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Chico Silva*
Fotos: Divulgação/BrawnFotos: Divulgação/Kimi Raikkonen
Uma cena emblemática foi vista no pódio do GP de Mônaco. Enquanto o super Jenson Button e Rubinho segundinho promoviam o tradicional banho de champagne, o nosso bom e velho Kimi Raikkonen sorvia cada gota da bebida como se fosse o último gole de sua vida. A cena passou despercebida de muita gente, mas não deste atento e, naquela manhã sóbrio, colunista. E pode explicar muita coisa.
No início do ano amigos do finlandês garantiram que o Iceman com Vodka havia abandonado os copos e as noitadas. Diziam que a manguaça estava atrapalhando o seu desempenho nas pistas. Mas a cana cobra caro de quem a abandona. A ressaca pode ter sumido. Mas os resultados também. Até Mônaco, Kimi tinha conseguido apenas um sexto lugar nas areias do Bahrein. Nas outras provas ou quebrou ou então ficou fora da zona de pontuação, caso dos GPS da Austrália, onde terminou num vexatório 16 lugar, ou na Malásia, quando cruzou a linha em um nada honroso 14 posto. O ano tem sido um dos piores desde a sua estréia na categoria, no GP da Austrália de 2001.
A falta de resultados atiçou a imprensa espanhola, que sonha ver o compatriota Fernando Alonso no cockpit hoje ocupado por Raikkonen. E rendeu também críticas de seu chefe na Ferrari, Stefano Domenicali. Incomodado com as atuações do seu funcionário, o capo ferrarista disse “que ele vivia em outro mundo”.
O fogo amigo parece ter mexido com Kimi. Em Mônaco fez um boa corrida. Só falhou na largada, quando perdeu o segundo lugar para Rubinho. A coluna torce para que ele volte aos bons tempos. E espera em breve fazer um brinde pela sua primeira vitória no ano. Ele merece.
Fotos: Divulgação/Kimi Raikkonen
Ao contrário da maioria dos colegas, Kimi veio de família pobre. Tudo bem que ser pobre na gélida Finlândia não é como ser pobre no Brasil. Não sei se sabem, mas a casa onde a família dele morava não tinha nem banheiro interno. Quando juntou dinheiro para construir um, seu pai mudou de idéia e resolveu dar um kart de presente para o filho, que já era louco por carros e corridas. É essa bela história que a abstinência ameaça. Por isso beba, Kimi, beba. Só evite quando for pilotar.
Papai não passou açúcar em mim
Quem ainda não foi ver não sabe o que está perdendo. O bom documentário Simonal, vocês não sabem o duro que eu dei, de Cláudio Manoel, Calvito Leal e Micael Langer, traz à tona uma verdade incontestável. Quando o assunto é qualidade musical, o velho Simona está a léguas de distância das crias da Trama Max de Castro e Wilson Simoninha. Parece que os dois não aprenderam nada com o pai. E para não dizer que não falei de espinhos, o filme visita o nebuloso episódio em que o cantor conta com a ajuda de agentes do Dops para espancar o contador que supostamente o tinha roubado. Tenho opinião sobre o assunto. Mas prefiro que os leitores tirem suas próprias ao ver o filme. Mas como não resisto, acho que ele foi menos cagueta do regime e mais um pilantra que se achava acima do bem e do mal. O típico malandro que acabou mané.
*Chico Silva é jornalista, wilderista (fanático por Billy Wilder) e nelson-piquetista. Em futebol, 60% santista, 40% timbu pernambucano. Bebe bem e escreve semanalmente a coluna F-Mais Umas para o Futepoca.