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segunda-feira, 30 de junho de 2008

[Euro'2008] Final: Espanha 1-0 Alemanha

Depois de uma espera de 44 anos, a Espanha voltou a conquistar o Campeonato da Europa, ao bater na final do UEFA EURO 2008™ a Alemanha, por 1-0, no Ernst-Happel-Stadion. Fernando Torres foi o herói dos espanhóis, ao apontar, ainda na primeira parte, o golo solitário da partida.

Onze titular

No início da prova, Luis Aragonés tinha desenhado um 4x4x2 que apostava no seguinte: (i) versatilidade de movimentos de dois avançados (diferente do conceito puro de ponta-de-lança), (ii) dinamismo de três homens de segunda linha, com e sem bola; (iii) critério posicional transmitido pelo melhor pivot do torneio, e (iv) capacidade de antecipação de um quarteto defensivo, comandado pelo enorme Iker Casillas.
Após a lesão de David Villa, a equipa espanhola estendeu-se num 4x1x4x1, mas os princípios de jogo mantiveram-se intactos e a ideia principal – leia-se filosofia colectiva – nunca foi posta em causa. Inclusive, a entrada de Cesc Fabregas revelou-se crucial no prolongamento da identidade espanhola. Venceu, sem margem para dúvidas, a prática do bom futebol.

Razões para uma Espanha triunfante

Os principais motivos são publicamente conhecidos: concentração competitiva, rigor nos movimentos de transição, qualidade na posse e na circulação de bola. Em suma, poderia enumerar aspectos ligados à condição física, enaltecer a força mental e elogiar os atributos técnicos. Prefiro, no entanto, centrar-me na questão táctica.

Na sua coluna semanal, Rodrigo Azevedo Leitão escreve o seguinte: "Verticalmente, ao analisarmos o campo de jogo notaremos que quanto menor o número de linhas que orientam a lógica de uma equipe, maior o espaço vertical descoberto presente no campo. Por outro lado, ao analisarmos a distribuição horizontal, notaremos que o número menor de linhas faz com que elas possam ficar mais longas, o que em largura pode promover uma melhor ocupação do espaço do jogo"..."Por fim, o mais importante é que haja entendimento da complexidade, variáveis e nuances que a plataforma de jogo e o número de linhas podem trazer para o cumprimento efetivo de um modelo de jogo".

Esta abordagem sobre o número de linhas, com influência directa no tipo de pressão (vertical vs horizontal), abre espaço para uma análise gráfica bem curiosa.

Cenário 1: Fase de Grupos (D) e ¼ de Final

N.º linhas = 4 (4 defesas, 1 pivot defensivo – Marcos Senna – um trio criativo e 2 avançados)
N.º golos marcados = 4+2+2 = 8
N.º golos sofridos = 0+1+1 = 2
O jogo frente à Itália não é considerado, pois foi resolvido no desempate por pontapés de grande penalidade.
Pressão em profundidade, meio-campo em 1x3x(2 avançados)

Cenário 2: ½ de Final (após saída de Villa) e Final

N.º linhas = 4 (4 defesas, 1 pivot defensivo – Marcos Senna – um quarteto criativo e 1 avançado)
N.º golos marcados = 3+1 = 4
N.º golos sofridos = 0+0 = 0
Pressão em largura, meio-campo em 1x4x(1 avançado)

Este tema poderia levar a um debate de várias horas. Porém, uma coisa é certa: depois da vitória da Espanha servir de referência, em termos futuros, será previsível que, cada vez mais, o 4x4x2 e o 4x3x3 se transformem em 4x5x1. Quais as principais consequências?
No 4x3x3, será improvável a coexistência de dois extremos puros e, porventura, tentar-se-á privilegiar a utilização de médios-ala que saibam recuar e ocupar espaços defensivos.
No 4x4x2, o avançado móvel (dito n.º 9.5) poderá ser substituído por um jogador com características de n.º 10, que pense como médio e tenha o rigor táctico para ser o 5.º elemento do meio-campo.
Obviamente, uma suposta preponderância do 4x5x1 não passa de uma discussão teórica e cada caso (clube, realidade nacional) deve ser estudado separadamente.

Também Luís Freitas Lobo, através do seu artigo de opinião no jornal "Expresso", tece considerações pertinentes: "Por fim, o futebol espanhol cria um estilo para a sua selecção. Desenha-o a partir do meio-campo, onde os jogos se fazem por merecer, e tem, depois, também quem o decida já mais perto da área, com Villa e Torres. O Euro 2008 não inovou em termos tácticos, nem isso parece mais possível, mas fica para a história como o torneio-berço de um novo estilo para o futebol espanhol".

A grande vantagem de Espanha foi conhecer-se a si mesmo, sabendo adaptar-se às circunstâncias de cada desafio. Quer inicialmente em 4x4x2, quer mais tarde em 4x5x1, os campeões europeus mostraram argumentos na vertente táctica e criatividade suficiente para explanar as qualidades técnicas individuais.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

A montanha russa

Quando o árbitro apita para o início do jogo, o comboio russo arranca de forma lenta. Em frente ao painel de instrumentos, Guus Hiddink é uma figura habituada a conduzir qualquer máquina futebolística. Os primeiros minutos são feitos em velocidade de cruzeiro, como que escondendo o que vem a seguir. Entretanto, assim que a bola chega a Semak vislumbra-se a primeira curva mais pronunciada. Sem perder aderência, surge uma recta a perder de vista. É quando a velocidade aumenta e Zhirkov arranca pelo lado esquerdo. Neste momento, a máquina acelera e trava consecutivamente, fazendo com que os ocupantes sintam um nó no estômago. O comboio balança, à medida que a bola passa pelos pés de Semak, Zyryanov, Semshov e Saenko. Sente-se que a verdadeira viagem vai agora começar. Quase numa fracção de segundos, Arshavin recebe a bola, roda o corpo e desata a correr, em ziguezague, ultrapassando adversários em série. Os amantes de emoções fortes não ficam defraudados. Nada como um looping ao virar da esquina, quando menos se espera. Mas, não há tempo para respirar. Depois de mais uma descida vertiginosa, Pavlyuchenko movimenta-se freneticamente e o comboio inclina-se perigosamente. O ritmo é estonteante e todos os ocupantes sentem as costas coladas ao banco. Quase a terminar a viagem, a bola ainda recua uns metros e, no preciso momento em que Arshavin se desmarca e recebe o passe de um colega, mais um looping surge no horizonte. Finalmente, a máquina abranda e termina o seu caminho. Ao longe, Guus Hiddink espelha um semblante orgulhoso. No calor da aventura, todos os participantes demoram a recompor-se. Mas, todos sem excepção desejam repetir a experiência. Nada que me surpreenda. No parque de diversões do Euro’2008, não há dúvida que a montanha russa é a que desperta mais emoções.

Fonte: Imagem retirada da "Marca" online.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

[Euro'2008] 1/4: Portugal 2-3 Alemanha

Ponto prévio: desta vez, não irei classificar o desempenho individual dos jogadores de Portugal. Segui o jogo numa marisqueira, à conversa entre amigos, no meio de caracóis, saladinhas de polvo e outras iguarias, bem acompanhadas por cerveja fresquinha. Depois, a própria emotividade da partida desaconselha apreciações quantitativas e prefiro centrar a minha atenção em questões colectivas ou de âmbito mais alargado. Posto isto, olhemos para o onze titular de Portugal:

Como jogou Portugal?

Tal como tinha escrito, na antevisão da eliminatória, não se registaram surpresas nas opções de Scolari. No papel, João Moutinho (depois Raul Meireles) juntava-se a Petit, deixando a responsabilidade de construção para Deco. No entanto, a maior chamada de atenção vai para a colocação de Simão na direita, em detrimento de Cristiano Ronaldo. Tal como previa, a selecção nacional mostrou algum receio face às investidas de Philipp Lahm e à preponderância ofensiva do flanco esquerdo alemão. Olhemos, agora, para a "Mannschaft":

Como jogou a Alemanha?

Também a Alemanha demonstrou o devido respeito pela selecção portuguesa. Face à indisponibilidade de Torsten Frings, Joaquim Low teve a sagacidade táctica de preencher o meio-campo defensivo com as entradas de Simon Rolfes (Bayer Leverkusen) e Thomas Hitzlsperger (Estugarda), libertando Michael Ballack para terrenos mais ofensivos. Deste modo, quer em 4x1x4x1, quer no esquema 4x2x3x1, a selecção germânica jogou com os sectores mais unidos, impedindo que Portugal aproveitasse espaço entre-linhas. Inteligentemente, descontando o frenesim dos últimos minutos, a Alemanha soube dominar as transições e colocar muitas dificuldades ao futebol mais técnico dos nossos jogadores.

Quais os motivos da derrota?

Em grande medida, uma das razões já foi apresentada: a Alemanha ocupou melhor os espaços, montou um meio-campo solidário atento à perda de bola e soube retirar vantagem de uma maior agressividade nos duelos individuais. A selecção germânica estudou os pontos fracos do adversário e conseguiu explorar dificuldades evidenciadas por Portugal na organização defensiva.
Contudo, não há como fugir do factor mais decisivo: os lances de bola parada. Nestas situações específicas, a opção tem recaído sobre uma marcação individualizada, quando o ideal seria defender à zona ou, porventura, de forma mista. Relembro que o golo sofrido com a Rep. Checa nasceu da marcação de um pontapé de canto e a derrota na final do Euro’2004, frente à Grécia, resulta de lance semelhante. Para agravar, o guarda-redes Ricardo pouco (ou nada) tem evoluído, quando se exige maior destreza nas saídas a cruzamentos. Lamentavelmente, não aprendemos com os erros do passado.

Scolari: seleccionador, treinador ou psicólogo?

Como não poderia deixar de ser, o "sargentão" tem de ser responsabilizado pelas escolhas técnicas, opções tácticas e consequente afastamento da selecção portuguesa. O desempenho global ficou aquém das expectativas, até pelo que tínhamos conseguido em edições anteriores. Pessoalmente, a eliminação não me decepciona porque não tinha grande ilusão em relação à vitória final. Ao contrário do folclore proporcionado pela comunicação social, sempre mantive alguma prudência sobre a real valia desta equipa.
Sobre Scolari, digo o seguinte: é meio treinador. Muito capacitado na construção de um espírito colectivo, baseado em valores de união e solidariedade. Aliás, para o bem e para o mal, as suas opções técnicas acabam por reflectir este predicado. Na função de seleccionador, o futuro treinador do Chelsea nem sempre escolhe os que estão em melhor forma (física, técnica), mas aqueles que lhe oferecem maior confiança e predisposição para "viver" em grupo. A juntar a isto, sabe retirar o melhor partido da parte psicológica, gerindo muito bem a vertente mental e motivacional dos seus atletas.
Porém, tal como afirmei, Scolari é meio treinador. No seu discurso, abdica dos aspectos estratégicos e não privilegia o lado táctico do jogo. Como tem sido constatado, ao longo destes anos, raramente trabalha um plano B alternativo e demonstra fraca maleabilidade estratégica para lidar com a adversidade. No meu entender, a razão subjuga-se à emoção. Em demasia. É certo que uma equipa pode ser um estado de ânimo. Mas, ainda acredito que o futebol é um jogo e, como tal, deve ser estudado ao detalhe. É isso que faz a diferença.

Fonte: Imagens retiradas da "Marca" online.

terça-feira, 17 de junho de 2008

[Euro'2008] Antevisão 1/4: Portugal - Alemanha

Tal como se esperava, Portugal e Alemanha vão medir forças nos quartos-de-final do Europeu, na quinta-feira, em Basileia (19.45 h). Um confronto antecipado, porque inicialmente previsto para as meias-finais, não fosse a derrota germânica frente à Croácia, na segunda jornada do Grupo B.

Como vai jogar Portugal?

À partida, Scolari não deve apresentar nenhuma surpresa e será esta a equipa titular. Existe sempre a possibilidade de Fernando Meira ser chamado e não deixa de ser verdade o facto de Nani ter deixado boas indicações. De qualquer forma, não creio que o seleccionador altere a confiança nos atletas que iniciaram o Euro’2008. A questão principal está centrada numa "nuance" estratégica. O que será preferível? Colocar Cristiano Ronaldo à esquerda, de forma a Simão proteger as subidas de Lahm? Encostar o prodígio português ao flanco direito, de maneira a aproveitar a menor vocação defensiva dos germânicos nesse espaço?

Como vai jogar a Alemanha?

A imagem retrata o onze escolhido por Joaquim Low, isto após um triunfo por 1-0 sobre a Áustria ter assegurado à "Mannschaft" o segundo lugar do Grupo B, atrás da Croácia. Confesso que tenho imensa curiosidade sobre qual a opção do selecionador alemão. Será que vai manter esta equipa, mantendo a confiança em Mario Gómez e arriscando com a colocação de Lukas Podolski à esquerda? Ou, pelo contrário, abdica das suas convicções e, numa decisão de respeito para com a selecção portuguesa, opta por fazer regressar Bastian Schweinsteiger à equipa titular?

O que Portugal mais deve temer?

Luís Freitas Lobo costuma afirmar que uma boa equipa não existe sem um meio-campo forte, quer em terrenos de recuperação, quer em zonas de construção. Não há como deixar de concordar. Todavia, sem colocar de parte a ideia colectiva do modelo de jogo, e para além dos duelos individuais no centro do campo (Petit vs Michael Ballack; Deco vs Torsten Frings), a "chave" do jogo pode estar nas faixas laterais.
A imagem acima representada ilustra um dos movimentos que requer mais atenção por parte da selecção nacional: Lukas Podolski flecte para zonas interiores, abrindo espaço à subida de Philipp Lahm, enquanto Michael Ballack queima linhas e Miroslav Klose (ou Mario Gómez) cai na faixa. Com a defesa contrária desposicionada, Lukas Podolski aparece em zona de finalização, fazendo uso certeiro do seu óptimo pé esquerdo.
Este cenário só faz sentido no caso de Joaquim Low manter a estrutura habitual. Muito provavelmente, será Bastian Schweinsteiger a fazer o papel de médio ala, substituindo o melhor marcador alemão no corredor esquerdo e em detrimento da menor inspiração chamada Mario Gómez.
Também é prevísivel que Cristiano Ronaldo e Simão, no decorrer da partida, troquem de flancos. No entanto, os primeiros minutos vão mostrar o verdadeiro Portugal. Se Simão aparecer na direita, cobrindo as subidas de Lahm, será um sinal de claro respeito pela selecção alemã. Se, pelo contrário, for Cristiano Ronaldo a pisar o lado destro, será uma aposta com o intuito de aproveitar o maior balanceamento ofensivo do lateral alemão.
Estou convicto que os desequilíbrios vão-se tornar mais visíveis quando a bola chegar perto de ambos os flancos. Portugal pode explorar a velocidade de Bosingwa. A Alemanha pode potenciar o dinamismo de Philipp Lahm. Portugal tem um ala mais rigoroso do ponto de vista táctico, Simão. A Alemanha conta com a disponibilidade de Clemens Fritz. Portugal tem Cristiano Ronaldo do seu lado. A Alemanha dispõe, como se viu, da mobilidade de Lukas Podolski. Quem vencer esta batalha (estratégica), ganhará o jogo. Amanhã, ficaremos a saber.

Fonte: Imagens retiradas da "Marca" online.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

[Euro'2008] Grupo A: Portugal 0-2 Suiça

Revolução lusitana

Com tudo já decidido, os dois seleccionadores optaram por fazer várias alterações nos respectivos conjuntos relativamente aos embates da segunda jornada. Jakob Kuhn, que se despedia do comando técnico dos helvéticos, trocou o guarda-redes Diego Benaglio por Pascal Zuberbühler e ainda Tranquillo Barnetta por Johan Vonlanthen. Já Luiz Felipe Scolari foi mais radical, tendo apenas mantido Ricardo, Pepe e Paulo Ferreira entre os titulares. Assim, Miguel, Bruno Alves, Miguel Veloso, Raul Meireles, Fernando Meira, Nani, Ricardo Quaresma e Hélder Postiga foram titulares pela primeira vez na prova, sendo que Miguel, Bruno Alves, Miguel Veloso e Hélder Postiga cumpriram os seus primeiros minutos na competição.


Bis de Yakin
Inler ainda fez a bola beijar o poste direito da baliza de Ricardo e, numa altura em que a Suíça dominava, Scolari lançou João Moutinho em campo, por forma a tentar controlar o meio-campo, mas, na jogada seguinte, os suíços conseguiram, finalmente, o golo, com uma tabela de Eren Derdiyok a deixar Yakin isolado perante Ricardo e a rematar por entre as pernas do guardião luso. Entretanto, a entrada de Hugo Almeida nada trouxe de novo à selecção portuguesa, que viria a sofrer novo golo, aos 83 minutos, de novo da autoria de Yakin, desta vez de grande penalidade, a punir falta do capitão Meira sobre Barnetta. Para a Suíça e o seu seleccionador, foi a melhor despedida possível.


Pontuação (de 1 a 10 ) e análise Catenaccio:

Ricardo (7)
Não teve um dia fácil. Foi chamado a intervir em diversas ocasiões e, provavelmente, terá sido a sua melhor exibição em território suiço. No entanto, continua a falhar invariavelmente quando o adversário opta por cruzamentos aéreos. Não teve culpa nos golos sofridos.
Miguel (4)
Assim de repente, lembro-me de um passe longo a solicitar Quaresma e de uma ou outra arrancada na primeira parte. Encontra-se, claramente, longe da sua melhor forma. Noite muito apagada.
Pepe (7,5) (melhor em campo)
O guarda-redes português teve momento de grande inspiração, mas o melhor de Portugal foi mesmo o atleta nascido no Brasil. Praticamente não cometeu erros e, variadíssimas vezes, tentou empurrar a equipa para a frente. Era o que menos merecia a derrota.
Bruno Alves (6)
Foi surpreendido, no primeiro golo, pela diagonal de Yakin. De qualquer modo, sem atingir patamares de brilhantismo, teve um desempenho muito semelhante ao que costuma mostrar no seu clube. Actuação positiva.
Paulo Ferreira (5)
Qualquer que seja o adversário, ou as circunstâncias da partida, joga sempre da mesma forma: concentrado e empenhado. Nunca dá um lance por perdido e procurou, sempre, levar o jogo a sério. Todavia, o amarelo condicionou a sua actuação, tendo saído prematuramente.
Fernando Meira (5)
Tal como Paulo Ferreira, esteve igual a si própio: muito esforçado e sempre com o pensamento centrado no auxílio à equipa. Porém, a verdade é que a partida não lhe correu de feição. Esteve, na maioria das vezes, encostado aos centrais e revelou-se menos participativo na luta intermediária.
Miguel Veloso (4,5)
Talvez por ter sido colocado no vértice esquerdo, como interior, tenha limitado o seu campo de manobra. É certo que procurou pressionar os adversários e desenvolver um jogo apoiado. Tentou, ainda, as virtudes do seu passe longo. Contudo, raramente conseguiu meter fluidez na circulação de bola e pareceu sempre perdido na teia suiça. Não convenceu.
Raul Meireles (5,5)
O que se disse sobre Miguel Veloso, poderia ser aplicado para Raul Meireles. De qualquer forma, o portista esteve uns furos acima do seu colega de equipa. Pela entrega, pela capacidade de recuperação, pela intensidade e, mais importante ainda, pelo atitude competitiva. Inserido em companhia mais dinâmica, é natural que o seu rendimento cresça.
Quaresma (4,5)
Até começou bem: aquele centro de trivela, para a cabeça de Hélder Postiga, prometia exibição colorida. Infelizmente, para si e para a selecção nacional, os primeiros minutos não tiveram seguimento e Quaresma desligou o botão da magia. Até no último passe mostrou-se desastrado. Uma noite que não deixa saudades.
Nani (6,5)
Provavelmente, o mais dinâmico na frente de ataque. Sofreu imensas faltas, mas não deixou aparecer à esquerda, à direita, ao meio, tentando furar a muralha contrária. O maior elogio que se lhe pode fazer é que tem condições para aparecer na equipa principal. Pena que a bola no poste tenha mostrado uma evidência cruel: a noite de ontem não iria ficar marcada pelas tão famosas cambalhotas mortais.
Hélder Postiga (6)
A sua maior virtude esteve na movimentação. Nunca se escondeu do jogo e chamou a bola até si, procurando descobrir o espaço necessário para alvejar as redes contrárias. Esteve perto do golo mas, por uma razão ou por outra, os dotes de finalização não estiveram demasiado apurados. Não foi dos piores e fez por merecer outra oportunidade.
Jorge Ribeiro (5)
Correu quilómetros. Nem sempre bem, mas quase sempre na melhor intenção de empurrar a equipa para o ataque. Esteve concentrado e determinado, mas o meio-campo de Portugal não ajudou a que a sua estreia fosse recordada pelos melhores motivos.
João Moutinho (5)
A entrada do capitão leonino tinha dois objectivos: transmitir maior "nervo" à zona do meio-campo e dotar a equipa de maior velocidade nas transições. João Moutinho conseguiu, a espaços, atingir o que se pedia, mas a sua vivacidade de processos exigia mais tempo em campo.
Hugo Almeida (4)
A chamada da "girafa" portuguesa revelou-se infrutífera. o avançado do Werder Bremen foi pouco (ou mal) solicitado e a sua performance ressentiu-se da menor qualidade evidenciada pelo colectivo.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

[Euro'2008] Grupo A: Portugal 3-1 Rep. Checa

Golo madrugador

Fiel à máxima de que em equipa que ganha não se mexe, Luiz Felipe Scolari apresentou os mesmos 11 titulares que iniciaram a partida frente aos turcos, enquanto Karel Brückner preferiu a velocidade e mobilidade de Milan Baroš aos 2,02 metros de altura de Jan Koller. Portugal começou bem o encontro e chegou ao golo logo aos oito minutos. Cristiano Ronaldo arrancou na direcção da baliza, combinou com Nuno Gomes, e recebeu a bola já dentro da área, mas esta sobrou para Deco que, depois de alguma confusão e defesas de Petr Čech, conseguiu mesmo introduzir o esférico no fundo das redes.


Ronaldo decisivo
Com Deco em excelente plano no meio-campo, Ronaldo bateu finalmente o guardião checo logo a seguir, num pontapé rasteiro já dentro da área após assistência do camisola 20. Vlcek e o gigante Koller entraram em campo na tentativa de inverter o maior ascende português, enquanto João Moutinho cedeu o lugar logo depois a Fernando Meira, conferindo maior poderio aéreo no meio-campo e área lusitana. Na parte final de pressão checa, já com Václav Sverkoš, autor do golo da vitória na primeira ronda, Ricardo desviou para canto um remate de cabeça de Sionko no lance mais perigoso, mas em contra-ataque Ronaldo surgiu sozinho perante Cech e não foi egoísta, oferecendo a Ricardo Quaresma o terceiro nos descontos.


Pontuação (de 1 a 10 ) e análise Catenaccio:

Ricardo (6)
Teve uma defesa fabulosa, quando o marcador ainda apresentava a margem mínima. Entre os postes, não houve mais oportunidades para brilhar, mas nos cruzamento continua a demonstrar enorme instabilidade de decisão.
Bosingwa (7)
O maior reparo que se lhe pode apontar é o de não ter sido o Bosingwa à la FC Porto, ou seja, aventureiro a percorrer o corredor dreito e incansável na recuperação do seu posto. Conseguiu, a espaços, atingir esse nível e, sem ter estado fantástico, não cometeu erros dignos de registo.
Pepe (7,5)
Milan Baros deu-lhe bastante trabalho, a exigir atenção redobrada. Contudo, Pepe esteve bem na marcação, muito rápido e decidido nos duelos individuais. Não deixou de ser visível alguma tremideira, mas amplamente compensada pelo bom uso dos seus atributos de cabeceamento e impulsão. Na hora da verdade, lá estava o central luso-brasileiro a limpar a sua zona de jurisdição.
Ricardo Carvalho (7)
Parece-me que a velocidade de reacção não é a mesma de outros anos. Foi notória alguma precipitação na abordagem de certos lances, a juntar a algumas faltas escusadas. As razões talvez se prendam com o facto do entendimento com o colega de sector ainda não ser perfeito. Porém, na parte final do jogo elevou o patamar exibicional ao comandar o posicionamento do sector defensivo.
Paulo Ferreira (7)
O extremo Sionko causou-lhe alguns problemas e o lateral do Chelsea teve que fazer uso das suas qualidades: concentração competitiva e rigor táctico. Curiosamente, na primeira parte, até procurou passar a linha de meio-campo, combinando com o homem que caía nesse flanco. Sem deslumbrar, é daqueles que não sabe jogar mal.
Petit (7,5)
Pisou cada cantinho de terreno, sempre solícito a pressionar o homem que conduzia a bola. É certo que os seus cortes oportunos não merecem o flash das câmeras fotográficas. Tampouco as suas correrias constantes fazem por aparecer nos resumos. No entanto, este é o Petit dos velhos tempos.
João Moutinho (7)
Não esteve tão exuberante como frente à Turquia, pois viu-se amiúde emparedado entre o muro checo. A sua tarefa nas transições era hercúlea, mas a combatividade do capitão leonino aliou-se ao enorme saber táctico que deposita em cada intervenção.
Deco (9) (melhor em campo)
No meu entender, foi o melhor em campo. Não tem o mediatismo de Cristiano Ronaldo, mas tem a inteligência dos grandes estrategas. Para além de participação directa nos lances capitais, manteve, durante os noventa minutos, alto rendimento. Agora que foi tornada pública a sua ida para Stamford Bridge, os adeptos ingleses vão conhecer o verdadeiro significado da trilogia recepção, passe e desmarcação.
Simão (7)
Assim de repente, lembro-me de um remate à figura do guarda-redes do Chelsea. Não teve rasgos individuais dignos de realce, mas tem sido dos que mais luta para o interesse do grupo. Tanto aparece no espaço vazio, como extremo, como recua para ajudar o lateral do seu lado. Tem mostrado ser, sem dúvida, um elemento fundamental para o equilíbrio colectivo.
Cristiano Ronaldo (8,5)
Demasiado individualista, ao longo da partida, não realizou uma exibição ao nível daquelas que já o vimos fazer pelo Manchester United, mas esteve no melhor de Portugal: envolvido na triângulação de que resulta o golo de Deco; na obtenção do segundo, a passe do luso-brasileiro; e na assistência para o terceiro, a cargo de Quaresma.
Nuno Gomes (6,5)
A defesa checa não lhe deu muito espaço e revelou-se menos participativo do que frente à Turquia. De qualquer modo, no lance do primeiro golo foi, uma vez mais, decisivo na movimentação e inteligente no passe. Registe-se uma acção individual, na única hipótese que teve para desfeitear Petr Cech.
Fernando Meira (7)
Jogou, apenas, 15 minutos. Todavia, foi de uma utilidade extrema, quer na marcação ao gigante checo Jan Koller, quer no auxílio ao eixo central. Actuação bem positiva.
Hugo Almeida (5)
Percebeu-se a sua entrada como forma de Portugal ganhar centímetros nos lances aéreos. Procurou ser a referência atacante, mas praticamente não dispôs de oportunidade para tocar na bola.
Ricardo Quaresma (6)
Não teve tempo para abrilhantar Genève com as trivelas habituais, mas conseguiu ganhar segundos com a tão preciosa retenção de bola. Tal como Raul Meireles, na partida inaugural, teve a felicidade de entrar e fechar a contagem.

domingo, 8 de junho de 2008

[Euro'2008] Grupo A: Portugal 2-0 Turquia

Posse de bola determinante
Portugal dominou o jogo, o que é visível pela percentagem de posse de bola. Ao intervalo tinha 63 por cento e até marcar o primeiro golo o jogo foi praticamente de sentido único. A equipa de Luiz Filpe Scolari também foi mais disciplinada, cometendo apenas dez faltas, quatro delas depois do golo inaugural, contra 23 da Turquia - um indicador da qualidade, bem como da quantidade da sua posse de bola.


Ocasiões de golo
Ambos os golos surgiram de jogadores inesperados, que nunca tinham marcado por Portugal. E ambos foram resultado de uma forma de jogar mais aberta e ofensiva, em vez da contenção. A Turquia não criou uma única oportunidade de golo flagrante e só ameaçou a baliza lusa ocasionalmente, através de cruzamentos e pontapés de canto. Em oposição, Portugal fez oito remates à baliza, dois dos quais ao poste - por intermédio de Cristiano Ronaldo e Nuno Gomes - e um outro que embateu na barra da baliza, da autoria do capitão português (Nuno Gomes), num remate de cabeça.


Pontuação (de 1 a 10 ) e análise Catenaccio:

Ricardo (6,5)
Não teve muito trabalho, mas esteve concentrado e atento aos cruzamentos. Exige-se maior cuidado a jogar com os pés.
Bosingwa (7,5)
Procurou envolver-se ofensivamente, mas sem descurar o espaço de jurisdição. Raramente foi ultrapassado em duelos individuais.
Pepe (9) (melhor em campo)
Excelente exibição. Atrás, não deu qualquer hipótese aos seus adversários directos e, à frente, na marcação de pontapés de canto, esteve em foco. Mereceu o golo que marcou.
Ricardo Carvalho (7)
Esteve mais discreto que o colega de sector, mas soube comandar a defesa com acerto. Revelou atenção nas dobras.
Paulo Ferreira (7)
Sabia-se que não iria usufruir de muita liberdade para subir no terreno, mas teve a virtude de não complicar. Vale pelo posicionamento e rigor táctico.
Petit (7,5)
A desconfiança sobre a sua condição física foi plenamente esquecida. Sem ter sido brilhante, foi importante na manutenção de equilíbrios colectivos.
João Moutinho (8,5)
O maior elogio que se lhe pode fazer é que encheu o campo, quer no auxílio transmitido na transição defensiva, quer na condução de bola e na criação de linhas de apoio e de passe. Uma formiguinha de trabalho.
Deco (8)
Fez jus às suas qualidades, nomeadamente ao pautar o ritmo de jogo e coordenar os lances ofensivos. Muito bem no passe longo, a solicitar a entrada dos extremos.
Simão (7)
Não teve jogadas de génio a que já nos habituou, mas esteve perto de marcar na marcação de um livre directo. Não se escondeu e soube jogar para o interesse da equipa.
Cristiano Ronaldo (7)
Do "puto maravilha" espera-se sempre algo grandioso. Não realizou uma exibição de encher o olho, até porque esteve sempre muito rodeado por vários adversários. Ainda assim, graças à sua presença condicionou, de que maneira, a artilharia turca.
Nuno Gomes (7,5)
Podem acusá-lo de, mais uma vez, ter demonstrado insuficiências na finalização. De qualquer modo, esteve muito interventivo e pode queixar-se de falta de sorte naqueles remates que embaterem no poste e na barra. Delicioso o pormenor da tabelinha com Pepe.
Nani (6)
Procurou mostrar serviço mas, por uma razão ou por outra, não esteve feliz no último passe.
Raul Meireles (6,5)
Entrou para dar segurar a bola e oferecer maior vivacidade e frescura ao meio-campo. Conseguiu desempenhar esse papel e, ainda, teve tempo para confirmar a vitória.
Fernando Meira (-)
Entrou já na parte final, como forma de assegurar a magra vantagem. Mal teve tempo para tocar na bola mas, logo a seguir, Portugal fechou a contagem.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Lista de convocados para o Euro’2008

Sem grandes surpresas, Luiz Felipe Scolari revelou a lista dos 23 eleitos que vão estar na Suíça e Áustria a representar Portugal no Euro’2008.

Lista de convocados para o Euro’2008

Guarda-redes

Ricardo (Betis)
Quim (Benfica)
Rui Patrício (Sporting)

Defesas

Bosingwa (FC Porto/Chelsea)
Paulo Ferreira (Chelsea)
Miguel (Valencia)
Ricardo Carvalho (Chelsea)
Pepe (Real Madrid)
Bruno Alves (FC Porto)
Fernando Meira (Estugarda)
Jorge Ribeiro (Boavista/Benfica)

Médios

Deco (Barcelona)
Petit (Benfica)
Raul Meireles (FC Porto)
Miguel Veloso (Sporting)
João Moutinho (Sporting)

Avançados

Nuno Gomes (Benfica)
Cristiano Ronaldo (Manchester United)
Simão (Atlético Madrid)
Nani (Manchester United)
Hélder Postiga (Panathinaikos)
Hugo Almeida (Werder Bremen)
Quaresma (FC Porto)

Os maiores destaques vão para as ausências de Maniche, Makukula e Caneira e para as chamadas de Rui Patrício e Jorge Ribeiro. Salvo questão de um ou outro nome, a lista de convocados não oferece grandes supresas. Sabe-se como o selecionador nem sempre privilegia o conceito de desempenho desportivo, assente em predicados de forma física (táctica) e de rendimento efectivo. Os critérios de Luiz Felipe Scolari apontam para uma ideia de grupo, em que a performance individual fica subjacente ao espírito de união e de identificação com os desígnios colectivos. Os critérios de escolha são passíveis de serem questionados mas, até ao momento, os resultados do passado têm-lhe dado razão. Deste modo, e porque tornar-se-ia fastidioso discutir motivos individuais, ligados a cada convocatória, prefiro responder através da evidência do quadro que se segue:

Da elaboração deste trabalho, podem-se retirar breves ilações.

Em primeiro lugar, os números provam que as ausências de Maniche, Makukula e Caneira só podem ter origem em questões de ordem técnica. Não creio que Luiz Felipe Scolari tenha prescindido dos atletas pelo simples facto de terem realizado uma época aquém das expectativas. Se assim fosse, que diríamos acerca da confiança depositada em jogadores como Miguel, Petit, Deco, Nuno Gomes e Hélder Postiga, que tiveram desempenhos discretos ao longo da temporada?
Em segundo lugar, os minutos de utilização provam uma elevada heterogeneidade entre os vinte e três seleccionáveis. Por outras palavras, para além do natural trabalho de índole táctico, o estágio vai exigir redobrada atenção na harmonização de aspectos como a condição física e o ritmo de jogo. Enquanto para alguns atletas a época 2008/09 foi desgastante a todos os níveis -físico e, também, mental - para muitos outros, esta foi marcada por lesões, mais ou menos demoradas, ou pela perda da condição de titular no respectivo clube. No primeiro lote incluem-se jogadores como Bruno Alves, Miguel Veloso, João Moutinho, Cristiano Ronaldo e Ricardo Quaresma (acima dos 3.000 minutos de utilização, exceptuando o guarda-redes Quim). No segundo grupo, podem-se incluir os nomes de Paulo Ferreira, Pepe e Simão, com prestações mais irregulares, para além daqueles que referi como tendo uma temporada abaixo do que seria de esperar.

Por sua vez, coloco um exercício sempre interessante e polémico: tentar "adivinhar" qual será o onze escolhido por Luiz Felipe Scolari.

Tendo em conta que o 4x2x3x1 continuará a ser a plataforma táctica utilizada e sabendo que o seleccionador já alertou para uma menor experiência deste conjunto de jogadores, acredito que na partida inaugural, frente à Turquia, o onze titular não andará longe de: Ricardo, Bosingwa, Pepe, Ricardo Carvalho e Paulo Ferreira; Petit, Raul Meireles e Deco; Simão, Cristiano Ronaldo e Nuno Gomes.
Finalmente, apresento alguns cenários para reflexão e discussão.
Sabendo que Pepe e Ricardo Carvalho actuam na posição de central direito, e prevendo que sejam os escolhidos para o eixo defensivo, qual deles deverá jogar como destro? Como se perspectiva a colocação de Bosingwa à direita, e Paulo Ferreira à esquerda, tentaria aproveitar vantagens posicionais através das conhecidas "sociedades": Bosingwa e Pepe (FC Porto 2006/07); Ricardo Carvalho e Paulo Ferreira (Chelsea).
No caso de Petit e Deco apresentarem uma menor rotação no ritmo de intensidade competitiva, a dupla leonina composta por Miguel Veloso e João Moutinho terá de estar preparada para suprir essa eventual indisponibilidade física. Contudo, não é de descartar uma provável nuance estratégica, anteriormente testada: a colocação de Fernando Meira como pivot defensivo de um sistema desenhado em 4x3x3.
Sendo Cristiano Ronaldo intocável, é de prever que, ao longo da competição e dependendo de factores exibicionais ou circunstâncias especiais, os lugares de Simão e Nuno Gomes sejam ocupados, respectivamente, por Nani, Ricardo Quaresma e Hugo Almeida.
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