Uma Boa Mulher é o romance de estreia da autora Jill Alexander Essbaum e devo, desde já, agradecer à editora Clube do Autor por me ter proporcionado a oportunidade de ler este livro.
A capa florida, além de ser linda, pode levar o leitor a pensar que se tratará de um romance doce e calmo. Desenganem-se já, pois nestas páginas encontrarão uma história intensa e que certamente vos perturbará.
A personagem central do romance é Anna, uma americana que vive há nove anos na Suiça. É casada, tem três filhos e, em geral, tem uma vida boa, contudo sente-se descontente. Embora viva há bastantes anos neste país, continua a sentir-se deslocada e sem ser capaz de encontrar um rumo para a sua vida. Para colmatar este vazio, Anna refugia-se em casos extraconjugais, que a ajudam a distrair-se da monotonia dos seus dias. Contudo, quando decide pôr fim àquela situação, Anna vai perceber que desencadeou uma terrível cadeia de eventos e que será impossível voltar atrás.
Não conhecia esta autora, mas desde o início que me senti cativada pela sua escrita. Nos primeiros capítulos estranhei um pouco, principalmente porque a autora descreve imenso o dia-a-dia dos suíços, os costumes e a rigidez do país, mas, ultrapassando esta fase inicial, a leitura acaba por tornar-se muito prazerosa.
Além da vida presente de Anna, que inclui a vida familiar e o curso de alemão que ela frequenta, encontramos também algumas partes referentes ao passado e ainda conversas com a psicanalista que a tenta ajudar. Todos estes aspetos se misturam de forma excelente, isto é, na mesma página podemos viajar entre o passado e o presente da personagem e ainda assistir às suas consultas com a psicanalista.
Pode parecer confuso para os leitores que não gostam de tantos cortes na narrativa, mas asseguro-vos de que resulta extremamente bem e torna o livro muito mais interessante.
Anna é uma daquelas personagens que facilmente pode ser detestada, por nos parecer que se comporta como uma vítima e que nada faz para mudar a sua vida. No entanto, a autora consegue colocar-nos dentro da cabeça desta mulher, fazer-nos compreender a sua dor, e eu senti-me fascinada por ela. Obviamente que condeno o adultério e não acho que seja uma forma de resolver o que quer que seja, mas adorei ver a forma como Anna se comportava e se sentia em relação a isso, alternando entre a culpa e a vergonha, o amor e a luxúria, tentando desculpar-se e procurar razões válidas para as suas ações.
Anna é uma mulher extremamente frágil e, quando acontece algo completamente inesperado, assistimos ao ruir de toda esta estrutura. Eu própria me senti como se tivesse levado um murro no estômago com este acontecimento. A partir daqui, comecei a perceber para onde a autora ia dirigir o final; sabia que seria previsível e, embora desejasse outro final, a autora deu-me exatamente o que eu queria. E acho que nunca vou esquecer aquela última frase do livro.
Em conclusão, Uma Boa Mulher é um romance complexo e fascinante, escrito de forma magistral e que irei, sem dúvida, reler no futuro. Duas semanas após terminar a sua leitura, ainda sinto um aperto no peito de cada vez que penso nestas personagens. A história de Anna é de tal forma convincente que podia ser real. Adorei e recomendo vivamente este romance, um dos melhores que li nos últimos meses.
Classificação: 5/5 estrelas
Nota: Este livro foi-me cedido pela editora em troca de uma opinião honesta.