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sexta-feira, 18 de junho de 2010

Táctica #2: Um losango para Capello

Football Fans Know Better

Apontada como uma séria candidata ao pódio, a selecção inglesa defraudou uma enorme legião de adeptos, ao empatar no seu primeiro jogo do grupo C. Apesar do incrível ‘frango’ do guarda-redes Robert Green, o objectivo de ir longe na competição não está perdido e espera-se, somente, um acréscimo exibicional mais vincado. Neste sentido, a quilómetros de distância, aqui fica o meu recado para o homem (italiano) que lidera os destinos ingleses: um losango para Capello.

Para ler, no Jabulani.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

O regresso do futebol inglês

Pelo segundo ano consecutivo, o futebol inglês mostra a sua força: Chelsea, Liverpool e Manchester United atingem as meias-finais da Champions League. A diferença está no nome do clube que acompanha os três clubes ingleses: na temporada 2006/07 a língua italiana intrometeu-se e, curiosamente, o AC Milan foi o vencedor; na presente época é o Barcelona que faz parte do quarteto. Trata-se do regresso do futebol inglês?

Façamos uma breve retrospectiva histórica. Em finais da década de 70, inícios de 80, os clubes ingleses dominavam o panorama futebolístico europeu. Senão vejam:

1983/84 Liverpool
1982/83 Hamburgo
1981/82 Aston Villa
1980/81 Liverpool
1979/80 Nottingham Forest
1978/79 Nottingham Forest
1977/78 Liverpool
1976/77 Liverpool

Já agora, anos antes, diga-se que Ajax e Bayern de Munique venceram por três vezes consecutivas. A equipa holandesa, liderada por Johan Cruyff, de 1970/71 a 1972/73. O clube bávaro, superiormente assistido pelo emblemático Franz Beckenbauer, de 1973/74 a 1975/76.
Voltemos ao futebol britânico. Torna-se impressionante como em oito épocas, apenas o Hamburgo conseguiu intrometer-se entre Liverpool, Nottingham Forest e Aston Villa. O domínio era quase absoluto.
O incremento do hooliganismo acabou por ditar o fim do império. Com efeito, o ponto de viragem deu-se na final de 1984/85, que o Liverpool perdeu com a Juventus de Platini. O resultado pouco importa, pois a tragédia de Heysel, em que morreram 39 pessoas, dificilmente será esquecida. Consequência: os clubes ingleses foram castigados exemplarmente, tendo ficado impedidos de participar nas competições europeias durante cinco longos anos. Foi o período da travessia no deserto.
No final da década de 80, o futebol italiano assume a pole position da visibilidade. Quem não se lembra, por exemplo, das inúmeras Taças Uefa conquistadas por clubes transalpinos e do fabuloso AC Milan de Arrigo Sacchi. Tal facto era encarado, pelo mundo do futebol, como um natural ciclo do poder.
Avancemos até ao momento actual e observem os dados do quadro seguinte:

Olhando para a imagem, acima representada, conclui-se que o Real Madrid marca os anos 90 e início da década seguinte. Nessa altura, em Portugal, a Sport TV dava os primeiros passos e quem não se recorda das fintas de Figo e dos golos de Ronaldo? Era a fase da Liga das Estrelas. Porém, nos últimos tempos, o predomínio espanhol tem vindo a esbater-se, acentuadamente, em favor do futebol inglês. Quais as razões para esse ressurgimento?
Os factores que levaram ao domínio da década de 80, são ligeiramente diferentes na conjuntura actual. Obviamente, não há grandes equipas sem bons jogadores, mas as causas para um novo ciclo de poder manifestam-se nas seguintes premissas: dinheiro, leia-se capacidade de investimento na qualidade dos plantéis, em grande parte graças ao enorme crescimento das receitas televisivas; renovação de mentalidades, ao nível da metodologia de treino e conceptualização do modelo de jogo, a que não é alheio uma maior abertura a jogadores e treinadores estrangeiros.
Os tempos do típico futebol britânico, demasiado dependente do jogo directo e da famosa expressão "kick and run", são princípios do passado, utilizados em circunstâncias muito especiais. A este propósito, veja-se a nacionalidade dos treinadores do momento: Chelsea (Avram Grant, israelita); Liverpool (Rafa Benítez, espanhol); e Manchester United (Alex Ferguson, escocês). Some-se a passagem inovadora de José Mourinho pelos relvados de Sua Majestade e acrescente-se o facto do onze titular do Arsenal não ter qualquer jogador inglês. As diferenças do jogar são sintomáticas e, presentemente, ninguém estranha ver o Manchester United jogar em Roma como uma equipa italiana. Sinais dos tempos.
Acredito que os próximos quatro ou cinco continuarão a ser marcados pelo poderio do futebol inglês mas, como em tudo na vida, chegará a altura de um novo ciclo. Na minha opinião, será o futebol italiano a marcar, novamente, posição. É certo que o Calcio encontra-se a viver um período de reduzido fulgor, uma fase de menor espectacularidade. Os escândalos de corrupção e os casos constantes de agressões entre adeptos, têm o condão de manchar o futebol italiano, levando grande parte dos jogadores a ameaçar preferir outros campeonatos. Para piorar, prováveis investidores - como magnatas do tipo Roman Abramovich - seguem o vento da globalização e deslocalizam os seus milhões para paragens mais atraentes.
No entanto, se o presente é negro, o futuro pode ser colorido. A paixão pelo jogo nunca esteve em causa e o país futebolístico dispõe de escolas de formação de topo e profissionais do melhor que o mundo tem para oferecer. Aliás, no meu entender, os melhores treinadores (na generalidade) encontram-se no Calcio o que leva a crer que, assim resolvidos alguns dos problemas identificados, o futebol italiano poderá voltar a ser dominante. Até que esse dia surja no horizonte, é tempo de olhar para o regresso do futebol inglês.