A iniciativa Vamos escrever um conto? que promovi no início deste ano demorou mais tempo do que eu planeava, mas deu os seus frutos. Estou muito contente por poder finalmente partilhar convosco o primeiro conto escrito em conjunto por um grupo de pessoas.
O conto intitula-se A Cidade e mais abaixo podem ler a parte inicial do conto, aquela que foi escrita por mim.
Para lerem o conto na íntegra, sigam este LINK.
Agradeço a todos os participantes que se inscreveram neste desafio e que participaram ativamente durante a construção do conto. Sem vocês, isto não teria sido possível!
Espero que gostem!
A CIDADE
"Os raios de sol entravam pela janela do quarto, atravessando a cortina branca e fazendo antever outro esplêndido dia de final de primavera.
Eva desligou o despertador e decidiu aproveitar durante mais uns minutos o quente aconchego da sua cama. Era sexta-feira e o dia previa-se atarefado: de manhã teria de fazer as compras para a semana seguinte; para a tarde tinha agendadas duas sessões no Clube de Escrita, na biblioteca onde trabalhava; e à noite iria a um jantar com o grupo do voluntariado, antes de entrar ao serviço no bar-discoteca, onde trabalhava em part-time dois dias por semana.
Enquanto fitava o teto do quarto, não conseguiu impedir-se de recordar o que acontecera há onze meses atrás. Parecia ter decorrido uma eternidade desde a última noite que passara com ele antes da sua vida se desmoronar. As lembranças desses dias eram ainda dolorosas, tal como era insuportável a saudade que por vezes lhe regressava ao coração, apertando-o num nó cego, como se de uma corda se tratasse.
Em poucos dias, Eva passara de uma noiva feliz a uma solteira de coração destroçado. Caramba, Afonso engravidara a sua prima, a sua maldosa prima que só agia através de planos rebuscados e com o único objetivo de interferir na relação de ambos.
Depois do choque, da desilusão e do noivado desfeito, Eva enclausurara-se no seu quarto durante vários dias, sem querer ver ninguém. A pouco e pouco, à medida que os dias davam lugar a semanas, Eva retomou a sua vida, embora os seus sentimentos se assemelhassem a uma tempestade que teimava em não amenizar. Dois meses depois, cansada dos olhares de piedade e dos comentários intriguistas dos habitantes da sua aldeia, Eva abandonou a casa dos pais e mudou-se para a cidade, ficando no apartamento da sua amiga de infância, que estava vazio desde que esta fora estudar para Londres.
Viver sozinha num período tão doloroso da sua vida podia parecer difícil, mas na verdade o silêncio da casa acalmava-a mais do que esperava ser possível. A cidade, durante o dia, fervilhava em atividade, agradando imenso a Eva, que podia caminhar anonimamente por entre a multidão, sem que ninguém a olhasse de lado pelo seu passado.
Agora, nos seus vinte e oito anos, sentia que poderia ser novamente capaz de dar um rumo à sua vida e concentrar-se nos projetos e sonhos que tinham ficado esquecidos desde aquele acontecimento dramático.
O momento de reflexão acerca do passado tinha terminado. Era altura de se focar no presente e isso incluía levantar-se, tomar um duche e preparar-se para sair. Em pouco mais de quarenta e cinco minutos estava arranjada e satisfeita com o pequeno-almoço. Agarrou a lista de compras que estava pendurada na porta do frigorífico, colocou a bolsa ao ombro e pegou nas chaves do carro.
Ainda mal tinha chegado junto da maçaneta da porta que dava para o exterior quando o telefone começou a tocar.
(...)"
Eva desligou o despertador e decidiu aproveitar durante mais uns minutos o quente aconchego da sua cama. Era sexta-feira e o dia previa-se atarefado: de manhã teria de fazer as compras para a semana seguinte; para a tarde tinha agendadas duas sessões no Clube de Escrita, na biblioteca onde trabalhava; e à noite iria a um jantar com o grupo do voluntariado, antes de entrar ao serviço no bar-discoteca, onde trabalhava em part-time dois dias por semana.
Enquanto fitava o teto do quarto, não conseguiu impedir-se de recordar o que acontecera há onze meses atrás. Parecia ter decorrido uma eternidade desde a última noite que passara com ele antes da sua vida se desmoronar. As lembranças desses dias eram ainda dolorosas, tal como era insuportável a saudade que por vezes lhe regressava ao coração, apertando-o num nó cego, como se de uma corda se tratasse.
Em poucos dias, Eva passara de uma noiva feliz a uma solteira de coração destroçado. Caramba, Afonso engravidara a sua prima, a sua maldosa prima que só agia através de planos rebuscados e com o único objetivo de interferir na relação de ambos.
Depois do choque, da desilusão e do noivado desfeito, Eva enclausurara-se no seu quarto durante vários dias, sem querer ver ninguém. A pouco e pouco, à medida que os dias davam lugar a semanas, Eva retomou a sua vida, embora os seus sentimentos se assemelhassem a uma tempestade que teimava em não amenizar. Dois meses depois, cansada dos olhares de piedade e dos comentários intriguistas dos habitantes da sua aldeia, Eva abandonou a casa dos pais e mudou-se para a cidade, ficando no apartamento da sua amiga de infância, que estava vazio desde que esta fora estudar para Londres.
Viver sozinha num período tão doloroso da sua vida podia parecer difícil, mas na verdade o silêncio da casa acalmava-a mais do que esperava ser possível. A cidade, durante o dia, fervilhava em atividade, agradando imenso a Eva, que podia caminhar anonimamente por entre a multidão, sem que ninguém a olhasse de lado pelo seu passado.
Agora, nos seus vinte e oito anos, sentia que poderia ser novamente capaz de dar um rumo à sua vida e concentrar-se nos projetos e sonhos que tinham ficado esquecidos desde aquele acontecimento dramático.
O momento de reflexão acerca do passado tinha terminado. Era altura de se focar no presente e isso incluía levantar-se, tomar um duche e preparar-se para sair. Em pouco mais de quarenta e cinco minutos estava arranjada e satisfeita com o pequeno-almoço. Agarrou a lista de compras que estava pendurada na porta do frigorífico, colocou a bolsa ao ombro e pegou nas chaves do carro.
Ainda mal tinha chegado junto da maçaneta da porta que dava para o exterior quando o telefone começou a tocar.
(...)"
Para lerem o conto na íntegra, sigam este LINK.