O regresso do hino dos campeões ao Estádio da Luz. Futebolisticamente falando, a exibição encarnada não teve nota artística elevada. Porém, a este nível de exigência, devemos enaltecer a justiça do resultado e a conquista dos 3 pontos, muito importantes para os objectivos do clube. De facto, a equipa ainda não está a 'carburar' de acordo com os patamares atingidos na época transacta, mas a vitória nunca esteve em causa e o desempenho geral foi regular e seguro. Ao contrário de outros emblemas, com igual ou superior ambição na competição, começámos bem a nossa caminhada europeia. Por vezes, temos de ser pragmáticos. Tratou-se de uma exibição polvilhada com um toque de Catenaccio, na forma como a equipa controlou a posse de bola e o ritmo de jogo. Missão cumprida.
Infelizmente, as últimas partidas têm sido assoladas por questões de outro âmbito, nomeadamente erros de arbitragem ou, como foi o caso da noite passada, por um surrealista acontecimento entre o 'tribunal' da Luz e um dos jogadores que mais desperta sentimentos de amor-ódio. Refiro-me, obviamente, ao lance caricato protagonizado por Cardozo pelo que, chegado a este ponto, pretendo abrir um parêntesis. Ao contrário de algumas sensibilidades, neste espaço nunca foi meu intuito 'esconder-me' perante situações menos agradáveis: evitar azedumes e 'enfiar a cabeça na areia' não faz parte do ADN deste 'cantinho', principalmente por respeito à minha liberdade de pensamento. Aceito a crítica fundamentada, desde que realizada de maneira educada, sendo que apesar de inadvertidamente poder enganar-me, a minha lógica vai no sentido de defender (sempre) os interesses do clube a que pertenço como associado desde 1990. Que isto fique bem claro.
Posto isto, não quero deixar passar uma 'esponja' sobre o que aconteceu ontem frente ao Hapoel: depois do ponta-de-lança paraguaio marcar o segundo golo, aos 68' minutos, levou o dedo indicador esquerdo junto à boca e mandou calar os adeptos, que já por diversas vezes o tinham assobiado. Terá sido a primeira vez na história que um golo do Benfica foi assinalado na Luz com uma vaia monumental. Ponto prévio: não assobio jogadores do Benfica. Porquê? Por uma questão de princípio que tenho gosto em cumprir e porque, racionalmente, apupar um jogador é contraproducente para o próprio, prejudicando o grupo e, consequemente, o clube onde pontifica. É verdade que, em variadíssimas ocasiões, posso estar ansioso ou desagradado com o rumo dos acontecimentos, mas o registo do desabafo é sempre partilhado entre colegas de bancada e dentro dos limites do tolerável. Mais: acho inconcebível como se pode assobiar um jogador (Peixoto) acabado de entrar, só porque apetece descarregar no 'patinho feio' actual. Inacreditável.
No entanto, não posso (nem quero, felizmente) mandar nas reacções e comportamentos de todos os adeptos que marca(ra) presença no Estádio da Luz. Entre 6 milhões de simpatizantes e milhares de espectadores, imagino a parafernália de sentimentos e emoções. Quer queiramos, quer não, o assobio, o apupo, a vaia, faz parte integrante deste desporto. Sempre assim foi e, estou em crer, sempre assim será. Aqui, em Portugal, como no Brasil, em Espanha, ou noutro país qualquer onde uma bola seja disputada por 22 jogadores. Por isso, permitam-me que coloque a seguinte pergunta: se alguns (muitos) adeptos encarnados apuparam Cardozo, qual a razão para inocentarem os restantes companheiros? Que tenha dado conta, a equipa, no seu conjunto, não estava debaixo de um coro de assobios. Sim, não desculpa a reacção das massas, mas serve para reflexão. Uma coisa posso garantir: o nível exibicional do avançado paraguaio não é explicado, somente, por razões físicas; há motivos extra-futebol que o fazem estar mais 'desligado' do jogo e dos colegas. Para bom entendedor, meia palavra basta.
Deste modo, não posso ficar indiferente ao gesto protagonizado pelo homem-golo encarnado. A minha reacção foi enérgica, intempestiva e, quiçá, desproporcionada, mas se fosse hoje teria, muito provavelmente, a mesma atitude de contestação. Mesmo compreendendo os motivos emocionais do jogador, de maneira nenhuma aceito faltas de respeito dirigidas aos adeptos e, por acréscimo, à instituição em causa. Quantos jogadores são vaiados por esse mundo fora e quantos cometem a infelicidade de reagir desta forma? Sinceramente, causa-me algum transtorno observar que um jogador se julgue acima da crítica só porque marcou 26 golos numa liga em que a dinâmica dos colegas proporcionava cerca de dez oportunidades claras de golo por jogo. Ainda a semana passada faleceu uma velha glória encarnada com centenas de golos marcados de águia ao peito. Será que José Torres também mandava calar os sócios benfiquistas? Muito bem que as pessoas tenham gratidão e memória, mas também fazia bem 'olhar' para a história do clube e utilizar termos de comparação. Não tenho paciência para amuos e birras, ainda para mais vindos de quem se percebe que está de passagem. Não tenho feitio para bajular jogadores. A dimensão do Benfica é mais relevante que tudo o resto.
Para utilizar uma analogia interessante, termino com umas palavras de José Mourinho: «Quem quiser pode assobiar. Posso gostar mais ou menos, mas respeito. Trabalho para a satisfação total dos adeptos e pagam-me para trabalhar e não para criticar os meus adeptos. Nunca direi nada contra os adeptos do Madrid», acrescentou. Não deixa de ser curioso, vindo de quem costuma ser apelidado como arrogante, presumido e vaidoso. Diferenças de mentalidade? Talvez agora fique mais explícito o sentido da mensagem (humildade) incluída na tarja dos Diabos Vermelhos.
Infelizmente, as últimas partidas têm sido assoladas por questões de outro âmbito, nomeadamente erros de arbitragem ou, como foi o caso da noite passada, por um surrealista acontecimento entre o 'tribunal' da Luz e um dos jogadores que mais desperta sentimentos de amor-ódio. Refiro-me, obviamente, ao lance caricato protagonizado por Cardozo pelo que, chegado a este ponto, pretendo abrir um parêntesis. Ao contrário de algumas sensibilidades, neste espaço nunca foi meu intuito 'esconder-me' perante situações menos agradáveis: evitar azedumes e 'enfiar a cabeça na areia' não faz parte do ADN deste 'cantinho', principalmente por respeito à minha liberdade de pensamento. Aceito a crítica fundamentada, desde que realizada de maneira educada, sendo que apesar de inadvertidamente poder enganar-me, a minha lógica vai no sentido de defender (sempre) os interesses do clube a que pertenço como associado desde 1990. Que isto fique bem claro.
Posto isto, não quero deixar passar uma 'esponja' sobre o que aconteceu ontem frente ao Hapoel: depois do ponta-de-lança paraguaio marcar o segundo golo, aos 68' minutos, levou o dedo indicador esquerdo junto à boca e mandou calar os adeptos, que já por diversas vezes o tinham assobiado. Terá sido a primeira vez na história que um golo do Benfica foi assinalado na Luz com uma vaia monumental. Ponto prévio: não assobio jogadores do Benfica. Porquê? Por uma questão de princípio que tenho gosto em cumprir e porque, racionalmente, apupar um jogador é contraproducente para o próprio, prejudicando o grupo e, consequemente, o clube onde pontifica. É verdade que, em variadíssimas ocasiões, posso estar ansioso ou desagradado com o rumo dos acontecimentos, mas o registo do desabafo é sempre partilhado entre colegas de bancada e dentro dos limites do tolerável. Mais: acho inconcebível como se pode assobiar um jogador (Peixoto) acabado de entrar, só porque apetece descarregar no 'patinho feio' actual. Inacreditável.
No entanto, não posso (nem quero, felizmente) mandar nas reacções e comportamentos de todos os adeptos que marca(ra) presença no Estádio da Luz. Entre 6 milhões de simpatizantes e milhares de espectadores, imagino a parafernália de sentimentos e emoções. Quer queiramos, quer não, o assobio, o apupo, a vaia, faz parte integrante deste desporto. Sempre assim foi e, estou em crer, sempre assim será. Aqui, em Portugal, como no Brasil, em Espanha, ou noutro país qualquer onde uma bola seja disputada por 22 jogadores. Por isso, permitam-me que coloque a seguinte pergunta: se alguns (muitos) adeptos encarnados apuparam Cardozo, qual a razão para inocentarem os restantes companheiros? Que tenha dado conta, a equipa, no seu conjunto, não estava debaixo de um coro de assobios. Sim, não desculpa a reacção das massas, mas serve para reflexão. Uma coisa posso garantir: o nível exibicional do avançado paraguaio não é explicado, somente, por razões físicas; há motivos extra-futebol que o fazem estar mais 'desligado' do jogo e dos colegas. Para bom entendedor, meia palavra basta.
Deste modo, não posso ficar indiferente ao gesto protagonizado pelo homem-golo encarnado. A minha reacção foi enérgica, intempestiva e, quiçá, desproporcionada, mas se fosse hoje teria, muito provavelmente, a mesma atitude de contestação. Mesmo compreendendo os motivos emocionais do jogador, de maneira nenhuma aceito faltas de respeito dirigidas aos adeptos e, por acréscimo, à instituição em causa. Quantos jogadores são vaiados por esse mundo fora e quantos cometem a infelicidade de reagir desta forma? Sinceramente, causa-me algum transtorno observar que um jogador se julgue acima da crítica só porque marcou 26 golos numa liga em que a dinâmica dos colegas proporcionava cerca de dez oportunidades claras de golo por jogo. Ainda a semana passada faleceu uma velha glória encarnada com centenas de golos marcados de águia ao peito. Será que José Torres também mandava calar os sócios benfiquistas? Muito bem que as pessoas tenham gratidão e memória, mas também fazia bem 'olhar' para a história do clube e utilizar termos de comparação. Não tenho paciência para amuos e birras, ainda para mais vindos de quem se percebe que está de passagem. Não tenho feitio para bajular jogadores. A dimensão do Benfica é mais relevante que tudo o resto.
Para utilizar uma analogia interessante, termino com umas palavras de José Mourinho: «Quem quiser pode assobiar. Posso gostar mais ou menos, mas respeito. Trabalho para a satisfação total dos adeptos e pagam-me para trabalhar e não para criticar os meus adeptos. Nunca direi nada contra os adeptos do Madrid», acrescentou. Não deixa de ser curioso, vindo de quem costuma ser apelidado como arrogante, presumido e vaidoso. Diferenças de mentalidade? Talvez agora fique mais explícito o sentido da mensagem (humildade) incluída na tarja dos Diabos Vermelhos.