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Um bar. Eu estou tomando água. Sem gás. Sem gelo. Papo vai, papo vem, nada a ver com a Lei Seca, acidentes de trânsito nem formas de burlar o bafômetro.
Chega um grupo de cinco pessoas, quatro barbados e uma moça. Ensejam pegar a mesa do lado de fora, mudam de idéia e se instalam em outra, ao lado da minha. O barbicha vira para os outros, ar grave:
Foto: Edgardo Balduccio/Flickr
– Ó, gente: hoje, pode beber, que eu dirijo!
Houve um instante de silêncio. A minha conversa também parou.
Eu não imaginava que isso aconteceria de verdade. Um verdadeiro exemplo de civismo, um ato de solidariedade manguaça: abrir mão do direito de beber para levar os outros para casa sem o risco de levar um multa, perder o carro e a carteira ou, claro, causar acidentes. Que efeito nobre da Lei Seca! Estive prestes a me levantar para cumprimentá-lo.
Ou para xingar aquele ato de bom-mocismo.
Em meu basbaque de orelhudo de conversa alheia, dispara o magrão amigo do "sóbrio da galera":
– Ah, você já encheu a lata antes de vir pra cá, vai se f...
Todos caem na gargalhada. Pedem cerveja e cinco copos.
Fiquei pensando que nenhum deles estava de carro. Mas seria só se ampliasse a piada.
2 comentários:
Pô, não se pode descredenciar um ato humano e solidário de um manguaça.... Quanta descrença!
Quem caiu na gargalhada fui eu, lendo esse post...
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