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terça-feira, 19 de março de 2019

"FLOR DE LARANJEIRA" FAZ HOJE 50 ANOS


Diário Popular, 26 de Março de 1969

Em Lisboa, lá pelos idos 60s, internado estava eu nessa nefasta instituição de nome Colégio Militar, onde tudo o que de útil aprendi - e não é pouco - foi nutrir um enorme e profundo desprezo por tudo o que diga respeito à tropa, tradições e trogloditas.

Confesso: aprendi igualmente a arte das altas fugas nocturnas que regularmente concretizava com amigos saltadores de muros altos.

Num ou noutro fim de semana ia a casa de meus Pais. Era esta, nesse tempo, no Entroncamento, um perfeito exemplo de localidade que me inspirou textos e textos que - julgando escrever um livro de crónicas do ridículo - juntei numa sebenta, cuja capa ostentou o nome "Poeira e Calhandrice".

Digo os "tentei", pois viria a levar sumiço. Perda de menor importância.

Algumas destas crónicas escrevi-as em verso, rimas atrás rimas, arroubos de romantismo adolescente. E, aos poucos, as que me pareciam de valia maior foram adquirindo forma de letras de canções imaginárias.

A música já se tornara uma paixão (quando a rádio era útil e era culto), o gosto já se depurava, muito por influência de um enorme amigo que ainda consta do rol dos para-toda-a-vida, Rão Kyao, esse mesmo, que também usou aquela caricata farda colegial e que, como eu, detestava ser soldadinho de chumbo andando a toque de caixa.

Lembro-me que o Rão nos ensinou a degustar Ray Charles, quando andávamos todos com fome de Beatles. Nem aquele, nem estes - antes pelo contrário - me causaram indigestões.

Pois foi uma dessas hipotéticas letras guardadas naquela sebenta que veio a originar a "Flor de Laranjeira". A retratada noiva existiu mesmo, de uma família muito bem - dizia-se assim, quando referindo gente rica -, o casório foi de espavento e estadão.

Mas a menina já ia grávida e as línguas desataram-se em bocas pequenas como calhandras levantando poeira no adro da igreja.

Hoje não seria assunto para letra, mas nesse tempo foi para o que me deu.

Guardada a letrinha, viria pouco depois a ser entregue ao meu amigo Luís Linhares que, captando a forma de prosa nas frases longas da primeira parte da canção, como se reportagem jornalística fosse, deu à minha crónica de costumes a força satírica que, sem melodia, acabaria por desaparecer sem história, como o resto da sebenta.


António Avelar Pinho

Foi a banda sonora de um daqueles documentários antes do filme, que nos levou até aos LPs de serapilheira com as recolhas do Giacometi e do Lopes-Graça.


Tínhamos acabado o "Menino”, onde extravasámos toda a nossa “beatleculture” adaptada à “canção da beira-baixa”.

Aqueles álbuns de serapilheira abriam-nos um novo horizonte sonoro.

Os Canned Heat, um grupo de rústicos americanos que não devia ter entrado neste filme, acabou por nos inspirar para a tradução do ritmo de bombo da chula na bateria e no baixo.

Estávamos quase convencidos de que tínhamos chegado a um verdadeiro “country português”, numa espécie de folclore imaginado…

O poema pouco métrico do Pinho ajudou na construção da melodia “minimalista e repetitiva de inspiração folclórica”.

Quando entrámos no Estúdio da Nacional Filmes, não sabíamos bem qual seria o resultado final. O Heliodoro Pires lá gravou um cavaquinho e uma viola juntamente com um “órgão Philicorda” que fazia mais ruído do que um moinho de café, depois do baixo e da bateria e antes das vozes.

Só quando começámos “as misturas” de tudo isto nos apercebemos de que, em pleno “nacional-cançonetismo” e música Yé-Yé, aquele som não nos envergonharia…

Mas foi o produtor João Martins que apostou naquela flor como lado A do EP.

Pronto, uma flor que fez história (grande ou pequena não vem ao caso).


Luís Linhares

A Filarmónica Fraude é originária do eixo Entroncamento/Tomar, com raízes nos G-Men, que participaram na 3ª eliminatória do Concurso Yé-Yé, no Teatro Monumental, em Lisboa, no dia 11 de Setembro de 1965, e nos Académicos.

Nos G-Men actuavam António Avelar Pinho, na bateria, única vez em que mexeu num instrumento, e José João Parracho, baixo, ou seja, uma secção rítmica.

Nos Académicos, andavam António Antunes da Silva (guitarra) e Júlio Santos Patrocínio (bateria).

Juntaram os trapinhos, arregimentaram Luís Linhares (teclas), que tinha 15 anos e usava calções, e assim nasceram os Incas que foram de táxi a Valência de Alcântara, Espanha, a um concurso de onde foram desclassificados por alegadamente terem plagiado Schumann. Ou melhor, esqueceram-se de mencionar esse facto.

António Avelar Pinho propôs então uma nova designação para o conjunto, apresentando como alternativas Água Suja, Condição e Filarmónica Fraude.

No Verão de 1968 - primeiro contrato profissional - actuaram em "A Cabana", Alvor, Algarve, onde providencialmente estava Fernando Assis Pacheco, então no "Diário de Lisboa", que os deu a conhecer ao País.

A Filarmónica Fraude tocava então "Lady Madonna", "A Whiter Shade Of Pale" e "Yesterday", mas já tinha a letra de "Animais de Estimação"O Duo Ouro Negro, que também andava pela "Cabana", gostou do que ouviu e levou uma K7 para Lisboa.

Numa entrevista ao "Diário Popular" de Abril de 1969, confessavam que não tinham ídolos, mas que as suas influências vinham, sem dúvida, do dr. José Afonso, Carlos Paredes, Donovan, Canned Heat, Manfred Mann, Moody Blues e, claro está, Beatles.

Sobre a Filarmónica Fraude escreveu Vera Lagoa no "Bisbilhotices" de 25 de Junho de 1969, a propósito de uma festa da Philips (editora da FF):

João Martins (produtor da FF), um homem que tem um "charme" louco e trabalha loucamente, apertado num casaco que ele julga ficar-lhe muito bem, mas que eu detesto, contou do êxito que os discos gravados em Portugal tiveram no encontro Philips internacional, em Espanha.

Contou do êxito que a gravação da Filarmónica Fraude fez nesse encontro.

Os rapazes da Fraude são novíssimos. O mais velho tem 20 anos e o mais novo 17. Informais. Longos cabelos. Mas achei-os tristes. Ou tristes ou demasiado convencidos. É preciso um sorriso, rapazes. Apenas um sorriso. Que cara será a vossa quando tiverem 40?


O primeiro EP da Filarmónica Fraude, "Flor de Laranjeira", foi editado no dia 19 de Março de 1969, faz hoje 50 anos.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

UMA CANÇÃO PORTUGUESA


ORFEU - STAT 057 - 1978

Lado A

O Meu Piano (José Cid) - O Circo e a Cidade (Bric-À-Brac) - Pela Vida Fora (Florência) - Porquê, Meu Amor Porquê? (José Cid) - Tudo Vale A Pena (Bric-À-Brac) - Um Dia Uma Flor (Florência)

Lado B


O Largo do Coreto (José Cid) - Ano Novo, É Vida Nova (Bric-À-Brac) - Canção da Amizade (Florência) - Aqui Fica Uma Canção (José Cid) - Dai-Li Dai-Li Dou (Bric-À-Brac) - Quem Te Quer Bem, Meu Bem (Florência)

sábado, 16 de março de 2013

LARA LI


VALENTIM DE CARVALHO - 2VCLP 10007 - 1981

A

E Namorar (Ana Zanatti/Nuno Rodrigues) - De Água Na Boca (Ana Zanatti/Nuno Rodrigues) - Herói, Super Boy (Melissa Manchester/A. Willis/Ana Zanatti) - A Primeira Música (Ana Zanatti/Lara Li) - Lá Vai, Lá Vai Ela (António Pinho/Nuno Rodrigues)

B

O Rapaz Do Cubo Mágico (Nuno Rodrigues/Ana Zanatti/Vítor Perdigão/Daniele Antonelli) - Adoro Mozart (Bernie Taupin/Melissa Manchester/Ana Zanatti) - Lembras-te Do Pop-Corn (Ana Zanatti/Nuno Rodrigues) - Telepatia (Ana Zanatti/Nuno Rodrigues) - Bicho (Conta-me Uma História) (Ana Zanatti/Nuno Nazareth Fernandes)

Arranjos e direcção de orquestra de Shegundo Galarza, produção de Nuno Rodrigues, fotografia de Luís Vasconcelos, o pai da Joana.

Cortesia de João Pinheiro de Almeida

quarta-feira, 6 de março de 2013

NO JARDIM DA CELESTE


EMI - 11C 074-40 541 - 1980

Lado A

Argila de Luz - Estranha Força - Barquinha de Lua - Ai Se A Luzia

Lado B

Natação Obrigatória - Liliana Nibelunga (A Bruxa Boa) - Madrasta - É Ouvi-los

Textos de António Avelar Pinho e músicas de Nuno Rodrigues, produção de António Pinho e Nuno Rodrigues, técnico José Fortes e foto de Chico Graça.

Banda do Casaco: Né Ladeiras (voz), Emília (Mila Ferreira, voz), Jerry Marotta (bateria), António Pinho (guitarra, flauta), António Pinheiro da Silva, Celso de Carvalho (baixo, violoncelo), José Machado (violino), Nuno Rodrigues (voz, guitarra).

Cortesia de João Pinheiro de Almeida

sábado, 9 de fevereiro de 2013

G-MAN EM ACÇÃO...


Jorge Horta, dos G-Men, conjunto ié-ié de António Avelar Pinho, precursor da Filarmónica Fraude, canta "O Menino" em casa do Sgt. Couto e da Milena (a da praia).

quarta-feira, 6 de junho de 2012

D'ARTACÃO


PHILIPS - 810 458-7

D'Artacão e os Três Moscãoteiros

Adaptação portuguesa de António Pinho.

sexta-feira, 30 de março de 2012

O DISCO REDONDO DOS TAXI


POLYDOR - 2901 019 - 1982 (edição em caixa de lata)

1

1-2 Esq. Dto - Hipertensão - O Fio Da Navalha - Rebelde Sem Causa

2

Revolver - Páginas Amarelas - Sorte Na Mão - Cairo

Produção de António Pinho.

A ideia da "lata" foi de Pedro Oliveira, então AR da Polygram, e o design de José Júlio Barros, inspirado em gravura egípcia de 2.000 AC.

sábado, 29 de outubro de 2011

HERÓIS DO MAR


PHILIPS - 880 866-1 - maxi (1985)

Alegria (Pedro Ayres Magalhães) - A Glória Do Mundo (Pedro Ayres Magalhães/Paulo Pedro Gonçalves) - Castelo De S. Jorge (Heróis do Mar)

Capa de Jorge Colombo, produção de António Pinho.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

XI-CORAÇÃO


CASABLANCA - 830 075 - 1986

Lado 1

Chovia Em Paris - Velho Moinho - Uma Balalaika - Tudo Bem, Tudo Bem

Lado 2

Como Um Condor A Voar - Caminheiro das Noites de Estrelas - Os Teus Secretos Segredos (Jorge Canelas/José Cid/Francisco Martins)

Produção de António Pinho

Depois de uns anos de ausência em álbum, quis conciliar um novo som com a inspiração que sempre me foi tão querida... a dos bons velhos tempos!

José Cid

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

ANA


POLYDOR - 881 147-7 - 1984

Alegria de Viver (António Pinho/Dino Meira) - Isso Não se Faz (Sérgio Andrade/versão de António Pinho)

Uma improvável parceria António Pinho/Dino Meira.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

CONCHA


EMI - E 006-40 486 - 1979

Qualquer Dia, Quem Diria (António Pinho/Nuno Rodrigues

Arranjo e direcção de orquestra de Javier Iturralde, produção de António Pinho e Nuno Rodrigues.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

SELF-MADE MAN


IMAVOX - IM-20.210 - 1979

Self-Made Man (Pedro Osório) - Poema Do Pária Perante A Mercearia (Martinho Marques/Pedro Osório)

Em 1980 o Festival RTP da Canção ainda constituía um acontecimento musical relevante, não só pelo impacto que conseguia ter no mercado da música mas, pricnipalmente, por contar com uma grande orquestra que ensaiava durante uma semana, produzindo assim uma espécie de "congresso dos músicos" cuja repercussão se estendia pelos meses seguintes.

Nesse ano resolvi concorrer com uma canção divertida, "Self-Made Man", cuja letra se inspirava na anedota do homem de sucesso que subia a pulso (devagarinho) na vida, até que lhe saía uma herança duma tia afastada.

Para a interpretar criei um grupo chamado S.A.R.L. - Sociedade Artística e Recreativa Lusitana - formado por mim, o Samuel e o Carlos Moniz, assessorado por três vozes femininas, da Helena Isabel, Madalena Leal e Joana Mendes.

Este grupo, que só actuou em festivais da canção, ilustra o modo como eu via o exercício da minha profissão: sem que que prejudicasse a seriedade do trabalho, sempre que possível divertir-me e reunir amigos. E o que nós nos divertimos durante os curtos períodos de vida deste grupo!

Uma certa ingenuidade ideológica que na altura ainda se vivia, levou a que fossemos atacados por, no final da cantiga, quando a letra dizia "... foi muito cumprimentado e faleceu confortado com todos os sacramentos", o Samuel se deixar cair nos braços das meninas, enquanto o Carlos e eu simulávamos uma vaga bênção.

Também alguns sectores mais radicais da direita diziam que a minha canção era perigosamente esquerdista porque ridicularizava a figura do "homem de origem humilde que consegue subir na vida". Que longo caminho percorremos nestes vinte e poucos anos!

Como a antiga se apresentava como uma das potenciais vencedoras as coisas aqueceram com o aproximar do espectáculo final.

Na noite de todas as decisões, enquanto nós cantávamos no palco do saudoso Monumental, um grupo capitaneado pelo António Avelar Pinho, que fazia parte do staff das Doce que também concorriam, gritava do fundo da sala "comunas... comuuunas...", com o intuito de influenciar o público.

Nós, enquanto cantávamos, riamo-nos e acenávamos-lhe.

Acabou por ganhar o José Cid e o tempo adoçou todos os rancores daqueles dias.

Pedro Osório, in "Memórias Irrisórias Com Algumas Glórias", pág. 68

quarta-feira, 16 de junho de 2010

MÉXICO 86


PHILIPS - 884 633-7 - 1986

De Vitória Em Vitória - De Vitória Em Vitória (instrumental)

António Pinho escreveu a letra, Tózé Brito a música e Portugal fez triste figura!

sexta-feira, 11 de junho de 2010

SELECÇÃO... JÁ NÃO DE TODOS NÓS...


POLYDOR - 821 967-7 - 1984

Selecção De Todos Nós (António Pinho/Tozé Brito) - Portugal Oh Portugal (António Pinho/António Tavares Teles/Tozé Brito)

Há muitos, muitos anos... o futebol jogava-se aos Domingos à tarde, sem substituições nem cartões...

terça-feira, 16 de março de 2010

UMA PERSPECTIVA QUE DESAPARECEU


IMAVOX - IM-10 124 - 1977

Lá Fora A Cidade - Os Homens Da Minha Terra

Tó Pinheiro da Silva nos seus primórdios com laivos de rock neo-progressivo.

Produção de António Pinho e Nuno Rodrigues.

Gravado nos estúdios Rádio Triunfo por José Fortes.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

FANTÁSTICA AVENTURA


IMAVOX - IM 10.127

A Flor E O Fruto (António Pinho/Nuno Rodrigues) - À Última Da Hora (António Pinho/José Porto)

Canção quarta classificada do Festival RTP da Canção de 1977.

Arranjos e direcção de José Calvário

Colaboração de Carlos Santos

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

NATAÇÃO OBRIGATÓRIA


EMI - 11C 006-40 550 F - 1981

Natação Obrigatória - Ai Se A Luzia...

Produção de António Pinho e Nuno Rodrigues

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

CHICLETE


POLYDOR - 2063 069 - 1981

Chiclete - Vida De Cão

Produção de António Pinho

sábado, 26 de dezembro de 2009

A BOA ONDA DE VASCO



Disco infantil magicado por António Pinho.

Sugestão de Nuno Sebastião

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

BANDA DO CASACO


PHILIPS - 6031 027

Lavados, Lavados Sim - A Ladaínha Das Comadres

Produção de António Pinho e Nuno Rodrigues, arranjos da Banda do Casaco.