Dia 1: viagem de ida, no sábado às 10h00. No aeroporto de LisboaA
Benfica Viagens tinha alertado, com antecedência, para estarmos no aeroporto por volta das 08h30. Mesmo a um sábado, nada que fosse um obstáculo: não me recordo de ter levantado da cama com tanta energia. À chegada, alguns adeptos com o cachecol ao pescoço já estavam no Terminal 2. A organização entregou-nos o bilhete de avião e uma brochura com informações sobre a deslocação. Resolvida essa parte, ultrapassámos o controlo de segurança e ficámos por ali, à espreita, junto à porta de embarque.
Deviam ser umas 09h20 quando os 'craques' apareceram. Uns a seguir aos outros, em ritmo calmo, aproveitaram para comprar uns jornais e revistas. Foi, então, que a minha mulher vislumbrou a dupla argentina que tanto tem encantado os benfiquistas: Aimar e Saviola. Oportunidade para uma breve troca de impressões e a fotografia da praxe que tanta satisfação lhe deu. Já de máquina fotográfica na mão, tinha chegado a minha vez e não foi difícil descobrir uma 'cabeleira' bem conhecida de todos. A pergunta que fica é: será que, alguma vez, conseguiria ganhar uma bola de cabeça a este central brasileiro?
Uma nota que merece destaque: todos os jogadores reagem de forma simpática à interpelação das pessoas, não recusando um sorriso, uma fotografia, uma troca de palavras. Fica o registo.
No aviãoCom a equipa, em voo charter, viajaram cerca de 55 adeptos. Os jogadores, na parte da frente, mais isolados da restante tripulação. Logo a seguir, elementos da equipa técnica e restantes personalidades da SAD encarnada. O meu lugar: 16J. O avião:
coloured by you.
A viagem correu de forma tranquila. O plantel estava em estágio e todos respeitaram a privacidade e sossego dos jogadores. Afinal, estava em causa uma deslocação à sempre difícil Choupana e, portanto, a hora era de concentração. Ainda assim, tive a oportunidade de trocar umas impressões com o Dr. Lourenço Coelho, Assessor da SAD, sobre os mais variados temas.
No aeroporto do FunchalÀ chegada, a recepção foi apoteótica. Tal como tinha imaginado ou observado na televisão, em outras ocasiões. Depois de mais uma foto de família com o nosso 'maestro', segui misturado entre o 'rolo compressor'. Quando a porta se abriu, a multidão entoou um Benfica fortíssimo e mais desvairado fiquei quando vi o inconfundível pano 'Funil', obra do
João Gonçalves e restantes amigos. Foi com este grupo que convivemos, às refeições e durante a maior parte do fim-de-semana. Uma vez cá fora, o apoio não abrandou. A mensagem era clara: o nosso destino é o de vencer!
Neste breves instantes, já com os jogadores instalados dentro do autocarro vermelho, notou-se que a simbiose entre equipa e adeptos é um dos eixos do sucesso, numa perfeita comunhão de esperança em grandes feitos. Ali viveu-se um pouco da 'onda benfiquista'.
Na Madeira: comes & bebesTal como contemplado pela organização da
Benfica Viagens, estava um autocarro à nossa espera para nos levar ao hotel com vista marítima, numa zona próxima do centro do Funchal e de fácil acesso a restaurantes interessantes. Relembro que tínhamos direito a usufruir de todos os transfers (aeroporto, hotel, estádio e, novamente, aeroporto), assentes numa organização de enorme simpatia e profissionalismo. Pontuação elevada. Durante este percurso, umas das pimeiras imagens que me captou a atenção:
Afortunadamente, contávamos com um casal amigo residente na ilha e, tal como combinado previamente, aproveitámos a tarde de sábado para um almoço e posterior visita turística a alguns locais de eleição, incluindo uma demorada prova às famosas ponchas. À refeição, as não menos famosas espetadas da região. Mas, o momento mais curioso estava para chegar: uma vez no restaurante, quem estava já sentado na mesa ao lado, com a cerveja coral à frente? Pois, a rapaziada do 'Funil' teve o mesmo bom gosto na escolha e ali ficámos em amena cavaqueira. Após um saboroso repasto, por sugestão do amigo madeirense, partimos em direcção ao digestivo: as ponchas. Para lá chegar, ao tal sítio onde se criam estes néctares, oportunidade para contactar com algumas paisagens deslumbrantes:
Mas, afinal quais os ingredientes da poncha? Bem, é um bocado o que um homem quiser, assim a imaginação o permita. A poncha tradicional contém: sumo de 2/3 limões, aguardente de cana qb e mel de abelha qb. Depois, há variações, conforme o gosto de cada um: maracujá, tangerina, entre outras. O local não podia ter sido melhor escolhido: Venda do André na Quinta Grande. Por outras palavras, uma antiga mercearia transformada em tasquinha típica. Um espectáculo.
O resto do dia foi passado em ritmo turístico, com mais alguns passeios a mostrar que a tragédia que assolou a Madeira quase está esquecida. Os nossos amigos não nos aconselharam a visitar as partes mais altas da ilha, mas no centro do Funchal, onde a(s) ribeira(s) transbordaram, tudo está devidamente limpo e recuperado. Praticamente não se notam vestígios do que aconteceu. Mais tarde, com o grupo do costume, retorno ao 'campo base', ou seja, altura para jantar no mesmo local onde fomos felizes à hora de almoço. Como tão bem descreveu o amigo
João Gonçalves, a "Madeira é uma enorme poncha com coral à volta de espetadas em pau de louro". Aqui termina o dia 1.
Dia 2: viagem de regresso, no domingo às 22h00.A caminho da ChoupanaO dia acordou solarengo e, após um pequeno-almoço retemperador, hora de sair à rua para um café numa esplanada perto. Uns telefonemas depois e a conversa já fluía sobre a perspectiva do jogo marcado para as 18h00. Rumo ao título! Mas, antes das emoções fortes, havia que petiscar qualquer coisa e, para variar das suculentas espetadas, nada como experimentar uma brisa marítima. Não há dúvida, a Madeira tem grande beleza natural:
O tempo passou e tinha chegado a hora de regressar ao hotel, pois o autocarro partia às 16h00. A ilusão era mais que muita. A partir de certa altura, a ansiedade voltou a tomar conta. Um número incrível de voltas e voltinhas, à esquerda e à direita, acima e abaixo. Que percurso tão sinuoso! Que estradas tão estreitas! E o Estádio? Nem vê-lo...
Choupana? Apesar de nunca lá ter estado, lembrei-me de Machu Picchu. O Estádio do Nacional fica bem lá no alto e os acessos são complicados. A determinado momento, parecia que estávamos no centro de Lisboa, em hora de ponta, mas rodeados de vegetação por todo o lado. Obviamente, diversas pessoas já tinham deixado o carro numa valeta qualquer seguiam estoicamente o seu percurso a pé. É preciso muita paixão para ser adepto do Nacional. Fiquei com a sensação de que podem ser poucos, comparativamente com o Marítimo, mas são ferrenhos. Essa opinião confirmou-se durante o jogo. No entanto, era a falange de apoio do Benfica que dava colorida aquele cenário:
Até descobrir o meu lugar, na bancada central, tudo tranquilo. Havia alguma mistura entre nacionalistas e benfiquistas, mas nunca ouvi uma 'boca' mais desagradável ou um cântico mais ofensivo. Não senti qualquer tipo de animosidade. Muitas famílias presentes, mulheres e crianças, num ambiente de festa que me fez concluir que aquelas gentes gostam genuinamente do clube da sua terra.
No Estádio do NacionalNão há muito a dizer sobre o jogo que não tenha sido já dissecado anteriormente. Aliás, por motivos vários, à hora que estou a terminar esta crónica, o Benfica já ultrapassou, de forma brilhante, o Marselha e prepara-se para mais um embate com o Liverpool. Portanto, vamos a algumas fotografias:
A envolvente paisagística é interessante. Ali respira-se ar puro. Literalmente. Durante o aquecimento, vários miúdos divertiam-se no relvado. O Nacional preza a sua formação e, prova disso mesmo, é a presença do Cristiano Ronaldo Campus Futebol, paredes meias com a Choupana. Tempo, agora, para uma vista rápida às bancadas:
Os adeptos encarnados estavam espalhados por todo o lado, criando uma atmosfera de grande apoio e empurrando a equipa para a vitória tão apetecida. Se na imagem anterior, os sectores ainda não estavam totalmente lotados, a fotografia seguinte, já no decorrer do jogo, espelha bem que os nossos rapazes estavam devidamente acompanhados:
Com a marcação do golo, por intermédio de Cardozo, registou-se uma situação curiosa: ali estava, na bancada central, adepto da equipa visitante, doido de alegria a comemorar a perspectiva dos três pontos, quando começaram a chover milhares de papelinhos, ao melhor estilo carnavalesco. Uma coisa estranha, devo dizer. Eram papelinhos de todas as cores, um arco-íris de festa. Imaginam um golo do Benfica no Bonfim, no Restelo, ou noutro Estádio qualquer e despejarem uma 'Bombonera' em cima de nós?
Últimos momentosA viagem de regresso, a caminho do aeroporto, pareceu-me mais curta. A impaciência tinha dado lugar à satisfação do dever cumprido. Apesar da exibição personalizada o Benfica tinha acabado de conseguir uma vitória sofrida, mas extremamente importante. Os meus colegas de viagem partilhavam deste sentimento. De referir que, para muitos deles, esta aventura não terminava em Lisboa: por exemplo, havia quem tivesse de efectuar o regresso a casa para o Algarve e para o Porto. De qualquer modo, há esforços que fazem sentido quando se trata do Benfica.
Perto da porta de embarque, novo contacto com os heróis da noite. Apesar de notar-se que os jogadores vinham algo exaustos, havia a natural boa disposição de quem sabia que tinha cumprido com a sua missão. Mais uma vez, deu para trocar umas palavras com os atletas e guardar uma ou outra foto para a posteridade. Já dentro do avião, um sossego tranquilizador, mas pouco festivo. A razão era simples: depois da descolagem, foi servida uma refeição rápida e correu a informação de que os jogadores necessitavam de descanso, o que foi prontamente respeitado. No entanto, foram minutos de pura ilusão. Vieram as palmas e, afinal, os jogadores estavam bem despertos e animados. Deu para ver o ambiente descontraído e em tom de brincadeira. Fiquei, ainda, mais satisfeito. Até porque, e isto é muito importante que se saiba, este plantel é fortemente unido e reina um óptimo ambiente no grupo de trabalho. Não se esqueçam disto, principalmente nas situações em que possa surgir um resultado menos positivo. Através do que observei e graças a conversas mantidas com a tripulação, pude comprovar que o futebol do Benfica está bem e recomenda-se.
Para terminar, devo dizer que é um privilégio enorme poder estar perto dos jogadores que admiramos e idolatramos. São eles que, no relvado, nos dão alegria a nós, nas bancadas. Contudo, não se pense que escrevi tudo isto em sinal de vaidade. Pelo contrário, trata-se de um sentimento de orgulho muito vincado. Não trocava este programa por nenhum outro e, na medida do possível, sugiro a todos os benfiquistas que vivam a experiência. Da minha parte, o mais certo é que venha a repetir a aventura. Dentro ou fora do território nacional? Depende. Na próxima visita à Madeira, gostaria de aproveitar para conhecer o Estádio dos Barreiros. Ou Hamburgo. Quem sabe...