ESTÚDIO - EEP 50013 - edição portuguesa (1967)
Just Like Me (Hart/Dey) - Understanding (Steve Marriott/Ronnie Lane) - Shake (Sam Cooke) - He Was A Friend Of Mine (tradicional)
Este é, provavelmente, o mais raro e, consequentemente, o mais caro EP jamais editado em Portugal.
Peter Doggett, da revista especializada "Record Collector", diz mesmo que é um dos mais raros discos dos anos 60.
Trata-se do Tony Jackson Group, banda inglesa formada por Tony Jackson (ex-vocalista dos Searchers), Dennis Thompson (baixo), Paul Francis (bateria) e Ian Buisel (viola-solo), filho de pais português.
E esta é a razão por que Tony Jackson Group tem no seu
curriculum esta raridade discográfica gravada em Portugal no Verão de 1967.
Tony Jackson foi um membro proeminente dos Searchers e a sua saída da banda, no Verão de 1964, foi um escândalo.
Até então os Searchers tinham editado com bastante sucesso "Sweets For My Sweet" e "Sugar And Spice" (1963) e "Needles And Pins" e "Don't Throw Your Love Away" (1964).
Musicalmente, tínhamos petrificado, esgotado toda a nossa capacidade de evolução, explicaria Tony Jackson a sua saída à revista portuguesa Século Ilustrado em Fevereiro de 1967.
Com Ian Buisel, Paul Francis e Dennis Thompson forma o Tony Jackson and the Vibrations, depois só Tony Jackson Group, que se estreia em disco em Setembro de 1964 com "Bye Bye Baby", um original gravado por Mary Wells.
Em finais de 1966 e princípios de 1967, o Tony Jackson Group andava numa van pela Europa e por uma razão veio parar a Portugal. Porquê?
Nem mais nem menos porque Ian Buisel era filho de pai português, Hugo Buisel, que foi locutor da BBC, meio-irmão da actriz portuguesa Júlia Buisel e primo de Bertha-Rosa Limpo, ex-cantora lírica e autora do célebre Pantagruel, e, obviamente, do seu filho, o cineasta Jorge Brum do Canto.
Tinha ainda um outro irmão, Iago, professor de Inglês no Instituto Britânico de Cascais.
Ian era conhecido como "Rocker", cresceu com Jeff Beck e tocou no Hot Rod Gang.
Por isso, assim que se me apresentou o ensejo, tratei de os vir abraçar a ambos, disse Ian a esse Século Ilustrado.
A banda ficou uns tempos por cá (
até no Inverno se pode ir à praia), actuou na RTP, partilhou o palco de
Sylvie Vartan no Teatro Monumental, em Lisboa, e ainda foi tocar a uma
boîte, não identificada pelo
SI.
A reportagem, não assinada, do SI, termina assim:
São quatro moços joviais que, muito à moderna inglesa, desdenham a ponderação de fachada, o ar severo, a gravidade: usam melenas sobre as orelhas e os olhos, comportam-se com descontracção e à vontade, mas tocam porque têm talento e lhes dá prazer tocar e vão ganhando honradamente a sua vida e tecendo planos para o futuro que querem que lhes pertença tanto como lhes pertence o presente.
São quatro moços que já têm calculada a data em que terminará a sua aventura pop: a data em que, como os Beatles, a quem consideram os reis, os maiores de todos os intérpretes da actual música popular deste mundo, dirão adeus uns aos outros e tratarão de seguir os seus próprios caminhos. Porque o pop é, também, uma música de jovens.
Ninguém, com as têmporas grisalhas, poderá berrar yé-yé ao som estridente das guitarras eléctricas.
Este EP foi vendido no
eBay no dia 03 de Setembro de 2009 por 1.358 dólares (952 euros).
Um outro exemplar voltou a ser vendido no eBay no dia 31 de Janeiro por 697,50 libras (838 euros).
Ian Buisel que, mais tarde, tomou o nome de Ian Leighton, morreu em 1988 e Tony Jackson em 2003.
Peter McCormack defende na net que a gravação do EP em Portugal se deve ao facto de um irmão de Ian, Jimmy,
andar, na altura, com a filha de um director de uma rádio portuguesa, mas não indica nomes.
Luís Pinheiro de Almeida
