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sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

«O Castigo dos Ignorantes» de Hjorth & Rosenfeldt [Opinião]


«Habilmente composto e cheio de suspense [...]. O Castigo dos Ignorantes termina com uma verdadeira reviravolta. Vai ser difícil conseguir esperar pelo próximo.»
Litteratursiden, Dinamarca

O Castigos dos Ignorantes é o quinto volume da série Sebastian Bergman, uma série que não tem perdido qualidade a cada novo volume e que deve ser lida por ordem.

Porque é que esta série é tão cativante?
Porque, em cada volume, nos apresenta um novo e surpreendente caso policial, ao mesmo tempo que vai desenvolvendo os acontecimentos de vida dos diversos elementos da Riksmord. Sebastian é a personagem mais controversa, devido à forma rude com que trata todos os que o rodeiam. Tem evoluído bastante ao longo da série, bem como as outras personagens, das quais destaco Vanja e Billy.

Neste livro, conhecemos um serial killer complexo que pretende combater a ignorância. Ele é da opinião de que programas como reality shows são fúteis e destacam a falta de educação e a ignorância que assolam as novas gerações. Assim, ele submete as suas vítimas a um teste de cultura geral, em que a reprovação é uma sentença de morte.

[Fotografia da minha autoria]

Os investigadores entram num jogo de caça ao homem, sabendo que não têm tempo a perder. Não só o assassino não pretende parar de matar, como ainda consegue desafiar a polícia e tornar-se mais ousado. Este é um assassino muito original e que se destacou de todos aqueles que já encontrei ao longo das minhas leituras dentro do género.
 
A narrativa é muito envolvente, prendendo-nos às suas páginas de tal forma que não vemos o tempo a passar. Os momentos de tensão são fortes e duram até às últimas linhas.

Todos os livros desta série costumam terminar com um cliffhanger, o que mantém o leitor em suspenso e desejoso de se atirar ao volume seguinte. Por mais que se pense que os autores não nos conseguem surpreender — estes momentos têm sido cada vez mais alucinantes conforme progredimos na série —, a verdade é que eles voltam a fazê-lo. E, neste livro, encontramos um dos finais mais angustiantes de toda a série. Estou impaciente por ter o volume seguinte nas minhas mãos!

Em conclusão, foi mais uma excelente leitura, de ritmo rápido e com um assassino extremamente inteligente. Vale muito a pena ler!

Classificação: 4/5 estrelas

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

«Educação Sexual - O Início» de Vânia Silva [Opinião]


Educação Sexual - O Início é uma obra da autora portuguesa Vânia Silva, destinada a um público mais jovem (nomeadamente adolescentes), mas também a adultos que se possam interessar pelo tema.

Este livro aborda a temática da importância das aulas de educação sexual nas escolas, bem como das dificuldades que ainda existem em falar sobre o tema.

A personagem principal é Diana Duarte, uma explicadora de uma pequena localidade que decide propor-se a dar aulas de educação sexual numa escola.

À medida que as aulas progridem, os jovens demonstram cada vez mais interesse em aprender sobre o tema e levantam questões interessantes. Contudo, acabarão por surgir alguns episódios de pais e encarregados de educação que se sentem revoltados com estas aulas, acreditando que não são adequadas para os alunos.

Creio que o que mais me cativou neste livro foi a relação que Diana estabeleceu com os alunos. Aqui nota-se a experiência que a autora tem em trabalhar com este público, tendo certamente colocado muita dessa sua experiência na personagem Diana.

Os problemas sociais são levantados pelos pais, por alguns professores e até pelos familiares de Diana. Acredito que muitos destes preconceitos em lidar com a sexualidade ainda existam hoje no meio escolar, daí que a autora tenha sentido a necessidade de escrever este livro, esperando, com ele, poder ajudar alguns jovens a esclarecer algumas das suas dúvidas.

Cada vez mais e cada vez mais cedo os jovens têm acesso à internet, a conteúdos de cariz sexual e até talvez a pornografia. Contudo, o que se lê na internet não dispensa a importância de ter alguém de confiança que possa conversar com os jovens e ouvir as suas dúvidas. Preferencialmente, deviam ser os pais a conversar com os filhos sobre estes temas. Porém, a verdade é que eles nem sempre se sentem à vontade para o fazer. E é aí que entra a escola e a importância das aulas de educação sexual.

Além das aulas com os jovens, Diana também tem de lidar com alguns problemas na vida privada, tanto com a família como com o namorado. Creio que, neste aspeto, o livro tinha alguns clichés, dado que todas as pessoas que rodeavam Diana, excetuando a sua melhor amiga, eram de certa forma preconceituosas e não concordavam que Diana desse aulas de educação sexual.
No entanto, creio que a autora terá recorrido a estes clichés para mostrar que o preconceito pode vir de todo o lado, as dificuldades são ainda muitas quando o tema é a sexualidade.

Embora este livro não seja propriamente o meu género preferido de leitura, foi fácil e bastante rápido de ler, uma vez que a escrita é muito acessível. Acredito que seja uma leitura interessante para jovens e até adultos que certamente se vão identificar com estas vivências.

Classificação: 3/5 estrelas

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

«Malorie» de Josh Malerman [Opinião]


«Mais um thriller sobrenatural tenso e de cortar a respiração. Josh Malerman evoca com mestria os horrores apocalíticos.»
Publishers Weekly
 
Às Cegas, de Josh Malerman, foi um dos meus livros preferidos de 2018. Lembro-me de o ter devorado em apenas três tardes e de me ter sentido completamente viciada.
 
E agora, finalmente chegou a tão aguardada continuação: Malorie.
Este novo livro decorre doze anos depois. Passado todo esse tempo, ainda não há explicação. Ainda não há solução.

Malorie e os filhos já adolescentes vivem num abrigo e a venda continua a ser a sua única forma de proteção. Um dia, um estranho aparece-lhes à porta trazendo notícias inesperadas sobre a possibilidade de sobrevivência de alguém próximo de Malorie. Estas notícias vêm abalar o seu mundo, no momento em que se permite sentir alguma esperança em tanto tempo.

Malorie deseja recuperar um pouco da sua vida antiga. Por outro lado, sabe que regressar ao mundo lá fora é uma possibilidade assustadora e arriscada. Embora o medo preencha todos os poros da sua pele, é isso mesmo que acaba por fazer. Juntamente com os filhos, embarca numa nova viagem repleta de perigos e escuridão.

Tal como o título indica, este livro centra-se bastante em Malorie, nos seus medos, nas suas esperanças, nos seus dilemas, naquilo que sente quando descobre que pessoas próximas podem ter sobrevivido durante todos estes anos.

Há um desenvolvimento muito bom de Tom e Olympia, dois jovens com personalidades distintas. Olympia é mais reservada, mais empática e compreensiva em relação à mãe. Adora ler e conhecer o mundo antigo através dos livros e das personagens que encontra. Por sua vez, Tom é um espírito rebelde e aventureiro. Tudo o que mais deseja é ir para o mundo lá fora testar as suas invenções e aprender mais sobre as criaturas.
Esta diferença de personalidades vai trazer-nos perspetivas e conflitos bem interessantes.

O autor continua a envolver-nos numa atmosfera de terror psicológico. Mais uma vez, não temos cenas propriamente chocantes ou violentas, mas sim a sugestão do medo. As personagens sabem que a loucura anda lá fora e o medo é tanto que por vezes se sentem a enlouquecer, mesmo sem terem aberto os olhos.

Continua a ser surpreendente ver o que as personagens fazem de olhos fechados e como os outros sentidos se desenvolvem. Confesso que acho muito difícil imaginar o que é passar uma vida privada de visão. Sem dúvida que a visão é um dos nossos sentidos mais preciosos.

Relativamente às criaturas, continuamos sem saber como é que tudo começou, mas agora temos algumas respostas e algumas luzes para o futuro.
Acho curioso que o autor nunca tenha dado nenhuma descrição das criaturas. Acredito que faça parte do mistério, de deixar à imaginação de cada leitor.
Por outro lado, e se o autor não quer dar-nos nenhuma descrição para não nos imaginarmos a enlouquecer só de as visualizarmos na nossa mente? Faz algum sentido? Eu sei que isto é ficção, mas não deixa de ser uma teoria interessante!

Malorie é um livro intenso, mas não o achei tão forte como o primeiro. Esta minha perceção deve-se possivelmente à temática já não ser novidade. No entanto, foi uma leitura prazerosa, que me agarrou de início ao fim.

Se leste Às Cegas e adoraste, então sem dúvida que te recomendo esta sequela.

Classificação: 4/5 estrelas

sábado, 20 de novembro de 2021

«Metamorfose» de Franz Kafka [Opinião]

 
Fui quase forçada a ler este livro por insistência do meu irmão. Já tinha lido, há vários anos, uma outra obra de Franz Kafka, que não me deixou muito convencida.
Como o livro tem pouco mais de 100 páginas, acedi a lê-lo.

Metamorfose é a história de Gregor Samsa que, num dia igual a tantos outros, desperta, de manhã, e vê que se transformara, durante o sono, num monstruoso inseto.

Embora esta ideia seja um pouco absurda, a verdade é que me cativou logo nas primeiras páginas. A escrita é totalmente acessível a qualquer leitor, não obstante tratar-se de um clássico publicado pela primeira vez em 1915.

Ao dar conta da sua nova situação, Gregor não se preocupa com a sua aparência. A principal prioridade para ele é descobrir como se poderá levantar da cama (não é fácil equilibrar-se naquelas patas) e ir trabalhar. Uma vez que é o principal responsável pelo sustento da família, Gregor leva muito a sério o seu trabalho, embora o deteste.

Quando finalmente consegue abrir a porta do quarto, toda a família se assusta. Voltam a fechá-lo no quarto e apenas a irmã tem a compaixão necessária para o ir alimentar todos os dias.

O autor vai narrando as angústias de Gregor, que se sente inútil e incapaz de ajudar a família. Ao mesmo tempo, vamos assistindo à forma como a família lida com ele: inicialmente, sentem medo; mais tarde, já o aceitam, embora o mantenham preso no quarto; e, por fim, sentem nojo dele, tratando-o como um estorvo.

Esta é sobretudo uma história sobre transformações internas e externas. Através das reflexões de Gregor, vamos percebendo como ele via a própria família e como as pessoas mudam quando esperam algo de nós e, de repente, deixamos de ser úteis. Contudo, Gregor não deixou de ser o mesmo, manteve as suas crenças e os seus valores
Está também aqui presente uma crítica à família, à sociedade e ao preconceito humano.

Metamorfose é uma história com um final triste e injusto, que nos ensina que é importante aceitar as mudanças e mantermo-nos fiéis a nós mesmos.

Classificação: 3/5 estrelas

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

«A Dança das Estrelas» de Emma Donoghue [Opinião]


«Não acredita que a história se repete? Leia este livro. É um romance impressionante. A Dança das Estrelas passa-se quase inteiramente numa única sala e desenrola-se ao ritmo de um thriller
Karen Thompson Walker, New York Times
 
A Dança das Estrelas foi uma leitura completamente inesperada. Mesmo depois de ter lido a sinopse, não estava preparada para o que iria encontrar.

Este romance de Emma Donoghue transporta-nos para 1918, para Dublin, Irlanda, na altura em que o país é arrasado não só pela guerra como também pela doença, nomeadamente a influenza, a gripe espanhola.
A história acompanhava Julia Power, uma enfermeira que trabalha num hospital sobrelotado. Ela cuida de grávidas que contraíram a gripe e que estão em quarentena.

Este livro decorre ao longo de três dias e é tão intenso que se lê à velocidade de um thriller. O ambiente é aflitivo e não queremos parar de ler. Contudo, por outro lado, alguns leitores (como eu) precisarão de algumas pausas para digerir o que estão a ler.
A ação decorre sobretudo numa enfermaria minúscula, sem condições, onde várias mulheres vão lutar não só pela sua vida, como também pela vida que estão prestes a fazer nascer.
 
[Fotografia da minha autoria]
 
O enredo situado durante a gripe espanhola foi a principal razão que me levou a querer ler este livro. A temática é extremamente atual, tendo em conta a pandemia que temos vivido. É arrepiante ver como o passado se repete.

Confesso que a temática da gravidez e dos partos não me agrada particularmente e este livro tem descrições arrepiantes. Em alguns momentos, fiquei mesmo agoniada e tive de parar de ler. Noutras alturas, dava comigo a pesquisar no Google alguns dos procedimentos mencionados, o que só contribuía ainda mais para a minha agonia.

As personagens que habitam este livro são sobretudo mulheres. Julia é uma enfermeira determinada, experiente e muito dedicada às suas doentes. A sua grande ajuda será Bridie, uma jovem ajudante voluntária, que é uma lufada de ar fresco. É ela que nos traz os melhores momentos do livro, ao mesmo tempo que nos angustia com os tristes acontecimentos da sua vida.
A Dra. Kathleen Lynn é uma personagem real: foi uma médica procurada pela polícia por ser uma líder revolucionária.

O final do livro deixou-me de coração nas mãos. Esperava tudo menos aquele final. Fiquei triste, depois de uma leitura tão intensa, mas também um pouco esperançosa.

Como conclusão, posso afirmar que foi uma leitura extremamente boa. Alerto apenas para o tema sensível que poderá incomodar alguns leitores. Se o queres ler, força, mas prepara-te porque é intenso!

Classificação: 4/5 estrelas

terça-feira, 19 de outubro de 2021

«A Última Vítima» de Tess Gerritsen [Opinião]


«Outra viagem arrepiante. Uma das melhores de Tess Gerritsen.»
Associated Press

A Última Vítima é o décimo volume da série Rizzoli & Isles, de Tess Gerritsen, uma das minhas autoras preferidas de romances policiais. Volto a deixar a recomendação de que esta série seja lida por ordem.

Nesta nova aventura, a autora leva-nos numa viagem fascinante. O livro inicia-se com o massacre de uma família. O único sobrevivente é Teddy Clock, um jovem de catorze anos, que, pela segunda vez, sobrevive a um assassínio em massa.
A investigação de Jane acabará por se interligar com um colégio interno de alta segurança. Este colégio já foi mencionado nos dois livros anteriores da série e volta agora em grande destaque. É o colégio no qual se encontra Julian, um protegido de Maura, juntamente com outros jovens que tiveram passados complicados.

Sem querer revelar muitos detalhes do que acontece neste livro, posso referir que foi uma leitura que me entusiasmou numa fase em que andava a ler pouquíssimo. Tess Gerritsen é uma autora sempre segura nestas ocasiões.

Gostei especialmente que este livro decorresse em Evensong e, dessa forma, ter reencontrado uma personagem do oitavo livro da série.
 
A autora continua imparável a trazer-nos narrativas bem estruturadas, repletas de ação e suspense, com mais pormenores no desenvolvimento da vida das personagens residentes. A família de Jane continua com problemas e Maura, por sua vez, mantém-se de coração destroçado e com dificuldade em confiar nos sentimentos dos outros. Diria até que Maura está numa fase em que deseja uma mudança.

Em nenhum livro da autora eu consegui adivinhar o assassino ou o culpado pelos crimes e este não foi exceção. Cheguei ao fim sem conseguir desvendar o mistério e acabei surpreendida, uma vez que surgiram algumas reviravoltas inesperadas.

Como conclusão, creio que posso colocar A Última Vítima entre os meus preferidos da série e mal posso esperar por me atirar aos dois volumes seguintes, à espera na estante.
Volto a deixar aqui o conselho: lê Tess Gerritsen!

Classificação: 5/5 estrelas

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

«Duquesa do Meu Coração» de Maya Banks [Opinião]


Há algum tempo que eu andava com vontade de ler um romance de época. Tinha lido um nos primeiros meses do ano e, como este género não abunda na minha estante, fiquei mesmo contente quando este livro me foi emprestado.

Duquesa do Meu Coração retrata o tema da violência doméstica. Jillian tinha um casamento que era um verdadeiro pesadelo. No dia em que recebe a notícia de que o marido morreu, ela não cabe em si de contente. Insiste que não quer fazer o luto por um homem tão horrível, acabando assim por desafiar as regras da sociedade.
Por sua vez, Justin, o oitavo duque de Whittington, quer salvar o nome da sua família do escândalo que o seu irmão, Case, está a criar. Isto porque Case é o melhor amigo de Jillian, porém, aos olhos da sociedade, eles não passam de amantes.

É talvez um pouco previsível sabermos que Justin considera Jillian uma mulher completamente irritante e escandalosa, contudo, vai acabar por mudar de ideias. Assim, estas duas personagens vão começar por se odiar, até desenvolverem sentimentos uma pela outra.

[Fotografia da minha autoria]

Apesar destes pequenos aspetos mais previsíveis, a história torna-se muito interessante porque surgem cartas misteriosas e um perseguidor disposto a fazer mal a Jillian, e todo este suspense ofereceu dinamismo à narrativa.

Passei algumas semanas desconcentrada e sem cabeça para ler, fui lendo este livro aos pouquinhos e ele acabou por me devolver algum prazer pela leitura.

Fiquei muito curiosa em relação à história de algumas personagens secundárias, nomeadamente Case e o misterioso primo Hank, contudo, fui pesquisar e os livros que dão continuidade a esta série centram-se em novas heroínas e não em personagens masculinas secundárias deste livro, o que é uma pena.

Gostei de conhecer mais uma autora dentro do romance de época, senti-me cativada e permanece a vontade de explorar outros dos seus romances. Não sendo este o meu género preferido de leitura, são romances que aprecio e que me ajudam a descansar de outras leituras mais densas.

Classificação: 3/5 estrelas

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

"Perto Demais" de Colleen Oakley [Opinião]


Comprei este livro na Feira do Livro do Porto, no ano passado, sentindo-me totalmente cativada pelo título e pela sinopse do livro. Veio parar-me às mãos assim de repente. Até costumo dizer na brincadeira que não fui eu que encontrei este livro, mas sim que ele me encontrou a mim.

Perto Demais fala-nos de uma mulher com um problema muito invulgar: é alérgica a humanos. Jubilee é essa mulher e qualquer toque humano pode matá-la. Por essa razão, durante nove anos, isolou-se de todos, vivendo rodeada de livros. Um dia, contudo, vai precisar de sair da sua zona de conforto e enfrentar o mundo.

Achei a premissa do livro incrível! Embora não esteja provado que esta alergia exista realmente, de acordo com as explicações do livro, ela é uma dermatite de contacto que surge após o contacto com células cutâneas de outras pessoas. A alergia estará também relacionada com a falta de uma proteína no corpo humano.

É um livro que explora muito bem e de forma bem-humorada como é viver com uma alergia assim grave. Qualquer que seja a alergia (alimentar ou outra), ela acaba por trazer complicações para o dia a dia das pessoas.

Paralelamente à história de Jubilee, conhecemos ainda Eric, um homem divorciado, com uma filha que não lhe fala e um filho adotivo que está convencido de que tem poderes sobrenaturais.
Jubilee e Eric vão encontrar-se e surgirá uma dinâmica interessante entre ambos. Talvez eles estivessem a precisar de se encontrar um ao outro.

Além disso, adorei o filho adotivo de Eric, o Aja. É uma criança amorosa e, de certa forma, com alguma dor dentro de si e dificuldades em lidar com essa mesma dor. Entre ele e Jubilee vai também nascer uma relação muito bonita, que tornou este livro especial.

Perto Demais não é propriamente uma comédia romântica, é uma história com uma pitada de drama, uma vez que aborda problemas atuais como o divórcio e o luto.
 
Apesar de tudo, é um livro ternurento que me ofereceu algumas gargalhadas. Gostei bastante de conhecer esta autora e fica a curiosidade de ler outros trabalhos seus.

Classificação: 3/5 estrelas

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

"O Rapaz do Bosque" de Harlan Coben [Opinião]


«Quando pensamos que Harlan Coben não pode superar as nossas expectativas, ele escreve um novo thriller ainda melhor. Não conseguimos parar de ler.»
San Francisco Chronicle
 
O Rapaz do Bosque é uma das mais recentes novidades de Harlan Coben publicadas em Portugal. Em setembro, será publicado o Win.
Este é já o 16.º livro que leio do autor!

Neste thriller conhecemos Wilde, um homem com um passado misterioso. Quando era criança, ele foi encontrado na floresta, onde aparentemente viveu sozinho durante um período de tempo desconhecido. Após ser resgatado, conseguiu de certa forma adaptar-se à vida em sociedade, embora se tenha tornado num homem reservado, com um grande fascínio pela floresta. Contudo, nunca se conseguiu descobrir nada acerca dele.

Quando a jovem Naomi Pine desaparece, é-lhe pedido que colabore nas buscas, uma vez que não há quem conheça a floresta melhor do que ele.

[Fotografia da minha autoria]

Este livro dá bastante destaque a Hester Crimstein, uma advogada que já apareceu noutros livros do autor. Foi bom poder conhecê-la em mais profundidade. Temos acesso à sua história pessoal, a acontecimentos do seu passado, aos sentimentos e dúvidas do presente e até a uma nova tentativa de seguir em frente com a sua vida.

Tal como é habitual em todos os trabalhos do autor, este livro tem uma boa dose de ação, suspense, algumas reviravoltas interessantes e segredos do passado que voltam sempre para massacrar as personagens.

O bullying é um dos temas presentes neste livro, nomeadamente o bullying entre adolescentes.

Gostei bastante desta leitura, embora não tenha sido para mim um dos melhores livros do autor.
No final, senti-me um pouco desiludida porque terminamos o livro sem saber mais acerca de Wilde, ou seja, não é desvendado praticamente nada acerca do seu passado. A parte positiva é que o livro vai ter, com toda a certeza, uma continuação onde encontraremos respostas.
Por este motivo, apesar de ter sido uma leitura empolgante, acabou por saber a pouco, uma vez que o passado da personagem principal permanece envolto em mistério.

Não deixo de recomendar este livro de um dos meus autores preferidos de thrillers!

Classificação: 4/5 estrelas

quinta-feira, 5 de agosto de 2021

"Layla" de Colleen Hoover [Opinião]


«Surpreendente e emocionalmente tenso.»
Publishers Weekly
 
Colleen Hoover voltou a sair da sua zona de conforto. Após surpreender os leitores com um thrillerVerity —, eis que aparece com um romance paranormal.

Sem entrar em grandes detalhes em relação à sinopse desta história (porque o ideal seria ler o livro sem conhecer a sinopse), deixo apenas o início: Leeds conhece Layla e apaixonam-se à primeira vista. Meses mais tarde, após um acidente que deixa Layla gravemente ferida, Leeds decide levá-la para a pousada onde se conheceram, na esperança de que ela recupere. Mas é então que coisas estranhas começam a acontecer...

Ao contrário do que aconteceu com outros livros da autora, este não me cativou logo de início. Os primeiros capítulos são mais lentos, eu andava a ler muito devagar, e só ao fim de um bom número de páginas é que me senti realmente intrigada com a história e aí surgiu a vontade de virar as páginas mais depressa.

Desta vez, não senti uma intensidade tão grande na relação entre os protagonistas, talvez por ser uma história de amor à primeira vista.

[Fotografia da minha autoria]

Os acontecimentos na pousada tornaram-se muito interessantes e prenderam rapidamente a minha atenção. Colleen aventurou-se num romance paranormal, o que significa que vamos ter algo relacionado com fantasmas.
Não senti medo a ler este livro, não me assustei nadinha e houve até partes em que me senti divertida. Talvez alguns leitores possam ter alguns arrepios, mas não considero que a história seja assustadora.

Gostei muito da personalidade da Layla e adorei a Willow. Curiosamente, não odiei o Leeds, como pareceu ter acontecido com muitos leitores. Creio que lhe dei o benefício da dúvida desde o início.

O final do livro é alucinante! Aconteceu algo que me deixou incrédula, a pensar «não, eles não vão fazer isto!», mas depois lembrei-me que estava a ler um livro da Colleen. Nessa noite, não aguentei e fiquei até mais tarde a devorar as páginas que me faltavam. Que final completamente maluco!

Embora não tenha sido uma história tão intensa quanto o Verity, gostei imenso e não me importo nada que a autora continue a explorar estas temáticas. Leiam!
 
Classificação: 4/5 estrelas

sábado, 24 de julho de 2021

"A Mão que Mata" de Lourenço Seruya [Opinião]


Adoro policiais e thrillers. São os géneros literários que atualmente mais leio e que estão presentes em abundância na minha estante. Não me considero uma especialista, porém, depois de tantas experiências com diversos autores, consigo reconhecer que não é fácil trazer algo de novo e é necessário muito trabalho e criatividade para abordar de forma original algumas das temáticas mais batidas neste tipo de livros.

A Mão que Mata é o romance de estreia de Lourenço Seruya, ator e professor de teatro, e agora também escritor. Neste livro nota-se a influência da profissão do autor, que estará certamente muito habituado a ler guiões e a estudar diálogos e personagens.
 
Sentia-me curiosa quando iniciei a sua leitura. No entanto, considero que o livro daria um bom argumento para uma telenovela, mas como romance policial acabou por ficar aquém das minhas expectativas e não me cativou tanto como eu esperava.
 
Foram vários os aspetos que não me cativaram. Começando pela premissa, esta não é das mais interessantes que já encontrei num policial. Após o falecimento de um empresário rico, os seus familiares reúnem-se na sua mansão para fazer as partilhas. No dia seguinte, um dos membros da família aparece morto.

Em relação às personagens, achei-as muito estereotipadas, muito saídas de uma novela. Temos o empresário rico, a moça pobre que vai trabalhar como criada, o político rude e insuportável que só pensa na campanha, a tia solteira que todos detestam, a mulher que não se separa do marido porque não se consegue sustentar sem ele, a mulher que trai o marido com o jardineiro, o inspetor jovem cheio de perspicácia, a melhor amiga jornalista...
Além disso, o livro tem demasiadas personagens. As que recebem mais destaque (familiares da vítima e agentes policiais) são cerca de quinze, mas ultrapassam as vinte e cinco se contarmos todas as outras que têm pequenas aparições. Não é anormal isto acontecer, há livros com muitas personagens. Contudo, senti que eram exageradas para um livro tão pequeno, não havendo tempo nem espaço para as conhecer.
Não me senti cativada por nenhuma personagem. Não posso dizer que tenha uma personagem preferida, mas houve uma que detestei: o inspetor Rodrigues. Este inspetor quase reformado passou todo o livro a ser inútil, a criticar e a descredibilizar os palpites do inspetor Bruno, alegando que não se resolvem crimes com palpites ou sensações. Sinceramente, não sei como é que um homem tão obtuso trabalhou tantos anos como inspetor.

[Fotografia da minha autoria]

Devo ainda mencionar que o livro recebeu uma revisão descuidada. Perdi a conta às vírgulas que encontrei fora do sítio e que podiam, simplesmente, ter sido apagadas. Isto é mais forte do que eu, não consigo abstrair-me destes pormenores e acabo por não desfrutar da leitura.

O clímax do livro, o momento em que é descoberto e interrogado o assassino, é tal e qual um episódio do Inspetor Max. Não digo isto como uma crítica negativa. Eu apenas criei expectativas que não se concretizaram, uma vez que leio imenso este género, tenho certas preferências e preciso de policiais com mais substância para me entusiasmar.

O autor consegue conduzir os diálogos com à-vontade e dar-nos a conhecer os pequenos detalhes característicos das personagens, bem como os seus comportamentos. Este é um aspeto positivo e que demonstra que o autor está habituado a trabalhar com diálogos.

Acredito sinceramente que o autor tem potencial para melhorar, tem muito por onde crescer. Não sei se pretende continuar neste registo, mas a verdade é que eu gostaria que ele se distanciasse um pouco mais das novelas e explorasse algo mais fora da caixa.

Por aqui, sou sempre sincera. Acredito que não devemos ficar inebriados quando lemos autores portugueses; devemos manter o nosso espírito crítico e partilhar opiniões fundamentadas que ajudem os autores a melhorar.
 
Em conclusão, mesmo não tendo sido um livro que me conquistou, não deixo de recomendar a sua leitura. É um trabalho de um autor português que até tem cativado leitores e só lendo é que poderão formular uma opinião.

Classificação: 2/5 estrelas

domingo, 11 de julho de 2021

"Viver Depois de Ti" de Jojo Moyes [Opinião]


Há muito tempo que eu queria ler este livro. Nunca tinha visto o filme porque não gosto particularmente de ver os filmes antes de ler os livros. Mas a curiosidade de conhecer esta história era imensa e, graças a um empréstimo, surgiu finalmente a oportunidade.

Dei comigo agarrada à história em apenas um ou dois capítulos. Conhecemos Louisa, uma jovem banal, que vive numa aldeia de onde nunca saiu, com uma vida completamente banal. Quando fica desempregada, e uma vez que a família está a passar dificuldades, aceita um emprego para cuidar de Will Traynor, um homem que ficou tetraplégico após um atropelamento.

Will é muito temperamental e autoritário, o que faz com que a relação de ambos não comece nada bem. Contudo, Lou tem uma forma muito própria de ver a vida, com uma certa alegria e ingenuidade, e recusa-se a tratá-lo com pena e complacência.

A narrativa é maioritariamente contada na perspetiva de Louisa e a verdade é que adorei a voz dela. Lou é muito humilde e ingénua e tudo o que nos conta tem essa aura de ingenuidade, de inocência, de divertimento. A sua personalidade é tão colorida como as roupas que utiliza e que são sempre tão estranhas e diferentes que Will as considera ridículas.
 
[Fotografia da minha autoria]


Creio que é impossível alguém ficar indiferente a esta história. São abordados temas importantíssimos e até um pouco controversos, como o direito à liberdade de escolha, quais as suas consequências e a forma como reagem as pessoas à nossa volta.
A autora abordou esta temática com muita humanidade, colocou-nos verdadeiramente a pensar (ou, pelo menos, a tentar) no que faríamos se estivéssemos nesta situação. O tema é tão complexo e sensível que eu não consigo ainda formular uma opinião. Entendo os pontos de vista de todos os intervenientes, mas é mesmo difícil colocar-me na pele de Will, tentar imaginar o que é ter uma vida ativa e, de um momento para o outro, ficar agarrada a uma cadeira de rodas, completamente dependente de alguém.

A relação que Lou e Will desenvolvem cresce de forma maravilhosa. Will ensina Lou a ver a vida de outra forma, mesmo que seja ela quem esteja a tentar mudar a visão dele. A verdade é que ele faz muito mais por ela, mostrando-lhe que existe mais vida e mais experiências para lá do pequeno mundo onde ela vive. Às vezes precisamos mesmo de viver com ousadia, arriscar, sair da nossa zona de conforto, mesmo que o desconhecido nos pareça terrível.

Em relação ao final do livro, acho que foi o mais adequado, talvez o mais realista. O leitor sabe desde cedo o que poderá acontecer, mas isso não impede o nosso coração romântico de desejar que o desfecho seja outro. Achei-o perfeito!

Viver Depois de Ti sobressaltou-me as emoções. Tinha receio de que me deixasse mergulhada numa ressaca mas a verdade é que estou grata pela oportunidade de conhecer esta lindíssima história. Vou recordar Lou e Will por muito tempo e é um daqueles livros que farei questão de comprar para ter na estante.
Embora muitos leitores tenham receio de ler a continuação (porque este livro é tão bom que podia ficar por aqui), a verdade é que sinto imensa curiosidade em saber como terá continuado a vida de Lou. Por isso, decidi que vou ler os dois livros que dão continuidade a esta história.

Um livro incrível, comovente, escrito com muita sensibilidade e que acredito que deveria ser lido por toda a gente. Esta temática é demasiado importante para ser ignorada. Leiam!

Classificação: 5/5 estrelas

segunda-feira, 5 de julho de 2021

"Aquorea - Inspira" de M. G. Ferrey [Opinião]


Aquorea é o romance de estreia da autora portuguesa M. G. Ferrey. Senti uma enorme conexão com este livro após conhecer a sinopse, tive um feeling de que iria gostar e acabei por comprá-lo em pré-venda. Não me arrependi!
 
No dia do funeral do avô, Arabela Rosialt, uma jovem de 17 anos, cai ao mar e afoga-se. Porém, quando acorda, reencontra-o, e ao mesmo tempo descobre que está em Aquorea, uma comunidade que prospera há muitos anos abaixo do nível do mar.

O que me surpreendeu logo nos primeiros capítulos foi a escrita irrepreensível da autora. Este podia perfeitamente ser um livro traduzido de uma qualquer autora americana. Digo isto porque não é aquela escrita mais característica dos autores portugueses. E não considero isto um aspeto negativo, antes pelo contrário. Foi a escrita que me conquistou logo na primeira página!

A autora pensou, imaginou e descreveu o mundo de Aquorea ao detalhe e tenho de a felicitar por isso porque a história está incrivelmente criativa. Conhecemos a forma como esta comunidade vive, os seus valores e princípios, a forma como subsistem, a ausência de dinheiro ou de uma moeda, o tipo de profissões que existem... Os pormenores são ricos e deliciosos!
Acredito que quase nenhum leitor conseguirá ficar indiferente a Aquorea e desejará saltar para dentro destas páginas, tal como eu desejei várias vezes ao longo destes capítulos.
 
[Fotografia da minha autoria]
 
São bastantes as personagens que povoam este livro e que vamos conhecendo. Todas estão bem caracterizadas e com as suas peculiaridades, e não há uma única que esteja ali por acaso, só a enfeitar. Todas têm o seu papel e acredito que terão ainda espaço para crescimento no volume seguinte.
Adorei a Ara e a Petra. Zanguei-me com o Kai e logo a seguir apaixonei-me por ele. Adorei o Colt e tenho algumas teorias para ele!

Aquorea é um daqueles livros que apetece devorar e, ao mesmo tempo, ler bem devagar para que nunca termine. Por diversas vezes dei comigo a arranjar tarefas com que me entreter para justificar a ausência de tempo para ler, pois não queria de maneira nenhuma despedir-me desta história.

A narrativa passa-se quase toda debaixo do mar, em Aquorea. Alguns capítulos decorrem à superfície e achei-os extremamente importantes, uma vez que mostram o desespero da família de Ara e a forma como estão, ou não, a lidar com a perda da filha.

Este livro fez-me sentir bem. Fez-me sentir calma, serena. Fez-me sentir exatamente aquela paz e tranquilidade que sentimos quando caminhamos sozinhos pela praia e nos sentamos no areal, a ouvir o som do mar e a desfrutar do cheiro a maresia. Não me lembro de outro livro que me tenha feito sentir desta forma.

Aquorea é uma mistura entre young-adult (os protagonistas são jovens entre os 17 e os 20 e poucos anos) e fantasia, embora não seja aquela fantasia pura onde encontramos sereias, vampiros, lobisomens e outro tipo de monstros.
Parece-me ser uma história transversal a muitas idades, por isso acredito que até os leitores menos cativados por fantasia poderão gostar deste livro.

Aquorea apaixonou-me, conquistou-me, arrebatou-me completamente. Fiquei rendida ao amor de Ara e Kai e vivi os seus dilemas como se fossem os meus.

Que história bonita! Que história maravilhosa! Sinto-me extremamente grata à M. G. Ferrey por ter tornado este mundo real, por tê-lo partilhado com os leitores. Disse-lhe numa mensagem que este livro merece o mundo e continuo a acreditar nisso. Este livro tem todos os ingredientes para ser um sucesso internacional. Fico a torcer por isso e, claro, para que não demore muito a ter o segundo volume nas minhas mãos!

Classificação: 5/5 estrelas

sábado, 12 de junho de 2021

"A Cidade Perdida" de James Rollins [Opinião]


«Rollins escreve com inteligência, clareza e um refrescante sentido de humor.»
Kirkus Reviews
 
Esta leitura foi impulsionada pela minha melhor amiga, que é completamente doida pelo autor e tem andado a colecionar todos os seus livros.

A Cidade Perdida é o primeiro volume da série Sigma, que nos dá a conhecer uma das missões de Painter Crowe. Ele é um agente da Força Sigma, um braço secreto do Departamento de Defesa dos EUA, que tem como função manter descobertas científicas perigosas afastadas das mãos dos inimigos.

Tudo começa com uma explosão no Museu Britânico, que conduz a uma descoberta científica e, posteriormente, a uma expedição em busca da cidade perdida de Ubar.

Este livro é uma aventura mesmo ao género das do Indiana Jones e será a leitura ideal para os fãs deste tipo de filmes. Eu já vi alguns filmes, mas creio ter sido a primeira vez que li algo do género.

[Fotografia da minha autoria]

A narrativa é muito detalhada. As descobertas científicas têm sempre explicações associadas, há bastantes detalhes históricos, mas nada disto se torna maçador porque a ação está presente em todos os capítulos. Basicamente, as personagens nunca têm descanso.

Consegui visualizar todas as cenas, tal como se estivesse a ver um filme. Demorei, contudo, algum tempo a terminar o livro porque havia momentos em que me sentia cansada com o ritmo tão frenético.

Este livro mostra também como Painter Crowe se tornou chefe da Sigma. Pelo que sei, os livros seguintes da série têm outro protagonista.

No geral, é uma excelente leitura para quem aprecia ciência, história, algum misticismo, e adora perseguições, combates e caças ao tesouro.

Classificação: 4/5 estrelas

terça-feira, 8 de junho de 2021

"Chamas" de Patricia Morais [Opinião]


Chamas é o segundo volume de uma série de fantasia urbana da autora Patricia Morais.

Acompanhamos a continuação das aventuras de Lilly Ashton, como membro dos Diabolus Venator, uma organização de caçadores de monstros sobrenaturais. Após os acontecimentos do livro Sombras, Lilly e Liam estão a ser perseguidos por Claudius, um perigoso vampiro sedento de vingança.

Um aspeto muito positivo é que este livro é bastante mais dinâmico do que o primeiro. Há mais cenas de ação, de luta, com algumas surpresas lá pelo meio. Senti mais entusiasmo nesta leitura, dado que me espicaçou a curiosidade, levando-me a ler mais capítulos de seguida.

Surgem novas criaturas que a autora descreveu com cuidado, demonstrando a pesquisa e fascínio que sente pela temática do sobrenatural.
Perto do final do livro, surgiu uma revelação sobre Lilly que me cativou imenso e que acabou por explicar alguns pequenos acontecimentos do livro.

No primeiro volume, recordo-me de ter desenvolvido sentimentos contraditórios em relação a Liam. Creio que agora consegui conhecê-lo um pouco melhor e já sinto mais simpatia pela personagem.
Gostava, no entanto, de ter visto mais química entre o casal. A autora precisa de trabalhar mais a caracterização das personagens, uma vez que achei difícil conectar-me com elas e sentir empatia.

Por fim, o final é completamente louco. É um daqueles finais que nos faz querer ler de imediato o volume seguinte. A parte negativa é que a continuação ainda não está publicada. Espero sinceramente que a autora esteja a trabalhar nela porque os leitores merecem conhecer a conclusão desta história.

Classificação: 3/5 estrelas

segunda-feira, 24 de maio de 2021

"O Paciente" de Jasper DeWitt [Opinião]


«O Paciente é uma história em que o terror vai crescendo lentamente até agarrar o leitor, com uma série contínua de arrepios.»
New York Journal of Books
 
É sempre algo arriscado acreditarmos nas chamadas de atenção que alguns livros trazem na capa, indicando que são o livro perfeito para os fãs de um outro livro.
O romance de estreia de Jasper DeWitt é indicado para fãs de A Paciente Silenciosa, de Alex Michaelides, um livro que eu adorei e que me fez querer ler este de imediato.

Mas afinal o que têm estes livros em comum? Um hospital psiquiátrico, um paciente misterioso e um terapeuta jovem e ambicioso, com muita vontade de tratar um paciente difícil.

O Paciente é narrado na primeira pessoa e logo aqui o livro se torna diferenciador porque vamos ler relatos publicados num fórum destinado a profissionais de saúde. Acompanhamos toda a história de Parker, um psiquiatra que chega a um novo hospital e rapidamente fica interessado no caso de um paciente, internado desde os 6 anos, sem diagnóstico conhecido e considerado incurável. Cada pessoa que o tentou tratar foi levada à loucura ou ao suicídio.

Arrepiante, não é?

Custou-me um pouco a adaptar-me a esta narrativa mas, ao fim de um par de capítulos já me sentia completamente envolvida na história. Envolvida e cheia de dúvidas, tal como o nosso doutor.
O que se passou, afinal? Quem é este paciente internado há mais de vinte anos? Porque é que todos se sentem aterrorizados na sua presença?
As respostas chegam, mas não foram nada daquilo que eu imaginei na minha tentativa de adivinhar o final.

[Fotografia da minha autoria]

Alguns leitores (cujas opiniões já li) referiram ter achado este livro aterrador e causador de pesadelos. Eu não senti nada disso. Senti muita curiosidade, alguma estranheza, mas não aquele medo que resulta de estarmos a ler algo arrepiante.
Eu sei por que razão não senti o mesmo que outros leitores, e é por isso que afirmo que este livro poderá proporcionar experiências diferentes a leitores diferentes.

Uma grande parte desta história insere-se no thriller psicológico e só mais perto do final é que aparecem elementos de terror sobrenatural. E foi esse final que não me satisfez totalmente.
Eu aprecio fantasia e sobrenatural, contudo, quando um livro aborda um tema mais "real", mais contemporâneo, acaba por ser uma desilusão chegar à última página e descobrir que a solução é algo dentro do sobrenatural. Creio que me assusto mais com a maldade do ser humano do que propriamente com monstros imaginários ou criaturas sobrenaturais.

O livro é cativante e conjuga muito bem a temática da saúde mental e da psiquiatria com alguns ingredientes de terror sobrenatural. É um livro ótimo se quiseres explorar esta temática, mas não garanto que seja realmente assustador. Experimenta! Poderás ter uma experiência bem diferente da minha.

Deixo o meu agradecimento à Topseller, por continuar a apostar cada vez mais em livros dentro do género terror, algo que tem vindo a ser mais explorado em Portugal!

Classificação: 3/5 estrelas

terça-feira, 18 de maio de 2021

"A Menina Silenciosa" de Hjorth & Rosenfeldt [Opinião]


«Um romance trepidante que não foge do pesado custo emocional da culpa e da perda.»
Sunday Times (Reino Unido)

A Menina Silenciosa é o quarto volume da série Sebastian Bergman. Nunca é demais repetir que esta série deve ser lida por ordem, uma vez que dá uma grande ênfase à vida das personagens.

Não entendo como passei vários anos com dois livros desta série na estante, sem nunca lhes ter dedicado um tempinho. A verdade é que agora me sinto completamente viciada nesta trama, que se tem tornado mais empolgante a cada livro.

O volume anterior apresentava um caso policial pouco interessante e que não me encheu as medidas. Felizmente, neste livro houve uma grande melhoria.

A Riksmord é chamada a investigar o caso de uma família que foi brutalmente assassinada em casa, em plena luz do dia. Descobrem que há uma testemunha, uma menina de 9 anos, completamente traumatizada e que deixou de falar, apenas comunicando através de desenhos.
Enquanto tentam romper a sua parede de silêncio, terão de a proteger, dado que o assassino está disposto a tudo para garantir que ela permanece calada.

[Fotografia da minha autoria]

Não obstante a brutalidade destes crimes, o livro não apresenta descrições excessivamente violentas. Tal como já referi no passado, estes livros são pouco procedimentais. Não encontramos uma investigação muito aprofundada nem autópsias macabras.

A investigação está muito bem conduzida, com as dificuldades associadas, com tensões entre as diversas forças policiais e com o aparecimento de novas pistas. A criança que testemunhou o crime foi talvez o que tornou este livro novamente num dos meus preferidos da série.
 
Gostei da relação que Sebastian estabeleceu com a menina, mas gostaria de ter visto um maior desenvolvimento do seu mutismo e de como a terapia a poderia ajudar. Esta criança foi importante, na medida em que ajudou Sebastian a confrontar os acontecimentos do seu passado. Ainda não sei se é desta que ele conseguirá finalmente alguma paz de espírito, mas pelo menos senti uma evolução.

O final deste livro não é tão chocante como o do anterior, mas é igualmente surpreendente, uma vez que nos traz uma revelação chocante e a promessa de um segredo que irá ser revelado. Creio que agora estou ainda mais desejosa de ler o volume seguinte!

Classificação: 4/5 estrelas

quinta-feira, 13 de maio de 2021

"O Dilema" de B. A. Paris [Opinião]


«Um drama familiar que nos provoca uma tensão quase palpável. Só queremos descobrir o que acontecerá a seguir.»
Sunday Mirror
 
Aflitivo.
Angustiante.
 
A pessoa que mais amas está a realizar o seu maior sonho. Queres que ela tenha um dia perfeito. Porém, quando recebes uma notícia terrível, sabes que tens de lhe contar... e que essa notícia vai devastar por completo as vossas vidas. O que serias capaz de fazer para lhe dares mais algumas horas de felicidade?

O sonho de Livia é dar uma festa de arromba nos seus 40 anos, para compensar a festa de casamento que nunca teve. Li algumas opiniões em que os leitores referiam que dar uma festa é o sonho mais fútil de sempre. Sim, até pode ser, mas eu li este livro de mente aberta, sem julgar as personagens pelos seus sonhos e desejos, sejam eles fúteis ou não.
No dia da festa, Adam recebe uma notícia terrível e tem de a contar a Livia. Não pode deixar a festa acontecer. Mas ela está tão feliz! Será ele capaz de lhe dar a notícia que vai destruir toda esta felicidade?

Este livro passa-se ao longo de um dia. A história é contada na voz de Livia (a viver o seu sonho) e de Adam (a viver um inferno pessoal). Hora a hora vamos acompanhando todas as emoções e acontecimentos deste dia, alternando com alguns episódios do passado, de forma a conhecermos toda a dinâmica desta família.

[Fotografia da minha autoria]

O Dilema é um livro tanto para fãs de thrillers emocionais como para fãs de dramas. É uma história com uma carga dramática muito forte que mexe com as emoções. Por isso, é importante que o leitor tenha isto em conta, para mais tarde não dizer que o livro não era bem o que esperava.

B. A. Paris escreve thrillers psicológicos de leitura compulsiva. Geralmente as premissas dos seus livros são simples, mas o suspense está tão bem doseado que é impossível parar de ler. Tenho lido todos os seus livros quase sem respirar e este é mais um capaz de nos deixar os nervos em franja.

Confesso que passei toda esta leitura incrédula com o que estava a acontecer. Sabemos logo nas primeiras páginas o que aconteceu, isto não é surpresa, e conseguimos imaginar que o livro não terá um final feliz. O que precisamos urgentemente de saber é quando será feita a revelação.
 
Não é um livro com um final surpreendente, não aparece nenhuma reviravolta que nos vai deixar boquiabertos. Mas todo o livro é um murro no estômago. É angustiante. É aflitivo. É intenso. É de partir o coração.
Este livro deixou-me mesmo triste. Mesmo depois de o ter terminado, continuei a sentir-me como se aquela nuvem negra ainda pairasse acima de mim.

A narrativa na primeira pessoa permite-nos vestir a pele daquelas personagens, pensar "e se fosse eu, o que faria?". É um ótimo livro para treinar a empatia. Gostei mais de ler os capítulos na perspetiva de Adam. Foi terrível acompanhar a sua aflição enquanto pai e vê-lo mergulhado naquele inferno.

Um drama familiar muito bem construído e contado à velocidade de um thriller. É um livro sobre escolhas, sobre segredos, sobre o que fazer quando estamos perante uma escolha impossível.

Em conclusão, creio que posso afirmar que nunca li nada assim. Recomendo sem qualquer reserva. Prepara-te para uma montanha-russa de emoções!

Classificação: 4/5 estrelas

quinta-feira, 6 de maio de 2021

"O Monte dos Vendavais" de Emily Brontë [Opinião]


Confesso que nunca tinha sentido muita curiosidade em relação a este clássico, nunca procurei ler a sinopse para saber de que se tratava. Até que vi um leitor no Instagram referir que se tratava de uma história sobre vingança. Sendo este um tema que eu adoro encontrar na literatura, decidi que chegara a hora de apostar neste clássico, o único livro escrito por Emily Brontë.
 
Apesar de ser um clássico, achei-o apelativo, cativante e não tive qualquer dificuldade com a escrita da autora. Esta edição revista da Dom Quixote está muito moderna e cuidada. Devo também mencionar a capa, que está absolutamente encantadora e é bem possível que seja uma das mais bonitas da minha estante.

Esta é a história de duas famílias, os Earnshaw e os Linton, apanhadas no meio de uma paixão avassaladora que arrasará tudo em seu redor.
 
A história é contada por Nelly Dean, a antiga governanta do Monte dos Vendavais, ao novo inquilino da Granja, Mr. Lockwood, que está curioso por conhecer a história do seu antecessor. Esta forma de narrar resultou muito bem, uma vez que Nelly é uma das personagens mais sensatas do livro e vai preenchendo a sua narrativa com algum humor.

[Fotografia da minha autoria]

O que é que eu senti a ler este livro? Para começar, passei grande parte do tempo irritada com as personagens e incrédula com os seus comportamentos. Catherine é extremamente mimada e caprichosa. Quase todas as outras personagens são mal educadas e rudes, e nem os empregados escapam a esta falta de educação. Quanto a Heathcliff, nem tenho palavras. É um ser completamente diabólico, rancoroso, vingativo, violento e louco.

O Monte dos Vendavais é a história de um amor proibido, porém, se me permitem a sinceridade, eu não encontrei amor nenhum nesta história. O que Catherine e Heathcliff sentem um pelo outro é uma paixão cruel, destrutiva, e dá-me a sensação de que tudo isto aconteceu porque eles nunca foram capazes de conversar um com o outro, de pelo menos tentar ultrapassar as diferenças que os separavam, de lutar um pelo outro, talvez até fugir juntos. Isto foi um amor nunca vivido que se transformou num ódio visceral e numa terrível vingança que afetou as gerações futuras.
 
Não posso afirmar que o livro me tenha marcado para toda a vida, mas reconheço que é um clássico imperdível e que merece ser lido. Esta história foi escrita há mais de 170 anos e não é por acaso que continua a ser lida e apreciada pelos leitores.
Sei que vou recordar-me destas personagens durante muito tempo e da aura negra que as envolve.
Uma história sombria e cruel cuja leitura recomendo a quem desejar explorar este clássico da literatura.

Classificação: 4/5 estrelas

terça-feira, 27 de abril de 2021

"Distância de Segurança" de Samanta Schweblin [Opinião]


«Schweblin dá-nos uma lição de mestre acerca de medo e suspense.»
The Economist
 
Estranho. É a primeira palavra que me ocorre para caracterizar este livro.
A segunda é intrigante.
E posso também afirmar com segurança que, assim que li a última página, fiquei a sentir que não tinha percebido rigorosamente nada do que acabara de ler.

Distância de Segurança é uma novela (tem apenas 120 páginas) com um enredo simples, mas com uma certa dose de complexidade. Trata-se de uma conversa entre Amanda (uma mulher que estará às portas da morte no hospital) e um menino chamado David. Há outras duas personagens com papel relevante que entram na história: a filha de Amanda e a mãe de David.

O que achei curioso é que este livro oferece uma leitura completamente viciante, com uma tensão que não dá descanso. É como se uma força invisível nos prendesse a estas páginas. Não sei se terá sido devido a toda a estranheza da história, mas a verdade é que não sosseguei até chegar ao fim. Comecei este livro num domingo à tarde, lendo cerca de metade, e nessa mesma noite ao ir deitar-me retomei a leitura e só parei na última página. 

[Fotografia da minha autoria]

A narrativa contém alguns aspetos que se podem inserir no paranormal. Há uma espécie de pesticidas que estão a afetar pessoas e animais e surge uma mulher com uma "cura" quando um menino fica gravemente doente.

O seu título em inglês é Fever Dream, e essa foi a primeira interpretação que fiz da história: talvez tudo não passe de um sonho febril, em que os acontecimentos nos parecem irreais e confusos, tal como os sonhos por vezes são.

A história, contudo, fala-nos de relações entre mães e filhos, de como por vezes as mães podem ser extremamente zelosas com as suas crianças. Mas serão capazes de controlar tudo ao seu redor e proteger os filhos de todos os perigos?

Devido a toda a estranheza, este é um livro que merece uma releitura, algo que pretendo fazer dentro de algum tempo, na esperança de ser capaz de compreender melhor a história.

Já leste este livro? Terei muito gosto em conhecer a tua interpretação. Partilha comigo!

Classificação: 4/5 estrelas