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Deu no Brasil 247. O
técnico de vôlei Bernardinho assinou sua ficha de filiação ao
PSDB do Rio de Janeiro em julho e pode ser o candidato a governador
pelo partido no terceiro maior colégio eleitoral do país. No estado que tem o
governador mais impopular do Brasil, e sem nenhum franco favorito
entre os quatro principais postulantes ao Palácio da Guanabara – a
saber, Lindbergh Farias (PT), Anthony Garotinho (PR), Pezão (PMDB) e
César Maia (DEM) –, os tucanos vão tentar emplacar um nome novo na
política para ressuscitarem no Rio.
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Bernardinho gosta de emoções fortes |
De acordo com a
matéria, o partido já tinha tentado Luciano Huck, Armínio Fraga e
Pedro Malan, sem sucesso. Em abril, Aécio Neves, já havia feito
convite a Bernardinho, aparentemente
sem sucesso. Mas, de lá pra cá, o cenário político local
mudou, o jogo está aberto e o PSDB vai testar o nome do treinador em
pesquisas internas.
Para não dizerem que
parte dos futepoquenses passou a falar mal de Bernardinho só porque
ele se filiou ao PSDB, lembramos este post
aqui e outros, nos quais foram discutidas algumas das
características do treinador. Em um dos comentários, o companheiro
Maurício definiu o esportista como “uma dessas figuras intragáveis
e desnecessárias, que justificam sua truculência com as vitórias
que obtêm. e muita gente no brasil, que gostaria muito de poder
justificar um poder autoritário do qual fizesse parte, seja ele
nacional ou simplesmente exercido na área de serviço de suas casas,
levanta a bola desses caras e minimiza seus eventuais fracassos.
muitas dessas pessoas compram jornais, outras tantas fazem jornais.”
Parece até profecia...
Mas, enfim, sabe-se que
parte da sociedade brasileira gosta de tal perfil autoritário e/ou
com a pecha de “eficiente” em figuras políticas. Dado o cansaço
com nomes tradicionais, é de se esperar não só no Rio, mas também
em outros lugares, uma enxurrada de apostas em nomes novos e, no caso
de Bernardinho, que faz palestras motivacionais para executivos, uma
novidade conhecida de outra área e com verniz de campeão. Vai ser,
no mínimo curioso.
Cabral mede o tamanho do tombo |
Ninguém reina no
Rio
A queda de Sérgio
Cabral nas pesquisas é motivada por uma série de deméritos dele
próprio e de sua equipe, contrastando com o perfil de poderoso cabo
eleitoral em 2012 e até postulante a candidato a vice-presidente da
República na chapa de Dilma Rousseff em 2014. Uma derrocada rápida,
com alguns danos certamente irreversíveis.
Mas é uma
característica da política fluminense, nesse período em que a
eleição para governador voltou a ser por voto direto, a
rotatividade de partidos no Palácio da Guanabara. Em 1982, Leonel
Brizola (PDT) surpreendeu ao derrotar Moreira Franco (então no PDS).
Quatro anos mais tarde, o próprio Franco, no PMDB, surfou na
popularidade do Plano Cruzado de Sarney e derrotou o candidato
brizolista Darcy Ribeiro.
Em 1990, já com
eleição em dois turnos, Brizola não precisou do segundo para
retornar com 61% dos votos, deixando o peemedebista Nelson Carneiro
em um distante terceiro lugar. Porém, na eleição seguinte, o
governador viu seu candidato, Anthony Garotinho, ser derrotado pelo
tucano Marcelo Alencar no segundo turno. Garotinho, ainda no PDT,
venceria em 1998, tendo como vice Benedita da Silva (PT) e derrotando
César Maia (PFL) no turno final.
Benedita assumiu o
governo com a saída do titular, que vai para a disputa da
presidência da República e emplaca sua esposa, Rosinha Garotinho
(PSB), em 2002, com vitória no primeiro turno. Já em 2006, Sérgio
Cabral vence Denise Frossard (PPS) com vantagem de 68% a 32% no
segundo turno, se reelegendo em 2010 com 66,08%.
Com tal cacife
eleitoral, muitos davam como barbada a eleição do seu vice em 2014,
o que seria algo inédito nesse Rio que não permite que o mesmo
grupo político fique mais de dois mandatos seguidos à frente do
estado e que, só no período aqui analisado, teve no Palácio o PDT,
o PMDB, o PSDB, o PSB e o PT (este, por “herança” do titular).
Tendo como parâmetro São Paulo, por exemplo, vê-se a diferença.
De 1982 a 1990, todos os governadores paulistas foram do PMDB e, de
1994 até hoje, todos foram do PSDB. Se levarmos em conta que o
governador eleito em 1994 e 1998, Mario Covas, foi nomeado prefeito
de São Paulo por Franco Montoro e José Serra, eleito em 2006, foi
secretário do mesmo Montoro (um dos fundadores do PSDB), a sensação
de continuidade fica ainda maior...
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Brizola e Garotinho: outros tempos |
Outro ponto
interessante da política fluminense é o fato de, apesar de nunca
ter conseguido hegemonia, Leonel Brizola ter alavancado parte das
figuras que passaram pelo Palácio do Guanabara e/ou que ainda estão
na corrida pelo governo em 2014. Marcelo Alencar, que se elegeu pelo
PSDB em 1994, foi presidente do extinto Banerj no primeiro governo
pedetista e se elegeu prefeito do Rio em 1988, pelo partido.
Garotinho, atualmente no PR, foi outra figura que se ergueu no
brizolismo, tendo saído do partido em 2000 e migrado para o PSB. Já
César Maia começou sua militância no Partidão (PCB), mas filia-se
ao PDT em 1981 e torna-se secretário da Fazenda no primeiro governo
Brizola, além de ter ocupado a presidência do Banerj, assim como
Alencar. Após eleger-se deputado duas vezes pelo partido, vai para o
PMDB em 1991, elegendo-se prefeito da capital um ano depois.
Mesmo com influência
tal capaz de alavancar figuras de expressão que estão no cenário
político até hoje, Brizola, em suas duas últimas eleições, foi
coadjuvante. Na disputa pela prefeitura do Rio, em 2000, ficou em
quarto lugar com 9,1% e, na eleição para senador em 2002, terminou
em sexto, com 8,23%.