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Destaques
quarta-feira, dezembro 09, 2015
O que vamos Temer?
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quarta-feira, outubro 14, 2015
'Nenhum trabalhador pode baixar a guarda'
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Armínio queria mínimo ainda mais mínimo |
Campos não via como aumentar empregos |
Joaquim Levy, 'arauto' do temível ajuste fiscal |
Dilma, no Concut, falando pra quem interessa |
Trabalhador é o inimigo da oposição e seria principal vítima do golpe |
sexta-feira, agosto 28, 2015
Feijoada, rabada com agrião, cerveja e caipirinha
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'Pepe' Mujica manda brasa na rabada e nas cervejas do Bar do José, no Rio de Janeiro |
terça-feira, novembro 04, 2014
Existe amor em São Paulo!
segunda-feira, março 31, 2014
'Tudo é possível'
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Veículo da Folha incendiado: acusado de transportar presos políticos |
Jornal chama ditadura de 'ditabranda' e gera protesto popular |
Abril de 1964: Folha defende o 'regime' |
quarta-feira, janeiro 13, 2010
"Alguém sabe por onde andam os militares?"
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A indicação foi feita pelo Twitter do Vi o Mundo. O comentarista José Nêumane Pinto, conhecido pelas suas posições conservadoras, resolveu palpitar sobre a terceira versão do Plano Nacional dos Direitos Humanos, que a grande mídia tem vendido como se fosse uma "reforma constitucional" feita por decreto. Asneira da grossa e que só faz sentido em um ano eleitoral, reverberada por uma fatia da imprensa comercial que parece ter perdido qualquer prurido em mentir.
O plano estabelece diretrizes para se fomentar uma cultura de respeito aos direitos humanos e teve outras duas edições lançadas durante o governo FHC. Tais diretrizes estão aí para serem discutidas pelas instituições e pela própria sociedade, não vão se tornar legislação com um passe de mágica. O ídolo futepoquense Cláudio Lembo, que está longe de ser de esquerda, já deu a dica: vá à fonte, leia o Plano ou confira os pontos que a mídia tem repercutido com o texto.
Abaixo, a inspiração pouco democrática de Nêumane Pinto. Triste sinal.
sexta-feira, setembro 11, 2009
Dois crimes sem solução
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Não, a data de hoje não me lembra apenas aquele misterioso atentado ocorrido em 2001 nos Estados Unidos - e do qual já não tenho muita paciência para elocubrar. O 11 de setembro me traz à mente, com maior força, o "suicídio" do presidente chileno Salvador Allende no dia do golpe militar que empossou o nefasto general Augusto Pinochet, em 1973, e o assassinato - ainda hoje inexplicado - do prefeito de Campinas (SP), Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT, também em 2001 (que ocorreu na noite de 10 de setembro, mas repercutiu no dia seguinte). Porém, acredito que, como sempre, a ladainha estadunidense-binladeniana deverá ganhar, infelizmente, mais espaço na mídia tupiniquim. Ossos do orifício.
Allende foi e continua sendo um símbolo. Mais um dos muitos casos, na América Latina, de presidentes populares democraticamente eleitos que enfrentam a ira da elite local e a sanha dos interesses externos. Com ele não teve tentativa, "revolução" ou golpe midiático, foi deposto no cacete, mesmo. Com direito a bombardeio do palácio presidencial (La Moneda), em Santiago, e imediata prisão, tortura e morte de quem estivesse na lista dos militares. A versão oficial diz que Allende se matou com um tiro de espingarda no interior do palácio pouco antes de se render. Mas quem acredita em versões oficiais de governos militares sul-americanos das décadas de 1960 a 1980? O suicídio sempre é visto como ato de covardia e os verdugos de Pinochet ainda fizeram circular a versão de que a arma utilizada tinha sido presente de Fidel Castro. Galhofa, bravata, patifaria. Com toda pinta de mentira. Para acobertar um assassinato.
Já o Toninho do PT (à esquerda) vem sendo vítima de especulações maldosas - bem como seu colega Celso Daniel, que, como prefeito de Santo André (SP), foi morto quatro meses depois, em janeiro de 2002. De Norte a Sul do Brasil, a teoria da conspiração bate sempre na mesma tecla: queima de arquivo patrocinada pelo PT, pelo Zé Dirceu, o Lula ou "a quadrilha inteira", como a Veja gosta de adjetivar. Tendo dividido mesa de bar com Toninho na campanha para prefeito em 1996 (quando perdeu), não sei que tipo de ameaça ele poderia representar para o partido e o líder, Lula, que ele tanto amava e defendia. O que sei, e que não vejo a imprensa ir atrás, é que, nos seus oito meses de governo, ele mexeu com dois dos setores mais periogosos da perigosa Campinas - as empreiteiras e os traficantes. No mais, assim como Celso Daniel, ele seria peça importante na campanha presidencial e nos futuros mandatos do governo Lula. Mas o caso parece que nunca será solucionado. E sua memória continuará sendo usada como combustível para maquinações da elite intolerante. Fazer o que? Bebamos aos mortos, que eles merecem mais respeito.
terça-feira, março 31, 2009
Mentira na data e no nome - DITADURA foi mortal
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Na data de hoje, 31 de março, muitos militares, conservadores e simpatizantes vão comemorar os 45 anos da chamada "Revolução de 1964". Mentira - e mentira dupla. O golpe (sim, senhores, esse é o nome verdadeiro!) ocorreu em 1º de abril daquele ano, com tanques na rua, contra a população civil desarmada (foto à direita). Foi no "dia da mentira", algo cruelmente sintomático. Mas, para evitar chacotas "subversivas", a data "festiva" dos milicos acabou sendo substituída pelo dia anterior. Mas a mentira mais deslavada, no caso, foi o carimbo "revolução" que a mais sangrenta, cruel e duradoura quartelada de nosso país recebeu da "história oficial". Ou aliás, quartelada não: DITADURA, com todas as letras - e maiúsculas. Que usurpou o poder, extinguiu direitos, perseguiu, cassou, prendeu, exilou, agrediu, torturou, matou, ocultou cadáveres e aterrorizou a nação por mais de duas décadas. E ainda temos que suportar a "ditabranda" da asquerosa Folha de S.Paulo. Porém, nessa data infeliz, gostaria de reproduzir abaixo, como desabafo, um texto que, apesar de longo para um post, é muito válido nessa ocasião especial:
45 ANOS DO GOLPE DE ABRIL
Caio N. de Toledo*
Há 45 anos – no dia em que o imaginário popular consagra como o “dia da mentira” – era rompida a legalidade democrática vigente no país desde a derrubada da ditadura do Estado Novo (1937-1945). Hoje, no Brasil, poucos serão aqueles que cometerão o despropósito de propor algum tipo de comemoração pública desta infausta data. Felizmente, nestes dias, em instituições acadêmicas e entidades culturais e políticas, em sindicatos de trabalhadores, em alguns jornais e revistas da grande imprensa e em blogs de jornalistas independentes deverão ocorrer debates que examinarão criticamente os significados e os efeitos do movimento de abril de 1964 na história política e cultural recente do país.
Certamente, nenhum veículo da grande mídia nacional ousará afirmar que o pós-1964 no Brasil – comparativamente às ditaduras militares sul-americanas (“mais cruéis”, “mais sanguinárias” etc) – teria sido uma autêntica “ditabranda”. Quem fez isso recentemente, se deu muito mal... Golpe ou revolução? Àqueles que ainda insistem em denominar este movimento com a noção de “Revolução”, deveríamos lembrar as palavras de um eminente protagonista daquele movimento. Em 1981, em celebrado depoimento, Ernesto Geisel declarou: “o que houve em 1964 não foi uma revolução. As revoluções se fazem por uma idéia, em favor de uma doutrina”.
Para o vitorioso de 1964, o movimento se fez “contra Goulart”, “contra a corrupção”, “contra a baderna e a anarquia que destruíam o país”. Estritamente falando, o ex-ditador reconheceu que o movimento liderado pelas Forças Armadas não era a favor da construção de algo novo no país; era, sim, um movimento contra um estado generalizado de coisas que “infelicitavam o povo e a nação brasileira”...Pertinentes, pois rejeitam a noção de Revolução para caracterizar o 1º. de abril de 1964, as formulações do militar golpista, no entanto, podem ser objeto de uma outra leitura.
Assim, é possível – a partir de uma outra perspectiva teórica – ressignificar todos os “contras” presentes no depoimento do militar. Mais apropriado seria então afirmar que 1964 representou: (a) um golpe contra a incipiente democracia política brasileira; (b) um movimento contra as reformas sociais e políticas e (c) uma ação repressiva contra a politização das organizações dos trabalhadores e o extenso e rico debate de idéias que se desenrolava de norte a sul do país.
Em síntese, no pré-1964, as classes dominantes e seus aparelhos ideológicos e repressivos – diante das iniciativas e reivindicações dos trabalhadores no campo e na cidade e de setores das camadas médias – apenas vislumbravam “crise de autoridade”, “subversão da lei e da ordem”, “quebra da disciplina e hierarquia” dentro das Forças Armadas e a “comunização” do país que, no limite, implicariam a “dissolução da família” e o “fim propriedade privada”. Embora, por vezes, expressas numa linguagem “radical” – na “lei ou na marra”, “morte aos gorilas” etc. –, as demandas por reformas sociais e políticas pretendiam, fundamentalmente, o alargamento da democracia política e a realização de mudanças no capitalismo brasileiro.
Não se pode, contudo, deixar de reconhecer que, em toda a história republicana brasileira, o golpe contra as frágeis instituições políticas se constituiu em permanente ameaça. O fantasma do golpe rondou, em especial, os governos democráticos no pós-1946 e, com maior intensidade, a partir dos anos 1960. Pode ser dito que o governo Goulart nasceu, conviveu e morreu sob o espectro do golpe de Estado. Em abril de 1964, o golpe – permanentemente reivindicado por setores privilegiados da sociedade civil – foi, então, definitivamente vitorioso.
O golpe paralisou um rico e amplo debate político, ideológico e cultural que ocorria em órgãos governamentais, partidos políticos, associações e sindicatos de classe, entidades culturais, meios editoriais e de comunicação etc. Nos anos 1960, conservadores, liberais, nacionalistas, socialistas e comunistas formulavam publicamente suas propostas e se mobilizavam politicamente para defender seus projetos sociais e econômicos.
Se o governo Goulart e os setores progressistas tiveram alguma parcela de responsabilidade pelo agravamento da crise política no pré-1964, deve-se, contudo, enfatizar que quem planejou e desencadeou o golpe contra a democracia política foram as classes dominantes – apoiadas por setores médios e incentivadas por órgãos governamentais norte-americanos (Embaixada dos EUA, Departamento de Estado, Pentágono e outras agências de segurança) – e pela alta hierarquia das Forças Armadas brasileiras.
Destruindo as organizações políticas e reprimindo os movimentos sociais de esquerda e progressistas, o golpe foi saudado pelo conjunto do empresariado (industrial, rural, financeiro e investidores estrangeiros), pela alta cúpula da Igreja católica, pela grande imprensa etc. como uma autêntica “Revolução” – com a virtude maior de ter sido ela um movimento “pacífico” e “redentor”. Aliviadas por não terem de se envolver militarmente no país, as autoridades norte-americanas congratularam-se com os militares e civis brasileiros pela “solução” que encontraram na superação da “crise política” enfrentada pelo país. A administração Lyndon Johnson (1963-1969) não pode senão festejar pois uma nova (e grandiosa) Cuba teria sido evitada ao sul do Equador...
Embora tivesse simpática acolhida nos meios populares e sindicais, o governo Goulart ruiu como um castelo de areia. Dois de seus principais pilares de apoio – como apregoavam os setores nacionalistas – mostraram ser autênticas peças de ficção. De um lado, o propalado “dispositivo militar”, comandado pelos chamados “generais do povo”; de outro, o chamado 4º. poder que seria representado pelo Comando Geral dos Trabalhadores. Ambos assistiram – sem qualquer reação significativa – a queda inglória de um governo a quem juravam fidelidade e o compromisso de defender, destemidamente, até com o sacrifício da vida...
Ao contrário do que afirmaram os “vencedores”, as classes populares e trabalhadoras estiveram ausentes das chamadas “marchas em defesa da família e da propriedade” – promovidas por associações de mulheres católicas da alta burguesia e de setores médios – que, em algumas capitais do país, pediam ostensivamente a destituição de João Goulart. No entanto, as classes populares e os trabalhadores nada fizeram para evitar a derrubada de um governo que, a partir de fins de 1963, passou a defender de forma mais estridente as bandeiras do nacionalismo e das reformas sociais.
Por sua vez, as entidades políticas e os movimentos sociais – no campo e na cidade – que afirmavam representar os trabalhadores e os setores populares nenhuma gesto tiveram para se opor ou impedir o golpe que há muito tempo se anunciava no horizonte – nas conversas dos políticos, nas páginas dos jornais e revistas e nas passeatas de ruas. Desarmadas, desorganizadas e fragmentadas, as entidades progressistas e de esquerda – muitas delas caudatárias do governo Goulart – nenhuma resistência ofereceram à ação dos militares. Poucas semanas antes de abril, algumas lideranças de esquerda afirmavam que os golpistas – caso atrevessem quebrar a ordem constitucional – teriam as “cabeças cortadas”. Tratava-se, pois, de uma rompante metáfora... Com a ação dos “vitoriosos de abril”, esta expressão, no entanto, se tornou uma dura e cruel realidade para muitos homens e mulheres durante os longos 20 anos de ditadura militar.
45 anos depois, nada há, pois, a comemorar. Aos setores democráticos e progressistas ainda cabem inadiáveis tarefas na luta pela ampliação e fortalecimento da democracia política no país; passados 45 anos, impõe que se faça justiça às vítimas da ditadura militar e que a verdade sobre os fatos ocorridos no período de 1964 a 1985 seja plenamente conhecida por todo o povo brasileiro.
*Caio N. de Toledo é professor colaborador do IFCH, Unicamp, autor de "O governo Goulart e o golpe de 1964", Editora Brasiliense, e "1964: visões críticas do golpe (org.)", Editora Unicamp.