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Na contramão do histórico nacional de baixa participação política das mulheres, e como o José Dirceu já havia especulado para o Futepoca, a ministra Dilma Rousseff (foto) deve ser mesmo a candidata do PT para as eleições presidenciais de 2010. Durante sua viagem oficial à Itália, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou a possível candidatura: "Depois de mim, quero que o Brasil seja governado por uma mulher. E a pessoa certa é Dilma Rousseff", afirmou, segundo o La Repubblica. "Proporei ao PT de indicá-la como candidata. Mas vencer (a eleição) não será fácil. Na política, os cenários mudam rapidamente e ainda faltam dois anos", ponderou Lula. A atual ministra da Casa Civil ganhou moral depois de ter espinafrado, em frente às câmeras de TV, o senador José Agripino (DEM-RN), em maio deste ano. Mas e aí, será que ela vai aceitar a "indicação" do Lula? E se aceitar, ganha?
10 comentários:
Minha resposta para as duas últimas perguntas é um sonoro "não sei". Mas para os anti-Dilma que adoram repetir o fato de que ela é desconhecida da população, fica a lição que Kassab deu na eleição municipal de São Paulo, vencendo dois ex-prefeitos e o candidato a presidente mais votado na cidade na eleição passada.
A baixa intenção de votos dela nos dias atuais não quer dizer rigorosamente nada.
O Olavo tem toda razão, tem muita água para correr no moinho. Exemplo maior que o do Kassab, que por mais desconhecido que fosse, era o prefeito, talvez seja o do ilustre desconhecido que se elegeu prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda. Ele era um secretário do Aécio, não tinha qualquer nome próprio. Saiu de poucos por cento para quase levar no primero turno nas primerias semanas de campanha.
Colocada a imprevisibilidade da coisa, devo dizer que meu pessimismo tem falado alto e acho bem difícil tirar a proxima eleição do tucanato.
Mas é bom observar também que no caso mineiro os adversários não eram exatamente fortes, já que a "coligação do mal" cerceou a possibilidade de outros nomes mais sólidos aparecerem.
Vejo muita resistência hoje ao nome da Dilma, não é uma figura muito carismática e ainda faltam dois anos até a eleição, sabe-se lá como andará a popularidade do Lula. Mesmo assim, hoje, qualquer candidato que ele apoiar chega no segundo turno. Já vencer é outra história...
Acho que ela tem grande chance sim. Embora hoje o Serra esteja fazendo tudo direitinho, with a little help from his friends, o episódio do dossiê da dona Ruth que pôs os holofotes sobre Dilma mostrou que ela tem garra e rapidez de racioncínio pra enfrentar situações de disputa e de pressão. Eu aposto cervejas nela.
No RodaViva de um mês e meio atrás, um sociólogo que estuda e parece praticar marketing eleitoral chamado Alberto Carlos Almeida.
O cabra disse umas coisas certas.
Uma delas era a respeito do papel dos governantes que querem fazer seu sucessor. Ele disse, a partir de um levantamento que fez com não-lembro-qual-amostragem que apontava a tendência de se indicar sucessores com baixo capital político. E que a capacidade de eleição dependia muito do capital do governante em final de mandato, mas o sucesso da gestão tinha mais a ver com o carisma e a capacidade desse afilhado gerar capital político próprio.
Ao apontar a Dilma, o Lula segue o mesmo padrão apontado. Alguém com pouco carisma que pode até ter experiência de gestão, mas tem muito pouca bagagem de eleição. Por isso acho a incógnita realmente grande.
Além disso, se a gestão está bem avaliada, é mais fácil, mas não garante nada, como se viu em 2000, na vitória de Serra sobre Marta em São Paulo, entre outros exemplos. Já baixas popularidades seriam um obstáculo quase intransponível.
O que quero apontar é que se o Lula estiver muito bem, as chances da Dilma aumentam. Mas dependendo de como ela se sair no "papel" de candidata e do que os marqueteiros vão fazer, isso pode não garantir nada.
se os marqueteiros dela forem os mesmos da Marta, é só esperar o Serra (será?) correr pro abraço.
Quem clicar no link da terceira linha do post e reler a entrevista do Zé Dirceu, vai lembrar que, para ele, há uma condição decisiva para as chances do PT em 2010: a aliança com o PMDB. Como o "tio" Quércia abraçou o Kassab (e por, tabela, o Serra) nas eleições municipais de São Paulo, acho que as expectativas do Zé ficaram meio complicadas.
Aliás, o Zé Dirceu voltou a reforçar essa questão ao comentar as declarações do Lula em seu blogue:
"Claro, temos todos a exata noção de que a candidatura a presidente em 2010 depende, em primeiro lugar, do PT e, mais do que isso, dos partidos historicamente aliados à nossa legenda, o PSB, o PCdoB e o PDT, além de ser necessário levarmos em conta força política, parlamentar e eleitoral, principalmente do PMDB.
Temos ainda três partidos que têm apoiado os governos Lula: em primeiro lugar o PRB (ex-PL), aliado da primeira hora em 2002, que por duas vezes indicou o companheiro de chapa de Lula, o vice-presidente José Alencar, a quem devemos e muito; e mais o PTB e o PP, aliados em nível nacional, ainda que o PP seja um aliado mais do PSDB e DEM nos Estados e municípios.
Uma candidatura como a da ministra Dilma Roussef, que tem história, experiência política, de governo, conhecimentos, enfim, tudo para ocupar o cargo de presidente da República, não se constrói facilmente, nem no PT, nem na base aliada. Fora o dado de que estamos há dois anos das eleições.
Assim sendo, é preciso que o PT e suas bancadas assumam a sucessão presidencial e as eleições de 2010, sem deixar de priorizar as tarefas do momento, seja na construção partidária, seja na (construção) dos governos municipais que vai assumir, seja no enfrentamento da crise que apenas começou."
O Zé Dirceu fala de aliança com o PMDB desde 2002. Mas é difícil levar o partido. O André Singer, numa entrevista para a Folha, definiu o papel do PMDB na eleição de 2010 não como o fiel da balança entre PSDB/DEM e PT/Bloco Lulista, mas como o termômetro: o partido (ou pelo menos a maioria deles) irá pender para o lado que tiver mais chances de levar. E mesmo assim, desconjuntado. O PMDB é um fenômeno interessante da política brasileira, uma máquina de ganhar eleições locais e que não consegue unidade de nome ou projeto para lançar um nome para a presidência. E uma coisa explica a outra: tem força local porque sua completa falta de ideologia permite que os caciques municipais e estaduais tenham liberdade de fazer o que quiserem. É realmente interessante.
"estamos há dois anos das eleições"... Olha o português, Zé, vai acabar comprometendo uma gramática inocente...
É interessante lembrar, sobre o PMDB, que ele lançou candidatos a presidente duas vezes (Ulysses em 1989 e Quércia em 1994), não alcançando 5% em nenhuma das ocasiões. Além disso, o partido nunca apoiou um vitorioso nas eleições presidenciais, como quando compôs chapa tucana em 2002. ainda assim, teve integrantes em todos os governos pós ditadura. Impressionante a vontade deles...
Resumindo, dá pra relativizar bem a importância do apoio do partido. Até porque ele nunca vem unido e, em geral cobra caro. Fica mais fácil compor depois, porque, seja quem for o vencedor, parte do PMDB embarca rapidinho.
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