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terça-feira, 6 de maio de 2008

[Mercado Argentino] Procuram um n.º 10?

A camisola 10 exerce um fascínio especial. No relvado, a quem a veste. Nas bancadas, a quem a segue como esperança de bom futebol. No entanto, quase todas as crianças, nas peladinhas de rua, ou nos actuais laboratórios de formação, querem marcar golos. Vestir a camisola n.º 9 é sinónimo de explosão de alegria na plateia. A camisola n.º 10 é diferente. Existe de todos os tamanhos, mas só serve a um jogador: o melhor da equipa. Apelidado de último romântico, o n.º 10 é aquele que, a cada toque, cada passe, cada remate, liberta fogo de artifício. Em suma, que promove o futebol espectáculo.
Actualmente, cada vez mais o n.º 10 clássico esconde o sorriso e perde o encanto. Para respirar, necessita de espaço. Para viver, precisa da bola. Mercê das encruzilhadas tácticas, o futebol mudou. Antes, procurava-se o jogador de classe que imaginava o passe de ruptura decisivo. Hoje, enaltece-se as qualidades do pivot que realiza o 1.º momento de transição.
Neste aspecto, Rui Costa foi sempre um homem que transportou magia. Domingo, dia 11 de Maio, teremos a oportunidade de nos despedirmos de do atleta e de todo o significado da sua camisola. Resta saber se existe no actual plantel do Benfica quem substitua o maestro.
Um dos n.º 10 mais famosos de todos os tempos foi Diego Armando Maradona. Na Argentina, ainda resiste a tradição deste talento puro, com protagonistas a quererem lutar contra as amarras do futebol moderno. Talvez um desses sobreviventes seja o sucessor de Rui Costa.
No FC Porto, o contingente argentino tem encantado o dragão, mas curiosamente falta quem vista a camisola mítica. Senão, vejamos: o n.º 6 é interpretado por Mário Bolatti; El Comandante Lucho é um n.º 8 típico, Mariano González, colocado nos flancos, poderia vestir o n.º 7 ou o n.º 11; Lisandro idem, apesar de ser o goleador de serviço; por fim, Ernesto Farías é o n.º 9. Na dimensão europeia, sabe-se que Jesualdo Ferreira procura um 4x4x2 mais competitivo. Falta-lhe, porém, um quarto médio de inegável qualidade. Porventura, um n.º 10 de valor inquestionável que aumente a família argentina.
Proponho o seguinte: apresentar alguns dos mais talentosos n.ºs 10, tomando como referência o Torneio Clausura 2008 (até à 13.ª jornada). Como exemplo, deixo o trabalho de análise que se segue, como se fosse um mero exercício de prospecção. Para começar, que tal Juan Román Riquelme?

Nome completo
Juan Román Riquelme
Clube
Boca Juniors
Data de nascimento
24.06.1978 (29 anos)
Altura: 1,82m
Peso: 75kg
Competição - Jogos / Golos (Minutos)
Clausura 2008 - 8J / 1G (698)

Nome completo
D´Alessandro
Clube
San Lorenzo
Data de nascimento
15.04.1981 (27 anos)
Altura: 1,74m
Peso: 68kg
Competição - Jogos / Golos (Minutos)
Clausura 2008 - 10J / 3G (572)

Nome completo
Dámian Escudero
Clube
Vélez Sársfield
Data de nascimento
20.04.1987 (21 anos)
Altura: 1,74cm
Peso: 79kg
Competição - Jogos / Golos (Minutos)
Clausura 2008 - 13J / 1G (950)

Nome completo
Daniel Montenegro
Clube
Independiente
Data de nascimento
28.03.1979 (29 anos)
Altura: 1,72cm
Peso: 76kg
Competição - Jogos / Golos (Minutos)
Clausura 2008 - 13J / 7G (1.160)

Nome completo
Maximiliano Moralez
Clube
Racing Club
Data de nascimento
27.02.1987 (21 anos)
Altura: 1,60cm
Peso: 54kg
Competição - Jogos / Golos (Minutos)
Clausura 2008 - 12J / 2G (1.003)

Estes são alguns dos notáveis que carregam a responsabilidade da camisola que envergam. Na maioria das ocasiões, deles depende o poder de decidir partidas e manter acesa a paixão dos adeptos. No entanto, poderia citar outros jogadores: Dámian Díaz (22 anos, Rosário Central); Nicolás Gianni (25 anos, Argentinos Juniors); Pedro Gálvan (22 anos, San Martín); Martín Morel (25 anos, Tigre); e, por fim, Latauro Acosta (20 anos, Lanús).
E se estivéssemos perante o cenário de encontrar o substituto de Rui Costa? Obviamente, tal decisão dependeria sempre do treinador e modelo de jogo implícito às suas convicções.
De qualquer modo, confesso que me agradaria imenso a ideia de ver Riquelme de águia ao peito. Julgo que encaixaria bem no 4x4x2 losango, na posição de vértice mais avançado. As suas exibições no Villarreal não estão esquecidas.
Para um tipo de futebol menos pausado e apoiado, a solução poderia passar por D´Alessandro. Trata-se de um n.º 10 que também organiza e assiste os seus companheiros, mas que se destaca por ser mais explosivo nas suas acções, não deixando de finalizar a preceito.
Outro jogador que tem dado nas vistas no Torneio Clausura dá pelo nome de Dámian Escudero. Ainda bastante jovem, tem correspondido bem e já desperta o interesse de vários emblemas europeus. Adapta-se bem ao 4x4x2 losango, quer na interior esquerda, quer como vértice ofensivo.
Quem não se cansa de marcar e ser decisivo é Daniel Montenegro. Com 7 golos em 13 jogos, é o 2.º melhor marcador do Independiente, logo atrás de Germán Denis que leva 8 tiros certeiros. A título de curiosidade, refira-se que Montenegro chegou a fazer dupla com Lucho González: no Huracán, em 2001/02 e no River Plate, na temporada seguinte.
Contudo, no meio de todos estes nomes, se tivesse que escolher um n.º 10 para o Benfica, olhando para critérios de idade - qualidade (potencial) - valor do passe, a minha escolha recaíria sobre Maxi Moralez. Em 2007, no Mundial Sub-20 disputado no Canadá, o seu desempenho foi muito apreciado: 4 golos em 7 jogos. Refira-se que foi titular na final frente à Rep. Checa (Dí Maria não saíu do banco), tendo a vitória sorrido à Argentina por 2-1, com golos de Mauro Zárate e Sergio Aguero. Posteriormente, acabou por ser o FC Moscovo a ganhar a corrida: o jogador assinou um contrato de 5 anos e o Racing Club recebeu 5 milhões de euros. A sua carreira conhece agora um impasse, pois esta temporada voltou - por empréstimo - ao local de origem.
Não deixaria de ser interessante ter a oportunidade de seguir um destes nomes nos relvados portugueses. Quem sabe, já na época 2008/09. Da minha parte, o destaque está dado.