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15 maio 2013

PIB ACENTUA A QUEDA

Caminhando para Sul nunca se chegará ao polo Norte.
Por mais palavras falaciosas de promessas e falsas esperanças, se continuarmos nesta descida vertiginosa para o abismo,, nunca sairemos da espiral recessiva.

Transcrição de artigo do Público de 15/05/2013 – 10:26:

PIB português caiu 3,9% no primeiro trimestre

Trata-se do recuo mais acentuado dos nove últimos trimestres de recessão que se registam desde o início de 2011.

INE destaca contributo positivo da procura externa no primeiro trimestre.

O Produto Interno Bruto (PIB) nacional caiu 3,9% em volume no primeiro trimestre deste ano face ao mesmo período de 2012, acelerando o ritmo de contracção da economia portuguesa. Trata-se do recuo mais acentuado dos nove últimos trimestres de recessão, que se registam desde o início de 2011.

De acordo com dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), na estimativa rápida das Contas Nacionais Trimestrais, o PIB caiu 0,3% face ao trimestre anterior, entre Outubro e Dezembro de 2012. O desempenho da economia nacional dos primeiros três meses de 2013 é pior do que o previsto, por exemplo, pelos economistas da Universidade Católica, que tinham estimado uma quebra homóloga de 3,7% e para um recuo de 0,1% face ao trimestre anterior.

“A procura interna apresentou um contributo mais negativo para a variação homóloga do PIB, em resultado da diminuição mais acentuada do investimento, com destaque para o comportamento da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) em construção. Em sentido oposto, o contributo positivo da procura externa aumentou, refletindo principalmente a redução mais intensa das importações de bens e serviços”, refere o INE.

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28 março 2013

A dívida total - canibalização de um povo

Pretende-se com este primeiro texto - entre vários que irão ser divulgados em breve - proceder a uma abordagem abrangente da dívida e outras responsabilidades que impendem sobre os residentes em Portugal e que, no fundo, oneram e irão onerar durante gerações, a multidão de trabalhadores e ex-trabalhadores, tomados pelo poder do capital, os receptáculos últimos e os naturais pagadores das faturas apresentadas pelo capitalismo global[i].
Quem se resignar a esta situação está do lado da continuidade da exploração capitalista, por ignorância, por conveniência ou… é masoquista.

Não tem, evidentemente, de ser assim e isso, só pode ser evitado numa concertação de povos[ii] contra os capitalistas e a sua extirpação, numa luta que custará – não tenhamos ilusões - sangue, suor e lágrimas. Aliás, esses fluidos escorrem já hoje, abundantemente nos quatro cantos da Terra, por ação ou inação criminosas do capitalismo, dos seus mandarins, polícias e exércitos.

Ontem já era tarde para reagir. E para reagir é necessário conhecer o inimigo, o terreno do combate, as armas de que detém e como as utiliza. Este texto é um modesto contributo para o efeito, no seguimento de muitos outros já publicados sobre a dívida[iii] e não só.

Sumário:
1 - O endividamento da economia portuguesa
2 - Endividamento das empresas não financeiras
3 - Endividamento das sociedades financeiras
4 - Endividamento das administrações públicas
5 - Endividamento dos particulares
6 – Os direitos de crédito do exterior sobre a sociedade portuguesa
7 – Resumo da evolução dos vários tipos de passivos em cada agregado económico
8 - Tipos de responsabilidades por agregado económico

1 - O endividamento da economia portuguesa
A dívida do Estado, do sistema financeiro, das empresas e das famílias é, constituída, parcialmente dentro do país, numa matriz de relações interna, entre as entidades ou agregados atrás considerados e parcialmente, de modo direto, junto de entidades sediadas no exterior. Por outro lado, mesmo quando o mútuo envolve apenas entidades residentes em Portugal, muitas vezes o credor municiou-se previamente no exterior enquanto a situação inversa é muito menos relevante.

O Banco de Portugal publica regularmente as contas financeiras de Portugal. Como em qualquer contabilidade procede-se a uma avaliação do ativo e do passivo, consolidando os haveres, direitos e obrigações de empresas não financeiras, do sistema financeiro, das administrações públicas e dos particulares; designa-se por consolidado por não relevar as relações internas no âmbito de cada agregado. Como contas financeiras não contabilizam o património físico existente em Portugal, como o edificado habitacional ou instalações industriais, comerciais ou de serviços, os recursos naturais, os bens materiais dos particulares ou das empresas. Consideram-se, sumariamente, para além do ouro monetário (não o privado retido para adorno ou entesouramento), o dinheiro e os depósitos, os títulos, e os empréstimos obtidos ou concedidos."

(...)conclusão
Sendo o setor financeiro o elemento dominante na generalidade das economias, é aquele que controla os aparelhos de Estado e os gangs de mandarins, tornando-se o mais habilitado para a determinação e gestão das políticas fiscal e orçamental, da produção legislativa e da decisão política[vi]. Por outro lado, a maior desmaterialização dos seus capitais, a procura desenfreada de altos níveis de liquidez, permite ao sistema financeiro global, como aos seus saguões nacionais, margens de lucro elevadas, tornando-se por isso particularmente procurados pelos capitais, mesmo os mais especulativos dos “investidores”. Daí que haja uma tendência para o aumento do valor atribuído às empresas do setor financeiro, apesar das suas fragilidades[vii], superadas pelo desmedido e dedicado apoio do BCE e dos estados nacionais.
Por outro lado, nas empresas não financeiras, as que operam na chamada economia real, a crise financeira actual gera dificuldades de obtenção de crédito, encerramentos, redução de atividade, numa gigantesca destruição ou subaproveitamento de capital que carateriza os dias de hoje. Esses elementos contribuirão para a redução do peso das sociedades não financeiras entre as partes sociais que representam os direitos dos capitalistas detentores das empresas e o desaparecimento de largos estratos de capitalistas pequenos e médios e dos seus sonhos de passarem a grandes[viii].

Para continuar a ler e analisar em profundidade o tema,  clique este link onde terá acesso a todos os 8 pontos que compõem o artigo, e os respectivos gráficos e quadros.

07 dezembro 2012

O que nos irá acontecer ???

Em meados de Agosto, há menos de 4 (quatro) meses, no Algarve, Passos anunciou o fim da recessão em 2013, o que não pode deixar de ser relembrado agora, quando o Banco de Portugal espera recessão de 1,6% do PIB em 2013, contrariando a projecção actual do Governo que prevê uma queda de 1%.

«A instituição liderada por Carlos Costa considera que em 2013 a economia portuguesa vai recuar 1,6 %, um desempenho muito mais negativo do que a estagnação estimada no último boletim, publicado antes da apresentação do Orçamento do Estado (OE) para o próximo ano.» A Notícia PIB sofreu contracção de 3% no conjunto dos três primeiros trimestres também não é animadora e está em sintonia com o pessimismo do BdP, embora a notícias deste se refira a previsões.

Também o PR, professor catedrático de economia, admite que a situação é muito pior do que se antecipava.

Por seu lado, Passos, para apaziguar os cidadãos, esquecidos daquilo que prometeu no Algarve, diz que os números do INE «estão em linha» com as estimativas do Governo. Isto não cheira a franqueza e a lealdade, sendo mais louvável a surpresa manifestada pelo PR.

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24 novembro 2012

Façam propostas. Ajudem a sair da crise

Segundo esta notícia OE 2012. Líder do PS diz que "derrapagem orçamental podia ser evitada", o líder da oposição afirma aquilo que tem sido muitas vezes defendido por comentadores e opinadores conceituados, e que foi aqui referido várias vezes. A austeridade excessiva tem sido bloqueadora da economia e lesiva da qualidade de vida da maior parte da população.

Aplica-se aqui a frase de Manuel Carvalho da Silva em acordar do pesadelo: «A soberania do povo tem de ser assegurada e os portugueses terão de confrontar, mais do que nunca, cada partido com as suas propostas. Terão de exigir que todos apresentem programas de governação muito concretos e assegurar que os compromissos sejam respeitados.»

Segundo ela, seria bom que o líder do PS traduzisse as suas ideias em propostas positivas, expressas de forma clara e convincente com vista às medidas adequadas para a saída da crise, para o crescimento da economia e para a melhoria da vida dos portugueses. Há quem diga que não o faz, com receio de que tais medidas possam ser postas em prática pelo Governo. Mas, se fizer das suas propostas a devida publicidade terá o apoio dos eleitores que em devida altura lhe mostrarão de forma conveniente a sua gratidão.

Uma oportunidade que tem sido mal aproveitada pela oposição é a permanente evidência da sua capacidade de governar melhor para captar os votos em futuras eleições. Apresentem propostas positivas, porque o povo precisa de medidas correctas e saberá liga-las sempre aos seus autores. Os portugueses saberão confrontar os partidos com as propostas concretas que apresentarem, e não gostarão de camuflagens com promessas falsas, geradoras de esperanças ilusórias que se esfumam a breve prazo.

Precisa-se de cooperação, colaboração, convergência de esforços, enfim, espírito de equipa para bem da Nação. Precisamos de melhores dias, novas auroras.

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24 outubro 2012

Bruxelas ampara Gaspar

É ridículo que tenha que ser lembrado aos «operadores de calculadoras» que o défice é o resultado de uma operação aritmética denominada subtracção e que ocorre quando o aditivo é inferior ao subtractivo, isto é, quando as receitas são inferiores às despesas. Dito de forma a ser melhor compreendido, no caso actual, há défice sempre que as despesas são superiores às receitas, quando se gasta mais do que se pode pagar.

Isso foi explicado no post Governo não pensa em orçamento. Só pensa em receitas, isto é, os «operadores das calculadoras» centraram toda a sua capacidade nas receitas e criaram a austeridade que deu recessão mas, não satisfeitos com os maus resultados, agravaram as medidas antes aplicadas. Depois, o post Défice, receita e despesa. Bruxelas avisa mostrou que a UE pretendia chamar à razão os nossos fanáticos dos números e indiferentes às pessoa, para os levar a ver alternativas e o nosso compatriota João Salgueiro explicou que Há alternativa para a austeridade.

Mas a obsessão é tal que nada demoveu os autores do OE de seguirem pelo caminho pedregoso que conduz ao despenhadeiro e a UE não resistiu á tentação de intervir ostensivamente para impedir a catástrofe e, depois de os avisos terem batido contra orelhas moucas, decidiu ser mais acutilante e impôs que o Governo tem um mês para apresentar um plano B a Bruxelas, com medidas de redução da despesa, para a eventualidade de a receita fiscal não atingir valor suficiente. Esta medida apresenta-se muito paternalista dado que o Governo parece indiferente ao facto de que a receita fiscal já caiu 4,9% até Setembro.

E é preciso reflectir que as despesas a reduzir não devem ser aquelas que vão prejudicar os cidadãos mais carentes que, devido à austeridade, já apertam o cinto á volta das vértebras descarnadas. Há que olhar seriamente para o esbanjamento do dinheiro público como as despesas inúteis, não essenciais e desnecessárias, com apoios financeiros às «fundações» que os não mereçam pela fraca qualidade ou ausência de resultados realmente úteis para os cidadãos e/ou com gestão desadequada e exageradamente custosa que só dão benefício para os administradores tachistas da amizade e da «confiança» dos políticos. O mesmo se pode dizer de observatórios sem utilidade prática ou proporcional aos custos, de apoios a actividades sem justificação que não seja apenas o apoio a amigos, de quantidade desnecessária de assessores, de especialistas, de conselheiros, de consultores, etc. Por exemplo, para que servem tantos deputados eleitos pelo povo se, apesar da sua qualidade e quantidade, o Parlamento vai gastar 406 mil euros em estudos encomendados a gabinetes amigos, nos quais, eventualmente, poderão trabalhar deputados?

Também o Governo, apesar da quantidade de assessores e especialistas, não se poupa à generosidade de encomendar estudos e pareceres a gabinetes de advogados amigos. Recorde-se que o Governo anterior tinha pago centenas de estudos e pareceres a justificar o Aeroporto de Lisboa na OTA, o qual acabou por ser destinado à região de Alcochete. Assim se criam e agravam as crises que resultam no empobrecimento imposto à classe média e baixa, apesar de, ocasionalmente, se ouvir falar do desejo de obter «justiça social».

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24 setembro 2012

Problemas não se adiam, resolvem-se

Tenho recebido muitos comentários de pessoas afectas à área do Governo que, para aliviar a imagem deste, arranjam os mais variados pretextos para justificar o adiamento de situações problemáticas e graves, ou porque as causas vêem de trás ou porque as soluções são difíceis e custosas, exigindo coragem e sacrifícios de mordomias e privilégios.

Quanto às causas, é vulgar a insistência nos erros surgidos imediatamente após o 25 de Abril e agravados continuadamente pelos sucessivos governos. Dizem que os exageros da má governação atingiram o máximo no tempo de Sócrates, mas não querem aceitar que no actual Governo foi acelerado o agravamento da crise, com a austeridade, o desemprego, a fome, o encerramento de empresas, etc.

Ora, quer a causa esteja no Afonso Henriques, no 5 de Outubro, no 26 de Maio ou no 25 de Abril, a verdade é que o problema existe e está actualmente a sacrificar demasiado os portugueses mais carentes e desprotegidos, embora os mais poderosos e favorecidos pela política continuem com o seu luxo e espavento. Portanto, há que, sem demoras, já, se corte este vício de deixar o País deslizar velozmente para o abismo.

Não se pode deixar tal tarefa para os que hão-de vir, no futuro, porque, depois, as dificuldades serão maiores e de solução muito mais difícil. Custe o que custar, a tarefa compete aos actuais detentores do Poder. A solução tem que ser realizada já, hoje, agora, pois não admite adiamentos.

Mas há quem justifique a falta de decisões para eliminar fundações, observatórios, instituições diversas, empresas públicas e autárquicas e outros sistemas parasitários sugadores do cofre do Estado sem proporcional benefício para os cidadãos, porque tais eliminações obrigariam a indemnizações a «boys» e a «girls», por despedimento antes do fim do período de contrato. Isto é demagogia. Se tal critério fosse tão respeitado para todos os cidadãos, não haveria, hoje, tanto desemprego, pelo País fora. A racionalidade da vida diz que é preferível amputar uma perna gangrenada do que deixar que ela infecte todo o corpo e cause a morte. Com efeito, o benefício do desaparecimento de uma organização deficitária e sem utilidade efectiva (a não ser para os tachistas que alberga) acabará por, em breve prazo, cobrir as indemnizações e, depois traduzir-se em benefício financeiro para o orçamento e em vantagens para a moralização do sistema.

Parece não haver dúvidas nas linhas gerais deste raciocínio, mas começa a tornar-se evidente a ausência de patriotismo e verdadeira coragem dos políticos eleitos em exercício para defender os interesses nacionais e submeter-lhes os interesses pessoais, próprios e dos seus amigos, cúmplices e coniventes. Quando surgirá tal coragem? Quem será o heróico salvador de Portugal nesta data dramática?

A João Soares, 24 Setembro 2012

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10 julho 2012

Que alternativas encontrará o Governo ???

A notícia seguinte cria expectativa e dúvidas, mas seria desejável que o resultado ressuscitasse a esperança segura de que os Portugueses andam necessitados.

Governo procura alternativas ao corte dos subsídios que gerem “consenso”

Será bom que o Governo observe soluções que estão a ser seguidas em países mais evoluídos e que podem servir de exemplo, depois da conveniente adequação ao caso Português.

Por exemplo, nos Estados Unidos da América:
Obama defende redução de impostos para a classe média e aumento para os mais ricos

E em França:
França aumenta impostos sobre os mais ricos

Isto vem ao encontro da sugestão da UGT:
UGT: medidas não podem afectar sempre os mesmos”

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16 abril 2011

Parceiros sociais e a troica FMI, BCE e UE


Os especialistas da troica - FMI, BCE e EU - não conhecem Portugal e os meandros da vida nacional, cada vez mais complexos, devido às instituições inúteis, desnecessárias, que têm vindo a ser criadas para albergar luxuosamente os amigos e apoiantes do «querido líder».


Na reunião que com ela irão ter na terça-feira, os parceiros sociais não podem nem devem perder a oportunidade de elucidar os técnicos, a fim de os dotar de elementos clarificadores que lhes permitam ajudar Portugal a reestruturar a máquina administrativa a fim de reduzir as despesas, equilibrar os balanços e criar superavit, com aumento das exportações e redução da necessidade de importar produtos que passarão a ser criados internamente, do que resulte desenvolvimento e bem-estar para os portugueses.

Tais esclarecimentos não se espera que surjam dos partidos com mais probabilidade de virem a ser governo porque, tal como o actual, têm a tentação de criar benefícios para manter a fidelidade dos seus apoiantes. Cabe, por isso, aos parceiros sociais aproveitar bem esta oportunidade, imbuídos de sentido de Estado e de defesa dos interesses nacionais, principalmente os que terão mais em vista a população mais necessitada.

Acerca do que ficou dito do papel dos partidos, é de salientar a notícia de que o BE quer uma auditoria às contas públicas, exigência com que certamente não concordarão abertamente os partidos com esperanças de serem governo .



O País espera uma posição patriótica dos representantes dos parceiros sociais, no sentido de contribuir para ultrapassar a crise da forma mais adequada e justa e para as convenientes reformas que criem um desenvolvimento sustentado de Portugal, com a melhor justiça social.

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06 janeiro 2011

Construir o amanhã


O artigo de Manuel Maria Carrilho que se transcreve, analisa com nível universitário, a situação actual e realça alguns tópicos já aqui focados em «diversas oportunidades. O ano que agora se iniciou, vai exigir de todos os portugueses responsabilidades de decisão e acção com a finalidade de cooperar na saída da crise, com a certeza de que quem esteve na sua causa e desenvolvimento não tem condições anímicas nem técnicas para fazer parte da solução. Em eleições e outros actos formais bem como em acções espontâneas a que se seja chamado, há que ter sempre presente que é preciso mudança, é indispensável ir além de malabarismos paliativos e encontrar estruturas que beneficiem o futuro dos nossos filhos e netos. O artigo merece uma leitura muito atenta. 

 Diário de Notícias. 06-102011. Por Manuel Maria Carrilho 

A ideia-chave para que em 2011 se comece a sair do impasse em que o País e a Europa se encontram é só uma: não será com as pessoas, nem com as instituições, nem sobretudo com as ideias que nos conduziram à crise que conseguiremos sair dela.

Parece uma ideia simples, óbvia - e é. E é também uma ideia que os acontecimentos destes dois últimos anos reforçaram todos os dias. E, no entanto, ela parece quase não ter consequências, aumentando assim o abismo entre a nossa experiência quotidiana do mundo e tudo aquilo que os responsáveis políticos e os media constantemente dizem dele.

Com efeito, os dois últimos anos revelaram, tanto no plano nacional como internacional, uma invulgar incapacidade de fazer frente à crise. Em ambos os planos se pretendeu convencer as pessoas de que ela decorreu "apenas" do mau uso da financeirização da economia, que todos os seus erros e excessos foram pontuais, que talvez aqui ou ali se justificasse um pouco mais de regulamentação (quanto à supervisão, mais tarde se veria), que nada punha em causa o essencial do rumo seguido na última década, que a retoma estava sempre ao virar da próxima esquina, ou da seguinte....

Infelizmente, o Governo português comungou até ao limite deste obtuso estado de espírito. Mas rapidamente se percebeu que tudo era conversa fiada. E que nunca como agora a economia tinha estado sob o garrote de uma especulação tão descontrolada, às mãos de uma finança que tinha entretanto, sob diversas formas, conquistado os comandos do mundo.

Os dois últimos anos transformaram-se assim numa duríssima lição para aqueles que, ingenuamente, imaginaram que com a crise tinha chegado o momento de todos os regressos: do regresso da política a um lugar decisivo na vida das nações. Do regresso do Estado às suas essenciais funções de soberania, de regulação e de supervisão. Do regresso da economia a uma vida livre dos delírios especulativos e da pressão de lucros instantâneos.

Todos, ou quase todos, à direita e à esquerda, se descobriram então subitamente keynesianos, sem perceberem que o keynesianismo não é uma tábua de salvação a que se recorra conforme o aperto das circunstâncias. Mas uma visão original que, num contexto muito específico, conseguiu dar uma resposta inovadora e eficaz à crise do capitalismo. E o que hoje, numa situação que é bem diferente, tem faltado é precisamente essa capacidade.

Isto para já não lembrar um outro ponto, absolutamente central: é que o tão referido "intervencionismo" defendido por J. M. Keynes consistia numa intervenção dos poderes públicos contra a lógica cega, ou míope, dos mercados, feita em nome do bem comum e da sociedade. E não, como os keynesianos de última hora parecem pensar, numa intervenção conduzida em nome dos mercados, contra a sociedade e os seus valores.

Por tudo isto não surpreende que, depois de tantos relançamentos nos últimos dois anos, a financeirização do mundo tenha prosseguido. E prosseguido continuando a subjugar as economias aos seus caprichos mais inverosímeis, numa genial série de golpes que acabaram por fazer sempre das suas enormes fraquezas forças temíveis.

É assim que entramos em 2011. E, além disso, com sinais cada vez mais claros de uma guerra das moedas de efeitos imprevisíveis. Com uma inquietante contínua subida do custo das matérias-primas (que foi de 25% nos últimos seis meses) e com o petróleo a ultrapassar os 95 dólares. Com um G20 que pouco mais promete do que um exercício declamatório, este ano sob a batuta de um N. Sarkozy afogueado pela sua agenda interna.

A nível europeu, os impasses agravam-se, o bloqueio político parece total, as tensões da moeda única vão aumentando e a divergência das diversas trajectórias económicas vai-se acentuando, deixando como única via a dos recursos "caso a caso". Nenhum dos problemas fundamentais da União Europeia foi resolvido, e nada indica que o sejam este ano. Estamos praticamente na mesma situação de há um ano, na verdade só mudou o nome dos países sob pressão: a prová-lo, Portugal pagou ontem juros seis vezes superiores ao que pagou há um ano, para colocar 500 milhões de euros de dívida em obrigações do Tesouro.

Continuamos assim bloqueados pelas ideias que nos conduziram à crise, governados por aquilo que um economista australiano, John Quiggin, inspiradamente designou como uma economia de mortos-vivos. Isto é, uma economia dominada por ideias cuja falência vai sobrevivendo à prova dos factos. E perante isto os poderes públicos, em vez de reagirem, vão-se entregando a malabarismos sem fim, numa inédita confissão de impotência que já não escapa a ninguém.

Todos gostávamos de ver abrir-se um novo ciclo, neste começo de ano. Mas assim isto vai correr mal, muito mal. É com este realismo que Portugal deve decidir o que fazer. E de uma coisa estou certo: vai haver de facto muito para decidir em 2011.

Imagem da Net

23 novembro 2010

O Défice aumenta e Portugal afunda-se


O seguinte título de notícia do Público Défice do Estado aumentou 215 milhões até Outubro é um sinal de alarme que merece séria e honesta meditação dos responsáveis por este descalabro , os quais tinham sido eleitos pelos portugueses para defenderem os interesses nacionais, mas cuja actividade ou inactividade está a dar estes resultados.


De que estão à espera? Não é legítimo estarem a continuar com este saque. Façam o favor de desaparecer e de chamar o FMI ou uma equipa de gestores com provas dadas. Não queremos sábios professores universitários. Precisamos de pessoas com inteligência, bom senso, experiência prática de gestão e dedicação a Portugal, aos portugueses.

05 outubro 2010

A crise exige líderes válidos

Frei Fernando Ventura faz alertas para a urgência e a seriedade de medidas bem pensadas para enfrentar a cride de forma estratégica, estruturante para garantir um futuro melhor.

28 junho 2010

Há solução mas falta vontade

A crise continua sem esperanças de conclusão, apresar de os contribuintes serem esbulhados de tudo, porque o cancro não é extirpado pela raiz. Têm surgido muitos diagnósticos mas, agora, um médico aponta a terapia. Assim haja capacidade, honestidade e dedicação a Portugal por parte dos políticos eventualmente válidos que deitem a mão ao leme.

De Fernando Nobre foi dito por Mário Soares:

“Fernando Nobre é uma pessoa que admiro e que todos nós admiramos porque dedicou toda a sua vida aos outros sem pedir nada em troca e isso não tem paralelo”. “É uma figura que tem um grande relevo nacional” porque “não é só de política que vive o homem”. “Para um político que se preze o mais importante de tudo é respeitar os outros”.

Transcrevo parte do artigo que refere o discurso que fez em Arcos de Valdevez sobre a situação de Portugal e aponta algumas soluções para sair da crise:

Público. 27.06.2010. Por Lusa

O candidato presidencial Fernando Nobre comparou hoje a situação de Portugal a “uma hérnia estrangulada”, que precisa de ser operada antes que surja “a terrível peritonite e a irremediável morte”.

“Portugal precisa de trabalho e de acção, só com retórica não vamos lá”, referiu, em Arcos de Valdevez, Fernando Nobre, numa conferência integrada numa homenagem a Mário Soares. Para o também presidente da Assistência Médica Internacional, o país “está na iminência de uma gravíssima crise” e, por isso, precisa de “um plano de emergência”, que passe, desde logo, pelo “encerramento imediato de centenas ou até milhares de institutos e fundações públicos inúteis, salvo para os seus gestores”.

O fim de “certas” parcerias público privadas, a definição de medidas “moralizadoras nos salários, mordomias e reformas dos servidores de topo do Estado” e a racionalização dos meios utilizados na Função Pública são outras medidas que Nobre preconiza para o plano de emergência”. Defende ainda o congelamento de “todos os mega-projetos”, apostando os investimentos públicos para o apoio às pequenas e médias empresas, e a discriminação positiva do IVA e IRS.

“Já não há volta a dar, chegou a hora de encarar a realidade. É tempo de marcharmos todos contra os canhões que nos atingem: o fatalismo, o Chico-espertismo, a paralisante e sufocante partidarite aguda, a corrupção, a irresponsabilidade, a incompetência e o laxismo”, alertou. Nobre lembrou que Portugal “já viveu outros momentos semelhantes ou até piores” do que o actual, mas sempre teve “arte e engenho” para os ultrapassar. “Este dado histórico acalentador deve obstar ao pessimismo e ao fatalismo lusitano do momento”, disse ainda. (...)

06 janeiro 2010

A crise ensina a pensar


A crise reduziu o poder de compra de muita gente principalmente das famílias flageladas pelo desemprego. Mas mesmo os que a não sentiram tão fortemente, passaram a dar mais valor ao dinheiro e a aprender a gastá-lo com regras, com conta, peso e medida. As compras devem se precedidas de raciocínios lógicos quanto à necessidade do produto, à sua utilidade, à escolha do modelo mais adequado ao uso que se lhe irá dar, ao preço e à qualidade.

Há indicadores de que muita gente aprendeu a abster-se de coisas supérfluas, de imitação dos outros, de ostentação, etc.

Agora aparece o indicador da ACAP, nas notícias «Desde 1988 que não se vendiam tão poucos automóveis ligeiros em Portugal» e «Vendas a par de 1987 nos automóveis». São indicadores saudáveis que levam a que se felicitem os portugueses por estarem a ter mais juízo na sua economia doméstica.

Mas é preciso que os governantes estejam atentos e não caiam na asneira havida em relação ao BPN em que sacrificaram dinheiro dos contribuintes, para obviarem aos crimes dos administradores da empresa. A ACAP está a pressionar para serem mantidos os incentivos ao abate de veículos antigos como forma de apoiar o sector automóvel, estimulando as vendas, o que aumenta as importações e a dívida externa. Sobre este aspecto sugiro a leitura do post «Contribuintes pagam abate de carros».

A crise aconselha a manter os carros enquanto puderem funcionar com segurança e economia, o que deve ser deixado ao critério dos seus proprietários. O Estado já tem a garantia de segurança através das inspecções obrigatórias, não deve gastar o dinheiro dos impostos para fazer o jogo da ACAP. Por outro lado, a loucura do abate de carros em razoável estado de funcionamento prejudica muitas centenas de oficinas de manutenção e reparação e manda para o desemprego milhares de profissionais que nelas trabalham.

Já temos carros a mais, como se vê nos subúrbios de Lisboa nas horas de ponta, com as estradas pejadas de carros com apenas um passageiro cada. Ser-lhes-ia mais cómodo e mais económico irem para o emprego de autocarro ou comboio, pois a maior parte não utiliza o carro durante o dia.

O abate de um carro ainda utilizável devia ser penalizado e não estimulado.


12 junho 2008

Recordação de crise antiga

Transcrição de texto de Manuela recebido por e-mail, que também a mim fez recordar o racionamento do tempo da II Guerra Mundial e dos carros a gasogénio (vantagens de ser velho!)

Regresso ao passado

Hoje, tive a noção exacta do que sentiram as gerações que passaram por um racionamento em produtos de "primeiríssima" necessidade…

Lembro-me das histórias que me contavam sempre que não queria comer. Eram contadas com alguma mágoa, (para me fazerem comer), mas também com um misto de saudosismo pela solidariedade demonstrada pela vizinhança ou amigos, e nas quais entrava quase sempre uma personagem: "um rebuçado".

O "sr." rebuçado fez as minhas delícias de infância. Imaginar o meu avô com os bolsos cheios de rebuçados (1 tostão dava para vinte), no dia em ia à taberna jogar uma cartada e voltava a cavalo numa mula, fazia-me sorrir. Até mesmo rir, como no dia em que a mula se lembrou de dar pinotes e ele caiu, passando uma hora, às escuras, a "apalpar" rebuçados no carreiro de terra.

Mas… a verdade é que, naquelas histórias, o desejado "rebuçado" nunca foi comido ou "chupado", dissolvido na boca lentamente e com prazer. Antes pelo contrário, era logo"derretido", como por magia, assim que caía numa caneca de café de cevada.

Foi assim que eu descobri as virtudes ou as desvantagens do adoçante. Se o temos, abusamos dele ou, até, substituímo-lo por uma "migalha" adocicada, que me amargou na boca quando, glutona curiosa, lhe quis sentir o sabor. Se não existe, lá diz o ditado, " a necessidade é mestra", e usa-se o que se pode para, neste caso concreto, enganar a boca, ou mesmo o café.

Foi com estes pensamentos que cheguei a casa, carregada de farinha e, claro, de açúcar (não vá o diabo tecê-las), mas sem a carne e/ou o peixe nem, tão pouco, uma erva verdinha, até podia ser verde-seco, para acompanhar.

As prateleiras destas secções estavam completamente vazias. Vazias, como reza o meu dicionário, ainda sem acordo ortográfico. Não me lembro de alguma vez ter visto a imagem desoladora de um armazém despido da sua função! Mas não de área de consumo. Os "zombies", assim me pareceram as pessoas, puxando um cestinho vazio com rodas, passeavam-se com ar desolado ..(ou assustado?) pelos corredores e chegavam à menina da caixa com enlatados, arroz, massa e ovos, muitos ovos, não vão as galinhas entrar também em reivindicações.

Provavelmente não entram elas, mas os seus criadores, com a falta que sentem de rações para as alimentar, ou ainda, os galos, que a continuarem sem comer, entram em greve reprodutiva e o ciclo termina….

Assim como terminou o meu dia, com farinha, açúcar e o carro parado à porta, na reserva. As estações de serviço esgotaram às 2 da tarde.

Será desta que começo a andar de bicicleta para ir trabalhar? Não me estou a ver sobre um skate, nem sobre patins como as meninas dos hipermercados.

Consciente estou, que é mesmo necessário abandonar o vício da dependência. Já a psicologia o diz e a história recente o corrobora. Alterar modos de vida e comportamentos, será a solução.

Hoje, apeteceu-me voltar aos tempos do meu avô, retomar uma agricultura também ela sem dependência, a não ser a da Natureza, saudável e sempre pronta a devolver a atenção que se lhe dá. Recordei as minhas férias de menina, junto à ribeira a dar pedacinhos de pão aos patos, que às vezes iam parar dentro de uma caçarola de barro, para meu grande desgosto. Das couves que ajudava a cortar na horta para dar aos coelhos e que me entretinha a ver roer; do leite quente fervido, acabado de ser ordenhado e que me faziam beber, mas que eu detestava porque não estava dentro de um pacote!

Por alguma razão fiz hoje este "Regresso ao Passado 2" e não pode ter sido apenas por causa das prateleiras vazias de um supermercado e de uns quantos "zombies" caras pálidas, ou ainda, da hipótese de me ver sobre um skate para ir trabalhar.

Não, penso que a razão principal é ter tido maior consciência dos erros em que temos todos vivido….

Manuela

10 setembro 2007

Por uma boa causa!!!

Transcreve-se o seguinte artigo de Manuel António Pina, do Jornal de Noticias de hoje que foca um tema já aqui abordado.

Uma boa causa
Por outras palavras, Manuel António Pina

As férias impediram-me de louvar aqui o novo "Estatuto do Deputado" publicado em Julho no DR que prevê que cada deputado passe a ter um assessor "pessoal", além dos que já têm os grupos parlamentares.

A medida contribuirá decerto decisivamente para os 150 000 novos postos de trabalho prometidos no programa do Governo, mesmo custando (adivinhem a quem) entre 4,6 e 7 milhões de euros por ano. Para já serão só mais 230 empregos, mas outros hão-de vir. Iremos, pois, eleger 230 deputados e estes elegerão depois, entre cônjuges, familiares e amigos seus e do Partido, mais 230 para trabalharem (ou, se for o caso, dormirem na bancada) por eles.

Nesta altura, o PS tem já 76 assessores a quem a AR paga 2,2 milhões de euros por ano; o PSD 53 (1,7 milhões); o PCP 24 (660 mil), o CDS 22 (660 mil), o BE 26 (524 mil), o que dá um total de 201 assessores e uma média de 0,87 assessores por deputado (quem não está com meias medidas é o BE 3,25 assessores por deputado).

Feitas as contas, cada assessor ganha, em média, 2000 euros por mês, o que, nos tempos que correm, não lhes deve dar motivo de queixa. Vai ser preciso, claro, fechar mais urgências, maternidades, hospitais e escolas e despedir mais professores e funcionários públicos. Mas é por uma boa causa.

NOTA: Merece muita ponderação por parte dos contribuintes a preocupação do Governo de «reduzir a despesa pública» a fim de regularizar a crise financeira devida ao défice orçamental. Mas, como o clã oligárquico não está disposto acomodar-se a sacrifícios (isto é, não aumento dos benefícios), quem acaba por pagar é o mexilhão da anedota, isto é, o POVO pagante, o contribuinte que não tem condições de fuga ao fisco. E é tudo por uma boa causa... segundo o ponto de vista dos oligarcas e companhia!!!

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Atribuído Pela nossa querida amiga e colaboradora deste espaço, a Marcela Isabel Silveira. Em meu nome, e dos nossos colaboradores, OBRIGADO.

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