Mostrar mensagens com a etiqueta Josh Malerman. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Josh Malerman. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

«Malorie» de Josh Malerman [Opinião]


«Mais um thriller sobrenatural tenso e de cortar a respiração. Josh Malerman evoca com mestria os horrores apocalíticos.»
Publishers Weekly
 
Às Cegas, de Josh Malerman, foi um dos meus livros preferidos de 2018. Lembro-me de o ter devorado em apenas três tardes e de me ter sentido completamente viciada.
 
E agora, finalmente chegou a tão aguardada continuação: Malorie.
Este novo livro decorre doze anos depois. Passado todo esse tempo, ainda não há explicação. Ainda não há solução.

Malorie e os filhos já adolescentes vivem num abrigo e a venda continua a ser a sua única forma de proteção. Um dia, um estranho aparece-lhes à porta trazendo notícias inesperadas sobre a possibilidade de sobrevivência de alguém próximo de Malorie. Estas notícias vêm abalar o seu mundo, no momento em que se permite sentir alguma esperança em tanto tempo.

Malorie deseja recuperar um pouco da sua vida antiga. Por outro lado, sabe que regressar ao mundo lá fora é uma possibilidade assustadora e arriscada. Embora o medo preencha todos os poros da sua pele, é isso mesmo que acaba por fazer. Juntamente com os filhos, embarca numa nova viagem repleta de perigos e escuridão.

Tal como o título indica, este livro centra-se bastante em Malorie, nos seus medos, nas suas esperanças, nos seus dilemas, naquilo que sente quando descobre que pessoas próximas podem ter sobrevivido durante todos estes anos.

Há um desenvolvimento muito bom de Tom e Olympia, dois jovens com personalidades distintas. Olympia é mais reservada, mais empática e compreensiva em relação à mãe. Adora ler e conhecer o mundo antigo através dos livros e das personagens que encontra. Por sua vez, Tom é um espírito rebelde e aventureiro. Tudo o que mais deseja é ir para o mundo lá fora testar as suas invenções e aprender mais sobre as criaturas.
Esta diferença de personalidades vai trazer-nos perspetivas e conflitos bem interessantes.

O autor continua a envolver-nos numa atmosfera de terror psicológico. Mais uma vez, não temos cenas propriamente chocantes ou violentas, mas sim a sugestão do medo. As personagens sabem que a loucura anda lá fora e o medo é tanto que por vezes se sentem a enlouquecer, mesmo sem terem aberto os olhos.

Continua a ser surpreendente ver o que as personagens fazem de olhos fechados e como os outros sentidos se desenvolvem. Confesso que acho muito difícil imaginar o que é passar uma vida privada de visão. Sem dúvida que a visão é um dos nossos sentidos mais preciosos.

Relativamente às criaturas, continuamos sem saber como é que tudo começou, mas agora temos algumas respostas e algumas luzes para o futuro.
Acho curioso que o autor nunca tenha dado nenhuma descrição das criaturas. Acredito que faça parte do mistério, de deixar à imaginação de cada leitor.
Por outro lado, e se o autor não quer dar-nos nenhuma descrição para não nos imaginarmos a enlouquecer só de as visualizarmos na nossa mente? Faz algum sentido? Eu sei que isto é ficção, mas não deixa de ser uma teoria interessante!

Malorie é um livro intenso, mas não o achei tão forte como o primeiro. Esta minha perceção deve-se possivelmente à temática já não ser novidade. No entanto, foi uma leitura prazerosa, que me agarrou de início ao fim.

Se leste Às Cegas e adoraste, então sem dúvida que te recomendo esta sequela.

Classificação: 4/5 estrelas

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Palavras Sentidas


«Leu livros suficientes para saber que não há nada de desonroso em ter segredos e que alguns segredos devem ser guardados, de forma a preservar o equilíbrio com as pessoas que nos rodeiam.»


Malorie
Josh Malerman 

quarta-feira, 6 de março de 2019

Palavras Sentidas


"Como pode esperar que os seus filhos sonhem tão alto como as estrelas, se não conseguem erguer a cabeça para as contemplar?"

Às Cegas
Josh Malerman

sábado, 29 de dezembro de 2018

"Às Cegas" de Josh Malerman [Opinião]


Não sei porque demorei tanto a ler este livro. Interessei-me por ele assim que foi publicado em Portugal, consegui adquiri-lo mais tarde através de uma troca, mas depois acabei por guardá-lo na estante. Só quando vi que o filme estava prestes a estrear na Netflix é que me decidi, por fim, e lê-lo.

E foi uma leitura incrível, que devorei em apenas três tardes e que me devolveu a vontade de ler durante horas.

Às Cegas apresenta-nos um mundo pós-apocalíptico onde uma espécie de epidemia fez com que as pessoas enlouquecessem e se matassem umas às outras. Havia teorias que diziam que a loucura começava quando as pessoas viam algo. Desta forma, os sobreviventes viviam em casas com as janelas tapadas, as portas trancadas e só iam à rua de olhos vendados.

A narrativa vai alternando entre o presente - altura em que Malorie sai da sua casa segura com os dois filhos, em busca de um refúgio melhor -  e o passado - depois da epidemia se ter alastrado e onde vemos como é a vida dos que tentam sobreviver.

Embora tenha gostado de ambas as linhas da narrativa, apreciei um pouco mais a do passado. O que posso salientar é que algo é comum a todo o livro: a mestria de brincar com o terror psicológico, a forma como o autor provoca sensações quase palpáveis, que deixam o leitor verdadeiramente inquieto. Por momentos, é como se nós também estivéssemos lá, juntamente com as personagens, de olhos igualmente vendados e impossibilitados de olhar para o que nos rodeava.

Não é que o livro tenha propriamente cenas chocantes ou violentas, quase tudo isso é sugerido ao leitor, o que pode tornar-se ainda mais assustador. E talvez tenha sido por isso que achei a leitura tão viciante!

[Fotografia da minha autoria]

No nosso dia a dia, se calhar nem pensamos tanto em como a visão é importante. Confesso que achei quase surreal como as personagens faziam quase tudo de olhos vendados. É verdade que muitas pessoas invisuais são capazes de ter uma vida praticamente normal, contudo, neste livro, há ainda a componente medo. As personagens não podem abrir os olhos porque, se os abrirem, será tarde demais...

A audição adquire então um papel muito importante dado que, sem visão, é a audição o sentido que nos guia. Malorie treinou os filhos para ouvir e são eles que a ajudam quando se mete num barco com eles para atravessar um rio.

Quero salientar que, embora tenha achado o livro excelente, fiquei com pena de não nos ter sido explicado como tudo começou e o que provocava exatamente a loucura nas pessoas. Talvez tenha sido deixado assim para que cada leitor tentasse imaginar...
O final também acabou por ser muito calmo, o que desiludiu um pouco depois de uma leitura tão intensa. Esperava mais, embora isso não tenha comprometido o meu sentimento global em relação ao livro.

Foi, sem dúvida, um dos melhores livros que li este ano e não posso deixar de o recomendar, principalmente aos fãs de terror. Este é um género que comecei recentemente a explorar e já me sinto fã e desejosa de descobrir novas obras e autores.
Quanto a Josh Malerman, espero que continue a ser publicado em Portugal. Esta é a sua obra de estreia, o que revela que estamos perante um escritor verdadeiramente promissor.

Classificação: 5/5 estrelas