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Minha mãe conseguiu com uns pescadores lá de São Sebastião uns camarões baratos, e eles estavam congelados, à espera. Eu tinha um uísque comprado numa viagem que fiz um ano atrás (imagine se fosse cachaça? não durava um mês, mas o uísque ainda estava na caixa, nem o plástico tinha tirado...). Faltava a ocasião para preparar e degustar o espaguete ao molho de camarão e creme de uísque, cuja receita o chef-colaborador do Futepoca Marcos Xinef postou umas duas semanas atrás. Ontem, fui descongelar um peixe e, acho que por falta de manguaça, tremi, a vista nublou e tirei o saco de camarão do congelador. Quando me dei conta, era tarde demais. Estava criada a ocasião.
O preparo, como o leitor pode conferir na receita linkada, é muito simples. Limpei os camarões (tamanho bigode-de-stalin) e piquei a cebola. Aí, água do macarrão no fogo, refoguei tudo bonitinho no azeite, acrescentando também alho e bastante sal. Dividi em duas panelas pra ampliar a área de fritura, mas ainda era pouco, então peguei mais uma frigideira, onde joguei azeite, alho e mais um tanto de sal. O aroma começou a tomar conta da cozinha, enquanto o camarão, antes cor-da-pele-do-josé-lewgoy, começou a ficar branco-róseo, com um brilho ligeiramente dourado. Juntei um copo de uísque (do bão) e deixei ferver, acrescentei o creme de leite e, em seguida, doses generosas de catupiry.
Nessa hora, em meio a uma nuvem de camarão com uísque, numa panela borbulhante, o mundo é a pura alegria. As pessoas riem, as piadas são fáceis e boas. Parecia os amigos reunidos antes de um jogo importante, mas fácil, tem expectativa mas a certeza da vitória dá outro sabor à cerveja. Me fez lembrar o Timão de uns anos atrás. O espaguete já estava quase no ponto, e provei do molho. Puts! Estava salgado! Estava bem salgado, na verdade, e vi que tudo estava a ponto de se perder... a empolgação brocharia num insosso "está supergostoso" e restaria mesmo o consolo do uísque que restara na garrafa.
Então vem à mente a imagem de minha mãe ao lado da panela, provando um molho: "Salgou! Maurício, pega as alcaparras!". Tinha um resto de alcaparras na geladeira. Tasquei lá e orei. (Pausa.) Quando servi, já estava no ponto, delicioso. As alcaparras chupam o sal! Como Plínio Correia de Oliveira, ergui minhas mãos aos céus e bradei: santa mamãe!
5 comentários:
Maurício Ayer é gente que faz!
Finalmente alguém tirou a bunda do sofá, o camarão do congelador e o uísque da gaveta! Parabéns - e principalmente à santa mamãe, que salvou o prato.
Eu também, quando tentei fazer uma receita do Xinef, errei na mão. Foi na "salsicha cozida na manguaça". Meu problema não foi com o sal, mas com a cebola. Se a alcaparra chupa o sal, a cebola chupa completamente a vodka. Assim, como coloquei mais cebola do que o recomendável, a salsicha branca picada com salsinha, alho e cebola ficou forte pacas. Comi um pão recheado com a mistura e fiquei, literalmente, de pileque.
Portanto, incautos, já sabemos: menos sal no camarão com creme de uísque e menos cebola na salsicha cozida na manguaça. E vamos ver onde erraremos no churrasco com molho chimichurri!
nem pra chamar os irmão...
mas qual a relação entre a cor do camarão e a cor da pele do josé lewgoy?
Pra tirar o excesso de sal tem a dica clássica da batata. Em molho, já usei azeitona verde.
Anselmo, deve ser "cor de coisa morta".
É Marcão, eu compartilho da sua declarada admiração com relação aos manguaças que um dia tiram a bunda da cadeira do boteco e realizam algo. Nem que seja, modestamente, neste caso, uma vez na vida outra em companhia do Lewgoy, um camarão na manguaça.
Do churrasco, há planos para a final da Liga dos Campeões... por que não chimichurri?
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