha, que insiste em vir para estas provas sem treinador, a Itália, à qual falta a qualidade individual de outros tempos, e em certa medida a criatividade isolada de certos grupos jogadores croatas (Modric e Rakitic) e galeses (Allen e Ramsey). Na final, estará a equipa anfitriã, que teve muitas dificuldades para superar as poderosíssimas selecções da Roménia e da Albânia, nos dois primeiros jogos (o que conseguiu apenas porque tem individualidades notáveis), e estará também uma equipa que passou o seu grupo em terceiro, com três empates contra equipas dificílimas como a Islândia, a Áustria e a Hungria, e que se foi apurando, eliminatória após eliminatória, quase que por milagre (ou porque teve uma sorte inacreditável no sorteio, ou porque tem o melhor cabeceador de todos os tempos, ou através das grandes penalidades, ou num lance de contra-ataque depois de levar uma bola no poste). Num europeu medíocre, cujo desenho favorece os medíocres, ganhará, portanto, uma equipa medíocre. Para bem do futebol, era bom, ainda assim, que ganhasse a menos medíocre das duas.
Escrito por Nuno às 13:55:00 170 bolas ao poste
Etiquetas: Estudos, Euro 2016, Raciocínios Tácticos, Renato Sanches
segunda-feira, 30 de maio de 2016
O Benitez que há em Simeone
Escrito por Nuno às 01:00:00 80 bolas ao poste
Etiquetas: Atlético Madrid, Benitez, Competições Europeias, Oliver Torres, Raciocínios Tácticos, Simeone