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quarta-feira, 8 de junho de 2016

2º E ÚLTIMO EP DOS HI-FI (1968)


PARLOPHONE - LMEP 1296 - 1968

Crystals And Trees (Carlos Correia) - Standing The Scene (Carlos Canelhas/Carlos Correia) - Running Away (Carlos Correia) - I See The Rain (Campbell/Mc Aleese)

sábado, 20 de dezembro de 2014

FOTO HISTÓRICA DOS BOYS


Ensaio dos HI-FI (então Boys) na véspera do concurso Ié-Ié, em Lisboa, na garagem do Tonã.

Os Boys venceram a 11ª eliminatória do Concurso no dia 06 de Novembro de 1965.

Ver aqui mais informação sobre o Conjunto Universitário Hi-Fi.

Cortesia de Maria Correia

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

YÉ-YÉ EM COIMBRA

(Os Álamos em Oliveira do Hospital 1963/64: Luís Filipe Colaço, José Veloso, Carlos Correia (Bóris) e Alberto Nogueira ("Pente"), baterista ocasional).

O chamado yé-yé teve em Coimbra os seus principais baluartes nos Álamos e no Conjunto Universitário Hi-Fi. Mas outros conjuntos houve.

Os Álamos surgiram em Coimbra em 1963, na sequência da dissolução do conjunto do Orfeão de Coimbra, onde pontificavam José Cid, José Niza, Joaquim Caixeiro, Rui Ressurreição e Daniel Proença de Carvalho.

A primeira formação do Conjunto Universitário Os Álamos ainda manteve Rui Ressurreição, mas para a gravação do 1º EP ( "O Comboio" , Rapsódia EPF 5.305, de 1966) o grupo já era formado por Francisco Faria (voz), Luís Filipe Colaço (guitarra-solo), Duarte Manuel Brás (guitarra-ritmo), José Luís Veloso (guitarra-baixo) e José António Pereira (bateria).

"O Comboio" foi das primeiras canções jamais escritas por José Cid, que a ofereceu aos Álamos. José Cid assinava então José Cid Tavares.

O EP incluía mais três canções, curiosamente todas elas do repertório dos Beatles, mas só uma original de Lennon/McCartney, contrariamente ao que está indicado na contracapa: "The Night Before" (Lennon/McCartney), "Baby It's You" (Mack David/Barney Williams/Burt Bacharach, indicado erroneamente como sendo de Lennon/McCartney) e "Taste Of Honey" (Bobby Scott/Rick Marlow).

Os Álamos actuavam por todo o País, incluíndo Madeira (1964) e Açores (1966), e fizeram digressões por Angola (1967). Confessaram que rejeitaram contratos na África do Sul, Suiça e nas Canárias por causa dos estudos.

As sebentas sempre se sobrepuseram às violas. Continuamos como no princípio: desejosos da formatura. Não somos ié-iés furiosos. Ray Charles é o nosso monstro sagrado. Beach Boys e Beatles são também grandes para nós.

Em 1969, os Álamos editaram mais dois singles, "Stop That Game" , Sonoplay, SN-20.191 (Stop That Game/It's A New Day), e "Peter And Paul" , Sonoplay, SP 20.002 (Peter And Paul/Flip Side).

Na gravação do primeiro single participaram Carlos Correia (voz e guitarra) que substituiu Francisco Faria, José António Pereira (bateria), Luís Filipe Colaço (guitarra-ritmo), José Luís Veloso (guitarra-baixo), António José Albuquerque (teclas) e Rui Ressurreição (teclas).

"Stop That Game" é da autoria de Carlos Correia, que mais tarde acompanharia José Afonso à viola, com arranjos de Rui Ressurreição, e "It's A New Day" é uma composição de Isabel Motta e Rui Ressurreição.

No segundo e último disco dos Álamos, "Peter And Paul" é da autoria de Rui Ressurreição e Isabel Motta, enquanto "Flip Side" é da autoria exclusiva de Carlos Correia, também conhecido como Bóris, actual Doutor em Física e professor universitário em Coimbra.

Sendo Coimbra a cidade dos estudantes, seria natural que outros conjuntos universitários surgissem e em 1967 foi editado o primeiro EP do Conjunto Universtário Hi-Fi (ex-Boys) ("Back From The Shore" , Parlophone, LMEP 1271, de 1967).

Também este EP incluía uma versão dos Beatles, "I Call Your Name" (Lennon/McCartney), mas na estética dos Mamas and Papas.

As outras 3 canções são "Back From The Shore" (Carlos Correia/António Figueiredo), "Three Days Of My Life" (Carlos Correia) e "Words Of A Mad" (Carlos Correia).

Nesta altura, os Hi-Fi eram formados por Alexandre Carlos Reboxo Vaz (viola-baixo), António Manuel Sousa Freitas (bateria), Luís Manuel Bulhões Pimentel Paula de Matos (viola-ritmo), Carlos Correia (futuro Álamos, viola-solo) e Ana Maria (voz), actual professora universitária na Alemanha.

Por vezes, também Rui Ressurreição (ex-Álamos, teclas) também participava, como foi o caso do Festival da Canção do Douro, no Porto (1967) e da gravação do 1º EP.

Os Hi-Fi só editaram mais um EP, em 1968, "Crystals And Trees", Parlophone LMEP 1296, com três originais, "Crystals And Trees" (Carlos Correia), "Standing The Scene" (Carlos Canelhas/Carlos Correia) e "Running Away" (Carlos Correia) e uma versão "I See The Rain" (Campbell/Mc Aleese), dos Marmalade.

Antes das gravações dos discos, em 1965, o Conjunto Universitário Hi-Fi tinha a designação de Boys , tendo então vencido a 11ª eliminatória do Concurso Yé-Yé do Teatro Monumental, em Lisboa.

Eram então formados por Vítor Manuel (vocalista), Luís Manuel Bulhões Pimentel Paula de Matos (viola-ritmo), Alexandre Carlos Reboxo Vaz (viola-baixo), Carlos Correia (viola-solo) e António Lima (bateria).

Na transição dos Boys para os Hi-Fi (66-67), ficaram pelo caminho Vítor Manuel (voz), substituído por Ana Maria (voz) e António Lima substituído por António Manuel Sousa Freitas (bateria).

Em 1968, Duarte Brás saíu dos Álamos e com outro estudante também natural dos Açores, Ciríaco Martins, formou o duo Duarte & Ciríaco (ex-Folkers) que viria a gravar três discos (2 EPs e um single) na onda folk:

- "Nós", Sonoplay SON 100.002, de 1969, com direcção artística de Carlos Guitart: "Naufrágio" (Popular/Cristóvão Aguiar), "Canção de Embalar" (Popular), "Estrada Real" (Duarte/Fausto José) e "Trova A Este Vilancete" (Ciríaco/Francisco de Sousa (séc. XVI))

- "Duarte & Ciríaco" , Movieplay SON 100.005, s/data, com arranjos e acompanhamentos de Carlos Correia, som de Moreno Pinto e direcção artística de Rui Ressurreição: "Chária", "Bravos", "Cantares do Zé da Lata 1 e 2", todos motivos populares.

- "Duarte & Ciríaco" , Movieplay SP 20.009, s/data, com arranjos e direcção de orquestra de Thilo Krasmann, supervisão de Rui Ressurreição e som de Moreno Pinto: "Este Parte, Aquele Parte" (Rosalia de Castro/José Niza) e "Selva-Mundo" (José Niza).

O duo gravou um programa Zip-Zip para a RTP e um PBX para o RCP (João Paulo Guerra), tudo em 1969.

O "folk" veio de avião desde a América para a Terceira. Foi através da base aérea americana que a "folk music" entrou nos Açores. A nossa ambição é produzir um "folk" absolutamente português e a melodia coimbrã faz intrinsecamente parte de nós próprios.

Esta é a discografia do yé-yé (lato sensu) de Coimbra: Álamos (3), Conjunto Universitário Hi-Fi (2) e Duarte & Ciríaco (3), num total (escassíssimo) de oito discos e 26 canções:

ÁLAMOS (1966-1969):

O Comboio
- Baby It's You - Taste Of Honey - Night Before (Rapsódia EPF 5305 - 1966)

Stop That Game - It's A New Day (Sonoplay SN 20.191 - 1969)

Peter And Paul - Flip Side (Sonoplay SP 20.002 - 1969)

HI-FI (1967-1968):

Back From The Shore
- Three Days Of My Life - I Call Your Name - Words Of A Mad (Parlophone LMEP 1271 - 1967)

Crystals And Trees - Standing The Scene - Running Away - I See The Rain (Parlophone LMEP 1296 - 1968)

DUARTE & CIRÍACO (1969-...):

Nós - Naufrágio - Canção de Embalar - Estrada Real - Trova A Este Vilancete (Sonoplay 100.002 - 1969)

Duarte & Ciríaco - Chária - Bravos - Cantares do Zé da Lata 1 & 2 (Sonoplay 100.005 - s/data)

Duarte & Ciríaco - Este Parte, Aquele Parte - Selva-Mundo

Mas outros conjuntos yé-yé houve que também tiveram a sua projecção local, mas não discográfica.

Destes, os mais relevantes terão sido os Protões, que ficaram em segundo lugar no Festival Yé-Yé realizado em Coimbra em 1966. Havia também os Pops e os Scoubidous.

E, fundamental para a história do rock nacional, os Babies, tidos como os primeiros roqueiros portugueses.

Nasceram em Coimbra, em 1958, com José Cid (rabecão, piano e voz), António Portela (piano e acordeão), António Igrejas Bastos (bateria e voz) e Rui Nazaré (guitarra).

A verdade é que Coimbra sempre foi mais conhecida pelo seu fado e pela sua canção do que propriamente pelo yé-yé.

Colaboração de Luís Pinheiro de Almeida

terça-feira, 22 de novembro de 2011

2º E ÚLTIMO EP DO CONJUNTO UNIVERSITÁRIO HI-FI (1968)


PARLOPHONE - LMEP 1296 - 1968

Crystals And Trees (Carlos Correia) - Standing The Scene (Carlos Canelhas/Carlos Correia) - Running Away (Carlos Correia) - I See The Rain (William Campbell/Thomas McAleese)

O Conjunto Universitário Hi-Fi surgiu em Coimbra, em finais de 1966, das cinzas dos Boys, formado por Alexandre Carlos Reboxo Vaz, António Manuel Sousa Freitas, Luís Manuel Bulhões Pimentel Paula de Matos, Carlos Manuel Correia (Bóris) e Ana Maria.

A formação inicial dos Boys contava com Tonã (António Vieira Lima, hoje médico) na bateria e Victor Ferreira foi vocalista mesmo antes de Ana Maria, tendo chegado ambos a actuar juntos.

Alexandre Carlos Reboxo Vaz - viola-baixo. Tem 18 anos e frequenta o 2º ano de Direito. É um apaixonado pelos espirituais negros e pelos blues de Ray Charles. Detesta imitações e preocupa-se em criar o seu próprio estilo. Foi, com Luís, o fundador do conjunto. Em banjo e guitarra executavam ambos melodias do folclore americano. Vinha dos Boys.

António Manuel Sousa Freitas - tem 19 anos e finaliza o 7º ano liceal. É o bateria do conjunto, onde gosta de executar solos (fazia o solo de “Little B”, dos Shadows, na perfeição). Adora jazz acima de tudo e detesta cantar. Instrumentos preferidos: órgão e bateria. É o elemento mais recente do conjunto recém-vindo de Lisboa, onde nasceu e onde fez parte, designadamente, dos Gentlemen que gravaram com Daniel Bacelar. Em 1968 foi substituído por Luís Monteiro. É filho do poeta/letrista António Sousa Freitas.

Luís Manuel Bulhões Pimentel Paula de Matos - viola que prefere não eléctrica. Tem 20 anos, estuda engenharia e é a voz mais alta do conjunto. Do seu entusiasmo nasceu o conjunto. As preferências musicais vão para os Four Freshman e Bill Evans. Não suporta fífias, nem mesmo nos ensaios. Interrompe a melodia e manda recomeçar. Vinha dos Boys. É natural dos Açores. Já falecido.

Carlos Manuel Correia (Bóris) - estuda engenharia electrotécnica. Gosta de toda a música em geral, desde que seja bem interpretada, com saliência para jazz e bossa, West Montgomery, Charlie Byrd e João Gilberto. Conta 20 anos, é o solista do conjunto. Compõe melodias e faz arranjos, de acordo com o estilo do conjunto. Também não gosta de imitações. Vinha dos Boys. Nasceu em Chinguar (Angola). Em 1968 foi para os Álamos. Mais tarde foi acompanhante de José Afonso, tendo gravado, designadamente, “Grândola, Vila Morena”. É Doutor em Física e professor universitário em Coimbra.

Ana Maria dos Santos Silva Delgado - tem 17 anos. Aluna do 7º ano liceal, é a vocalista do conjunto e começou a cantar por brincadeira no dia 26 de Março de 1966. Preocupa-a o estilo, tipo Sylvie Vartan. Para isso, grava quase todos os ensaios para poder corrigir defeitos. Preferências: Ella Fitzgerald e Joan Baez. Sempre que os estudos o permitem (e, às vezes, com prejuízo destes) ensaiam. Nasceu em Coimbra e foi a primeira voz feminina do yé-yé português. É doutorada na Alemanha (Literatura Comparada), onde é professora na Universidade de Leipzig.

António Costa Dias Figueiredo, técnico de som, foi o inventor do nome da banda e autor da letra de “Back From The Shore”. Depois de Ana Maria ter entrado para o conjunto, não fazia sentido que continuasse a chamar-se Boys.

Ainda cheguei a cantar ao vivo com o nome “Boys” escrito na bateria, o que não deixava de ser divertido, conta agora Ana Maria.

Noutra versão, o nome do conjunto terá sido sugerido pelo baterista António Sousa Freitas, entretanto chegado à banda, vindo de Lisboa, dos Gentlemen.

Quando cheguei ao grupo sugeri Hi-Fi, porque Boys se confundia com “bois”..., lembra Tó Freitas.

A banda editou o primeiro EP, Parlophone LMEP 1271, em 1967, com três originais de Carlos Correia, "Back From The Shore", "Three Days Of My Life" e “Words Of A Mad" e uma versão dos Beatles, "I Call Your Name", mas na estética dos Mamas and Papas.

Nesta altura, os Hi-Fi eram formados por Alexandre Carlos Reboxo Vaz (viola-baixo), António Manuel Sousa Freitas (bateria), Luís Manuel Bulhões Pimentel Paula de Matos (viola-ritmo), Carlos Correia, Bóris (futuro Álamos, viola-solo) e Ana Maria (voz).

Por vezes, também Rui Ressurreição, já falecido, (teclas, que já vinha do Clube de Jazz do Orfeon de Coimbra) participava, como foi o caso do Festival da Canção do Douro, no Porto (1967) e ou até da gravação do 1º EP.

Os Hi-Fi só editaram mais um EP, Parlophone LMEP 1296, em 1968, com três originais, "Crystals And Trees" (Carlos Correia), "Standing The Scene" (Carlos Canelhas/Carlos Correia) e "Running Away" (Carlos Correia) e uma versão de "I See The Rain", dos Marmalade (na imagem).

Para esta gravação a banda era constituída por Alexandre Reboxo Vaz, Luís Paula de Matos, Bóris e Luís Monteiro (bateria e voz),

Ana Maria, a primeira voz feminina do yé-yé português é licenciada em Filologia Germânica pela Universidade de Coimbra e doutorada em Literatura Comparada pela Universidade Humboldt, Berlim, possuindo diversos outros graus académicos. nacionais e estrangeiros.

Usando o pseudónimo literário de Ana Constança Messeder, a ex-vocalista dos Hi-Fi nunca abandonou as artes, tendo publicado livros de poesia e sido autora do programa UNO, na TSF, entre 1989 e 1993.

Hoje em dia docente universitária em Leipzig, na Alemanha, Ana Maria só gravou o primeiro EP dos Hi-Fi.

Numa das suas memórias, Ana Maria recorda o dia em que, jovem e bela yé-yé, ganhou no Luso um Concurso de Saias em que a sua, feita por si, era estampada com capas da "Salut Les Copains".

O que ouvia na altura? Beatles, Françoise Hardy, Sylvie Vartan...

Ana Maria conta também que num dos muitos bailes que os Hi-Fi faziam, o grupo também tocava Shadows e ela sentava-se numa cadeira a descansar.

Foi então que alguém me veio pedir para dançar e eu fui. Durante a dança, sem me reconhecer, o meu par lá foi invectivando o facto de uma rapariga estar a cantar com os malucos das guitarras.

Ana Maria acabou por abandonar a música pop logo em 1967 por pressão social, ou melhor, segundo confessa, nunca sentiu essa pressão, sobretudo na família, mas sabia que ela existia...

João Cabral Fernandes, actual médico, foi manager do Conjunto Universitário Hi-Fi, onde teve como ajudante Sérgio Ferreira Borges, jornalista em Lyon (França), que se lembra do ar inocente de Ana Maria, de mala ao ombro, na capa do primeiro disco dos Hi-Fi.

Num depoimento transcrito na colectânea comemorativa dos 50 anos do rock português, “Caloiros da Canção”, editado em 2010 pela iPlay, escreveu Ana Maria:

A música é um espaço de liberdade e cantar, tocar é um exercício fantástico dessa liberdade. E isto tem mais significado se pensarmos na época em que estávamos e que era uma época de grande repressão que não era só política, mas também social. No Liceu Feminino, não podíamos usar manda cava nem calças. Sempre de meias, até no Verão. Para nós, a música tinha que ver com todo este Mundo de liberdade.

Colaboração de Luís Pinheiro de Almeida

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

ANA MARIA: 1ª VOZ FEMININA DO ROCK PORTUGUÊS


Até prova em contrário, Ana Maria, do Conjunto Universitário Hi-Fi, de Coimbra, é a primeira voz feminina do yé-yé português que está a assinalar 50 anos.

Hoje em dia docente universitária em Leipzig, na Alemanha, Ana Maria dos Santos Silva Delgado gravou um único EP com o Conjunto Universitário Hi-Fi, em 1967.

Licenciada em Filologia Germânica pela Universidade de Coimbra, Ana Maria é doutorada em Literatura Comparada pela Universidade Humboldt, Berlim, possuindo diversos outros graus académicos. nacionais e estrangeiros.

Usando o pseudónimo literário de Ana Constança Messeder, a ex-vocalista dos Hi-Fi nunca abandonou as artes, tendo publicado livros de poesia e sido autora do programa UNO, na TSF, entre 1989 e 1993.

Desenvolve actualmente diversos blogues:

- Blogando Ao Sabor Da Brisa (textos literários);

- Blogando À Volta Do Globo (crónicas de viagem);

- UNO (programa de rádio);

- Comparatista E Detective (notas críticas e ensaísticas).

Numa das suas memórias, Ana Maria recorda o dia em que, jovem e bela yé-yé, ganhou no Luso um Concurso de Saias em que a sua, feita por si, era estampada com capas da "Salut Les Copains".

O que ouvia na altura? Beatles, Françoise Hardy, Sylvie Vartan...

Ana Maria conta também que num dos muitos bailes que os Hi-Fi faziam, o grupo também tocava Shadows e ela sentava-se numa cadeira a descansar.

Foi então que alguém me veio pedir para dançar e eu fui. Durante a dança, sem me reconhecer, o meu par lá foi invectivando o facto de uma rapariga estar a cantar com os malucos das guitarras.

Quando entrou para o Conjunto Universitário Hi-Fi, este conjunto de Coimbra ainda se denominava Boys, existindo fotografias da banda com Ana Maria ao microfone à frente do bombo da bateria onde se lia Boys!

Ana Maria tinha então 17 anos e era aluna do 7º ano liceal. Começou a cantar, por brincadeira, no dia 26 de Março de 1966. Preocupava-a então o estilo tipo Sylvie Vartan. Por isso, gravava, quase todos os ensaios, para poder corrigir defeitos.

Preferências da altura: Ella Fitzgerald e Joan Baez.

Ana Maria acabou por abandonar a música pop logo em 1967 por pressão social, ou melhor, segundo confessa, nunca sentiu essa pressão, sobretudo na família, mas sabia que existia...

João Cabral Fernandes, médico que, se bem me lembro, foi trotskista, militante das CBS (Comissões de Base Socialista), pré-PSR, pré-Bloco de Esquerda, foi manager do Conjunto Universitário Hi-Fi, onde teve como ajudante Sérgio Ferreira Borges que acaba de lembrar no Facebook, o ar inocente de Ana Maria, de mala ao ombro, na capa do disco dos Hi-Fi.

Num depoimento transcrito na colectânea comemorativa dos 50 anos do rock português, a editar em breve pela iPlay, escreve Ana Maria:

A música é um espaço de liberdade e cantar, tocar é um exercício fantástico dessa liberdade. E isto tem mais significado se pensarmos na época em que estávamos e que era uma época de grande repressão que não era só política, mas também social. No Liceu Feminino, não podíamos usar manda cava nem calças. Sempre de meias, até no Verão. Para nós, a música tinha que ver com todo este Mundo de liberdade.

Colaboração de Luís Pinheiro de Almeida

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A 1ª VOZ FEMININA DO YÉ-YÉ


Até prova em contrário, Ana Maria, do Conjunto Universitário Hi-Fi, é a primeira voz feminina do yé-yé português que está a assinalar 50 anos.

Hoje em dia docente universitária na Alemanha, Ana Maria gravou um único EP com o Conjunto Universitário Hi-Fi, em 1967.

Licenciada em Filologia Germânica pela Universidade de Coimbra, Ana Maria é doutorada em Literatura Comparada pela Universidade Humboldt, Berlim, possuindo diversos outros graus académicos. nacionais e estrangeiros.

Usando o pseudónimo literário de Ana Constança Messeder, a ex-vocalista dos Hi-Fi nunca abandonou as artes, tendo publicado livros de poesia e sido autora do programa UNO, na TSF, entre 1989 e 1993

Desenvolve actualmente diversos blogues;

- Blogando Ao Sabor Da Brisa (textos literários);

- Blogando À Volta Do Globo (crónicas de viagem);

- UNO (programa de rádio);

- Comparatista E Detective (notas críticas e ensaísticas).

Numa das suas memórias hoje transmitidas a este blogue e a Francisco Mateus, da TSF, Ana Maria recordou-se o dia em que, jovem e bela yé-yé, ganhou no Luso um Concurso de Saias em que a sua, feita por si, era estampada com capas da "Salut Les Copains".

O que ouvia na altura? Beatles, Françoise Hardy, Sylvie Vartan...

sexta-feira, 11 de junho de 2010

1º EP DO CONJUNTO UNIVERSITÁRIO HI-FI (1967)


PARLOPHONE - LMEP 1271 - 1967

Back From The Shore (António Figueiredo/Carlos Correia) - Three Days Of My Life (Carlos Correia) - I Call Your Name (Lennon/McCartney) - Words Of A Mad (Carlos Correia)

Da esquerda para a direita: Carlos Correia (viola-solo), Ana Maria dos Santos Silva Delgado (voz), Luís Manuel Bulhões Pimentel Paula de Matos (viola-ritmo), António Manuel Sousa Freitas (bateria) e Alexandre Carlos Reboxo Vaz (viola-baixo).

Este, o primeiro disco dum conjunto formado apenas há cerca de meio ano. Logo não é obra definitiva. No entanto há dois aspectos que me parecem dignos de especial referência.

Em primeiro lugar, o bom nível atingido pelo Hi-Fi, como quinteto vocal: excelentes vozes e um estilo já bem definido e actual.

Em segundo lugar, a estreia de Carlos Correia - viola-solo - como autor de três das canções gravadas. Especialmente "Back From The Shore" faz-me ver nele grande sensibilidade musical.

Guardei para o fim aquilo que considero um caso muito sério: a voz de Ana Maria.

Na carreira de um conjunto, o primeiro disco é algo de decisivo, que se deseja e que se receia.

Pois bem, eu aposto no HI-FI


Texto de Rui Ressurreição na contra-capa

Rui Ressurreição, teclista do Clube de Jazz do Orfeon de Coimbra, já falecido, colaborou na gravação deste disco.

António Costa Dias Figueiredo, co-autor de "Back From The Shore", técnico de som e inventor do nome do conjunto, era filho de Leitão de Figueiredo, que foi professor de Inglês e de Alemão no Liceu D. João III e, mais tarde, professor catedrático na Universidade de Coimbra.

Colaboração de Ana Maria e de Carlos Correia

sexta-feira, 30 de maio de 2008

BOYS


Como é consabido, o primeiro conjunto yé-yé português formou-se em Coimbra, em 1958, com José Cid (rabecão, piano e voz), António Portela (piano e acordeão), António Igrejas Bastos (bateria e voz) e Rui Nazaré (guitarra).

Chamava-se Babies. Teve uma carreira curta, sem disco editado.

in "As Lendas do Quarteto 1111", António Pires, Ulisseia, 2007
Mas o primeiro conjunto yé-yé a sério em Coimbra - que eu saiba - foram os Boys, formados em 1964 com Vítor Manuel, 23 anos, vocalista, Luís Paula de Matos, 19 anos, viola-ritmo, Alexandre Reboxo Vaz, 17 anos, viola-baixo, Carlos Correia, 18 anos, viola-solo e António Lima, 21 anos, bateria.

António Figueiredo, 19 anos, era o técnico de som.

Na primeira vez que se apresentaram ao vivo em Lisboa, no Teatro Monumental, no dia 06 de Novembro de 1965, venceram a 11ª eliminatória do Concurso Yé-Yé.

Com casaco, calças e laços pretos e camisa branca, os Boys interpretaram "I Feel Fine", dos Beatles", "A Groovy Kind Of Love", dos Mindbenders, "Bongo Blues", dos Shadows, e "Satisfaction", dos Rolling Stones.

Com 33,5 pontos, venceram os temíveis Chinchilas, de Carcavelos, (com Filipe Mendes, Vítor Mamede, Mário Piçarra...), os Bábulas, de Lisboa, os Neptunos, do Montijo, os Príncipes do Ritmo, de Queijas, Carnaxide, e os Monarcas, de Almada, estes últimos com um "vocalista troglodita, vestido de serapilheira, à maneira dos homens das cavernas".

in "Rádio & Televisão", de 04 de Dezembro de 1965
Os Boys apresentaram-se depois no Monumental no dia 15 de Janeiro de 1996 para a segunda meia-final do Concurso, mas ficaram em último lugar.

Cá para mim, fazendo jus à irreverência dos estudantes de Coimbra, estavam todos bêbados em palco, depois de terem colocado um fardo de palha no Terreiro do Paço para o cavalo de D. José não morrer de fome.

Foram batidos pelos Saints, futuros Claves e grande vencedores do Concurso, Jets, de Lisboa e de João Alves da Costa, Tubarões, de Viseu, Cometas Negros, de Castelo Branco, e Kímicos, de Lisboa.

Faltaram os Monstros, de Lisboa, e os Krawas, de Évora.

Os Boys, sem gravar qualquer disco, duraram até ao final de 1966, dando então lugar ao Conjunto Universitário Hi-Fi.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

CONJUNTO UNIVERSITÁRIO HI-FI


Como é comummente considerado, o rock português ou o rock feito em Portugal nasceu em Coimbra, em 1956, quando José Cid, estudante de Direito, forma os Babies, com guitarras eléctricas e bateria.

Mandando às urtigas as valsas e os tangos tradicionais, os Babies abraçam a nova onda da América, traduzida nos rocks de Bill Haley, Chuck Berry e outros, acabados de nascer, e espalham os novos ritmos pelos bailes de estudantes.

Em 1966, a mãe do rock, sem canudo, troca Coimbra por Lisboa e depois de ter passado pelo Conjunto Mistério funda um dos mais notáveis grupos que alguma vez Portugal ouviu, o Quarteto 1111.

Em Coimbra, que já tinha o seu nome inscrito a letras de ouro na história da música portuguesa - para não ir mais longe, basta citar o nome de José Afonso -, ficou a semente deixada pelos Babies.

E os conjuntos yé-yé floresceram em Coimbra e em todo o País, atrás também de Daniel Bacelar, Zeca do Rock, Victor Gomes, Fernando Conde, grandes pioneiros. E os Festivais também (a final do Festival de Coimbra antecedeu em uma semana o Nacional, realizado em Lisboa).

Apesar de tudo, nesta época, a juventude portuguesa tinha mais uma metralhadora na mão do que uma guitarra.

Além dos grupos próprios da Universidade, Coimbra viu muitas bandas, algumas delas com estudantes-músicos em comum, como os Álamos, Conjunto Universitário Hi-FI, Protões, Cocktails, Playboys, Boys, Lordes ou mesmo Duarte & Ciríaco.

O Conjunto Universitário Hi-Fi surgiu em finais de 1966 formado por Alexandre Carlos Reboxo Vaz, António Manuel Sousa Freitas, Luís Manuel Bulhões Pimentel Paula de Matos, Carlos Manuel Correia e Ana Maria.

Alexandre Carlos Reboxo Vaz - é o viola-baixo. Tem 18 anos e frequenta o 2º ano de Direito. É um apaixonado pelos espirituais negros e pelos blues de Ray Charles. Detesta imitações e preocupa-se em criar o seu próprio estilo. Foi, com Luís, o fundador do conjunto. Em banjo e guitarra executavam melodias do folclore americano. Vinha dos Boys.

António Manuel Sousa Freitas - tem 19 anos e finaliza o 7º ano liceal. É o bateria do conjunto, onde gosta de executar solos. Adora jazz acima de tudo e detesta cantar. Instrumentos preferidos: órgão e bateria. É o elemento mais recente do conjunto recém-vindo de Lisboa, onde nasceu e onde fez parte de agrupamentos de renome. Em 1968 foi substituído por Luís Monteiro. É filho do poeta/letrista António Sousa Freitas.

Luís Manuel Bulhões Pimentel Paula de Matos - viola que prefere não eléctrica. Tem 20 anos, estuda engenharia e é a voz mais alta do conjunto. Do seu entusiasmo nasceu o agrupamento. As preferências musicais vão para os Four Freshman e Bill Evans. Não suporta fífias nem mesmo nos ensaios. Interrompe a melodia e manda recomeçar. Vinha dos Boys. É natural dos Açores.

Carlos Manuel Correia - estuda engenharia electrotécnica. Gosta de toda a música em geral, desde que seja bem interpretada, com saliência para jazz e bossa, West Montgomery, Charlie Byrd e João Gilberto. Conta 20 anos é o solista do conjunto. Compõe melodias e faz arranjos, de acordo com o estilo do conjunto. Também não gosta de imitações. Vinha dos Boys. Nasceu em Chinguar (Angola). Em 1968 foi para os Álamos. É Doutor em Matemáticas e professor universitário em Coimbra.

Ana Maria dos Santos Silva Delgado - tem 17 anos. Aluna do 7º ano liceal, é a vocalista do conjunto e começou a cantar por brincadeira no dia 26 de Março de 1966. Preocupa-a o estilo, tipo Sylvie Vartan. Para isso, grava quase todos os ensaios para poder corrigir defeitos. Preferências: Ella Fitzgerald e Joan Baez. Sempre que os estudos o permitem (e, às vezes, com prejuízo destes) ensaiam. Nasceu em Coimbra. É doutorada na Alemanha (Germânicas), onde é professora catedrática.

Esta formação do Conjunto Universitário Hi-Fi, do início de 1967, teve como origem os Boys, a que se juntaram António Freitas e Ana Maria.

Editou dois EPs, "Back From The Shore" (PARLOPHONE - LMEP 1271 - 1967) e "Crystals And Trees" (PARLOPHONE - LMEP 1296 - 1968).

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

QUEM ERAM OS POPS?


Os Pops formaram-se em 1967 como resultado da fusão dos Lordes e dos Protões, estes últimos formados por rapaziada do Bairro Marechal Carmona, no Calhabé, em Coimbra - e vencedores da Taça de Prata "Yé-Yé" no I Festival de Música Yé-Yé que se realizou no Teatro Avenida, em Coimbra, no dia 23 de Abril de 1966.

Os Protões eram constituiídos por Jorge Carvalho (Jó), Eugénio Eliseu, Nóbrega Pontes, António Carlos e Fernando Dias (o Nando ou Fernando Beatle), já falecido.

"O Fernando assinava FoDias (o ponto era sempre uma bolinha). Era primo do Jorge Carvalho. Levou uma vida razoavelmente aventurosa, cheia de viagens e histórias", lembra Paulo Oliveira.

Carlos Martins corroborou esta impressão.

"O Jorge Carvalho - conta ainda Paulo Oliveira - está reformado, Nóbrega Pontes vive nos Camarões".

Os Pops eram então formados por Fernando Dias (viola-baixo, que vinha dos Protões) e ainda por Quim Colaço, irmão de Luís Filipe Colaço, dos Álamos, (viola-ritmo), Luís Romão (viola-solo, ex-Cocktails, vencedor do troféu "Guitarra Yé-Yé", do tal Festival), Carlos Mora (Kali) (órgão), Eugénio Eliseu (bateria, ex-Protões) e Carlos Martins, manager/relações públicas.

Eugénio Eliseu viria a ser substituído mais tarde por Luís Monteiro.

Carlos Martins lembra-se ainda que o grupo utilizava amplificadores Vox, iguais aos dos Beatles, e essa era uma das razões por que "havia tanta miúda à nossa volta".

"Claro que cantávamos canções dos Beatles, mas lembro-me muito bem de termos uma fantástica versão de "Gimme Some Loving", do Spencer Davis Group, que era cantada por Luís Romão, o único profissional da banda".

Os Pops nunca gravaram qualquer disco e nunca fizeram qualquer digressão à Madeira, apesar de o seu manager, à época, ter mandado essa notícia para os jornais.

"Apesar dos nossos truques, os Pops tocavam lindamente e não eram produto de marketing (coisa desconhecida na altura). O Kali era brilhante no órgão e piano, o Luís Monteiro um virtuoso na bateria, o Nando na viola-baixo, o Romão na guitarra e o Colaço idem", refuta Carlos Martins.

"Os nossos grandes rivais eram os Álamos. O meu irmão João é que era o manager deles", finaliza.

POPS, DE COIMBRA, COM A AJUDA DO MARKETING


Os Pops, de Coimbra, foram sobretudo um produto de marketing inteligente, ou não estivesse à sua frente uma personagem mister em relações públicas/marketing, que vim a conhecer - sem saber dos seus antecedentes - décadas mais tarde, em Lisboa.

É uma história deveras interessante de se contar e - para dizer a verdade - nem sei por onde começar.

O melhor mesmo é começar pelo princípio.

Numa das minhas insistentes investidas na Hemeroteca Municipal de Lisboa dei conta, na passada sexta-feira, dia 14 de Dezembro, de uma Plateia de 18 de Junho de 1968 (a da imagem).

Olhei e exclamei para mim próprio: "Mas este é o Carlos Martins! Não acredito!".

É preciso dizer que conheço o Carlos Martins desde 1976, altura em que entrou para a Agência ANOP e onde chegou - já em tempo de Lusa - a Director Comercial!. "Não acredito, é mesmo o gajo!".

Por via das dúvidas, levei o recorte da Plateia para um almoço que exactamente no dia seguinte, sábado, reunia, em Marinhais, os castiços do costume, todos ex-agências noticiosas: o Luís Pinheiro de Almeida, o irmão, João Pinheiro de Almeida, o FO (Fernando Correia de Oliveira, o nosso mestre em China, Tempo e Luxo) e o João Pedro Martins, anfitrião, dono da esplêndida moradia (com piscina) que nos acolhe.

Na ausência de Fernando Fraga da Silva, SIC, ausente em Gibraltar a tomar conta dos netos, estiveram presentes, pela primeira vez, Francisco Saraiva Marques, o nosso eterno "agenda", ainda na Lusa, e o "sr. Lino" que foi nosso Director de Pessoal (agora diz-se Recursos Humanos) e que sempre nos moeu o juízo.

Mostrei o recorte da Plateia e, no meio do ZimbroMel, atirei logo, tapando o nome e a incumbência: "quem é este gajo?" Uns diziam que sim, outros que não.

Por via das dúvidas, - again - nada melhor do que falar para o próprio! Telefonemas para a Sónia Jorge, telefonemas para o Jorge Galvão e lá se chegou ao telemóvel do Carlos Martins: "Ó pá, és tu mesmo?".

"Ó meu Deus, sou eu mesmo! És da ASAE ou quê? Há 40 anos! Já nem me lembro", riposta o actual docente universitário de Direito da Comunicação na Escola Superior de Educação, na Guarda.

Para encurtar... almocei hoje com o Carlos Martins no "Favas Contadas", no Centro Comercial Fonte Nova, em Lisboa, perto da Agência Lusa.

Carlos Martins, 58 anos, lembra-se muito pouco dessa altura. "O que nós queríamos era gajas e ainda ganhávamos algumas massas!", disse e só disso se lembra.

Carlos Martins estudava então (1967/68) na Escola de Regentes Agrícolas, na Bencanta, e depois no Colégio de S. Pedro. "Foram tempos fantásticos, fazíamos os Bailes de Finalistas, tocávamos no "Tubarão", na Figueira da Foz, fizémos um Fim de Ano no Mirasol, na Praia de Mira".

"Eu não tocava nada, mas havia virtuosos no conjunto como o Colaço. Eu estava lá por causa das miúdas. O grupo nunca gravou nada e só tocámos na Região Centro, mas mandávamos para os jornais que íamos fazer digressões na Madeira".

"E sabes como aparecíamos nos jornais? Sem a conhecer, convidei a Vera Lagoa, que tinha uma coluna no "Diário Popular" - "Bisbilhotices" - para nossa madrinha. Tiro e queda. Fomos logo falados no "Popular". Um dia telefonei ao Vasco Morgado. Atendeu-me e viémos a Lisboa. Acho que não chegámos a tocar em sítio algum. Queríamos era vir a Lisboa. O mais longe que tínhamos ido era Tomar!".

"Ah! E mandava cartas para as revistas sobre o nosso conjunto".

Isso sei eu, respondia-lhe, mostrando um recorte da Flama, de 24 de Maio de 1968, com uma carta de um tal "obsequioso correspondente" em Coimbra, de nome Carlos Francisco Mendes, que de um modo pretensamente independente e isento apresentava um novo e excelente conjunto em Coimbra, os Pops.

Ah! Ah! Ah!

O "Carlos Francisco Mendes" - "obsequioso correspondente" em Coimbra - , como já devem ter percebido, era nem mais nem menos do que o nosso Carlos Martins!

"Que gozo foram esses tempos! Os nossos adversários, em Coimbra, eram os Álamos. Era o meu irmão, João, que era o manager deles. Por isso havia essa cumplicidade e foi por isso que nasceu o meu conluio com os Pops".

Para terminar: o que mais me intriga nesta história é que trabalhei uns 30 anos com o Carlos Martins e nunca soube destas suas traquinices no yé-yé.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

CONJUNTO UNIVERSITÁRIO HI-FI


PARLOPHONE - LMEP 1271 - 1967

Luís Manuel Bulhões Pimentel Paula de Matos (viola-ritmo), Alexandre Carlos Reboxo Vaz (viola-baixo), António Manuel Sousa Freitas (bateria), Ana Maria (vocalista) e Carlos Correia (Viola-solo) formam o quinteto Hi-Fi.

Trata-se de um grupo de estudantes oriundo de Coimbra que pretende atingir lugar de relevo no nosso firmamento radiofónico através da imposição de um estilo subjectivo.

Com entusiasmo, vibração e segurança, os aludidos jovens apresentam na "micro" de estreia os trechos "Back From The Shore", "Three Days Of My Life", "Words Of A Mad" (todos com a chancela de Carlos Correia) e "I Call Your Name" (adaptação da melodia lançada pelos guedelhudos The Beatles).

Um grupo moderno de futuro promissor.


Paulo de Medeiros, in Diário Popular, 19 de Maio de 1967

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

BOYS VENCEM 11ª ELIMINATÓRIA

Tenho andado distraído e por isso desleixado o Concurso Yé-Yé de 1965/1966, no Teatro Monumental, em Lisboa, que foi um dos objectivos deste blog.

Volto hoje com a 11ª eliminatória, realizada a 06 de Novembro de 1965, depois de ter abordado a 10ª.

O vencedor desta eliminatória foram os Boys, de Coimbra, na foto, futuros Álamos e Conjunto Universitário Hi-Fi, com 33,5 pontos.

Os Boys formaram-se em 1964 com Vítor Manuel, 23 anos, vocalista, Luís Manuel Bulhões Pimentel Paula de Matos, 19 anos, viola-ritmo, Alexandre Carlos Reboxo Vaz, 17 anos, viola-baixo, António Lima, 21 anos, bateria, Carlos Correia (Bóris), 18 anos, viola-solo, e António Figueiredo, 19 anos, técnico de som, todos estudantes universitários.

Foi a primeira vez que se apresentaram em Lisboa e logo para ganhar o palco do Monumental. Segundo a "R&T", o grupo exibiu-se com casaco, calças e laço preto e camisa branca (linda esta descrição, né?) , tendo cantado "I Feel Fine", "A Groovy Kind Of Love", "Bongo Blues" e "Satisfaction".

O segundo lugar foi para os famosos Chinchilas, de Carcavelos, com 28,5 pontos. Relatos da época indicam que a sua actuação provocou grande burburinho na sala, devido ao ruidoso apoio dos seus adeptos.

Fato característico: casaco preto com botões de metal branco e calças cinzentas. Tocaram e cantaram "Around On Around", "In Down", "Do You Love Me?" e "I Love You So", este último da autoria do grupo.

Formados em 1964, os Chinchilas eram aqui constituídos por Vítor Mamede, 15 anos, bateria, José Machado, 16 anos, pianista, Filipe Mendes, o Jimi Hendrix português, 17 anos, viola-solo, Mário Piçarra, 18 anos, viola acompanhamento, e Fernando, 19 anos, viola-baixo.

Os Bábulas, de Lisboa, alcançaram o terceiro lugar, com 24,5 pontos, mesmo com apenas um mês de existência.

Pedro Rodrigues, 20 anos, bateria, João Sardinha, 18 anos, viola-solo, Carlos Brito, 18 anos, viola-acompanhamento, e José António, 19 anos, viola-baixo, eram os seus membros, que vestiam casaco preto com lenço branco e calças cinzentas.

Cantaram "Route 66", "Main Theme", "Hippy Hippy Shake" e "Long Tall Sally".

O quarto lugar foi para os Neptunos, do Montijo, com 23,5 pontos, depois de terem tocado "All My Loving", "A Hard Day's Night", "Boys" e "Recorda Sempre". Apresentaram-se com casaco preto com um emblema com a inicial N dourada, calça branca e camisola branca de gola alta.

A banda era formada por 5 elementos: Nelson Soares, 20 anos, viola-solo, Fernando Rodrigues, 23 anos, viola-acompanhamento, Gualter Vieira, 21 anos, viola-baixo, Paulino Emanuel, 16 anos, pianista, e Zé Manuel, 19 anos, vocalista e bateria.

Os três primeiros eram "militares aviadores", segundo a revista.

Os Monarcas, de Almada, foram quintos com 13,5 pontos. Principiaram a carreira com esta participação no Concurso, para o qual aliás se constituiram expressamente. A história só regista os seguintes nomes: Eugénio, 20 anos, bateria, Carlos Martins, 21 anos, viola-baixo, Alberto Gonçalves, 20 anos, viola-baixo, e Vítor Manuel, 17 anos, viola-acompanhamento.

"Apresentaram ainda um quinto elemento que constituiu um show inesperado: o vocalista troglodita, vestido de serapilheira, à maneira dos homens das cavernas".

Neste dia 06 de Novembro de 1965, a eliminatória teve excepcionalmente seis bandas: os Príncipes do Ritmo, de Carnaxide, foram os últimos com 7 pontos.

Formado há três anos, o grupo interpretou "Summertime", "Abençoado Amor", "Saint Tropez" e "Esquece", vestidos com fato de xadrez preto e branco (o xadrez não é destas cores?), e camisa branca com laço do mesmo tecido do fato.

Eram cinco os Príncipes do Ritmo: Carlos Sinde, 29 anos, bateria, Luís Manuel, 24 anos, vocalista e viola-solo, António Berto, 27 anos, viola acompanhamento, Filipe Saramago, 25 anos, saxofonista, e Joaquim Almeida, 32 anos, viola-baixo.