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POR MORITI NETO
Já mais do que sabida a passagem do São Paulo às
semifinais da Copa Sul-Americana, este escriba precisava, para voltar
a publicar, de uma desculpa melhor – aos leitores e companheiros do
Futepoca – do que uma análise do jogo com a Universidad Católica
do Chile. A superação de tal bloqueio, além da fama nem tão justa
de que são-paulino só dá as caras em momentos decisivos, dependia
de um fato sintetizador do momento Tricolor. E não é que a partida
serviu?
O que se viu no 0 x 0 do Morumbi na noite desta
quarta-feira, foi um retrato claro da mudança de postura são-paulina
em relação a tempos bem recentes. É clara a evolução do time se
tomados como comparação os tempos de Leão, Adílson Batista e até
Carpegiani.
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Sofrendo com a falta de padrão e,
consequentemente, sem condições técnicas para um bom jogo
coletivo, o São Paulo, desde 2010, se arrastava e dependia de
lampejos individuais. Na mão contrária, o Tricolor de Nei Franco é
bem resolvido como equipe. Não transfere a posse de bola ao
adversário. É compacto. Avança quando perde a redonda. Reduz
os espaços dos rivais. Mesmo atuando contra uma retranca fortíssima,
por vezes bem violenta, como a da Católica, abafa a saída e rouba o
esférico rapidamente.
Outro ponto que chama atenção é o intenso uso
das pontas. Lucas, pela direita, e Osvaldo, na esquerda, contando,
respectivamente, com os apoios do surpreendente Paulo Miranda e de um
redivivo Cortez, atacam forte e marcam os laterais adversários, sem
a baboseira do cansaço para seguir na produção ofensiva.
Os cabeças de área combatem, saem jogando e
atacam. Aliás, Wellington é daquele jogador que contribui demais no
acerto de uma equipe. Depois da volta dele, fora o óbvio ganho no
poder de marcação, Denílson passou a render melhor, já que saiu
da função de primeiro homem no meio e foi para a posição onde
fica mais à vontade, a de segundo volante.
Por tudo isso é que a contenda da noite de quarta
serve a este impontual fazedor de textos. Na atuação contra os
chilenos, que garantiu a ida do São Paulo a uma decisão
internacional depois de seis anos, a equipe escondeu a bola do
adversário. Circulou-a. Trabalhou em campo grande com a posse dela e
encurtou os espaços.
Boas novas?
Faltou o gol. Porém, o problema não foi de
criação, mas de finalização. Muitas oportunidades foram perdidas
no Morumbi, algo que ocorreu até em maior escala no Chile. O que
alivia é que isso parece questão de treino de fundamento ou de
falta de inspiração dos finalizadores. Não é um problema
coletivo, como era praxe há poucos meses.
Por outro lado, preocupa o excesso de chances
desperdiçadas e as dificuldades que isso traz quando o assunto é
futebol. No caso do adversário de quarta, a falta de qualidade
técnica impunha que os chilenos ficassem postados atrás e
esperassem a bola salvadora. Contra um time razoável
ofensivamente, o castigo a quem perde tantos gols é mais provável.
De qualquer forma, mesmo esse jogo sem gols,
somado a belas apresentações recentes, como contra Botafogo,
Palmeiras e Vasco, pelo Brasileiro, e os dois jogos contra o
Universidad de Chile, pelas quartas da Sul-Americana, mostraram
qualidade e padrão que os são-paulinos clamávamos há tempos.
Alvíssaras?
2 comentários:
Vi o jogo, o São Paulo está memso bem encaixado e criou uma penca de chances de gol, que por azar caíram nos pés de Jadson, que não é o melhor finalizador da paróquia. Se bem que o LF perdeu uma cara a cara tb, que não é de seu feitio.
Dito isso, um comentário e três dúvidas:
- O Denílson é muito cavalo.
- Até quando Paulo Miranda vai jogar desse jeito?
- Como fica com a saída do Lucas?
- O que o sr. espera do Ganso?
Então, Nicolau, vou tentar responder.
- Sobre o Denílson, não me parece dúvida sua. rs Ele joga com força, sim, mas não me parece violento. O cara se formou futebolista na Inglaterra, onde o pessoal usa muito o corpo e entra um pouco mais forte que aqui.
- Como disse no texto, o Paulo Miranda é uma surpresa, aliás, muito surpresa. Consequentemente, é imprevisível.
- Sem o Lucas, o time perde muito. Hoje, a equipe joga com dois homens pelas pontas pra atacar e defender. Ambos com qualidade. O Lucas mais que o Osvaldo. Penso que precisaremos de reposição. Senão no mesmo nível, o que é quase impossível, seria legal ter um bom velocista, algo no padrão de um Bernard, pra manter o esquema.
- A outra opção é mudar o jeito de jogar. Aí, o Ganso pode ser fundamental. Ele pode atuar centralizado num meio em losango, com o Jadson pela direita e Osvaldo e LF na frente. Ou mesmo num quadrado, com ele de um lado e Jadson de outro. A incógnita são as condições físicas. Escutei de um cara que cobre o São Paulo pelo Lance que o "Ganso é o novo Pedrinho, bom de bola, mas condenado por contusões". Enfim, o Lance é aquele jornal que anunciou a saída do mesmo Ganso do Santos para o Corinthians umas três vezes.
Abraço.
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