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A pérola acima é uma leitura possivel da cobertura da Band do Torneio Internacional Cidade de São Paulo de Futebol Feminino. Ou melhor, do acordo de patrocínio. A melhor em campo leva um Kit de produtos Bombril, a marca da palha de aço com mil e uma utilidades. Quem avisou foi o João Peres.
Na partida contra o Canadá em que houve empate, ninguém menos do que Marta, a melhor jogadora do mundo por três anos consecutivos e favorita para sagrar-se pela quarta vez, ganhou os presentes por ser a Craque da marca. Que prêmio!
A companhia acredita que pode "valorizar a atuação da mulher em diferentes áreas" com a campanha. O problema é que dando um kit de produtos, reforça-se a ideia de que, ao deixar o gramado, espera-se das atletas que cheguem em casa para fazer faxina. Pior do que essa ideia, só a troça de Dudeef, no Twitter, que sugeriu uma vassoura para a pior em campo. Seria bem mais de mau gosto.
Disputado por seleções, com jogos no estádio do Pacaembu e final previsto para este domingo, 19, a competição teve, além dos países citados, Holanda e México.
Falando (mais) sério
Antigamente, quando jogo de futebol era ouvido por aparelhos sonoros movidos a pilha – quiçá transistorizados –, o melhor em campo levava um motorádio pela Rádio Globo. A empresa nem existe mais com esse nome. Já houve ocasião em que jogos de pneus e outros serviços automotivos eram oferecidos. Houve até trena que patrocinava o gol – sem falar em marca de tinta que faz merchã do melhor lance de cada etapa da partida.
Foto: Audiorama/Reprodução
Quem leva o Motorádio?
O foco, obviamente, era menos incentivar o atleta do que divulgar os produtos para os torcedores. No caso do equipamento de som automotivo, poderia até ser, já que era um tempo em que jogador ganhava menos, mas, assim como hoje, queria status. Mas ninguém esperaria que camisa 10 de time nenhum empunhe rolo de lã e brocha para dar uma demão de tinta em sua casa.
A mesma função tem o patrocínio da Bombril, alcançar a audiência mais do que as atletas. O torneio transmitido pela emissora é apenas o primeiro patrocinado pela marca de produtos para o lar. O Torneio Internacional de Clubes também terá o mesmo apoio, o que é uma notícia boa, considerando um esporte como o futebol feminino que necessita de patrocínio para se desenvolver mais no país. Não se sabe o kit permanecerá.
Mas será que a maior parte da audiência é de mulheres? Se for, que bom. Mas era mesmo necessário associá-las à segunda jornada de trabalho, em casa, cuidando do asseio? Assim como a maior parte dos patrocinadores atuais, era só apoiar o esporte e deixar a parte do brinde – e das piadas subsequentes – pra lá.
5 comentários:
Bom dia a todos.
Quem foi que -- ao ganhar um motorádio -- disse que ia ficar com a moto e dar o rádio para a mãe? Eu me lembro da história, mas não lembro do santo.
como a frase virou folclore, há várias autorias atribuídas à pérola.
O Milton Neves atribui a Bira Burro. Mas há quem diga que foi o Nunes, do Flamengo, a quem também é atribuído um volume grande de outras pérolas.
Comecei a ouvir jogo de futebol num motorádio gigantesco que meu pai tinha, preto e com frisos de madeira. Tinha umas quatro ou cinco faixas de frequência e uma delas pegava rádios do Paraguai, Uruguai ou coisa do gênero. Lembro de ouvir a decisão do Paulista de 1985, São Paulo x Portuguesa, e o melhor em campo eleito por sei lá que emissora foi o Zé Teodoro.
As trenas marcaram época. Minha lembrança é de ver os jogos do Brasileiro na Band, nas segundas-feiras à noite (sim! você que reclama dos horários do futebol de hoje em dia, saiba que antes era bem pior), com gols do Paulinho McLaren cuja distância era medida por José Luiz Datena.
A Bombril já patrocinou futebol masculino, de cabeça me lembro do Santos e do São Paulo, mas não me lembreo dela oferecer material de limpeza pros marmanjos...
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