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Relembro bem a festa, o
apito
E na multidão um grito
O sangue no linho branco
A paz de quem carregava
Em seus braços quem chorava
E no céu ainda olhava
E encontrava esperança
De um dia tão distante
Pelo menos por instantes
encontrar a paz sonhada.
E na multidão um grito
O sangue no linho branco
A paz de quem carregava
Em seus braços quem chorava
E no céu ainda olhava
E encontrava esperança
De um dia tão distante
Pelo menos por instantes
encontrar a paz sonhada.
O apito não é de
nenhuma partida de futebol, o linho branco também não é da camisa
do Santos e a esperança distante não é de um futebol bem jogado,
ofensivo, de acordo com um tal “DNA” que alguém invocou algum
dia. Mas poderia ser. A letra acima é da canção de Roberto Carlos.
O Divã, que, aliás, inspirou os pais do ex-zagueiro de Vasco, Peixe
e outros tantos times, a chamá-lo de Odvan, em uma adequação
tipicamente brasileira. O problema é que, como diz o refrão dessa
canção, a partida de hoje entre Santos e Bahia me fez lembrar de
tal letra, principalmente do refrão “Essas recordações me
matam”...
Depois do empate em 0 a
0 com o Bahia, fora de casa, o Santos chegou a 16 pontos, a dois
pontos da zona da degola mas com um ou dois jogos a menos que aqueles
de cima ou de baixo. Melhor em aproveitamento que Atlético-MG e
Fluminense, por exemplo, que estão acima. Mas não consola. Porque o
que dói é o tipo de atitude que a equipe tem. Se antes
reclamávamos, os santistas, que com Muricy não tínhamos padrão de
jogo, hoje temos. Jogamos fora de casa, por exemplo, lá atrás, seja
contra o líder Cruzeiro, seja contra o intermediário Bahia.
Difícil, difícil...
Quem conseguiu ver o jogo no primeiro tempo provavelmente pensou:
“mas não tá passando Sílvio Santos no SBT?”. Cada time com uma
superpopulação de volantes e jogadores de marcação e, por isso
(mas não só), perdendo bolas no meio de campo, quase sem criar
chances de gol e com nenhuma criatividade.
Marcos Assunção em lance... Deixa pra lá |
Claudinei Oliveira
mudou para essa peleja. Colocou Marcos Assunção e Léo Cittadini,
sacando Neílton (que não jogava bem há algum tempo) e colocando
Montillo para atuar mais próximo a Willian José. Só com o meia
gringo que saía algo que prestasse à frente e os meias pouco
chegavam para o apoio. Tanto que a melhor “chance” (sim, entre
aspas) do tempo inicial, foi uma bola cruzada rente ao gol que nenhum
alvinegro chegou perto para empurrar.
Mas por que nenhum
jogador chegou na frente? Acacianamente, respondo: porque nenhum
jogador tinha como função chegar ali. E, no segundo tempo, isso
piorou. Um time pode jogar recuado conforme o contexto, a fase, a
sorte, a partida, a previsão do tempo, a recomendação do médico,
ou o que quer que seja. Incrível é que não tenha uma reles jogada
de contra-ataque. Sem um jogador de velocidade ou um volante que
tenha qualidade para chegar perto da área. Se não há jogadores
assim, que se libere os laterais para subir. Não. O Santos consegue
a façanha de ter a segunda melhor defesa do Brasileiro. Mas não
ganha, não faz gol e, em muitas ocasiões, se acovarda diante do
adversário. Seja qual for.
As recordações que a
música do início do texto me invocam é de um time apagado na
memória santista, do treinador Nicanor de Carvalho, que esteve no
Santos no campeonato paulista e em parte do Brasileiro de 1989. O
time era meia boca, como muitos montados àquela época, e o
comandante achou por bem armar uma equipe retrancada. A equipe ficava
muitos jogos sem tomar gols, mas também não marcava. O goleiro se
destacava, por sinal, um ex-pontepretano como Aranha, Sérgio Guedes.
"Melhores momentos." Cuidado: cenas fortes.
Mas aquele Santos não
chegou em lugar nenhum. No Brasileiro, por exemplo, mesmo com a
vitória valendo dois pontos, os empates quase não foram suficientes
para o Alvinegro se livrar do “grupo da morte” (ali, eram dois
grupos e os três piores de cada um iam disputar para fugir do
rebaixamento, outra das regras esdrúxulas desses campeonatos
brasileiros). Para a segunda fase, Nicanor caiu e foi substituído
por Pepe. Claudinei, cujo nome defendi como o melhor no momento, por
conhecer e saber lidar com garotos, não tem colocado muitos meninos
para jogar e tem mostrado medo, principalmente após a goleada para o
Barcelona. O cargo interino virou prioridade. Com Thiago Ribeiro
melhorando a forma física, Arouca retornando e uma ou outra
contratação chegando, o cenário pode melhorar. Mas a postura
incomoda. E traz as piores lembranças para o torcedor.