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Depois da derrota, vem
as cornetas. Mas antes da derrota elas já se ouviam. Há que ser
feita, no mínimo, algumas reflexões, inclusive sobre algo que foi
dito aqui. Mano Menezes tem direito a convocar três jogadores acima
de 23 anos. Um dele é o lateral esquerdo Marcelo, pois o treinador
não confia no outro lateral esquerdo da equipe, Alex Sandro. Eu
também não confiava quando ele jogava no Santos (onde nunca foi
titular absoluto). Daí, na semifinal contra a Coreia do Sul, Mano
saca Hulk, o outro dos três convocados acima de 23 anos, para
colocar... Alex Sandro. Fora da sua função! Não jogou bem, mas o
time ganhou, e ele virou titular.
É com esse que a gente vai em 2014? (Foto: Rafael Ribeiro / CBF) |
Titular até os 31 do
primeiro tempo da final, quando Mano desfez o que havia feito antes.
E Hulk fez o gol brasileiro, além de ter dado a assistência para
Oscar quase marcar naquele que seria um empate improvável (e
injusto, diga-se). Fazer experiência na fase aguda de uma competição
não parece ser das coisas mais sensatas, segundo a literatura
ludopédica.
Outra mudança do
técnico durante as Olimpíadas, a entrada de Rafael como titular,
também se mostrou equivocada. O garoto errou no gol relâmpago do
México, boa parte da culpa é dele mesmo, mas não só. Quem viu a
partida entre México e Senegal, assistiu a dois erros da equipe
africana na prorrogação que resultaram na sua eliminação, porque
o México faz esse tipo de marcação no campo rival – a diferença
é que os senegaleses entregaram depois dos 90 minutos, não aos
trinta segundos. Mas a seleção mostrou que não estava preparada
para sair desse tipo de marcação. Com um volante que só toca a
bola pra trás, Sandro, e outro que prefere tocar de lado, Rômulo, o
Brasil penava pra sair com qualidade da intermediária, dificultando
o trabalho na ofensiva.
Na segunda etapa, o
Brasil adiantou a marcação, parte por conta do próprio México,
que se postou atrás e preferiu atuar no contra-ataque. Novos erros
individuais atrás, inclusive de Thiago Silva que, no mano a mano,
perdeu para Fabián, que desperdiçou. Desperdiçaria, aliás, outras
duas chances. Tomou outro gol em nova falha de marcação, embora
seja necessário reconhecer o mérito do lance ensaiado dos mexicanos
(a seleção tinha alguma jogada ensaiada?) e da execução do ótimo
Peralta. O Brasil poderia ter empatado, mas não merecia.
Uma derrota em Jogos
Olímpicos, mesmo descontando-se o frisson desnecessário sobre a tal
medalha de ouro no futebol, não seria tão doída se não fosse o
retrospecto brasileiro em Londres. Sofreu contra equipes medíocres
como Honduras e contou com erros de arbitragem para chegar à final.
É uma equipe de garotos e são eles, em sua maioria, que vão
representar o país na Copa de 2014. Os meninos podem e devem
amadurecer até lá, mas o nosso técnico vai “amadurecer”?
Acho curioso quando
falam algo do tipo: “ah, mas vai jogar todo o trabalho feito até
agora pelo treinador fora?” Bom, depende da avaliação desse
trabalho. Qual o esquema da seleção? Os jogadores jogam mais, a
mesma coisa, ou menos, muito menos do que nos seus times? Se o tal
trabalho fosse interrompido hoje, que legado deixaria? Aguardemos o
que virá depois do amistoso contra a Suécia. Se é que virá alguma
coisa.