Em termos pessoais, esta entrada no blogue tem um carácter especial. Para os leitores espero que, ultrapassado o impacto inicial, contribua para pôr a família benfiquista num estado permanente de tertúlia. Faço votos para que o artigo anterior constitua o ponto prévio para uma reflexão séria e um debate elevado. No fundo, é isso que me move: trocar comentários e esperar que os sócios e adeptos encarnados se unam em prol de um Benfica vitorioso.
SL Benfica 0-1 AA Coimbra
Fica difícil saber por onde começar. Poderia escrever a crónica da partida frente à Académica, embora seja mais relevante perspectivar as repercussões que podem advir desta derrota. De qualquer modo, o dia 11 de Abril de 2009 não foi muito diferente dos sentimentos vividos a 11 de Abril de 2008 com o 'bónus' de ambos os resultados poderem ser explicados através da visão de um adepto da Académica. Exactamente um ano depois, a história repete-se e o desfecho actual resulta dramático: o Benfica perde praticamente a hipótese de chegar ao título e o 2.º lugar, de acesso à pré-eliminatória da 'champions league', fica mais distante. Péssimo cenário em termos desportivos. Provável descalabro quanto ao aspecto financeiro.
Eleições em Outubro?
Durante esta semana, os actuais responsáveis encarnados - direcção, director desportivo e treinador - não vão ter tarefa fácil, para lidar com as capas dos jornais e com a pressão dos sócios. Tudo isto é lamentável. Mais uma vez, os adeptos presentes brindaram-nos com a solução mais fácil: mostrar lenços brancos ao treinador. Imagem que se repete, ano após ano. Tal como já escrevi, também acredito que o problema está no topo da pirâmide. Oxalá, a solução fique mais transparente aos olhos de todos nós. Uma coisa é certa: sou favorável à marcação de eleições antecipadas.
Rui Costa
Em qualquer cenário, não abdico de uma pessoa que vive o Benfica de forma tão ou mais (de certeza) apaixonada do que eu e que entrou naquele (no antigo) estádio com menos de 10 anos. Tanto eu, como, não estou enganado, a grande maioria dos benfiquistas não esquece a racionalidade - está sempre presente - mas o coração, duplamente encarnado, identifica-se e segue aqueles que sentem as vitórias e derrotas como todos nós. Resumindo, para mim Rui Costa será figura primordial, qualquer que seja o resultado das eleições, quer a actual direcção se mantenha, quer outra candidatura conquiste o apoio dos sócios.
SL Benfica: sentir, pensar e debater o clube
Volto a afimar: perante a situação presente e o panorama futuro, não é nada fácil sistematizar um histórico encarnado e branco. Até porque, o meu pensamento levar-me-ia a desenvolver rebuscadas teorias sobre os erros cometidos e a imaginar soluções maravilhosas capazes de trazer de volta a mística, as vitórias e os troféus. Haveria tanto para dizer que a informação emitida tem mesmo de sair a conta-gotas. Nestas alturas, as palavras soam sempre a pouco. O momento actual vai no sentido do meu apelo à reflexão e mobilização do maior número de benfiquistas para tertúlias conjuntas que se revelem conclusivas em pontos essenciais.
José Veiga
Chegamos à melhor parte. No Mágico SLB, a certa altura, na caixa de comentários, José Marinho escreveu o seguinte:
"Ontem estive com José Veiga e uma outra pessoa, que solicitou-me a assinatura de Veiga no seu livro 'Como tornar o Benfica campeão'. Perguntei-lhe se queria que o próprio José Veiga o fizesse pessoalmente. Assim foi, o José Veiga aceitou fazê-lo e aceitou conhecer essa pessoa. Porque é uma pessoa simples, porque é uma pessoa que não constrói barreiras na sua relação com os outros. Devo dizer que essa pessoa, um grande benfiquista, mantinha enormes reservas em relação a Veiga - por causa da sua ligação ao FC Porto e por causa da imagem de José Veiga que está construida em Portugal - e quis convencer-se pessoalmente do muito que tenho aqui escrito e defendido sobre o antigo director desportivo do Benfica".
Quem é essa pessoa a que José Marinho faz referência? Pois bem, fui eu que tive o privilégio de estar perante uma personalidade que não deixa ninguém indiferente. Aquando do lançamento do 'Anuário do Futebol Mundial 2008/09', merecidamente destacado neste espaço, José Marinho perguntou-me se queria um autógrafo dado pelo principal protagonista do livro 'Como tornar o Benfica campeão'. Assim foi, com o 'bónus' de estar na presença do próprio José Veiga.
O encontro foi marcado para as 15h00, da passada quinta-feira, e prolongou-se até cerca das 16h30. Foram quase duas horas na companhia de uma figura que reúne uma história de vida para contar, dono de uma experiência ímpar no mundo do futebol. Tal como previa, José Veiga demonstrou um grande carisma e uma enorme força interior: sem dúvida, uma personalidade fortíssima. Curiosamente, não obstante ficarem vincadas, à 'flor da pele', características pessoais associadas à autoridade, disciplina e liderança, mais que não seja pelo discurso certeiro e apurado, o nervosismo inicial foi rapidamente ultrapassado pela abertura e boa disposição reveladas. Muito sinceramente, a primeira impressão foi extremamente positiva: José Veiga dispõe de um trato fácil, colocando o seu interlocutor à-vontade para intervir e dialogar em plano de igualdade.
Como devem calcular, existe um ou outro episódio que merece o rótulo de foro privado. Espero que compreendam. No entanto, ao contrário do que alguns possam pensar, o encontro não se assemelhou a nenhuma reunião secreta, com matérias catalogadas como estritamente confidenciais, quase como se fosse parte de um intrincado plano conspirativo. Longe disso. Então, afinal, perguntam vocês: falámos sobre o quê?
José Veiga começou por perguntar-me como teve início a minha paixão pelo Benfica, qual a minha relação com o futebol e o que fazia em termos profissionais. Referi-lhe este 'cantinho' chamado Catenaccio e aproveitei a oportunidade para colocar questões relacionadas com a minha Dissertação de Mestrado sobre as SAD's, a qual mereceu especial atenção, talvez pelo facto de ter sido empresário de jogadores. Conversámos sobre a questão da gestão de activos, leia-se direitos de inscrição desportiva sobre jogadores profissionais, calcorreámos aspectos ligados à prospecção de jovens talentos, inclusive sobre ferramentas de análise vocacionadas para o 'scouting' e debatemos a relação da formação com a política económico-financeira.
Depois, sem querer desrespeitar o teor particular da conversa, diria que o Benfica preencheu grande parte da tertúlia, nomeadamente alguns momentos vividos pelo próprio enquanto director desportivo passando, obrigatoriamente, pela época do último título: a experiência de Trapattoni, a blindagem de balneário, a qualidade do plantel, a importância dos sócios (adeptos) e a grandiosidade do clube. Em termos gerais, diria que o diálogo mantido foi um reavivar das memórias incluídas no livro. Com a diferença em que parte dos espisódios foi contada pela voz do próprio. Como é óbvio, tem outro impacto.
Em suma: agradeço a amabilidade de José Marinho em ter-me proporcionado uma rara oportunidade de estar na presença de uma personagem ligada à história recente do Benfica. Um momento único. Porém, é escusado questionarem-me sobre uma suposta candidatura, porque pura e simplesmente... não há candidato! Ainda por cima, creio que o Benfica não deveria estar dependente da boa vontade de um indivíduo, de forma isolada, sem considerar a constituição de uma equipa de trabalho e pôr em cima mesa a definição de uma estratégia global, orientada desde - direccção da SAD, director desportivo, treinador/equipa técnica, escolha do plantel, política de formação, modalidades, gestão económico/financeira, entre outras. Dizer mais do que isto, seria passar a fronteira do razoável para entrar no universo dos boatos e suposições.
Volto a repetir: foram, praticamente, duas horas muito bem passadas, sendo um privilégio ter gozado desta ocasião. Agora, como costumo dizer: a confiança não se ganha num olhar; conquista-se com a convivência, através da 'leitura' de actos e comportamentos. O encontro superou as expectativas? Sim, indubitavelmente. A primeira impressão foi positiva? Sem dúvida. Por vezes, na blogosfera, temos o hábito (do qual também me penitencio) de tecer considerações sem conhecer directamente as pessoas. Na maioria das vezes, a nossa opinião também está condicionada pela nossa ignorância, isto é, influenciada por desconhecimentos práticos ou por preconceitos dos quais até perdemos a origem. Humildemente, esta crónica está muito longe de identificar e resolver os problemas do Benfica. Espero, porém, ter levemente contribuído para que os benfiquistas reflictam e debatam seriamente sobre as soluções.
SL Benfica 0-1 AA Coimbra
Fica difícil saber por onde começar. Poderia escrever a crónica da partida frente à Académica, embora seja mais relevante perspectivar as repercussões que podem advir desta derrota. De qualquer modo, o dia 11 de Abril de 2009 não foi muito diferente dos sentimentos vividos a 11 de Abril de 2008 com o 'bónus' de ambos os resultados poderem ser explicados através da visão de um adepto da Académica. Exactamente um ano depois, a história repete-se e o desfecho actual resulta dramático: o Benfica perde praticamente a hipótese de chegar ao título e o 2.º lugar, de acesso à pré-eliminatória da 'champions league', fica mais distante. Péssimo cenário em termos desportivos. Provável descalabro quanto ao aspecto financeiro.
Eleições em Outubro?
Durante esta semana, os actuais responsáveis encarnados - direcção, director desportivo e treinador - não vão ter tarefa fácil, para lidar com as capas dos jornais e com a pressão dos sócios. Tudo isto é lamentável. Mais uma vez, os adeptos presentes brindaram-nos com a solução mais fácil: mostrar lenços brancos ao treinador. Imagem que se repete, ano após ano. Tal como já escrevi, também acredito que o problema está no topo da pirâmide. Oxalá, a solução fique mais transparente aos olhos de todos nós. Uma coisa é certa: sou favorável à marcação de eleições antecipadas.
Rui Costa
Em qualquer cenário, não abdico de uma pessoa que vive o Benfica de forma tão ou mais (de certeza) apaixonada do que eu e que entrou naquele (no antigo) estádio com menos de 10 anos. Tanto eu, como, não estou enganado, a grande maioria dos benfiquistas não esquece a racionalidade - está sempre presente - mas o coração, duplamente encarnado, identifica-se e segue aqueles que sentem as vitórias e derrotas como todos nós. Resumindo, para mim Rui Costa será figura primordial, qualquer que seja o resultado das eleições, quer a actual direcção se mantenha, quer outra candidatura conquiste o apoio dos sócios.
SL Benfica: sentir, pensar e debater o clube
Volto a afimar: perante a situação presente e o panorama futuro, não é nada fácil sistematizar um histórico encarnado e branco. Até porque, o meu pensamento levar-me-ia a desenvolver rebuscadas teorias sobre os erros cometidos e a imaginar soluções maravilhosas capazes de trazer de volta a mística, as vitórias e os troféus. Haveria tanto para dizer que a informação emitida tem mesmo de sair a conta-gotas. Nestas alturas, as palavras soam sempre a pouco. O momento actual vai no sentido do meu apelo à reflexão e mobilização do maior número de benfiquistas para tertúlias conjuntas que se revelem conclusivas em pontos essenciais.
José Veiga
Chegamos à melhor parte. No Mágico SLB, a certa altura, na caixa de comentários, José Marinho escreveu o seguinte:
"Ontem estive com José Veiga e uma outra pessoa, que solicitou-me a assinatura de Veiga no seu livro 'Como tornar o Benfica campeão'. Perguntei-lhe se queria que o próprio José Veiga o fizesse pessoalmente. Assim foi, o José Veiga aceitou fazê-lo e aceitou conhecer essa pessoa. Porque é uma pessoa simples, porque é uma pessoa que não constrói barreiras na sua relação com os outros. Devo dizer que essa pessoa, um grande benfiquista, mantinha enormes reservas em relação a Veiga - por causa da sua ligação ao FC Porto e por causa da imagem de José Veiga que está construida em Portugal - e quis convencer-se pessoalmente do muito que tenho aqui escrito e defendido sobre o antigo director desportivo do Benfica".
Quem é essa pessoa a que José Marinho faz referência? Pois bem, fui eu que tive o privilégio de estar perante uma personalidade que não deixa ninguém indiferente. Aquando do lançamento do 'Anuário do Futebol Mundial 2008/09', merecidamente destacado neste espaço, José Marinho perguntou-me se queria um autógrafo dado pelo principal protagonista do livro 'Como tornar o Benfica campeão'. Assim foi, com o 'bónus' de estar na presença do próprio José Veiga.
O encontro foi marcado para as 15h00, da passada quinta-feira, e prolongou-se até cerca das 16h30. Foram quase duas horas na companhia de uma figura que reúne uma história de vida para contar, dono de uma experiência ímpar no mundo do futebol. Tal como previa, José Veiga demonstrou um grande carisma e uma enorme força interior: sem dúvida, uma personalidade fortíssima. Curiosamente, não obstante ficarem vincadas, à 'flor da pele', características pessoais associadas à autoridade, disciplina e liderança, mais que não seja pelo discurso certeiro e apurado, o nervosismo inicial foi rapidamente ultrapassado pela abertura e boa disposição reveladas. Muito sinceramente, a primeira impressão foi extremamente positiva: José Veiga dispõe de um trato fácil, colocando o seu interlocutor à-vontade para intervir e dialogar em plano de igualdade.
Como devem calcular, existe um ou outro episódio que merece o rótulo de foro privado. Espero que compreendam. No entanto, ao contrário do que alguns possam pensar, o encontro não se assemelhou a nenhuma reunião secreta, com matérias catalogadas como estritamente confidenciais, quase como se fosse parte de um intrincado plano conspirativo. Longe disso. Então, afinal, perguntam vocês: falámos sobre o quê?
José Veiga começou por perguntar-me como teve início a minha paixão pelo Benfica, qual a minha relação com o futebol e o que fazia em termos profissionais. Referi-lhe este 'cantinho' chamado Catenaccio e aproveitei a oportunidade para colocar questões relacionadas com a minha Dissertação de Mestrado sobre as SAD's, a qual mereceu especial atenção, talvez pelo facto de ter sido empresário de jogadores. Conversámos sobre a questão da gestão de activos, leia-se direitos de inscrição desportiva sobre jogadores profissionais, calcorreámos aspectos ligados à prospecção de jovens talentos, inclusive sobre ferramentas de análise vocacionadas para o 'scouting' e debatemos a relação da formação com a política económico-financeira.
Depois, sem querer desrespeitar o teor particular da conversa, diria que o Benfica preencheu grande parte da tertúlia, nomeadamente alguns momentos vividos pelo próprio enquanto director desportivo passando, obrigatoriamente, pela época do último título: a experiência de Trapattoni, a blindagem de balneário, a qualidade do plantel, a importância dos sócios (adeptos) e a grandiosidade do clube. Em termos gerais, diria que o diálogo mantido foi um reavivar das memórias incluídas no livro. Com a diferença em que parte dos espisódios foi contada pela voz do próprio. Como é óbvio, tem outro impacto.
Em suma: agradeço a amabilidade de José Marinho em ter-me proporcionado uma rara oportunidade de estar na presença de uma personagem ligada à história recente do Benfica. Um momento único. Porém, é escusado questionarem-me sobre uma suposta candidatura, porque pura e simplesmente... não há candidato! Ainda por cima, creio que o Benfica não deveria estar dependente da boa vontade de um indivíduo, de forma isolada, sem considerar a constituição de uma equipa de trabalho e pôr em cima mesa a definição de uma estratégia global, orientada desde - direccção da SAD, director desportivo, treinador/equipa técnica, escolha do plantel, política de formação, modalidades, gestão económico/financeira, entre outras. Dizer mais do que isto, seria passar a fronteira do razoável para entrar no universo dos boatos e suposições.
Volto a repetir: foram, praticamente, duas horas muito bem passadas, sendo um privilégio ter gozado desta ocasião. Agora, como costumo dizer: a confiança não se ganha num olhar; conquista-se com a convivência, através da 'leitura' de actos e comportamentos. O encontro superou as expectativas? Sim, indubitavelmente. A primeira impressão foi positiva? Sem dúvida. Por vezes, na blogosfera, temos o hábito (do qual também me penitencio) de tecer considerações sem conhecer directamente as pessoas. Na maioria das vezes, a nossa opinião também está condicionada pela nossa ignorância, isto é, influenciada por desconhecimentos práticos ou por preconceitos dos quais até perdemos a origem. Humildemente, esta crónica está muito longe de identificar e resolver os problemas do Benfica. Espero, porém, ter levemente contribuído para que os benfiquistas reflictam e debatam seriamente sobre as soluções.