Destaques

terça-feira, dezembro 27, 2011

Coração sem lastro no câmbio incerto da vida

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Dezembro está marcado por dois estudos de institutos britânicos que sugerem que o Brasil já seja a sexta maior potência econômica do mundo. A ultrapassagem do Reino Unido aconteceu em 2011, devido à crise econômica do país do Velho Mundo e pela pujança da nação emergente sul-americana.

Na segunda-feira, 26, o Centro de Pesquisa Econômica e de Negócios britânico (CEBR, na sigla em inglês) conseguiu projeção por ter sido destaque em dois diários da terra da rainha – The Guardian e Daily Mail. A julgar pela edição de imagens, a economia canarinho é movida pela vista da Baía da Guanabara, pelo Cristo Redentor e pela ginga das mulatas sambando. Mas 13 dias antes, o lusitano Exame Expresso orgulhou-se de ver que a antiga colônia estava mesmo a cumprir seu ideal de tornar-se um imenso Portugal.

Mas não foi para fazer alusão ao Fato Tropical, de Chico Buarque e Ruy Guerra, que comecei este post.

Foi por me ver diante de um dilema e tanto envolvendo um gigante do samba, admirado por estas bandas tanto pela produção musical quanto, a despeito do fim trágico e prematuro, pelo desempenho em mesa de bar. Noel Rosa escreveu, com Orestes Barbosa, a divertidíssima Positivismo, em que começa logo ensinando que "verdade, meu amor, mora num poço". Nessa toada é que diz, mais adiante:

Vai, orgulhosa, querida
Mas aceita esta lição:
No câmbio incerto da vida
A libra sempre é o coração


Para alguém que viveu até 1937 e escreveu sete anos antes dos acordos e do sistema Bretton-Woods e muitos antes de sua supressão unilateral em 1971 pelos Estados Unidos, a libra até poderia ser a referência, o porto-seguro, a liquidez para onde correm os capitais no momento de incertezas. Se não o fosse, poderia cumprir a função no imaginário da população.

Mas as notícias de dezembro colocam a libra, enquanto representante da economia onde circula, como superada até pelo real. Mas será ufanista aquele que tentar colocar a moeda brasileira na poesia de Noel Rosa. Até porque, estabilidade mesmo não há com câmbio flutuante, como já leciona o sábio.

Então, se a petulante missão fosse atualizar a bela metáfora do poeta da Vila, o dólar poderia ser candidato. É para lá – mais precisamente para os títulos da dívida dos Estados Unidos – que corre boa parte do capital na hora da incerteza, apostando na liquidez. Mas mesmo esse bastião anda soluçando, com teto de endividamento estourando e um turbilhão de dúvidas desde a crise financeira de 2008. O euro, prometido como alternativa à moeda estadunidense a partir de 2000, também atravessa solavancos.

Diante da crise, estaria a metáfora comprometida? Ou seria o caso de apostar em um país que controla fluxos de capital e cotações da moeda, ainda que a patamares artificiais, como a China? Prefiro não imaginar intérprete algum cantarolando: "No câmbio incerto da vida, o yuan sempre é o coração".

segunda-feira, dezembro 26, 2011

Sorvete, fila dupla e os "petistas da USP"

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É uma anti-história de fim de ano.

No Itaim, bairro nobre na zona sudoeste da capital paulista, o palco é uma sorveteria. Por esse dado, fica claro que ninguém do Futepoca presenciou os fatos, mas as fontes são fiáveis.

Em um dia acalorado de dezembro, o público consome com afinco as massas geladas de leite, gordura e espessante. Um carrão daquelas SUVs aproxima-se vagarosamente, em busca de vagas. Não vê nem pista de um lugar para estacionar conforme recomenda o Código de Trânsito Brasileiro. Aciona, então, o pisca-alerta e para o veículo em fila dupla.

Estava calor. Ela queria tomar sorvete. Desceu do carro e para a sorveteria dirigiu-se.

Tudo bem que o período de férias escolares faz a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-SP) reduzir as campanhas para não se estacionar dessa forma. Durante a época de retomada de aulas, no longínquo mês de fevereiro, pulularão faixas com esse tipo de orientação, com vistas a evitar trânsito. Agora, no recesso estudantil, também tem menos tráfego de automóveis, o que torna o problema menos grave.

Mas não teve nada a ver com quem passava o que se viu a seguir. Duas clientes terminaram suas bolas de sorvete, pagaram e acreditavam que poderiam ir embora. Mas estavam com o automóvel travado pelo carrão com o pisca ligado.

Assistiu-se a uma espera de 15 minutos. Nem era o fim do mundo para alguém que está de férias e, de fato, a paciência demonstrada pelas donas do veículo impedido de se mover foi digna da condição.

A madame da SUV voltou, refrescada, por certo. Olhou a situação e, sem esconder a satisfação de ter poupado seu próprio tempo, ensaiou aproximação:

– Ah, meu carro atrapalha?
– É, a gente quer sair e não pode... – respondeu a outra, com uma tranquilidade rara na estressante pauliceia.
– E você quer que eu tire o carro? – tentou de novo, agora com sarcasmo.
– Seria bom. E seria bom que, na próxima, que a senhora não parasse em fila dupla, bloqueando quem para corretamente na vaga...

Agora o sarcasmo deu lugar à irritação. De cara fechada, ela apelou:

– Aé? Aposto que vocês são daquelas petistas da USP!

Entrou no carro, e saiu cantando pneu. Quem viu não entendeu bem a livre associação. Houve quem achasse que era uma tentativa de estigmatizar a interlocutora. Outros, acharam que foi só uma forma de mostrar falta de informação, já que o pessoal na ocupação da reitoria da Universidade de São Paulo, em novembro, era bem mais à esquerda do que o PT – e bem resistente à partidarização pura e simples, como acontece com outros "Ocupes" por aí. Pessoalmente, acho que tem a ver com algum medo ancestral – lá de 1989, quando a elite paulistana acusava eleitores de Lula de querer tomar-lhes as casas para uma reforma urbana à lá socialista.

O mais provável é que tenha sido só o calor.

Um dado concreto é que, se fosse um bar em vez de sorveteria, pelo menos não haveria (ou não deveria haver) motoristas na história.

quinta-feira, dezembro 22, 2011

O analfabeto político

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É sempre bom reler


O Analfabeto Político
Berthold Brecht


O pior analfabeto
É o analfabeto político,
Ele não ouve, não fala,
nem participa dos acontecimentos políticos.

Ele não sabe que o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe, da farinha,
do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.

O analfabeto político
é tão burro que se orgulha
e estufa o peito dizendo
que odeia a política.

Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política
nasce a prostituta, o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista,
pilantra, corrupto e o lacaio
das empresas nacionais e multinacionais.

terça-feira, dezembro 20, 2011

A cumplicidade da mídia matará o PSDB

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"O tempo lança à frente
todas as coisas e pode
transformar o bem
em mal e o mal em bem"

Maquiavel in O Príncipe


Das poucas coisas que aprendi da política, e do contato com políticos, uma delas é que, ao contrário do que pensa o senso comum, a política não é intrinsencamente ruim. É necessária à sociedade como modo de mediação das relações sociais e o que pode um dia transformá-la. O que a torna podre, muitas vezes, é quando se submete a interesses menores, a pessoas que gravitam em torno do poder para adquirir vantagens. E a arte da política é muitas vezes confundida com a chegada ao poder. E este, sim, o poder corrompe, e o poder absoluto corrompe absolutamente.

Uma das formas que a sociedade moderna encontrou de controlar em parte essa face discricionária foi a alternância de grupos no poder e a liberdade de expressão. No lugar-comum, o sol é o melhor desinfetante, a luz do dia revela.

Pois bem, e o que aconteceu no Brasil em bom período e em São Paulo até hoje? Um pacto entre um grupo político e os maiores meios de comunicação por interesses comuns. Pode-se falar em ideologia, negócios, defesa do livre-mercado, o que for... O que fica claro e foi demonstrado mais uma vez pelo livro "Privataria Tucana" é que os grandes meios de comunicação nunca foram equânimes.

Chegaram, esses meios de comunicação, a transformar em escândalo acordo da ministra Gleisi Hoffmann para ser mandada embora da Telebras e receber o FGTS, coisa que qualquer trabalhador faz. Ao mesmo tempo em que fazem de conta que não viram as investigações na Suíça e na Alemanha sobre propinas a tucanos pela empresa Alstom no fornecimento de equipamentos para o Metrô paulistano, quando deixaram de investigar as causas do soterramento de pessoas em acidentes na estação Pinheiros do mesmo Metrô (alguém já sabe de quem é a culpa?), ou, agora, quando deixam de noticiar a lavanderia documentada de dinheiro no exterior que coincide com as privatizações e que tornou pessoas próximas a José Serra milionárias. E que permitiu inclusive comprar a casa em que ele mesmo mora.

Ora, está provado que, para a grande mídia, o pau que dá no PT não dá no PSDB. Ok, os petistas podem reclamar com justa indignação. Mas, no longo prazo, creio que essa atuação será muito mais danosa para os tucanos.

Sem cobrança, sem fiscalização, achando que serão sempre encobertos façam o que fizerem, a tendência de se queimarem em escândalos cada vez maiores é muito grande. E quando o PSDB não puder mais ser instrumentalizado pela burguesia e pela grande mídia em defesa de seus interesses, será mais um partido jogado no lixo da história. Como já foram outros como o natimorto PFL, seu sucedâneo, o DEM, e outros mais antigos, como o PSD original. Claro que surgirá outro grupo disposto a defender os interesses da burguesia, e muitos personagens do atual PSDB estarão nesse novo veículo, que também se esgarçará com o tempo.

Disso tudo sobrará para a maioria das pessoas mais uma vez a descrença na política, enquanto os interesses de quem sempre mandou e manipulou continuarão intocados. Com a conivência de muitos.

domingo, dezembro 18, 2011

Barcelona, hoje eu sonhei contigo e caí da cama

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Muito falei aqui sobre o “sonho” de vencer o Mundial em cima do time catalão, tido por muitos como um dos melhores da História. Mas hoje de manhã, meu perturbado inconsciente que me fazia acordar de tempos em tempos durante a madrugada, desenhou um 3 a 0 para os azuis-grenás. Tentei dormir de novo naquele momento, trapaceando a mente para alterar o resultado. Não consegui.

Falar o que?
Se foi assim pra mim, imaginem para os jogadores peixeiros... No último clássico contra o Real Madrid, os alvos da capital espanhola saíram com 1 a 0 a menos de um minuto, dentro de casa. Mas, ao tomar o empate, veio todo o peso da superioridade rival e o Barça venceu por 3 a 1. No caso do Alvinegro, o peso já vinha antes da partida. Jogadores sentiram o fardo de tentar parar o melhor time do mundo e se impor.

Muricy falou durante a semana que era preciso “encurtar” o campo do rival. Ou seja, compactar o time e não cair na armadilha de correr atrás da roda de bobinho catalã, o que é um teste para a paciência e para os nervos de qualquer um. O natural seria ele fazer isso com o time atuando atrás, saindo para o contra-ataque, ou adiantando a marcação e fazendo a linha do impedimento. A segunda opção, o time fez na segunda etapa, mas, na primeira, enquanto os atacantes marcavam na intermediária espanhola, o meio de campo ficava muito atrás, dando espaço para que se articulassem as jogadas na meia cancha. Deu no que deu, o que era uma prevista superioridade, virou massacre.

Ontem, na rádio Bandeirantes, Claudio Zaidan, quando perguntado sobre o que mudaria no Santos em relação à equipe que venceu o Kashiwa Reysol, opinou: tiraria Durval e colocaria Léo. Algo que não vi (e vi muito palpite) ninguém mais cogitar. Dada a surpresa do interlocutor, ele falou da fase técnica do zagueiro, que foi muito mal enfrentando os japoneses e já vinha numa toada ruim há algum tempo.

E ele tinha razão. Muito se falou que seria preciso que o Santos não errasse e aproveitasse as chances que surgissem. Borges não aproveitou, Neymar também não; Ganso, idem. E Durval, ah, Durval, errou, duas vezes, nos dois primeiros gols, e errou em inúmeras outras oportunidades durante a partida. Era, de longe, o mais perdido. Foi herói na Libertadores, merece a gratidão da torcida, mas não é possível esconder que hoje deu uma ajudazinha ao adversário. Que nem precisava de auxílio.

Mas a verdade, doída para o santista como uma queda da cama, é que venceu o melhor e, como diria o poeta, “foi um sonho medonho/Desses que, às vezes, a gente sonha/E baba na fronha e se urina toda e quer sufocar”. O Santos está de parabéns pelo que fez na Libertadores, e o Barcelona tem que ser mais que parabenizado pelo que fez no Mundial. E pelo que ainda fará.

E o Brasil com isso?

Sempre que alguém falava da chance do Santos derrotar o Barcelona, invariavelmente vinha a argumentação de que “é uma partida só”, não ida e volta. Pois era isso: contar com uma jornada infeliz do adversário, com um Neymar que resolvesse e um Rafael que segurasse tudo lá atrás.

Claro que essa análise não se dava apenas pelo fato do Barcelona ser superior ao Santos e a todos os outros esquadrões do mundo. Mas se baseava o próprio histórico recente dos Mundiais. Desde 2005, foram cinco títulos europeus contra dois sul-americanos. E, mesmo nas duas conquistas do continente, brasileiras, não houve domínio de jogo do lado de cá. São sempre os europeus em cima, e nós nos defendendo e apostando nos contragolpes.

O Barcelona de DNA holandês é ponto fora da curva em relação aos campeões europeus anteriores (e até a ele mesmo, de 2009), mas ele escancara uma realidade para nós e para os sul-americanos: nós já tivemos toque de bola, dribles, tabelas, encantamos a todos com ginga e gols, muitos gols. Mas hoje, predominam por aqui os sistemas defensivos, baseados no contra-ataque. O Santos de Muricy é em boa parte do tempo assim, a arte fica por conta do talento individual dos jogadores. O esquema às vezes os auxilia, às vezes os atrapalha. O Corinthians, em maior medida, e o Vasco, melhores equipes do país no segundo semestre, também se estruturam a partir da defesa. Marcação, roubada de bola e estocadas eventuais. Nossos vizinhos não fazem nada muito diferente, a exceção honrosa é a Universidad Católica. Pegamos o gosto pela defesa que antes atribuíamos aos europeus? 

Neymar X Messi

Claro que, dado o resultado da final, vão chover opiniões do tipo “tá vendo como o Messi é muito melhor que o Neymar?”. É melhor sim, mas devagar com o andor. Dizer coisas como escutei na transmissão, depois do atacante alvinegro ter desperdiçado diante de Valdés, que ele deveria “ter feito que nem o Messi e tocado por cima” é ignorar o contexto da partida. Diante das dificuldades, Neymar tinha que ser 100%, o jogador do Barça, não. Tanto que ainda chegou a desperdiçar chances de gol diante de Rafael e contou com falhas de zagueiros que Neymar não teve a felicidade de ter. Aliás, se Neymar jogasse no Barcelona e Messi no Santos, o resultado teria sido diferente?

Provavelmente não, mas o nome da partida certamente seria outro...


PS
E o Mazembe, Internacional?

sábado, dezembro 17, 2011

Final do Mundial de Clubes: o que eles dizem

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Motivação e vaidade


"Vimos pela televisão a despedida do Santos no aeroporto e vimos como é importante este título para eles, mas é importante para nós também. Queremos levar o escudo de campeão mundial na camisa por uma temporada. Na Inglaterra, não dão muita importância ao Mundial, os jornais pouco falam, mas na Espanha é como na América do Sul, os jornais falam muito. Ser campeão do mundo não é uma coisa que não se pode repetir muitas vezes."
Cesc Fábregas, meia do Barcelona.

“Eu quero estar em condição. Se não entrar, quero estar no banco e saber que ele (Muricy) pode contar comigo. Agora não é hora de vaidade. Agora é hora de estar com o grupo e preparado.”
Léo, lateral-esquerdo do Santos

Neymar X Messi 

"Messi é de outro planeta porque reúne características que poucos jogadores têm. Ele é altamente técnico com a bola nos pés. Tem um poder de fogo, de matar um jogo em uma jogada, que pouquíssimos atletas tiveram. Só os melhores do mundo. Ele faz mais gols que qualquer centroavante no Barcelona. O Eto'o, o Ibrahimovic e o Villa são exemplos. Ele tem um potencial enorme, uma técnica fina. O que faz dele de outro planeta é que ele é completo. Em 2004, sabíamos que era diferenciado, só não sabíamos até onde iria chegar. Ele deve ser o melhor do mundo pela terceira vez. Messi está no clube certo, no momento certo. E está aproveitando o máximo disso".
Sylvinho, ex-lateral-esquerdo, companheiro de Messi no Barcelona de 2004 a 2009

"O Santos tem um time tão bom quanto o Barcelona. Só que possui um gênio, um talento absurdo, fora de série que é o Neymar. O Neymar é como um ótimo restaurante, o cardápio é vasto. Você nunca sabe a jogada que ele vai fazer e melhor, o garoto nunca repete o lance. Além dele, o Ganso sabe muito com a bola nos pés, o Borges é um artilheiro nato e o Muricy é um dos melhores treinadores do mundo. Será um grande jogo, repleto de chances, e acredito na vitória do Peixe por 2 a 1."
Lalá, ex-goleiro do Santos

Neymar X Puyol

"Midiático ou não, Neymar é um grande jogdor. Ele e Messi são jogadores que fazem a diferença, são muito bons. Jogadores diretos, que no um contra um podem sair pela esquerda ou pela direita. Sabem esconder muito bem a bola, então teremos que estar muito atentos e concentrados."
Puyol, zagueiro do Barcelona

"É um cara [Puyol] que sempre acompanhei pelo videogame e na TV. Enfrentá-lo é uma honra muito grande. Parece ser uma pessoa fantástica, excelente capitão. Tenho que dar um pouquinho de trabalho para ele, só um pouquinho (risos). Se ele quiser trocar camisa comigo, será uma honra."
Neymar, atacante do Santos 

"Não vamos mudar"

"Jogamos de um jeito há quatro anos e não vamos mudar. Vamos atacar, natural que o adversário tenha contra-ataques, tomara que o Santos tenha só dois como o Al Sadd, mas sei que não será assim."
Pep Guardiola, técnico do Barcelona

“É obrigação nossa de saber de todos os times, é normal, a gente estuda os adversários. As duas equipes são bem definidas no jeito de jogar, o Barcelona no toque de bola e nós na velocidade. É a nossa característica e não vamos mudar.”
Muricy Ramalho, técnico do Santos

sexta-feira, dezembro 16, 2011

Cigarro e cerveja em baixa na semana

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Dois hábitos (ou vícios, conforme a fonte) em baixa hoje em dia tiveram uma semana ruim no Brasil. Cigarro e bebidas alcoólicas sentiram o peso da mobilização antitabagista e contra as drogas agir e obter resultados. Aos fatos.

Cigarro

O cigarro está proibido de ser aceso em ambientes fechados no Brasil. A alteração na Lei 9.294, de 1996, foi promovida por um "contrabando" inserido na Medida Provisória (MP) 540, aprovada pelo Congresso Nacional em novembro. O jargão de parlamentares aplica-se a alterações na legislação que guardam nenhuma relação com o tema original da MP – no caso, aplicação de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) em obras da Copa de 2014 e outras medidas associadas – aliás, a forma como o Congresso quis que a grana do trabalhador fosse usada foi vetada pela presidente Dilma Rousseff.

A decisão sancionada por Dilma nacionaliza o que foi previsto em lei por Rondônia e por mais seis estados, incluindo São Paulo. Adeus aos fumódromos — mas também aos cabelos com cheiro de fumaça na balada, responderão os partidários da medida. Como a lei nem sempre é aplicada, já não haveria certeza de que o previsto no texto seria assegurado na prática. São Paulo que o diga. Tem site e tudo, mas não garante tanto rigor.

Neste caso, há um agravante. O Executivo ainda precisa regulamentar a medida. Isso quer dizer que é preciso emitir resolução dizendo quais são as consequências de se aspirar e expirar fumaça de derivados do tabaco em lugar fechado. Multa? Prisão? Chibatadas? A quem? Ao fumante ou ao estabelecimento? E se for em condomínio fechado, todos pagam pela chaminé do 302 que resolveu acender agora (sem nem apertar) em pleno salão de festas? Perguntas que serão respondidas quando o Ministério da Saúde se decidir.

A alteração da lei ainda aumenta os alertas sobre efeitos provocados pelo cigarro nas propagandas, ainda permitidas em pontos de venda, e nos maços. Outro dia, aliás, vi isqueiros com caveiras (parecidos com o "Isqueiro Zippo Biohazard Skull Caveira Radioativa Rock Moto" da foto) sendo vendidos ao lado de pacotes de cigarro com mensagens esteticamente parecidas (foto). Aos cidadãos identificados com a causa emo, fica o alerta.

Outra recomendação é ao atual ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Seus antecessores cometeram um gesto – nobre, à ocasião, diga-se – que atualmente seria uma ilegalidade. Na festa Kuarup, promovida pelo povo indígena Kamayurá, do Xingu (em Mato Grosso) celebram-se os mortos a 18 de agosto. Em 2004, Márcio Thomas Bastos deu um tapa no cigarro do Pajé. Três anos depois, Tarso Genro, atual governador gaúcho, puxou o fuminho. O tabaco é parte da cultura e de rituais de cura – a lei não esclarece se pode haver fiscalização em lugares fechados de construções dos nativos. O tabaco queimado simboliza a morte e a ressureição.

Marcello Casal Jr/ABr







Bebida

O revés etílico é bem mais restrito. O relator da Lei Geral da Copa, deputado Vicente Cândido (PT-SP), voltou atrás. Depois de dizer que a bebida no estádio é tratada com hipocrisia, faltaram bases para sustentar os argumentos. A pressão já fez o parlamentar abrir mão da mudança do Estatuto do Torcedor para liberar a venda de cerveja e correlatos nos estádios durante campeonatos nacionais e regionais.

Para o Mundial de 2014, a autorização a bares e restaurantes no interior das arenas comercializarem líquidos embriagantes permanece. Não se sabe até quando. Como dois terços dos 3 milhões de ingressos serão vendidos a estrangeiros – do milhão restante, 300 mil vão para indígenas e atendidos pelo Bolsa Família e programas similares – os beneficiados (ou prejudicados, a depender do ponto de vista) serão majoritariamente cidadãos não brasileiros. Pode ser um motivo a menos para dar tanta bola ao tema.

A notícia realmente boa é que os idosos tiveram assegurado o direito à meia entrada nacional, em função do Estatuto do  Idoso. Não por acaso os estudantes protestaram pela aprovação do equivalente para Juventude. No alvo deles está garantir o direito-carteirinha em todo país.

Andrés Sanchez deixa o Corinthians para "beber e trepar"

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Foto: Ricardo Matsukawa/Futura Press

Nesta sexta-feira, 16, o Corinthians amanheceu com um novo presidente. Na véspera, Andrés Sanchez afastou-se do comando do clube para, em suas palavras, "beber e trepar", segundo entrevista concedida na segunda-feira ao Diário de São Paulo. Ele deixou com o vice Roberto Andrade o cargo que ocupava desde o fatídico ano de 2007, que se encerrou com o rebaixamento da equipe para a segunda divisão do campeonato brasileiro – resultado mais vistoso dos desmandos a que o clube foi exposto durante a longa gestão de Alberto Dualib, em especial no período da parceria com a MSI. Quatro anos e uma reeleição depois, Sanches reúne conquistas importantes dentro e, principalmente, fora dos gramados.

Dentro de campo, em sua gestão foram conquistados três títulos: Brasileirão 2011, Copa do Brasil 2009 e Paulistão 2009. Teve também o título da Série B, mas esse só conta mesmo pelo retorno à primeira divisão. Mais do que os títulos, o que a gestão deixa é um time que disputou todas as competições com chances de vitória. Tanto que será a terceira participação seguida do time na Libertadores (considerando a palhaçada contra o Tolima como “Libertadores”, claro), coisa inédita. Futebol é um negócio complicado, que pode ser decidido numa jornada ruim ou num golaço inesperado, e não dá pra um dirigente garantir títulos. Dá pra garantir um time forte que chegue forte. E isso o Corinthians tem sido desde 2008.


Foto: Andrea Machado
Dois fatores relacionados com a diretoria entram nessa conta, a meu ver. Primeiro, a montagem dos elencos, mesclando grandes nomes (Ronaldo o maior deles – e nem é o diâmetro da cintura do moço que está em questão –, acerto gigantesco de Andres, com frutos muito além das quatro linhas) com investimentos acertados em atletas baratos que se mostraram bons ou, no mínimo, úteis. O Corinthians tem um olheiro que, na pior das hipóteses, sabe escolher volantes. Christian, Elias, Jucilei, Ralph e Paulinho foram todos considerados entre os melhores da posição em suas passagens pelo clube.

O outro ponto é a paciência com treinadores. Mano Menezes foi contratado logo após a definição do rebaixamento e só saiu do clube por conta do convite para assumir a seleção brasileira, em 2010, resistindo a uma queda nas oitavas de final da Libertadores no caminho, quando a torcida pediu sua cabeça. Tite foi ainda mais questionado, inclusive por este escriba. Sanchez bancou a permanência e se deu bem no Brasileirão. O comportamento é exceção entre os clubes brasileiros.

Fora de campo, também há o que se comemorar. Antes de tudo, há a alteração do estatuto do clube, abrindo as eleições para o voto direto dos associados e eliminando a possibilidade de reeleições. Dualib, nunca mais.

Em números

No campo financeiro, a edição desta segunda-feira do Diário de S. Paulo reúne alguns números interessantes para ilustrar os êxitos da presidência do ex-feirante, membro fundador da organizada Estopim da Fiel e futuro diretor de seleções da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), cargo que o deixa muito bem posicionado para a sucessão de Ricardo Teixeira, em 2015, se ele durar até lá e se não costurar um acordão político para se manter – Teixeira tem tanto apreço ao posto quanto detratores e críticos.


Robson Ventura/Folhapress
Segundo o jornal, as receitas do clube saltaram de R$ 52,2 milhões em 2007 para R$ 176,8 milhões em 2011 (a Folha de hoje fala em estimativa de R$ 220 milhões). Os maiores valores continuam vindo da TV (R$ 55 mi), seguidos pela área social (R$ 36 mi, em um setor historicamente problemático) e patrocínio da camisa (R$ 32,5 mi). Mas o maior crescimento aparece numa área antes quase ignorada pelo clube: os licenciamentos. Responsável por míseros (para o Corinthians, eu fugiria do país com esse dinheiro) R$ 300 mil em 2007, hoje já são R$ 17 milhões, a quarta fonte de receita. Fruto de uma estratégia inteligente, que diversificou produtos e criou a rede própria de lojas Poderoso Timão, que hoje possui 106 pontos de venda.

A Folha destaca que cresceu também a dívida do clube, de R$ 101 milhões para R$ 195 milhões. Sobre o tema, vi uma declaração do Luiz Paulo Rosemberg, diretor de marketing, mais ou menos assim: “dívida não se paga, se administra”. Nessa linha também vai o hoje ex-presidente, que na entrevista ao Diário, fala em “investimento”.
Pra mim, os dois argumentos fazem sentido. A dívida nominal pode ter crescido, mas a relação “dívida X PIB” (ou faturamento, no caso) está bem melhor, graças ao aumento das receitas. Houve contratações de peso, como Alex, Emerson Sheik, Liedson e Adriano, que ajudaram bastante na conquista do título e na arrecadação na bilheteria. Mais que isso, foram feitos investimento em infraestrutura substanciais, com a construção de um Centro de Treinamento moderno e o início das obras do estádio. Coisas que ficam.

Negócios

O blogueiro do UOL Erich Beting destacou recentemente pontos positivos da gestão Sanchez. Para ele, “a chegada de Andrés ao poder no Corinthians marca uma mudança de conceito do que é a gestão num clube de futebol do Brasil.” Até que é simples: dirigentes especializados em áreas chave cuidando do dia a dia do clube e liberando o presidente para exercer um papel mais externo, político. No caso, Beting destaca o papel de Raul Correa, diretor financeiro, que renegociou e geriu a dívida do clube, e Luiz Paulo Rosemberg, do marketing, que lançou campanhas para resgatar a autoestima do torcedor e valorizou fortemente a marca do clube. Como figura pública, Andrés atraiu as atenções para deixar o restante trabalhar em paz.


Djalma Vassão/Gazeta Press
Mas as vitórias de Sanchez na arena política também não foram pequenas. As duas maiores, e mais controversas, são o racha do Clube dos 13 por conta das verbas de televisão e a disputa com o São Paulo pela sede paulista da Copa 2014. Nas duas, Sanches venceu. Segundo noticiado, dobrou a verba recebida pelo Corinthians pela transmissão na TV, que dizem ter ficado perto de R$ 110 milhões, e aumentou significativamente a diferença para outros clubes (com exceção do Flamengo). E garantiu os financiamentos e apoios necessários para a construção do estádio em Itaquera, antiquíssimo sonho da torcida – e que poderá se tornar fonte de renda importante mais adiante.


O preço nas duas vitórias foi se aliar a Ricardo Teixeira, figura das mais sombrias do esporte nacional; à rede Globo, que pela primeira vez viu seu monopólio nas transmissões ameaçado pela Record; a Gilberto Kassab e Geraldo Alckmin, que apoiaram o Itaquerão de várias formas. Isso são fatos e dessas alianças, não gosto. Mas também é um fato que esse é o jogo político estabelecido no futebol brasileiro. E ele é jogado por todos os dirigentes, com maior ou menor desenvoltura. Andrés não mexeu um balde para mudar a correnteza, pelo contrário: nadou de braçada nela. Os resultados, para o Corinthians, são inegáveis.

Pessimismo numa hora dessas?

Ao revisar o texto, reconheço um otimismo muito grande na avaliação do mandatário. Para não dizer que faltaram críticas, vai pelo menos uma: o trato com as categorias de base. Foram poucas revelações no período. Apenas o goleiro Júlio César é cria do clube entre os atuais titulares. Além dele, frequentaram os profissionais os atacantes Dentinho, Elias, Marcelinho e Taubaté, os meias Boquita, Lulinha e William Morais, e o lateral-esquerdo Dodô, se bem me lembro. Sobre o fracasso, cabe destacar uma tragédia e uma agressão: respectivamente, o assassinato de William em Minas Gerais e a contusão de Dodô, emprestado ao Bahia, após entrada violenta do zagueiro Bolívar, do Inter.


Primeiro, há claramente um problema na transição entre a base e o profissional. Os jogadores não tem acompanhamento psicológico e não há uma cultura no clube de se proteger e valorizar os “prata da casa”. O outro é a vitoriosa estratégia de comprar jogadores bons e baratos. Isso fecha espaços no elenco que poderiam ser preenchidos dando chances para jogadores formados no “Terrão”.


O próprio Sanches já reconheceu em entrevistas que esse é o ponto fraco de sua gestão e disse que gostaria de ter deixado um centro de treinamento exclusivo para a formação de jogadores. Imagina-se, então, que o provável sucessor do bem sucedido presidente, o delegado Mário Gobbi, vá mexer nesse vespeiro – que inclui ainda, é claro, um monte de relações que vão de questionáveis a escrotas entre conselheiros, empresários e jogadores. Se assim for, a oposição, que disputa as eleições de fevereiro próximo com Roberto Garcia, vai precisar trabalhar bastante para chegar ao poder.

Foto: Ari Ferreira

quarta-feira, dezembro 14, 2011

Santos afasta Mazembe japonês e vai à final do Mundial

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O título acima não é só uma ideia fraca de edição. O espectro do time africano pairava – como acho que vai pairar por algum tempo para os times brasileiros – e os jogadores do Santos pareceram sentir isso durante os 90 minutos da peleja contra o Kashiwa Reysol. Não era só a ansiedade da estreia que atrapalhou o desempenho da equipe, que até pintou que iria golear após marcar 2 a 0, mas essa tensão que o Inter deixou como legado para seus conterrâneos vindouros.

Depois de um primeiro tempo bom da equipe santista, o segundo foi bem abaixo, e os japoneses chegaram a se animar. Mesmo assim, tomaram duas bolas na trave e Danilo perdeu um gol na cara de Sugeno, após assistência de Neymar. Não, não foi uma partida de encher os olhos, mas a vantagem de dois gols em uma semifinal é a maior de um time brasileiro desde que o campeonato passou a ser disputado com esse formato, em 2005. Naquele ano, o São Paulo passou pelo Al Itthad por 3 a 2 e, em 2006, o Inter superou por 2 a 1 o Al-Ahly. Mas há alguns fatos para se preocupar.

Joga nada esse moleque... (Leandro Amaral/Divulgação)
Primeiro, essa foi uma das piores partidas da zaga peixeira no ano. Dracena, Bruno Rodrigo e Durval abusaram do direito de ser lentos e o miolo, em especial, rifou a bola como pôde boa parte do tempo. Por conta disso, Muricy já cogita a volta de Léo, o que seria o mais acertado, mesmo que ele não tenha plenas condições físicas. O time ganharia uma opção de saída de bola e mais velocidade e toque na lateral esquerda.
  
Outro ponto é o meio de campo. Elano, pós-contusão, consegue ser um pouco pior do que o Elano pré-contusão, que já não vinha atuando bem. Só é titular porque Adriano está contundido. Aliás, o setor do meio de campo foi o mais castigado pelas lesões na temporada: vários atletas ficaram pelo menos um mês fora de jogo, entre titulares e reservas. Sem uma formação sólida no setor, a zaga sofre ainda mais. Na partida contra o Barcelona, certamente o meio jogará mais próximo da defesa, mas há de se temer a fragilidade na área onde os catalães dominam.

Pontos positivos? Bom, esse time tem Neymar. Como disse Mauro Beting no Twitter: “O gol que o destro Neymar fez de pé esquerdo poucos craques canhotos fariam”. Não, o garoto pode ainda não ser melhor que Messi, mas sua esquerda já é melhor que a direita do argentino. E o Alvinegro tem Borges, que aparece pouco, mas fez um tento que lhe dá confiança para aproveitar as minguadas oportunidades que vão aparecer contra os espanhóis (sim, estou dando de barato que o Braça está na final).

Tem mais no domingo (Ivan Sartori/Santos FC)
E há PH Ganso. O rapaz que acha que fez um grande negócio ao vender parte dos seus direitos econômicos ao grupo que só fez com que ele perdesse dinheiro em todo o ano de 2011. Segundo Caio Ribeiro, foi o melhor do time porque soube “controlar o jogo”. Não, não foi. De fato, ele marcou. Decerto, prendeu a bola. Mas... quantos chutes deu? E quantas assistências? De um camisa dez como Ganso espero lances de genialidade, que ele faça a bola correr com um toque só, como tantas vezes poderia ter feito quando Danilo se ofereceu na direita. Neymar, quando voltou para o meio, armou mais que ele.

Contra o Barcelona, a obrigação não estará mais sobre os ombros e a equipe pode jogar mais solta. Contudo, para ser campeão mundial, o time precisa de Ganso. Oxalá ele faça companhia a Neymar no domingo e seja também protagonista de uma partida histórica.

terça-feira, dezembro 13, 2011

República DO Bahia

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POR Fabricio Lima


Eu ainda me recordo das estórias do meu pai sobre como os opositores do regime militar se reuniam no meio da torcida organizada "Povão". Mas eu particularmente duvido que o assunto que se comentava nas austeras arquibancadas da Fonte Nova fosse qualquer coisa relacionada aos amigos que continuavam detidos no quartel de Amaralina ou mesmo a escalada da restrição aos direitos civís durante o governo Castello Branco.

Em 1965, pelo menos enquanto se estivesse nas dependências do estádio, não se falava em outra coisa que não fosse o fato de que o Bahia, finalista de 3 das 4 edições anteriores da Taça Brasil tinha sequer se qualificado para dispuitar a edição daquele ano e isso depois de uma campanha pífia na Libertadores de 1964. "Será o Benedito?" "Ou Será o Osório?" - finado presidente do clube, a quem meu pai chamava de "lambedor de caudílho".

Se já era difícil dissociar a política do futebol quando o assunto é o Bahia e, essa semana, tornou-se impossível. Até agora os jornais da cidade não sabem em que editoria colocar as notícias relacionadas as conturbadas eleições para presidente do clube que, na ultima terça-feira, chegou até a ter um interventor externo nomeado pela justiça para gerir a instituição enquanto uma ação judicial aberta pela oposição tramita na justiça. Nenhuma novidade em uma eleição no Bahia.

Marcelo Guimarães Filho: democracia?
Os problemas dessas eleições começaram muito antes da ida às urnas na terça. Antes de mais nada é preciso entender o processo eletivo no clube: O presidente é eleito pelos 323 nomes que formam o Conselho Deliberativo do clube, que por sua vez é eleito pelos sócios (Nos mesmos moldes da "democracia" instaurada pelo já citado "presidente" Castello Branco que vigorou no Brasil até o fim do regime militar). E é justamente nesse Conselho Deliberativo que os problemas aparecem.

Além da acusação da existência de "laranjas" na lista de conselheiros, em outubro desse ano a diretoria do Bahia substituiu 58 nomes dessa lista sob a alegação de que constavam nela conselheiros já falecidos ou que teriam pedido afastamento, além daqueles que não preenchiam as exigências do estatuto do clube.
O problema é que, além da explicação não ter sido bem digerida pela oposição, alguns dos novos nomes também não estão áptos a compor o conselho de acordo com o mesmo estatuto.

De acordo com o estatuto, só podem ser eleitos como membros desse Conselho Deliberativo sócios do clube. Não é o caso do vereador Paulo Câmara (PSDB), que tornou-se conselheiro há um ano e meio, sem nunca ser sócio do clube. O próprio admitiu ao jornal 'A Tarde' de Salvador que entrou a convite de amigos. "Nunca fui sócio, entrei diretamente”.

Outra denúncia de violação do estatuto (mais especificamente no texto que diz que "o sócio patrimonial adquire o direito de votar após 12 meses e de ser votado após 36 meses da sua admissão") é o caso do empresário Oldegard Filho, agente do jogador Ávine que, na mesma matéria afirma: “Entrei no Bahia como sócio em 2008 ou 2009, não me lembro exatamente. Em 2009, fui eleito suplente e agora fui efetivado como conselheiro”.

Com isso a oposição (que fique bem claro, assim como em Brasília, não tem nada de santa) entrou com uma liminar na 28ª Vara Cível de Salvador alegando ilegalidade nas alterações de nomes da lista, paralisando as eleições. Chegou-se ao extremo da justiça nomear um interventor (sem qualquer ligação com a situação ou oposição) para assumir presidência do clube enquanto um processo corre na justiça, o advogado mineiro Carlos Rátis, 34 anos, torcedor do Atlético MG.

Mas o atual presidente do clube (e candidato único dessa "eleição") Marcelo Guimarães Filho, apesar da cara, não é nenhum menino.

Na calada da noite, o setor jurídico do clube se mobilizou para derrubar a liminar e por volta da 1h28 da manhã de quarta-feira o desembargador Gesivaldo Brito concedeu parecer favorável ao pedido de "Marcelinho". Ato condenado pelo diretor da Faculdade de Direito da UFBA, Celso Luiz Braga de Castro que qualificou a manobra como "uma burla violenta ao chamado princípio do Juiz Natural".

“Não se pode escolher o Desembargador para julgar o caso, e o Bahia fez isso. Todos nós, inclusive o Bahia, já sabíamos da escala do Tribunal. Eles estavam cientes que o Gesivaldo Brito estaria no plantão desta quarta. Foi uma atitude estratégica do clube.” Declarou Braga à agência 'Bahia Notícias'.
Braga ainda salienta que o plantão foi criado para ser usado em situações de emergência, onde fica caracterizado um dano irreversível ao caso em questão, como por exemplo, o julgamento de um Habeas Corpus, decisões que envolvam saúde (internações e cirurgias), e consequentemente, violação do direito à vida do indivíduo.

A "eleição" prosseguiu pela quarta-feira sem mais percalsos aparentes e no fim do pleito Marcelo Guimarães Filho contabilizou – que surpresa! - 216 dos 216 votos válidos reelegendo-se presidente do Bahia.

Capitania Hereditária

A torcida aguarda dias melhores
Quando o segundo mandato de Marcelo Guimarães Filho chegar ao fim em 2014, ele terá contabilizados 6 anos à frente do Bahia. Muitíssimo amigo do presidente corintiano Andrés Sánchez – a ponto de na 7ª rodada do Brasileirão mesclarem as coletivas de imprensa de ambos os clubes numa sala só – o rapaz de 35 nos (ex-deputado federal pelo DEM), a despeito da sua imagem jovem e arrojada, nada mais é do que a continuidade de poder de um grupo político que rege o Bahia com "mãos de ferro" há quase 30 anos.

Antes dele, a cadeira de presidente do Bahia era do seu pai – Marcelo Guimarães. Somando o período em que seu pai esteve no poder e a gestão Petrônio Barradas (que assumiu o cargo interinamente para completar o mandato que Marcelo Guimarães renunciou) o Bahia contabilizou 2 rebaixamentos para série B, um rebaixamento para a série C e viu seu arqui-rival Vitória conquistar 8 estaduais em 11 anos (quase 1/3 dos títulos do rubro-negro baiano nos 107 anos de história do segundo campeonato de futebol mais antigo do país).

Em 24 de novembro de 2006, cerca de 65 mil torcedores do Bahia (50 mil de acordo com a Polícia Militar na época) tomaram as ruas de Salvador em uma passeata pedindo o fim do a saída dos "homens fortes" do clube , eleições diretas para presidente e o fim da parceria com o banqueiro Daniel Dantas e seu banco Opportunity que, de tábua de salvação tornou-se a âncora que afundou ainda mais as finanças do clube além de envolver o Bahia na teia de relações escusas que chacoalhou o cenário político do país em sua história recente. Não foi o bastante.

Hoje, o 13º clube do 'Clube dos 13' não é nem sombra do time que venceu 2 das 4 finais nacionais que disputou, que disputava o campeonato baiano pela mera formalidade de levantar a taça além de estar ha mais de 22 anos sem disputar uma Libertadores. Em 2012, no retorno à série A depois de 7 anos no ostracismo, se contenta com a segunda maior média de público do Brasileirão e uma vaga na Sulamericana conquistada no apagar das luzes.

Ao torcedor do Bahia, só resta esperar... e torcer.

segunda-feira, dezembro 12, 2011

Cachaça orgânica e vinho no armazém da agricultura familiar

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Uma loja virtual para negociar no atacado e no varejo com cooperativas de agricultura familiar. É a promessa do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) com a Rede Brasil Rural. A plataforma vai ser lançada nesta terça-feira, 13, em Porto Alegre, terra do ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho (que pouco tem de fazendeiro, mas atende à representação do agronegócio na Esplanada).

A estrutura parece bem pensada, com ferramentas para facilitar o acesso de produtores a editais de licitação para compra de alimentos para merenda escolar. Acontece que Lei da Alimentação Escolar prevê que, no mínimo, 30% dos recursos para a merenda escolar sejam destinados diretamente a agricultores familiares.

 Produtores orgânicos no Paraná são 5 mil

Pode parecer muito, mas agricultura familiar é responsável por 70% dos alimentos consumidos pela população brasileira, segundo o Censo agropecuário de 2006, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar disso, a atividade ocupa 24,3% da área total dedicada a lavouras e 38% do valor bruto da produção.

Pode parecer, então, pouco, já que em média é dessas propriedades que vem o arroz e feijão nossos de cada xepa. Talvez. O dado objetivo é que muitas prefeituras não conseguem encontrar fornecedores aptos e tem de rebolar para cumprir a legislação.

Mas o ponto alto da história é a possibilidade de comprar insumos e vender alimentos e produtos diretamente ao consumidor final. Com os Correios organizando a logística (toda descentralizada) de retirada e entrega de encomendas e pagamentos seguros pela internet, é possível passear virtualmente pelo Armazém Virtual da Agricultura Familiar.

O primeiro item de interesse comunitário: cachaça orgânica.

Embora o destilado de cana seja, no que tange à maioria dos produtores artesanais, cultivado a partir de plantas sem agrotóxicos nem insumos químicos, são relativamente poucos os rótulos com certificação. E mais difícil ainda é achar a danada feita fora dos principais polos – leia-se as grandes de Minas Gerais e uma ou outra renomada de fora desse circuito.

Outro item que pode ser incluído na cesta de compras do ébrio navegante – mas com consciência social para buscar produtos de qualidade, em uma perspectiva que se aproxima do comércio justo – é o vinho. A explicação para o fenômeno, nesse caso, envolve o fato de que boa parte das 1,6 mil cooperativas pré-inscritas têm sede na região Sul, especialmente no Rio Grande.

A primazia dada aos alcoólicos pelo recorte aplicado neste texto ainda não foi incorporada pelo MDA. Um dia, quando o Manguaça Cidadão for estruturado, isso muda. Considere-se que é Dilma Rousseff quem vai participar do lançamento do programa, e não Luiz Inácio Lula da Silva, cuja posição sobre o universo etílico era sabidamente mais alinhada à do Futepoca.

No Armazém, há ainda queijos finos, sucos, artesanato e cosméticos produzidos a base de matérias-primas brasileiras. Detalhes, detalhes.

Atualização às 13h10 de 15/12/2011:

O Rede Brasil Rural fica em www.redebrasilrural.mda.gov.br

domingo, dezembro 11, 2011

Kashiwa Reysol será o adversário do Santos na semi do Mundial

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Definido o rival do Santos na semifinal do Mundial de Clubes. O adversário será o Kashiwa Reysol. Após 1 a 1 nos 90 minutos e uma prorrogação arrastada, a equipe nipônica, de Nelsinho Baptista, venceu nos pênaltis o mexicano Monterrey.

Após um primeiro tempo fraco, em que se sobressaiu a marcação, o gol do Kashiwa Reysol veio do seu lado direito, por onde atacou quase o tempo todo com o bom Sakai. Mas foi de Tanaka, eleito o jogador revelação da última J-League, o lance que resultou no bonito arremate de Leandro Domingues, agraciado com o prêmio de melhor atleta o campeonato japonês. Eram 7 minutos.

Por alguns poucos minutos, o Monterrey pareceu perdido, mas achou um contra-ataque no flanco direito da equipe japonesa, cuja marcação, que adernava para o meio, deixava uma folgada e larga avenida para o rival. Espaço, aliás, mal aproveitado pelo time mexicano. Mas, aos 12, com um lançamento longo, o atacante chileno Suazo, contundido desde a primeira etapa, conferiu.
Leandro Domingues, autor do gol do Kashiwa Reysol

Após os tentos, o time japonês deu espaço na defesa, com um meio de campo adiantado que deixava buracos significativos, mas o Monterrey, ainda que tenha chegado com algum perigo, não demonstrou força para vencer a partida. Na prorrogação, inverteram-se os papéis. Os japoneses foram superiores fisicamente, tiveram mais posse de bola, mas também não tiveram técnica para derrotar os mexicanos.

Nas penalidades, o Monterrey começou perdendo, com Sugeno, goleiro inseguro com a bola rolando, defendendo cobrança de Lucho Pérez. O mexicano Orozco, outro arqueiro pouco confiável, perdeu sua penalidade acertando a trave, mas defendeu cobrança de Tanaka em seguida. Durou pouco o sonho mexicano, que acabou com a cobrança de Hayashi.

Quem vai enfrentar o Barcelona na semifinal é o time do Qatar, Al Sadd. Comandado pelo uruguaio Jorge Fossati, ex-treinador do Internacional-RS, a equipe derrotou o Espérance, tunisiano, com dois gols anulados de forma equivocada do seu adversário. Não parece ser problema para os catalães.

sábado, dezembro 10, 2011

Serginho Chulapa, o artilheiro indomável, e a Copa de 1982

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Na próxima segunda-feira, no Artilheiros Bar, será lançado o livro Artilheiro indomável - As incríveis histórias de Serginho Chulapa. Escrita por Wladimir Miranda, com prefácio de Flávio Prado e apresentação de Mauro Beting, a obra teve participação de dois frequentadores deste espaço: este que escreve fez a coordenação editorial e o companheiro Moriti fez a edição de texto.

São inúmeras as passagens curiosas da vida de Chulapa, dentro e fora dos gramados. Tem, por exemplo, sua versão sobre o que aconteceu na Copa de 1982.  “A minha Copa era a de 78. Era a Copa de choque. Cotovelada aqui, chegada ali. Mas poderia ter colaborado pra caramba na de 82. Eu também tive culpa. Aceitei ser pivô para os outros que vinham de trás. Fiquei jogando de costas. Todos mostrando futebol e eu tomando porradas." E diz que o time brasileiro não via na seleção italiana uma grande ameaça. "Nós não respeitamos a Itália. Também não respeitei. Pensei: a Itália veio de três empates, vamos arrebentar os caras. O empate era nosso. No final, deu no que deu: não deu."

Chulapa também atribui a um atleta do grupo ser um dos causadores do fracasso da equipe. "O problema era o Edinho. O Edinho era um puta de um pilantra. Era o ‘leva e traz’ do grupo. Falava mal dos jogadores para o Telê”, conta. “Não havia união, tinha até jogador que torcia contra, como o Edinho. Não era e nunca será meu amigo”. O ex-jogador Edinho também dá seu depoimento no livro, obviamente negando o que diz Serginho.

Mesmo com as adversidades, Serginho tinha amigos na seleção de 1982. Um deles era o saudoso Doutor Sócrates: “O Serginho é uma figura especialíssima. Tem um coração enorme. Pena que o que entrou para a história foram as explosões, o temperamento polêmico. Como ser humano, é um belíssimo exemplo para a sociedade brasileira. O problema é quando tiram o Serginho do sério”, disse. Sobre o Mundial, Magrão falou: “Na verdade, o Serginho entrou numa fria. A seleção brasileira formada pelo Telê era muito técnica. O time foi montado para jogar com o Careca ou com o Reinaldo como centroavante. O Careca sofreu uma contusão e o Telê não quis levar o Reinaldo. Aí, o time teve de se moldar ao estilo do Serginho. E o estilo dele não tinha nada a ver com o resto da Seleção. Serginho era um atacante finalizador, de choque. Por isso que digo que, para ele, a seleção de 82 foi uma fria”.

Outro amigo, Zico, conta que Serginho o "vingou" de uma das muitas faltas duras que sofreu em campo.“Meu relacionamento com o Chulapa sempre foi excelente. Tenho amizade com ele até hoje. É um cara extrovertido, de personalidade e que se entrega dentro de campo para fazer o melhor. Tenho certeza de que se tivesse tido um pouquinho mais de tempo jogando com a turma de 82, teria tido melhor sorte naquela Copa. Ele só chegou na última convocação e a Copa foi o batismo dele na Seleção Brasileira. Sempre foi um ótimo companheiro e, quando se torna amigo, te defende de todas as formas", conta o eterno Dez do Flamengo. "Num jogo entre Flamengo e São Paulo, o Zé Teodoro me deu uma entrada violenta e me tirou do jogo. Num jogo seguinte, ele, jogando pelo Santos, deu uma entrada forte no Zé Teodoro e disse: ‘Essa é pelo que você fez com o Zico’. Depois, ainda jogamos juntos numa competição de masters, pela seleção brasileira. Foi só diversão. Tenho o maior carinho e respeito por ele. O Serginho foi um dos grandes artilheiros do nosso país”. Os são-paulinos e santistas que o digam.

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Serviço
Artilheiro indomável – as incríveis histórias de Serginho Chulapa
128 págs.
Editora Publisher Brasil
Lançamento no Artilheiros Bar
Rua Mourato Coelho, 1194
Segunda-feira, 12 de dezembro, 19h.

sexta-feira, dezembro 09, 2011

Futebol sob suspeita: resultados, propina e crime organizado

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O futebol brasileiro ainda vive os rumores, suspeitas e estranhamentos (dependendo da fonte) pela derrota inapelável do Atlético-MG diante do Cruzeiro no fim de semana por 6 a 1, e duas notícias mostram que o mundo da bola anda mais perto do crime do que o normal.

Marmelada em resultados não é esporte exclusivamente nacional, pelo menos no que diz respeito a levantar acusações. A goleada do Lyon sobre o Dínamo de Zagreb também deu o que falar. O time francês precisava tirar uma vantagem de sete gols de saldo que o Ajax, segundo colocado no grupo, tinha de vantagem. Na terceira posição no grupo, era preciso um milagre para tirar a margem e se classificar para as oitavas de final da Liga dos Campeões. O jogo foi 7 a 1. Do outro lado, o Real Madrid surrou os holandeses por 3 a 0 (quer dizer, os conterrâneos de Tibério Cláudio César Augusto Germânico bem que poderiam ter ganho "só" de 5 a 1, o que seria praticamente insuspeito). Frank De Boer, técnico do Ajax saiu acusando para explicar por que errou tão feio no excesso de autoconfiança.

 Foto: Marca.com/Reprodução
Há quem jure que, antes da piscadela, Vida 
teria dito: "Ó!" para anunciar a hora de bater a foto

Piadinhas à parte, a suspeita pintou mesmo por causa de um sorriso maroto flagrado em foto divulgado pelo Marca espanhol. Vida, jogador do time croata parece dar uma piscadela para o atleta da equipe rival, Gomis. Manifestação de afeto na hora errada?

A culpa, claro, é do técnico. Krunoslav Jurcic terminou demitido na quinta-feira, 8. Enquanto a Uefa, federação europeia, disse não ter achado indicativos de irregularidades e arquivou o caso, o poder público francês disse que vai conferir. Pode dar em nada, mas pelo menos vão fazer as "verificações clássicas e sistemáticas".

Avalanche (sic)

A semaninha curiosa teve renúncia de João Havelanche na terça-feira, 6, do Comitê Olímpico Internacional (COI). O motivo da saída do cartola de 95 anos são indícios de que a empresa de marketing ISL teria se encarregado de distribuir propina nos anos 1990 ao ex-jogador de polo aquático e ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Ricardo Teixeira, atual mandatário da entidade nacional do ludopédio também estaria entre os beneficiados pelo esquema. Os detalhes não divulgados foram supostamente fruto de um recuo de Joseph Blatter, que comanda a Federação Internacional de Futebol (Fifa).

Acontece que, ao deixar o COI, a investigação interna no comitê se extingue automaticamente, e o material colhido é arquivado. O presidente da entidade, Jacques Rogge, havia até ameaçado Havelange, mas ficou barato. No pano de fundo está a disputa eleitoral na Fifa em 2015.

O caso é mais ou menos o mesmo que o jornalista escocês Andrew Jennings trata. Em outubro ele esteve no Brasil e descortinou o caso – embora tenha reafirmado o teor de seu livro Jogo Sujo. O cidadão diz que a "máfia é amadora" perto da Fifa. Se isso ajudar a vender livro ou a fazer investigações andarem, a retórica tem todo apoio. Mas a coisa rendeu processo contra o acusador.

Crime

Mas o crime organizado em si teve sua vez no noticiário. E nem é preciso comprar juiz nem cartola. Na quinta-feira, circulou a informação de que o Banco Mundial (Bird) encomendou um relatório à consultora Brigitta Maria Jacoba Slot. O estudo já deixou claro que o futebol em países em desenvolvimento são bons mercados para o crime organizado lavar dinheiro. Brasil, Rússia e China são citados. "Concluímos [no estudo] que o futebol é vulnerável à lavagem de dinheiro e a outros crimes, como tráfico de pessoas e corrupção."

As histórias de que o jogo do bicho financiava o futebol são antigas. Mas a contravenção é bem menos estruturada do que as máfias de que a consultora está tratando. Futebol gira muitos recursos, e onde circula muito dinheiro há espaço para negócios ilícitos também prosperarem.

quinta-feira, dezembro 08, 2011

Nunca é tardio homenagear o Doutor; nem para um são-paulino

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POR MORITI NETO


É sempre tempo de destacar a importância que Sócrates Brasileiro teve para o Brasil, infinitamente maior do que a bola fina que jogava. Algo ligado, mais do que à personalidade forte, ao caráter, que não permitia abrir concessões quando se tratava dos valores em que acreditava.

São-paulino que sou, ultrapassei a paixão pelo clube de coração e, desde bem jovem, admirei o Doutor. E não somente pela magia da Seleção de 1982. Aquele camisa 8 do Corinthians, carrasco do meu Tricolor nas decisões dos campeonatos paulistas de 1982/83, mais do que craque dos campos, era uma referência fora deles. Serviu-me de modelo e mostrou, num universo mediocrizado pelas bobagens que se diziam no ambiente do futebol ou em geral, ser possível jogar e pensar. Na verdade, ser possível viver e pensar.

Em época da obrigatoriedade de cantar o Hino Nacional na escola, quando Educação Moral e Cívica e Organização Social e Política Brasileira (OSPB) substituíam Filosofia e Sociologia nas aulas, num país ainda militarizado e no estado de São Paulo governado com muita Rota nas ruas, me impressionei, entre os 11 e 13 anos de idade, com duas passagens protagonizadas por aquele homem esguio, magro, que não parecia talhado à prática esportiva.

A primeira imagem que me vem à cabeça data de 16 de abril de 1984. Minha mãe, professora, sindicalista, saiu do Tatuapé para participar daquele que seria o grande comício pelas Diretas Já e a maior manifestação pública da História do Brasil. Quis ir junto. Temendo algum tumulto, ela não permitiu. Tive que me contentar com o rádio, até porque a televisão era superficial na cobertura, quando não a ignorava, caso da Globo. Foi assim que escutei Sócrates, artífice da Democracia Corintiana, num Vale do Anhangabaú lotado por mais de 1,5 milhão de pessoas, dizer: “Se a emenda Dante de Oliveira for aprovada, nem todos os dólares do mundo me farão deixar o Brasil. Este vai ser um novo país e eu quero participar dele”. Nove dias depois, em 25 de abril, por diferença de 22 votos, a emenda que restabeleceria eleições presidenciais diretas após 24 anos era vencida no Congresso Nacional. Em pouco tempo, o craque iria para a Fiorentina da Itália. Não importava. Apaixonado por futebol, aquela era a primeira declaração política vinda de um agente externo ao meu círculo de convivência que me impactava.  

Como segunda experiência inspiradora trazida pelo Magrão, recordo entrevista à revista Placar, na edição de 3 de maio de 1986, das que me fez começar a busca pelo entendimento do esquizofrênico mundo jornalístico.  Ele estava no Flamengo e acabara de atender à convocação de Telê Santana para a seleção que disputaria a Copa do México. Dentre as perguntas, várias faziam referência ao possível desgaste da imagem pública do jogador, principalmente perante a imprensa. Dias antes, a Veja, sempre ela, havia criticado ferozmente um encontro entre o então governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, e o Doutor, durante o Carnaval carioca. A semanal dos Civita, dentre outras pérolas, apontava: “Com isso, o governador caiu numa trapaça do Carnaval, quando os sóbrios espertos acabam se metendo com bêbados que pensam apenas em se divertir”. Nas páginas da Placar, curiosamente também da Abril, Sócrates disparou: “Este é o país onde mais se bebe cachaça no mundo e parece que eu bebo tudo sozinho. Não querem que eu beba, fume ou pense? Pois eu bebo, fumo e penso. Não fico escondendo as coisas”, sentenciou. Mais uma lição. A da autenticidade.

Os anos passaram e fiquei tempos sem saber profundamente dos rumos de Sócrates. Vez ou outra lia a coluna dele na Carta Capital ou notícias pontuais. Até que, recentemente, voltei a acompanhá-lo. Inicialmente, como assíduo espectador do Cartão Verde, da TV Cultura, nas noites de terça. Depois, para um trabalho de conclusão de curso de um orientando que decidiu, no início de 2011, pela Democracia Corinthiana como objeto de estudo e conseguiu, certamente, uma das últimas entrevistas com o craque, em junho.

Envolvido na pesquisa, pude receber outra lição do Magrão. Numa edição do Cartão Verde, de 2009, ele conta que foi convidado, em 2002, quando da primeira eleição de Lula, para assumir o Ministério do Esporte. “O Lula disse que queria o Tostão ou eu. Recusei, pois era um governo que vinha cercado de dúvidas plantadas pelos conservadores. Eu sou um cara de ir pro confronto. Nunca andaria com Ricardo Teixeira (presidente da CBF) ou com o Nuzman (Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro). Para colaborar com a estabilidade do governo, recusei”. Novo exemplo. Dessa feita, do despego ao poder. Assim como fez no Corinthians, quando abdicou de ser só estrela de um grande clube para democratizar o peso das vozes que ali estavam, usando do prestígio e espaço que dispunha e, muitas vezes, por convicção e coerência, enfrentou a fúria do conservadorismo.

Ao pensar num cenário que mistura futebol e política, concentrando Fifa, CBF, Ricardo Teixeira, Andrés Sanchez, Ronaldo, Juvenal Juvêncio e outras figuras em luta renhida pelo poder, a morte de Sócrates é uma grande perda. Ficam as posturas dele, que podem ser evocadas como inspirações.

quarta-feira, dezembro 07, 2011

Relator da Lei Geral da Copa diz: proibir álcool no estádio é "hipocrisia"

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Vicente Cândido, deputado federal  (PT-SP), está no centro de alguns rolos nacionais, como bem retratou perfil publicado no jornal Valor Econômico. O de maior relevância para a maior parte dos brasileiros – e também para o Futepoca – é a relatoria da Lei Geral da Copa do Mundo de 2014.

O substitutivo foi apresentado na terça-feira (6) na comissão especial que trata do tema na Câmara Federal. Houve algumas mudanças, as mais comentadas foram duas. Primeiro, reservou-se dois terços dos 3 milhões de ingressos para estrangeiros. Apenas 1 milhão fica para brasileiros. Romário, igualmente deputado federal (PSB-RJ), não gostou e saiu acusando gravemente Joseph Blatter.

Vicente Cândido ataca "hipocrisia"
Há ainda 300 mil bilhetes assegurados a preços inferiores a R$ 50, para estudantes, idosos (maiores de 60), indígenas e beneficiários de programas como o Bolsa Família. Isso quer dizer 10% do total de ingressos e 30% da parte que cabe aos brazucas. Tamanha preferência aos gringos decorre da aposta de que um mudaréu de gente aporte pelas 12 cidades-sede para ver jogos. Quanto mais gente, mais rentável tende a ser a competição do ponto de vista econômico e do setor de turismo.

Outra frente importa muito mais, porque ultrapassa a lei específica da Copa.

Atualmente, há leis estaduais que proíbem a venda de bebidas alcoólicas em estádios. Ao mesmo tempo, o Estatuto do Torcedor (Lei 10.671/2003) barra a entrada do goró. Se o torcedor levar um garrafão de caipirinha, latinha de cerveja ou taça de vinho francês tem o material confiscado.

Vicente Cândido manteve, em seu substitutivo, a restrição a levar álcool de fora para dentro das arquibancadas, por questão de segurança. Mas a venda em bares e restaurantes de dentro do estádio está liberada.

"Existe muita hipocrisia", resume o deputado, em conversa com o Futepoca. "Pela cultura brasileira, não tem motivo para proibir a venda de bebidas, até porque, não se pode impedir a venda em volta do estádio", resume. E, antes de correr o risco de se tornar alvo de grita em contrário, ele logo contemporiza: "Mesmo assim, queremos debater a questão à exaustão e procurar um pensamento majoritário".

Ele diz que cresceu a compreensão de que a Copa é um evento específico e que precisa de regras igualmente específicas. Mas, nesse caso da bebida, a mudança seria sobreposta a eventuais regras contrárias em âmbito municipal ou estadual. Uma alteração e tanto – ou, cerveja sem álcool no estádio, nunca mais.

A votação do anteprojeto ocorre na próxima semana, porque os parlamentares pediram vista ao texto. Ainda deve haver uma avalanche de emendas apresentadas e mais algumas doses de polêmicas sobre tema tão volátil. Está levantada a pauta para a próxima sessão (deliberativa ou não) em mesas de bar país afora.

terça-feira, dezembro 06, 2011

Como fica a Série B em 2012

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Com a definição dos dois rebaixados que faltavam na Série A, a Série B de 2012 está completa. Foram dois paulistas que conseguiram o acesso: a campeã Portuguesa, recordista de gols numa edição da Série B, marcando 80 vezes, uma a mais que o Corinthians em 2008; e a Ponte Preta; e dois pernambucanos, o vice Náutico e o Sport. Mesmo assim, os paulistas continuam dominando a Segundona, são cinco representantes do estado, Bragantino, Grêmio Barueri, Guarani, Americana e São Caetano. Já Pernambuco ficou sem representantes, com a queda do Salgueiro para a Série C.


O "maestro" do Sport, Marcelinho Paraíba
Os dois estados seguintes com mais representantes, depois de São Paulo, são Minas Gerais, com o rebaixado América-MG, Boa e o promovido Ipatinga; e Santa Catarina. O Criciúma permaneceu na Segundona, o Joinville foi campeão da Terceira e o Avaí foi rebaixado no Brasileirão.

A Série B também ganhou mais três clássicos regionais no ano que vem. ABC-RN e América-RN (promovido na Série C); Paraná e o rebaixado Atlético-PR, além de CRB-AL, vice-campeão da Série C, e ASA-AL.Ceará, Goiás e Vitória completam o grupo da Segundona. Sem o rebaixado Duque de Caxias, que fez a pior campanha da história da Série B de pontos corridos, o Rio de Janeiro ficou sem representantes na competição.

segunda-feira, dezembro 05, 2011

Hoje posso ser insuportável

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Santos rumo ao Japão

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Aqui, a despedida o elenco da Vila Belmiro. E, abaixo, na noite de hoje, uma incrível saudação, pra lá de calorosa (e numerosa) da torcida peixeira no Aeroporto de Guarulhos. Vai pra cima deles, Santos!

Corinthians Pentacampeão Brasileiro: mais um título do Magrão

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Às 17h deste domingo, 4 de dezembro de 2011, o Corinthians entrava em campo no Pacaembu para disputar o título de Campeão Brasileiro. A uns 300 quilômetros dali, em Ribeirão Preto, o Doutor Sócrates recebia as últimas homenagens de uma vida intensa, mas interrompida prematuramente. No minuto de silêncio, em São Paulo, uma das várias cenas que ficarão marcadas de mais esta “final” (foram tantas...): os jogadores do Timão, perfilados em torno do círculo central, levantaram o braço direito relembrando a comemoração clássica do Magrão.

A Fiel Torcida, maior patrimônio futebolístico do Brasil, acompanhou o gesto. Ali, estava selado o destino do campeonato. Os jogadores não se permitiriam deixar Sócrates partir sem essa homenagem. A torcida não os deixaria parar. Nada podia ser feito por Palmeiras ou Vasco.

Mas bem que eles tentaram. Nervoso, o Corinthians recuou demais, sofreu pressão e deu várias chances à principal arma do adversário. Se você vai jogar contra o Santos, coloca alguém pra marcar o Neymar. Se é contra o Flamengo, tenta anular Ronaldinho Gaúcho. Contra o Palmeiras, busca desesperadamente não dar faltas próximas da área para a batida mortífera de Marcos Assunção. Foram dez no primeiro tempo, quatro no segundo. Sem inspiração, rendeu apenas uma bola na trave em cabeçada de Fernandão, afastada pelo espírito do Doutor – e pelo fato, não menos místico, de que o grosso centroavante já havia feito no primeiro turno seu gol contra o Corinthians. Fosse um tosco estreante, ela teria entrado.

A primeira etapa foi toda alviverde. Na segunda, o Timão adiantou um pouco suas linhas e conseguiu umas chances. Jorge Henrique cavou a expulsão de Valdívia, compensada pouco depois pelo árbitro ao mandar Wallace para o chuveiro, confirmando o equívoco de Tite ao lançar o zagueiro no lugar do suspenso Ralph. Mas o treinador confiou em seu taco: sacou William para a entrada de Chicão, também de volante.

A partir de uns 30 minutos, o Corinthians, e eu também, só queria que o jogo acabasse. Nesse espírito, novamente Jorge Henrique recebeu uma bola na ponta esquerda e, entre outras fintas, mandou o famigerado “chute no vácuo” de Valdívia. Recebeu uma falta dura e começou uma confusão que acabou efetivamente com o clássico, causando a expulsão de João Vitor e Leandro Castán, que foi tonto de se meter na bagunça. Ficou barato para Luan, que na cara do bandeira deu um acintoso chute na bunda de Jorge – como já havia saído de graça para o zagueiro palestrino Henrique um pé na cara de Liedson com um minuto de jogo. Impossível não lembrar de Edílson na final do Paulistão de 1999.

Faltando dois minutos para o fim, a notícia fez a Fiel explodir. Vasco e Flamengo empataram no Rio, acabando com as chances vascaínas. O Corinthians sagrava-se Campeão Brasileiro de 2011, o quinto título do Time do Povo. A cidade de São Paulo, o estado, o país entravam em festa. E o Doutor Sócrates mereceu justa homenagem.

domingo, dezembro 04, 2011

Se Alexandre Kalil acha que seu Atlético entregou o jogo...

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Exemplar do grupo que está na "elite" dos dirigentes do futebol
Dos jogos que valiam alguma coisa na última rodada do Brasileirão, um chamava a atenção. O Atlético-MG, que se safou de qualquer ameaça de rebaixamento quando derrotou o Botafogo na penúltima rodada da competição, tinha a oportunidade de ouro de rebaixar o seu maior rival, o Cruzeiro, uma das cinco equipes da Série A que não conhecem a segunda divisão.

Mas o sonho atleticano ruiu da pior forma possível. Não só o Cruzeiro se salvou, como o fez com uma goleada inapelável: 6 a 1. Até aí, é ruim mesmo perder para o rival por esse placar, atuando com os titulares, ainda mais criando-se tanta expectativa em cima de uma partida que não era tão fundamental para o clube. Mas o presidente do Atlético mostrou que nada que é péssimo não pode ser piorado.

Alexandre Kalil, rei das contratações furadas de medalhões no futebol brasileiro, resolveu mais uma vez abrir a boca. E foi bastante assertivo: “A torcida do Atlético não merece esta vergonha, cansei de prometer, de fazer para jogadores, tinha um bicho que eu tinha prometido, se saísse do rebaixamento, de R$ 1 milhão, este bicho está sendo cancelado, não tem palavra, dei o bicho e acabo de tomar. Fomos desmoralizados”, disse em entrevista à Rádio Itatiaia.

Mas não ficou nisso. “Teve festa no meio da semana, saímos do rebaixamento e abandonamos o campeonato diante do Botafogo. É uma vergonha, até eu estou achando que houve um acerto para entregar o jogo para o Cruzeiro tamanha desmotivação e falta de compromisso.”

Opa, aí a coisa fica complicada. Se o presidente de um clube insinua, mesmo que tomado pela raiva, ainda que sendo sarcástico, que o seu próprio time entregou o jogo para maior rival, cabe não só aos procuradores da Justiça Desportiva como à própria torcida cobrar do dirigente que ele apresente provas do que fala. Senão, ele só estaria justificando seu planejamento equivocado, que fez com que sua equipe só disputasse a competição para não ser rebaixada. Aliás, quem oferece prêmio para elenco não cair para a segunda divisão está assumindo a própria fraqueza. Se os atletas cumprem o combinado e escapam da degola, do que reclama o presidente?

Com declarações desse nível, Kalil justifica que jogadores de outros clubes, como Cléber Santana, falem coisas como: “Não existe um clássico como esse. Pelo momento do Cruzeiro, o Atlético-MG tem um time melhor, e tomar 6 x 1 em um clássico... Deve ser coisa da federação, certeza, trabalharam para isso. Mas nós ficamos dependendo dos outros.”

Já passou da hora dos cartolas serem minimamente responsáveis. E a torcida (de todos os times) deveria cobrar deles, ao invés de ficar tomando conta da vida particular dos jogadores e reclamando da arbitragem.

E a irônica torcida cruzeirense "homenageou" Cuca, o técnico do Galo, que treinou o rival mineiro nas primeiras cinco rodadas do Brasileirão. Veja aqui.