Cada vez mais, ando desencantado com o intitulado futebol moderno. A meu ver, demasiado 'asséptico' no sentido de ser apresentado como um espectáculo à escala mundial, caracterizado por estádios direccionados para o conforto e povoado por jogadores popstar que prendem a atenção mediática de milhões. Como reverso da medalha, arriscaria dizer que o paradigma do profissionalismo, ou mercantilismo, transformou o desporto num jogo de cifrões. Por seu lado, a bola, esse objecto de desejo infantil, foi chutada de relvados límpidos para palcos de influência bafientos. Para alguns, o dinheiro multiplica-se ao ritmo de um jogo de tabuleiro. Para muitos, peças inconscientes deste monopoly interminável, a paixão vai dando lugar ao gradual desinteresse, com estádios a apresentar bancadas vazias, desprovidas de cor e emoção. Aos poucos, como uma doença silenciosa, este futebol moderno vai apunhalando o futebol romântico. O futebol de princípios e valores condizentes com a sua fundação.
Esta introdução, em forma de desabafo, serve para demonstrar a minha admiração por figuras emblemáticas, velhas glórias e velhos mestres, episódios marcantes e jornadas épicas que merecem ser contadas e recordadas. Cândido de Oliveira cabe nestes pressupostos. Começou a jogar futebol na Casa Pia de Lisboa, tendo passado em 1914 para a primeira categoria do Sport Lisboa e Benfica, de onde sairia em 1920 para criar o Casa Pia Atlético Clube. Foi capitão da selecção nacional no primeiro jogo desta, em 1921. Como treinador, foi seleccionador nacional (orientou a equipa portuguesa que chegou aos quartos-de-final do torneio de futebol dos Jogos Olímpicos de 1928) e técnico do Sporting Clube de Portugal, onde ganhou o campeonato nacional da I Divisão. Esteve preso no campo de concentração do Tarrafal entre 1942 e 1944. Em 1945, fundou com António Ribeiro dos Reis o jornal A Bola, com o qual colaboraria até à sua morte. Pela sua importância no futebol português, foi dado o seu nome à Supertaça instituída pela Federação Portuguesa de Futebol.
Há cerca de um mês, adquiri o livro «Os segredos do futebol» e hoje chegou à minha caixa de correio mais uma relíquia descoberta na magnífica KhronosBazaar: «A evolução táctica no futebol». Datado de 1949, é um prazer folhear páginas que, embora marcadas pelo tempo, são capazes de nos oferecer lições actuais ao traduzir pensamentos e reflexões tão pertinentes. No fundo, é como respirar a essência pura das origens do jogo. Voltar a sentir futebol.
Esta introdução, em forma de desabafo, serve para demonstrar a minha admiração por figuras emblemáticas, velhas glórias e velhos mestres, episódios marcantes e jornadas épicas que merecem ser contadas e recordadas. Cândido de Oliveira cabe nestes pressupostos. Começou a jogar futebol na Casa Pia de Lisboa, tendo passado em 1914 para a primeira categoria do Sport Lisboa e Benfica, de onde sairia em 1920 para criar o Casa Pia Atlético Clube. Foi capitão da selecção nacional no primeiro jogo desta, em 1921. Como treinador, foi seleccionador nacional (orientou a equipa portuguesa que chegou aos quartos-de-final do torneio de futebol dos Jogos Olímpicos de 1928) e técnico do Sporting Clube de Portugal, onde ganhou o campeonato nacional da I Divisão. Esteve preso no campo de concentração do Tarrafal entre 1942 e 1944. Em 1945, fundou com António Ribeiro dos Reis o jornal A Bola, com o qual colaboraria até à sua morte. Pela sua importância no futebol português, foi dado o seu nome à Supertaça instituída pela Federação Portuguesa de Futebol.
Há cerca de um mês, adquiri o livro «Os segredos do futebol» e hoje chegou à minha caixa de correio mais uma relíquia descoberta na magnífica KhronosBazaar: «A evolução táctica no futebol». Datado de 1949, é um prazer folhear páginas que, embora marcadas pelo tempo, são capazes de nos oferecer lições actuais ao traduzir pensamentos e reflexões tão pertinentes. No fundo, é como respirar a essência pura das origens do jogo. Voltar a sentir futebol.