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"O maior peixe do
rio fica desse tamanho porque nunca é pego", diz uma mulher
misteriosa a Edward Bloom, personagem de Ewan McGregor, quando ele se
aventura a sair de sua cidade natal na fábula de Tim Burton Peixe
Grande e suas histórias maravilhosas.
A mensagem era de que, às vezes, você pode ser um peixe grande em
um rio menor, mas ser grande em um maior, ou no oceano, exige muito
mais destreza e perícia, além de outros tantos atributos como
personalidade.
O generoso Miralles homenageia Felipe Anderson (Santos FC) |
Ezequiel
Miralles é argentino, mas só teve poucas chances em uma equipe
grande de seu país, o Racing. Em passagem nada memorável, foi para
o Everton, do Chile, e foi parar no Colo Colo, onde finalmente
apareceu como um jogador capaz de decidir. Ídolo de um grande
sul-americano, chamou a atenção de outros clubes e foi parar em
outro grande do continente, o Grêmio. Durante um ano, não conseguiu
fazer seu futebol fluir. Pediu para nadar em outras plagas, e foi
atendido.
Chegou
à Vila Belmiro, lugar por vezes milagrosos, onde se multiplicam
meninos... e peixes. Finalmente conseguiu aquilo que os jogadores
tantos pedem (embora alguns nem sempre mereçam), uma sequência de
partidas. Contra o Vasco, hoje, o argentino fez sua terceira partida
seguida como titular, feito obtido graças à ausência de Neymar.
Contra o Botafogo, marcou um gol e, contra outro carioca na tarde
deste domingo, fez dois.
Miralles
fez um pouco antes dos dez da primeira etapa, após assistência de
Rosimar Amancio, também conhecido como Bill, o que muitos de forma
maldosa julgaram ser um milagre relacionado ao feriado religioso de
sexta-feira. A etapa inicial do Santos foi muito boa e o Peixe
poderia ter ido para o intervalo com uma vantagem ainda maior. Com
dois laterais de ofício novamente no lugar de meias improvisados,
houve triangulações dos dois lados do campo, com velocidade na
saída de bola e objetividade ofensiva.
Logo
no início da etapa final, vem o segundo gol. Felipe Anderson dá a
assistência, Bill puxa a marcação e a bola chega limpa para
Miralles, de primeira, finalizar como só um atacante com confiança
faz. O dois a zero, na prática, determinou o fim do jogo, já que o
Santos passa a segurar os laterais e o Vasco, mesmo com mudanças
feitas por Marcelo Oliveira para levar o time adiante, tem a posse de
bola, mas não chega lá. Os passes errados, em especial na hora da
definição, predominam e a falta de assertividade do Vasco e a falta
de capricho do Peixe na hora de chegar lá confirmaram a vitória dos
donos da casa.
Com
41 pontos, o Santos está a onze da zona da Libertadores e catorze à
frente da zona do rebaixamento, ou seja, deve permanecer na
intermediária da tabela. Mas o fato de a equipe finalmente conseguir
um relativo padrão de jogo, se livrando um pouco da dependência de
Neymar, que disputou somente dez das 30 partidas do Peixe no
Brasileirão (cadê a CBF para pagar parte do salário?), é
animador. E o peixe argentino Miralles cresce, junto com “peixinhos”
como Felipe Anderson. Mas o cardume precisa engrossar para 2013...