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No vestiário do Sesc Pinheiros, dois barrigudos dividem o banco, em momentos diferentes de suas manhãs. Um já nadou e expõe o fruto da manguaça fora do cinto. O outro, esconde a barriga com uma sunga. Enquanto isso, meia dúzia de moleques fazem a esbórnia batendo portas de armário, embora ficasse longe de danificar o equipamento. Um dos pançudos começa a palestra:
– É sempre igual, criança faz uma bagunça...
– Só tem que aparecer um bagunceiro que entram todos.
– Nada muda a natureza...
Diante de uma profunda conclusão de sentido absolutamente obscuro, a conversa poderia ter acabado, mas a pausa retórica durou mais ou menos o tempo de se ler essa frase.
– Queria ver é se eles faziam isso na casa deles... Queria ver é o pai e a mãe desses moleques deixarem barato. Esse negócio de não cuidar do que é de todo mundo não tá certo.
– O pior é que os pais não faziam nada, só passam a mão na cabeça. Isso só vai se resolver no exército, aí é que tomam jeito.
– É nada! Os que vão para o exército viram tudo maconheiro – discordou abotoando a camisa.
– Melhor maconheiro que ladrão – devolveu inacreditavelmente o da sunga preta sem discordar do maior absurdo dito até então.
Então, o manguaça vestido começou a dissertar sobre como o suposto maconheiro acabaria por se transformar no citado ladrão para sustentar o vício ou sei lá o quê.
Enquanto terminava por falta de novos delírios uma conversa continuei tentando entender como a coisa tinha chegado até ali. Mas começava outro papo, agora entre a criançada. Um dos guris, o mais espivetado, vira para o outro:
– Ô! Você não faz catecismo aqui nessa igreja atrás?
– É.
– Sabia que te conhecia – e jogou as coisas do outro no chão.
3 comentários:
Fiquei esperando o momento em que alguém ia falar era culpa do Lula...
Será que o presidente manguaça está tão bem cotado que o pessoal já nem acha mais que ele tenha culpa de alguma coisa?
Acho que foi falta de chance, Maurício. Depois que eles saíram do vestiário, devem ter comentado isso...
Se é perto do Sesc Pinheiros, então foram beber no Cu do Padre. Ou fumar maconha, fazer catecismo, sei lá.
Mas registro aqui outro diálogo surreal: na barbearia (centro social das mais belas pérolas da língua portuguesa), uma pobre moçoila aguarda o namorado, que está sendo barbeado. Nisso, um dos barbeiros olha para o outro e pergunta, com a maior naturalidade;
-Ô, Miranda, já lavou o cu hoje?
A moça fica ruborizada, esconde o rosto atrás de uma revista.
-Lavei sim, com a ajuda da tua mãe - devolve o barbeiro que foi questionado.
A moça já não sabe se fica, se vai embora ou se finge que não está escutando nada.
E o primeiro barbeiro arremata, impassível:
-Moça, não liga não. É que de segunda-feira ele costuma não lavar a bunda, aí fica um cheiro desgraçado aqui.
Todos os homens gargalham. A moça continua com a cabeça enterrada na revista. Definitivamente, não se trata de um ambiente feminino...
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