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Não era só o momento das duas equipes no Brasileirão que sugeria um clássico com pouca técnica. Entre os inúmeros desfalques das duas equipes estavam os mais habilidosos atletas de cada clube. O Santos não tinha Neymar, laçado por Mano Menezes para dar algum tempero aos tediosos jogos do seu aglomerado de atletas; nem Ganso, que deve voltar a treinar nesta semana. A lista dos que estavam fora de combate incluía Arouca, Elano (mais uma vez contundido), Edu Dracena, Felipe Anderson e Pará. O Palmeiras não podia contar com Kléber e Valdívia que, ainda que em uma fase ruim, são a esperança alviverde de algo que não seja uma jogada de bola parada do volante Marcos Assunção. Também não puderam jogar Luan, Cicinho e o arqueiro Marcos.
No marasmo técnico, brilhou a estrela de um veterano. O lateral-esquerdo Léo, o mais lúcido jogador peixeiro, insistiu em um lance que fez a defesa palmeirense adernar para o lado e se descuidar de Borges. A assistência de direita do atleta canhoto encontrou o homem gol alvinegro livre. Finalmente, Deola, que havia feito ao menos três grandes defesas, foi vazado aos 30 minutos do segundo tempo. O gol fez justiça não somente a quem teve as melhores (e parcas) chances do jogo, mas principalmente à equipe que procurou e quis ganhar. Ao contrário do que aconteceu na partida contra o Fluminense, desta vez o Peixe quis mais a vitória que o rival.
O Palmeiras de Felipão entrou para travar o jogo com um 3-5-2 que apostava no erro defensivo do Santos. E os três zagueiros estavam lá também para evitar a jogada aérea santista, que conta com dois bons cabeceadores, Borges e Alan Kardec. Curiosamente, a maior parte das oportunidades peixeiras – e o gol – vieram pelo alto. Os palmeirenses podem falar mais a respeito, mas o jogo e o resultado expuseram uma espécie de círculo vicioso nas partidas palestrinas recentes. Os desfalques e a limitação do elenco (que não acho tão ruim como dizem) faz com que o treinador adote um esquema cauteloso, que priorize anular as jogadas ofensivas do adversário. Mas basta um descuido para que o esquema vá por água abaixo e não haja possibilidade de mudar. A baixa autoestima dos atletas é alimentada por seguidas pelejas em que o filme se repete, e o ambiente político mais conturbado dos clubes da Série A ajuda pra que a reprise esteja marcada para a próxima rodada.
Para o Santos, a vitória acalmou os ânimos depois de três derrotas seguidas e manteve Borges no comando da artilharia do Brasileirão, com 20 gols em 25 partidas. Está a dois da marca de Serginho Chulapa, artilheiro pelo Santos em 1983, com 22 tentos, embora o time tenha jogado 26 vezes naquela competição. E também serviu para quebrar uma sequência de sete partidas sem derrotar o adversário, fato que já incomodava os santistas.
Ao que parece, o Brasileirão acabou para os dois times. Ao Santos, resta recuperar alguns jogadores, entrosar o time e se preparar para o Mundial. Já para o Palmeiras, é preciso mirar algo que parece impossível hoje: um pouco de tranquilidade.
10 comentários:
Glauco, então você discorda dos camaradas que comentaram no post do Moriti dizendo que o equilíbrio no Brasileiro não quer dizer que o campeonato está fraco, mas o contrário, de que é forte e homogêneo?
Oi?
Estou convidando o senhor a uma reflexão à luz do cenário do futebol atual, jogado no Brasil, e não em qualquer um, mas na série A do Brasileirão, considerando que o equilíbrio, diante do complexo de vira-lata do brasileiro que parece ser uma realidade, tenderia a ser considerado como um nivelamento por baixo, como aliás muita gente pensa, mas há os que pensam o contrário, que o nivelamente é por cima, mas o senhor parece pensar por cima e por baixo, e é isso que eu gostaria de esclarecer, entende?
Simplificando: acho que a coisa está ruim mesmo... E não só no Brasil.
No Brasil, o que poderia melhorar, como já disse o Nicolau, são ajustes no calendário e a consequênte melhor arrumação dos elencos, comissões técnicas incluídas, mas não sei se a CBF/federações seriam capazes de fazer esse bem ao futebol.
Eu acho que o nível técnico melhorou sim. O Santos tem um baita time, mas, muito por conta do calendário desorganizado e um pouco por faltar peças de reposição, acabou ficando fora da disputa pelo título. Tivesse pelo que brigar, os peixeiros estariam mais animados com o certame, rs.
O Palmeiras é outro caso. É um negócio de louco essa diretoria dos caras. Uma baderna impressionante que, se não for maior que a de outros times, se torna muito mais visível. Imagina trabalhar numa empresa assim? Além do mais, o time tem uns caras bons, mas está uns degraus abaixo do Santos.
Além da Libertadores, pro Santos pesou a seleção principal, que tirou em épocas distintas Neymar, Elano, Ganso e Danilo (lembrando que o Santos só conseguiu adiamento de jogos quando teve três jogadores convocados e,q uando jogou as partidas, teve desfalques do mesmo jeito) e a sub-20 tirou Danilo.
Ah, sim, acho o nível técnico da competição fraco sim, mas talvez no mesmo nível dos últimos quatro anos pelo menos. Prova disso é o desespero das equipes em fretar uma vião para ter seus jogadores da seleção nas partidas do meio de semana.
Ainda não nos habituamos ao campeonato de pontos corridos, e por isso temos a sensação de que está tudo nivelado por baixo aqui.
Nelson Rodrigues explicaria isso, e o fato é que nossa mente ainda vibra de acordo com a realidade de campeonatos europeus que têm só dois ou, se muito três ou quatro times brigando pelo título e definindo a competição com várias rodadas de antecedência.
É verdade que a coisa poderia ser ainda melhor no Brasil. Sobretudo se a seleção deixasse os times em paz (a ausência de Ralf provocou calafrios diante da presença de Moradei, já não bastassem terem tirado os decisivos Elias e Jucilei no final do ano passado), bem como se deixássemos essa nova mania de repatriar jogadores em decadência na Europa e trazê-los p/ cá como se fossem o messias.
O que eu vi de mais empolgante em termos técnicos e de emoção este ano foram as semifinais e finais do Paulista.
Vão dizer que foram as de sempre, mas convenhamos que ser semifinalista aqui é bem mais complicado que em qualquer dos outros campeonatos estaduais ou que muitos campeonatos nacionais.
Basta lembrar que o Paulistão teve, num passado recente ou nem tão recente assim, finalistas e campeões como São José, Bragantino, Santo André, São Caetano, Botafogo de Ribeirão Preto, Novorizontino, Paulista de Jundiaí…
Qual outro estadual tem isso? Qual outro nacional, tirando justamente o nosso, agora em pontos corridos, tem tantas variáveis?
Ser campeão paulista ou brasileiro pode ser tão ou até mais difícil que ganhar a Copa do Brasil, a Copa dos Campeões, a Libertadores ou qualquer liga européia, e o futebol apresentado pode ser bem mais vistoso (ou menos feio, que seja).
Exatamente por isso, comparar nosso Brasileirão com as modorrentas ligas européias p/ dizer que a nossa "liga" é inferior está equivocado.
Nesse ponto, basta (tentar) assistir a um jogo entre times intermediários da Europa ou até o jogo de um dos (poucos) grandes contra um dos (muitos) pequenos.
Glauco, minha reclamaçaõ com o calendário inclui a seleção. Parece que na maioria dos países (se naõ todos os outros) quando joga o selecionado, não tem rodada do nacional. Com isso, Santos teria boas chances de estar na briga, assim como o Inter, que perdeu Oscar em diversas oportunidades em que o garoto estava voando, além de Leandro Damião.
E tem razão, Leandro: ano passado, Elias e Jucilei fizeram grande falta e as convocações contribuiram pra gente perder o título.
Além dessa correria para buscar os jogadores da seleção - o que já demonstra algo da falta de qualidade nos elencos - outra coisa que deixa patente o nível baixo são times com campanhas horrorosas no segundo turno, vide Flamengo (principalmente) e São Paulo, estarem na briga pelo título. Não, não acho que isso seja resultado de "equilíbrio por cima". Não é normal um time grande ficar dez rodadas sem vencer e ainda ter chances fortes de ser campeão, parece-me mais ruindade geral.
Sobre as ligas europeias, também, no geral, estão ruins de ver, com exceção da Liga dos Campeões. Dessa forma, não tem nada rodriguiano de minha parte, nenhum complexo de vira-lata.
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