segunda-feira, 30 de abril de 2012
segunda-feira, 19 de março de 2012
quinta-feira, 1 de março de 2012
Uma esperança. Um desejo. A vitória.
O futebol, ou o Benfica vs Porto de amanhã à noite, é muito mais do que isso. É honra. É integridade. É orgulho. É sentimento de pertença. É capacidade de superação. É crença. É devoção. É glória.
O «clássico» é muito mais importante do que uma simples partida de futebol. É o combate entre duas formas distintas de estar no desporto. É a disputa pelo mais relevante título nacional. É a luta pela hegemonia do futebol português.
Amanhã, não há desculpas. Não pode haver. Só a vitória interessa. Não importa o estado do relvado. Não interessa se jogamos com o jogador A ou com B. Façamos um favor a nós próprios: vamos esquecer ameaças, humilhações e provocações de uma vida; vamos ultrapassar fraquezas e medos; vamos ignorar o homem do apito, as escutas e o sistema. Vamos ser Benfica. Vamos ganhar.
Sem vitórias morais. Sem desculpas. Esqueçam o passe falhado, a falta mal marcada, a bola que foi ao poste, o penalty que não foi marcado, o drible sem sucesso, o cartão mal mostrado, o remate frouxo que levava escrito golo nas nossas cabeças. Não interessa se é o Witsel, o Gaitán ou o Nolito. O Cardozo ou o Rodrigo. Não importam os do outro lado: os 11 de azul e os 3 de preto. Nós somos 60.000. Nós somos Benfica.
Por 90 minutos, vamos esquecer teorias do Big Bang: não importa de onde viémos ou para onde vamos. O nosso centro do Universo tem um nome: Estádio da Luz. Sejamos «E Pluribus Unum». Com orgulho, envergaremos a camisola vermelha da nossa paixão. Com fervor, levantaremos o cachecol da exaltação. Com esperança, apoiaremos até ao último segundo. Agarremos a fé e a mística. Sejamos Benfica.
Benfica vs Porto. No relvado. Nada mais importa. Não conta o passado e o futuro. Não contam os títulos e a história. Não contam o património e as finanças. O certo e o errado. O bem e o mal. São 90 minutos. Temos de ganhar. Vamos ganhar.
Aos jogadores, joguem com honra, com orgulho, com devoção. Esforço. Superação. Transcendência. Conquistem a vitória... pelo símbolo que defendem, pela camisola que envergam, pela história que representam. Vençam por nós! Vençam pelo Benfica!
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
E o próximo treinador do FC Porto é...
Observem, agora, com atenção redobrada, ou óculos 3D, o sistema táctico preferencial de um homem conhecido pelo seu acentuado desvio ocular:
Maravilha! Não podia ser mais perfeito: um 4x3x3 que se assemelha às formações tácticas ultimamente presentes no Dragão. Memorizem: nem seriam precisas elaboradas modificações no powerpoint, bastava alterar o nome dos jogadores.
A sério, sigam o meu raciocício: o central Abdoulaye não é uma espécie de Rolando, o Adrien uma cópia fiel de João Moutinho, o Danilo um tecnicista do tipo Belluschi e o Sissoko um Hulk em potência? Vá lá, mais tarde ou mais cedo, sabemos que o estágio em Coimbra vai terminar...
quinta-feira, 21 de abril de 2011
[Taça de Portugal] SL Benfica 1-3 FC Porto
1. Esta Direcção já devia estar aprisionada em Inostranka (ver The Event) há tempo suficiente para nos esquecermos dela. A garra, a vontade de vencer, e principalmente não querer perder, é o sentimento, um estado de alma que não surge do vazio... tem de ser ensinada e transmitida por todos os que estão dentro do clube, com especial incidência naqueles que têm responsabilidade acrescidas. Os jogadores podem ter claudicado, o treinador pode ter falhado, mas a força mental que se exige nestas ocasiões, o lado psicológico sólido, tem de ter origem nas patentes mais elevadas do clube. Não. Passa-se o contrário: a energia, a pujança, a vontade vem das bancadas. A verdade é nua e crua: este Benfica não sabe como derrotar o Porto. Nunca soube, nos anos mais recentes. E, muito provavelmente, continuará sem saber. Inépcia total: nem dentro do relvado, nem fora dele.
2. Ao treinador quero dizer o seguinte: esta temporada, contando com o jogo desta noite, são já quatro derrotas em cinco partidas. Sinceramente, estou-me a marimbar para questões tácticas apoiadas em figuras de estilo. Depois, esta esquizofrenia emocional, com rasgos de basófia intimamente ligados a níveis deploráveis de amedrontamento esgotam a minha paciência. Chega de tanta parvoíce! O caminho é muito simples e está traçado: queria estar presente na festa do Jamor, a Taça da Liga não satisfaz os meus critérios de objectivos cumpridos para um clube grande e temos de GANHAR a Liga Europa. Não quero saber se temos jogadores castigados ou lesionados. Não quero ouvir falar de arbitragens. Estou farto de desculpas. Portanto, é tudo muito claro e directo: ou o treinador nos dá o prazer do 'rebuçado' europeu ou pode levar a sua sapiência táctica para um qualquer clube europeu. Bolas, esta semana já reservei a estadia e os voos (ida e volta) para Dublin. Jorge Jesus? Não me lixes...
terça-feira, 5 de abril de 2011
[Liga 2010/11] 25.ª jornada: Sl Benfica 1-2 FC Porto
Às 18h00 já estava na Luz. Para evitar confusões de última hora e porque orgulho-me de ter um grupo de amigos que gosta de conviver alegremente, entretido entre iguarias como chouriço de Barrancos, queijo de Seia, pão Alentejano e de Mafra, camarão, vinto tinto e branco caseiro, entre outros. O futebol (também) é isto: aproveitar uma pré-combinação de comes & bebes, pelo simples prazer de estar entre amigos. Agora, o futebol, não pode é ser isto:
Não me vou alongar sobre o tema, porque os desacatos entre adeptos e polícia merece um tópico próprio. Preciso de organizar ideias e escrever algo com mais substância. Uma coisa é certa: mesmo reconhecendo que a iniciativa da confusão parte (quase) sempre da massa de adeptos que resolve começar à pedrada, não posso deixar de sublinhar o espanto pela força desproporcionada de um corpo de intervenção que invade uma zona comercial. Por acaso, encontrava-me dentro do 3.º Anel, do lado oposto ao que a fotografia documenta, mas conheço quem tenha sofrido ferimentos por nada e questiouno-me se de uma próxima vez terei tempo de fugir do gás pimenta ou de um tiro de borracha de shotgun. Inacreditável.
Sobre o jogo, a mesma ordem de razões. Não consigo, ainda, alinhavar um texto que satisfaça os meus requisitos de qualidade. As coisas não correram bem, obviamente. Aliás, desde aquela horrível tarja da Delta (e quem não salta, é carioca de limão?), até ao pascácio folclore no final do jogo, autorizado por alguém sem o mínimo de sensibilidade, que não honra os pergaminhos de elegância de uma instituição caracterizada por elevado altruísmo, até ao "frango" do Roberto e consequente "apagão" exibicional de uma equipa excessivamente ansiosa e nervosa, não há dúvida que, de facto, escreveu-se uma página negra na história recente do clube.
Para já, é o que me ocorre desabafar. Porque creio, também, que o momento deve ser de união benfiquista, na medida em que há um triplete de taças, umas mais importantes que outras, para conquistar. A análise da presente temporada, incluindo avaliação individual dos jogadores que constituem o plantel, deve ser feita no final da temporada, pesando os prós & contras das decisões tomadas pela estrutura profissional de futebol. No entanto, não posso deixar de salientar algumas palavras proferidas pelo magnífico escriba do Ontem vi-te no Estádio da Luz: "(...) A única rota do Benfica é ser humilde e no entanto o que se vê é uma estupidez generalizada baseada numa ideia geral de que somos melhores e por isso temos de ganhar. Não! FODA-SE, CARALHO, NÃO! Ganha-se porque se é melhor, como o fomos o ano passado".
sábado, 12 de fevereiro de 2011
Uma questão de palmarés
Portanto, pondo de lado emblemas esquizofrénicos, que não vencem a mais importante competição nacional desde 1999/00, a questão do palmarés responde aos golfistas profissionais com a verdade crua dos números: o Benfica é o maior e melhor clube do futebol português. Não acreditam? Então, em vez de contarmos carneirinhos para adormecer, vamos contar troféus, atribuindo-lhes uma pontuação pela ordem de importância...
5 pontos: Campeonato Nacional da I Divisão / I Liga
3 pontos: Taça de Portugal
1 ponto: Supertaça "Cândido de Oliveira"
1 ponto: Taça da Liga
Ordem de ideias: o Campeonato Nacional é, indiscutivelmente, a prova nacional mais importante. Nesta linha de pensamento, a Taça de Portugal surge logo a seguir. Depois, a Supertaça "Cândido de Oliveira" só teve início na época 1979/80 (sendo resolvido o vencedor numa única partida) e a Taça da Liga também é um troféu recente, ainda sem grande expressão. Creio que a pontuação atribuída segue uma lógica aceitável. Se não gostarem, criem uma petição online de protesto. Para finalizar, o Campeonato de Portugal (Prova realizada entre 1921/22 e 1937/38), o Campeonato de Lisboa (Prova realizada entre 1906/07 e 1946/47 - 41 Edições) e a Taça "Ribeiro dos Reis" (Prova realizada entre 1961/62 e 1970/71 - 10 Edições), foram eliminadas da amostra. Caso contrário, teria de considerar os 74.176 troféus conquistados pelo Sporting, nas mais diversas realidades, e o meu Excel Avançado não dá para tanto. Vamos lá olhar a números?
SL Benfica
Campeonato Nacional da I Divisão / I Liga (32 títulos)
Taça de Portugal (24 títulos)
Supertaça "Cândido de Oliveira" (4 títulos)
Taça da Liga (2 títulos)
Atribuindo a pontuação referida anteriormente, temos:
Campeonato Nacional da I Divisão / I Liga (160 pontos)
Taça de Portugal (72 pontos)
Supertaça "Cândido de Oliveira" (4 pontos)
Taça da Liga (2 pontos)
Total = 238 pontos
FC Porto
Campeonato Nacional da I Divisão / I Liga (24 títulos)
Taça de Portugal (15 títulos)
Supertaça "Cândido de Oliveira" (17 títulos)
Taça da Liga (0 títulos)
Atribuindo, novamente, a pontuação citada, resulta:
Campeonato Nacional da I Divisão / I Liga (120 pontos)
Taça de Portugal (45 pontos)
Supertaça "Cândido de Oliveira" (17 pontos)
Taça da Liga (0 pontos)
Total = 182 pontos
Qual a conclusão disto tudo? Em primeiro lugar, temos de estar alerta face à aproximação que tem sido feita nos últimos anos. Sem dúvida. No entanto, chamo a atenção para a diferença (56 pontos) registada: para igualar o palmarés do Benfica, o Porto teria de conquistar, durante cinco anos consecutivos, todos os troféus nacionais (5+3+1+1 = 10 pontos * 5 anos), somando mais um Campeonato Nacional e uma Taça da Liga, por exemplo, no sexto ano. Ainda cliquei na 'Biblioteca de Funções' do Excel e a estatística mostrou-me que, para atingir este desiderato, é preciso muita fruta e café com leite. Como tal, serenidade nas hostes. Mesmo que o Porto conquiste o seu 25.º título nacional (5 pontos), o Benfica encontra-se bem encaminhado para vencer as Taças de Portugal e da Liga (3+1 = 4 pontos).
Portanto, façam as contas que fizerem, uma coisa é certa: o Benfica é o maior e melhor clube do futebol português. É uma chatice, mas a história não engana.
Adenda: Por motivos práticos, as competições internacionais não foram tidas na análise. No caso da Taça dos Campeões Europeus / Liga dos Campeões, ambos os clubes apresentam dois títulos ganhos. Depois, o Porto conta com uma Taça Uefa, embora o Benfica orgulhe-se de uma, não menos importante, Taça Latina. Neste aspecto, os pratos da balança estão equilibrados. De qualquer forma, a título de curiosidade, julgo que seria justo atribuir 20 pontos a uma Liga dos Campeões e 10 pontos a uma Liga Europa, pelo que um (muito) possível triplete de Taças representaria um bónus fantástico. Quase arriscaria dizer, sem cálculos rebuscados, que com tal desfecho positivo em 2010/11 a pontuação do palmarés encarnado duplicaria em relação ao vizinho de Lisboa. Para nós, era mais uma glória europeia. Para eles, era só mais uma receita médica.
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
[Taça de Portugal] FC Porto 0-2 SL Benfica
Enorme partida dos nossos BRAVOS jogadores. Impecáveis na classe, na atitude e no esforço demonstrados a jogar com 10. Hoje, durante 90 minutos, houve BENFICA.
domingo, 7 de novembro de 2010
[Liga 2010/11] 10.ª jornada: FC Porto 5-0 SL Benfica
sábado, 6 de novembro de 2010
[Antevisão] FC Porto: SL Benfica: Onze titular encarnado
Roberto; Maxi Pereira, Luisão, David Luiz e Fábio Coentrão; Javi García; Carlos Martins, Pablo Aimar e César Peixoto; Javier Saviola e Alan Kardec (4-1-3-2).
A meu ver, esta seria a escolha que melhor serviria os interesses do Benfica. Curiosamente, estou convencido que o treinador encarnado irá decidir no mesmo sentido? Porquê? É o que irei sintetizar de seguida:
- Em primeiro lugar, por razão de ordem intrínseca. Por outras palavras, os princípios gerais inerentes ao modelo de jogo manter-se-iam intocáveis, nomeadamente as traves mestras inerentes ao sistema táctico que está implementado;
- Em segundo lugar, por motivo de carácter exógeno. Ou seja, as principais virtudes atacantes do rival directo (já lá iremos) implicam uma nuance estratégica na transição defensiva, embora sem cair na tentação de adaptações posicionais que desvirtuem o funcionamento do colectivo.
Por vezes, na abordagem inicial às partidas, os treinadores caem no erro primário de descaracterizar completamente a filosofia e identidade futebolística do clube que dirigem. O deslize conceptual está identificado: trata-se de reagir (tacticamente) em função dos estímulos ditados pelo adversário. Contudo, nem sempre a proactividade é boa conselheira: em determinadas situações (como a diferença pontual, o estado anímico do grupo ou o palco do jogo, por exemplo), sugere-se maior prudência nos minutos iniciais. Obviamente, não espero a presença de jogadores apáticos, mas gostaria de observar uma equipa na expectativa - as circunstâncias actuais recomendam alguma cautela. Pode não ser muito atractivo, mas nem sempre o melhor ataque é a melhor defesa. O momento não é de romantismos. A altura é de realismo táctico. Querem ver?
Recapitulando, um dos pontos fortes da equipa comandada por Villas-Boas prende-se com a organização ofensiva em posse: capacidade de explosão nos duelos 1v1 por parte dos extremos Hulk e Varela e entrada dos médios de 2.ª linha em zona de construção próxima da área contrária. A imagem de cima pretende retratar esse momento do jogo em que o FC Porto apresenta predicados. Na situação ilustrada, é Hulk que conduz a bola pela direita e, para além da opção individual, conta com soluções óbvias de passe curto para Belluschi e Falcao, enquanto os ex-sportinguistas Varela e João Moutinho interiorizam para o lado da bola. O exemplo serve, igualmente, para o corredor esquerdo, com dinâmicas e respostas semelhantes. Como deve o Benfica comportar-se face a este potencial movimento de perigo?
Na minha opinião, vários mecanismos de jogo devem estar formatados para responder aos estímulos e problemas criados pelo adversário. Em primeiro lugar, o desposicionamento para o lado da bola do triângulo defensivo formado pelos centrais e pelo pivot espanhol deve ser harmónico e suficiente de modo a que o espaço central não fique demasiado desguarnecido. Em segundo lugar, cabe a César Peixoto recuar para junto de Fábio Coentrão, de forma a impedir que Hulk possa desequilibrar no 1v1. Em consequência, David Luiz deve observar a hipótese do passe vertical para Falcao ou ficar atento à dobra na meia-esquerda e Javi García deve preencher a zona onde Belluschi pode realizar a aproximação. Em terceiro lugar, Maxi Pereira e Luisão devem precaver a diagonal (de fora para dentro) de Varela, enquanto Carlos Martins interioriza para junto de João Moutinho. Por fim, caso a posse de bola seja recuperada, as setas a tracejado espelham o papel fundamental de Carlos Martins, Pablo Aimar e Javier Saviola na busca de soluções práticas no momento de transição ofensiva.
No meu entender, face ao potencial demonstrado pelo FC Porto na organização ofensiva, a abordagem colectiva encarnada deve respeitar estes movimentos de marcação zonal e aproximação ao lado da bola. Senão, veja-se: (a) se o 2v1 sobre o avançado brasileiro for efectuado com David Luiz e Fábio Coentrão, Falcao pode aproveitar o espaço deixado no eixo central da defesa; (b) se o 2v1 sobre Hulk for efectuado através da aproximação de Javi García junto do internacional português, é Belluschi que pode usufruir do corredor central para criar desequilíbrios.
Deste modo, voltamos ao início do texto: só um 4x1x3x2 'mascarado' com uma grande dose de maleabilidade funcional pode contrariar um problema táctico que o FC Porto irá tentar repetir amiúde. Assim, com o onze titular apresentado, o modelo de jogo não perde a sua identidade futebolística, mas (sem bola) o sistema pode transfigurar-se num 4x3x1x2 mais apetrechado para o momento defensivo. Neste sentido, César Peixoto, na esquerda, ou Carlos Martins, na direita, são os únicos médios disponíveis com capacidade multifuncional para entenderem a mudança do jogo (questões posicionais) e integrarem-se em distintas compensações e tarefas, adaptando-se em função do adversário. Nem Nicolás Gaitán, nem Toto Salvio, por exemplo, têm essa capacidade de recuperação em função da posição da bola. Em relação a Airton, o seu contributo de pressão e intensidade competitiva pode ser útil ao colectivo numa fase mais adiantada da partida, dependendo das circunstâncias (desenrolar do marcador) da mesma.
Em suma, estou confiante com a 'matéria-prima' disponível porque a equipa tem recursos desportivos de qualidade para saber o que fazer com bola. A dúvida principal reside no momento em que a equipa tem de recuperar a sua posse. Nada a dizer em relação ao talento, porém alguma desconfiança e preocupação quanto à ordem da 'fábrica' táctica liderada por Jorge Jesus. Apesar de ser muito agradável assistir a gambetas, dribles e fulgor ofensivo, espero um Benfica maduro, isto é, consciente das forças do opositor e das suas próprias debilidades. Com atitude de campeão, sem dúvida, embora munido de elevadas doses de realismo táctico. Seria muito bonito ganhar, mas também é muito importante não perder.
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
[Liga 2010/11] 7.ª jornada: Vit. Guimarães 1-1 FC Porto
«Fico frustrado pela forma que acontece este resultado. Agora será a nossa vez de pedir justiça porque é a segunda vez que há arbitragem escandalosa na Cidade Berço.» Qual justiça? Estaria a falar disto? Em seis capítulos?
«Foi um jogo controlado pelo FC Porto. Houve poucas oportunidades do V. Guimarães e muitas do FC Porto. O empate acabou por deixar a equipa intranquila e penso que sem a expulsão do Fucile teríamos chegado ao 2-1.»
Não, meu caro Villas-Boas. Está redondamente enganado. O Porto não venceu por duas ordens de razões: a primeira (mais importante), porque o árbitro (aleluia!) teve uma actuação imparcial; a segunda (menos relevante nessa espécie de organização), porque o comando técnico desta noite pôs em evidência a intrujice futebolística que o meu caro representa. Ora, acompanhem-me...
Fraude n.º 1: aos 68' minutos, com o resultado empatado 1-1, Villas-Boas prescinde de Belluschi, um médio criativo, entrando para o seu lugar Guarín, um "todo-o-terreno" de vocação defensiva.
Fraude n.º 2: aos 77' minutos, depois de glorificado o erro anterior, Villas-Boas retira a "formiguinha" João Moutinho, por troca com Ruben Micael, o tal médio com superior imaginação atacante.
Fraude n.º 3: aos 79' minutos, Fucile é admoestado com o segundo cartão amarelo e consequente ordem de expulsão. Análise do autor em três pontos: (i) aos 38' minutos, o defesa uruguaio foi sancionado com a primeira cartolina amarilla; (ii) aos 64' minutos, no lance do golo marcado por Faouzi, a referida avantesma deixa-se ludibriar posicionalmente pelo adversário; e, (iii) a combatividade do atleta em questão é inversamente proporcional à sua inteligência táctica. Resumindo: Fucile é um jogador estúpido; Villas-Boas é um técnico pouco clarividente.
Fraude n.º 4: aos 80' minutos, Villas-Boas perde a cabeça a reclamar com o árbitro Carlos Xistra e é expulso do banco de suplentes. Ao perder a compostura, o jovem treinador demonstra incapacidade para tornear obstáculos e dificuldade em lidar com a pressão do resultado.
Conclusão: é o Benfica que está a sete pontos do líder, mas é Villas-Boas que, do alto de seu pedestal (leia-se auto-convencimento), acaba por prejudicar a equipa com as suas (discutíveis) decisões, finalizando a sua deplorável actuação ao "chorar" como uma criança...
sábado, 5 de junho de 2010
Antevisão: FC Porto 2010/11
Finalmente, o 'tabu' acabou por ser desfeito: André Villas Boas foi o escolhido para suceder a Jesualdo Ferreira. O FC Porto chegou, estar quarta-feira, a acordo com a Académica e garantiu a contratação do técnico para as próximas duas épocas. A transferência já foi comunicada à CMVM.
Sendo certo que, fora do relvado, o principal rival do Benfica irá manter a sua identidade de clube, baseada num discurso agressivo e inflamado, dentro do campo as ideias frescas do jovem treinador podem implicar um modo de «jogar» substancialmente diferente. No fundo, novos desafios e problemas para serem decifrados. É este o intuito desta crónica: perspectivar qual será a base táctica do FC Porto, versão 2010/11, avançando alguns mecanismos de jogo que estão subjacentes.
À partida, olhando para o percurso efectuado na Académica de Coimbra, André Villas Boas (AVB) irá manter-se fiel ao 4-3-3, não só por se tratar de um sistema menos exigente de ser assimilado pelos jogadores, mas sobretudo pela melhor distribuição posicional em largura e profundidade. Não creio que a opção pelo 4x4x2 losango, mais rico do ponto de vista táctico, possa tornar-se primeira opção. De qualquer forma, não existem 4-3-3-'s iguais e o de AVB tem particularidades especiais. Supondo que Bruno Alves e Raul Meireles não farão parte do plantel em 2010/11 vejamos, sector a sector, algumas dessas especificidades mais preponderantes.
Defesa
Neste sector, o quarteto mais recuado terá de obedecer a algumas condicionantes. Desde logo, os quarto homens terão de sentir-se confortáveis com a linha defensiva mais subida, muito próxima dos médios. Contudo, em determinadas circunstâncias, aquando da opção por um bloco médio-baixo, os jogadores serão treinados a manter a posse, circulando a bola a toda a largura da defesa. Outro aspecto não menos importante prende-se com as características dos defesas laterais. No exemplo que a imagem ilustra, tanto Miguel Lopes como Álvaro Pereira são atletas de notória propensão ofensiva. No entanto, a profundidade simultânea dos laterais nunca será um princípio de jogo trabalhado por AVB. Assim, será expectável que em face de um lateral mais ofensivo, o defesa do corredor contrário terá um jogo mais posicional, com um perfil que o leve a fechar melhor as zonas interiores, quase como um terceiro central, se assim a ocasião o exigir. Neste sentido, Evaldo, à esquerda, ou uma futura opção, à direita, poderão contribuir para um maior equilíbrio do sector defensivo.
Meio-campo
No sector intermediário, o triângulo que se desenha no relvado será invertido, ou seja, AVB irá potenciar a coexistência de um «pivô» (esqueçam a palavra defensivo) com dois centrocampistas talhados para os momentos de transição. Ao que tudo indica, Fernando será o dono da posição n.º 6, porém com acrescidas responsabilidades: no pensamento futebolístico do treinador portista, o «pivô» terá de envolver-se com maior critério, e predominância colectiva, na posse e circulação de bola, funcionando, naturalmente, como âncora da equipa, mas sem deixar de verticalizar o passe para zonas do meio-campo adversário. Finalmente, relacionado com uma das variantes tácticas em aberto, chamo a atenção para um pequeno (grande) pormenor: o recuo de Cristián Rodríguez, para uma posição de médio-ala e 'vestindo' a pele de um quarto médio, possibilita a subida de Belluschi, Ruben Micael, ou outro, dando margem de manobra ao aparecimento de uma espécie de n.º 10, no espaço central, desenhando uma figura semelhante ao 4x4x2 losango. A imagem de cima retrata esta particularidade.
Ataque
Primeiro ponto: relativamente ao trio de frente em análise, vame a pena mencionar que para a descoberta de uma fórmula de sucesso futebolística, Varela é um avançado que também pode fazer parte da equação. Como em tudo, o jovem treinador terá a palavra final. Por conseguinte, no exemplo que a imagem descreve, Cristián Rodríguez será o extremo encarregue de movimentos em profundidade, oferecendo maior verticalidade ao jogo exterior através da progresão com bola junto ao corredor lateral. Por sua vez, no flanco contrário, as características intrínsecas de Hulk enviarão um sinal de assimetria, na medida em que o brasileiro demonstra maior aptidão para diagonais de fora para dentro, pisando terrenos mais interiores e próximos da área adversária. Por fim, sendo lógico que Falcao terá um estatuto inquestionável, à luz do futebol preconizado por AVB, quaisquer que sejam os nomes daqueles que farão companhia ao goleador colombiano, será dada prioridade a acções mais eficazes e objectivas, ao invés de malabarismos excessivos e inócuos.
Conclusão
Actualmente, tornou-se prática corrente afirmar que não existem certezas absolutas. No futebol, talvez o mais correcto seja a utilização da expressão indicadores qualitativos. Neste sentido, em Coimbra foi visível que o 'discípulo' de José Mourinho apresentou indicadores que tiveram o condão de despertar a curiosidade do meio futebolístico nacional. Portanto, será expectável que a viagem para o Porto, onde o aguarda 'matéria-prima' de superior qualidade, leia-se jogadores talentosos, possa contribuir para o ressurgimento de um futebol mais atractivo e vencedor, pintado a azul e branco. Como tal, graças à presença do novo special one, existe grande probababilidade de que o futebol portista venha a ser mais cerebral, mais apto para um correcto posicionamento, mais confortável na manutenção da posse de bola, mais seguro na circulação da mesma em largura, mais pressionante em zonas adiantadas do relvado, mais acutilante e eficaz na organização ofensiva e, no global, mais dominador e preparado para os vários momentos de jogo (transições) e para os diversos problemas colocados pelo adversário. Um novo desafio para André Villas Boas. Uma recente advertência para Jorge Jesus.
segunda-feira, 22 de março de 2010
[Taça da Liga] SL Benfica 3-0 FC Porto
Convém enaltecer dois aspectos que dão maior sabor e colorido a esta conquista da 2.ª Taça da Liga: (i) cerca de 72 horas antes, o Benfica tinha ultrapassado brilhantemente os oitavos-de-final da Liga Europa; (ii) em virtude do cansaço acumulado, o treinador Jorge Jesus optou por deixar de fora 4 habituais titulares (Javi García, Ramires, Saviola e Cardozo). Mesmo com essas supostas contrariedades, o Benfica foi fortemente dominador, pelo que não me lembro de um Porto tão descontrolado e subjugado ao poderio adversário. Nesse aspecto, foi hilariante observar o comportamento de Bruno Alves, espécime exemplar da cultura que se valoriza naquele clube. Vale tudo: agredir, esbracejar, insultar e pontapear tudo o que mexe. Estranha forma de vida.
Do nosso lado, destaque para tudo e todos. E Pluribus Unum. Em primeiro lugar, os adeptos que se mobilizaram para pintar o Estádio do Algarve de um vermelho bem vivo e apaixonante. Em segundo lugar, o treinador que gere habilmente a matéria-prima disponível e, em tom crescente, apresenta o dom de nos presentear com um Benfica há muito esquecido. Por fim, os jogadores, máximos obreiros desta vitória. Uns estiveram melhor do que outros (Ruben Amorim, Carlos Martins), mas o sucesso passa pela união e entreajuda de todo o grupo, como aliás tive oportunidade de comprovar com os meus próprios olhos. Jorge Jesus tem razão: esta equipa respira saúde.
Agora, que venha o Sp. Braga, numa partida determinante para as aspirações do 32.º título nacional (por favor, alguém que envie este número ao capitão do Porto). O 'andor cá estará à vossa espera, ou seja, cerca de 60.000 benfiquistas prontos para criar uma atmosfera especial de apoio a esta maravilhosa equipa. Até sábado.
sábado, 23 de janeiro de 2010
O adversário do Sport Lisboa e Benfica
Se perguntarem a um adepto do FC Porto qual o seu principal adversário, a resposta será óbvia. Se colocarem a mesma interrogação a um simpatizante do Sporting, a resposta será idêntica. Em relação à primeira questão, concordo. Basta levantar a cabeça para observar o rival que está imediatamente acima em número de campeonatos conquistados. Em relação à segunda inquisição, discordo. Por razões normais, seria preciso subir 13 degraus na escada da principal competição portuguesa para atingir o mesmo patamar curricular. Agora, para além da natural atenção 'carinhosa' dos rivais azuis e verdes, qual será, então, o principal adversário do Sport Lisboa e Benfica?
Em conversa com alguns amigos 'encarnados', as opiniões dividem-se. Por um lado, há quem olhe para a rivalidade clubística com uma visão tradicional de proximidade geográfica, respeitando uma espécie de passagem de testemunho dos mais velhos. Trata-se da rivalidade estrutural entre o Benfica e o Sporting. Por outro lado, há quem veja a rivalidade clubística com uma visão mais moderna de conflito regional, atendendo aos desafios impostos pelas últimas décadas. Como está bom de ver, refiro-me, em tom guerreiro, à rivalidade conjuntural entre o Benfica e o FC Porto. Como a nossa existência não gira à volta de sentimentos de cólera, ódio, rancor ou puro sarcasmo, há que optar por um alvo específico que garanta o 'reunir de tropas'.
Compreendo o peso da tradição e o carácter particular de um derby, mas desde há algum tempo que o clássico tem vindo a capitalizar maior importância: o Sporting não deixará de representar o papel de opositor histórico, mas o principal contendor actual dá pelo nome de FC Porto. Como em muitos outros aspectos, sou bastante pragmático. Na verdade, gosto de analisar os números, estudar os factos e, após discussão e reflexão, revelar um sentido prático sobre conceitos e situações. A verdade é só esta: o Sporting apresenta 18 títulos nacionais conquistados; o FC Porto alcançou a marca de 24 troféus 'capturados'. Claro que destes, 2/3 foram obtidos através de meios ílicitos que a justiça portuguesa fez o favor de ignorar, mas o fantástico tripulha fez questão de deixar para memória futura. Em resumo?
O Sporting mantém o seu rumo aristocrático de auto-flagelação - vidé os recentes acontecimentos verificados entre o seu director de futebol, Sá Pinto, e o seu principal goleador, Liedson. O FC Porto insiste no clima de guerrilha, estendendo os 'tentáculos do polvo' a várias esferas nacionais, quer se trate de influências nos sectores de justiça, passando por intimidações junto de orgãos de comunicação social, até culminar nos meios que justifica(ra)m os fins, ou seja, nos envolvimentos entre a mais antiga profissão do mundo e os agentes do futebol. Destas, e outras, actividades, mais ou menos respeitosas, a fronteira é cada vez mais ténue. As diferenças estreitam-se. Para terminar...
O Sporting não aborrece. O Sporting não ameaça. O Sporting provoca, apenas, duas vezes durante o ano, hora e meia de transtorno emocional, ainda que muito semelhantes ao nervoso miudinho sentido quando defrontamos o Belenenses. Cada vez mais. O Sporting não é rival directo na hegemonia do futebol português. Pelo contrário, por todas as razões e mais algumas, o FC Porto é o verdadeiro 'alvo a abater'. No entanto, enormes diferenças separam estes dois competidores directos. O FC Porto, na pessoa do seu dirigente máximo, agride, engana, ilude, insulta, ludibria e prevarica.
Em sentido contrário, a instituição Sport Lisboa e Benfica não afronta, não investe, não ofende e não provoca. Não abusa de cânticos insultuosos. Não faz da ira e da raiva uma forma única de existência. A filosofia de vida encarnada não busca o confronto externo, antes exalta o carácter positivo daquilo que a equipa de futebol é capaz de transmitir no relvado, em perfeita comunhão com a união de uma onda vermelha centrada na admiração por um símbolo vivo. Por muito que tentem influenciar a opinião pública, de modo a camuflar a realidade, haverá sempre um tripulha qualquer disposto a repor a verdade.
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
[Liga Sagres] 14.ª jornada: SL Benfica 1-0 FC Porto
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
[Liga Sagres 17.ª J] FC Porto 1-1 SL Benfica
Não vou escrever sobre as incidências do clássico. Pura e simplesmente não me apetece rebater dibujos tácticos. Tampouco analisar a performance exibicional dos jogadores encarnados. Pretendo, apenas, enviar uma mensagem à família benfiquista.
Faltam treze jornadas para o término da Liga Sagres. No meu entender, é a altura decisiva para enterrar "machados de guerra" internos. Por outras palavras, até final da competição sugiro que o sentimento de união prevaleça sobre a toada crítica que a imprensa desportiva faz questão de lembrar diariamente.
Não é o momento certo para testar a eloquência de Luís Filipe Vieira. Não é o "timing" ideal para criticar a tonalidade das gravatas de Rui Costa. Não é, concerteza, a altura correcta para desconfiarmos das competências técnicas de Quique Flores. Não há razão para assobiar este ou aquele jogador, suspirando por uma estrela futebolística da qual vimos maravilhas no You Tube.
Diferentes opiniões, ou perspectivas, não devem servir como desculpa para que a nação encarnada se desvie do objectivo principal - a conquista da Liga Sagres, nem devem atraiçoar a dura realidade dos factos: estamos envolvidos numa luta desigual, contra um adversário mais do que identificado, a fazer exigir um espírito colectivo, de acordo com o nosso lema - Et Pluribus Unum!
P.S. Ao contrário dos critérios literários definidos como excelentes, esta entrada registou a palavra não em oito ocasiões. O negativismo expresso no texto espelha o estado de alma do autor, derivado da prática de mais uma machadada na verdade desportiva - como se o futebol português ainda tivesse algo saudável a que se agarrar. Aos leitores, as minhas desculpas.
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
Como deve o Benfica jogar no Dragão?
O treino como fotograma do «jogar»
Nestes encontros, tornou-se hábito afirmar que o vencedor será aquele que melhor controlar o factor imprevisibilidade. O tópico sobre o domínio dos detalhes – físico, mental, táctico e técnico – pode ser encarado como a gestão eficaz dos pormenores: a importância de uma bola parada ou um momento de desconcentração na transição defensiva, entre outras circunstâncias ditadas pelo desenrolar da própria partida. Apesar do âmbito natural dos treinadores ser um espaço limitado, quanto mais situações particulares forem treinadas, menor será a influência deste factor.
Chave do clássico
No meu entender, a chave do clássico está em...Quique Flores! Do lado do campeão nacional, a imprevisibilidade, positiva ou negativa, encontra-se, cada vez mais, dominada pela maturidade táctica trabalhada por Jesualdo Ferreira. Ao contrário, no Benfica, o grupo depende, em demasia, da inspiração e talento das individualidades. Cabe ao treinador espanhol reduzir o impacto associado ao que commumente se denomina de sorte e azar, levando a equipa a assimilar índices elevados de confiança, consistência e personalidade.
Lado mental ou táctico?
Deste modo, para a nação benfiquista, as decisões protagonizadas por Quique Flores podem representar a ténue diferença entre o ponto de ebulição ou o arrefecimento dos níveis de euforia. Em primeiro lugar, as escolhas técnicas: quem fará parte do onze titular? Miguel Vítor ou Sidnei? Carlos Martins ou Yebda? Di María ou Reyes? Cardozo ou Suazo? Em segundo lugar, como conciliar uma estratégia de contra-ataque com um discurso ambicioso? A meu ver, reside aqui a questão fundamental: como será Quique capaz de motivar e tranquilizar os seus jogadores, sabendo-se que a mensagem para o exterior, plena de convicção e modernidade, nem sempre se coaduna com o real comportamento no relvado, assente em linhas posicionadas num bloco médio-baixo e excesivamente dependente da aposta na velocidade de Suazo, com passes em profundidade? Conflito entre o lado mental e a vertente táctica.
Um olhar sobre os passos do dragão
Sem pôr de parte uma pitada de seriedade, esta secção tem um registo mais irónico. A ideia é imaginar um conjunto de enunciados transmitidos directamente a Quique Flores. Uma espécie de conversa fictícia, completamente orientada para a 2.ª pessoa do singular. Poderia ser, mais ou menos, uma coisa do género...
Quique, como o Diamantino já te explicou, o FC Porto tem construído a sua "casa" táctica à volta do 4x1x3x2. Os jogadores, e posições respectivas, já conheces. Basta lembrares-te daqueles que não coleccionaram bilhete de comboio: Fucile, Rolando, Bruno Alves e Cisskho, no quarteto defensivo; como tampão às investidas ofensivas do adversário, Fernando; mais à frente, um trio constituído por Lucho González, Raul Meireles e Cristián Rodríguez; por fim, na zona de finalização, a dupla formada por Hulk e Lisandro. Suponho que, até aqui, estás a acompanhar.
a) O FC Porto, com bola
Quique, a parte que se segue é importante. Por esta altura, já reconheces as deficiências da tua equipa, logo deves prever que o adversário procure atacar os nossos pontos fracos. Um deles, tem a ver com a maior liberdade concedida a Maxi Pereira. Eles podem aproveitar esse espaço nas costas, caindo do lado de Luisão que, já de si, não prima pela velocidade de reacção. É natural que Hulk pise esses terrenos e há que tomar cuidados acrescidos. O outro, está relacionado com o excessivo espaço entre os jogadores encarnados, principalmente na zona do meio-campo. Bem sei que o Ruben Amorim interioriza e dá um apoio fundamental, mas é prevísivel que Lucho e Rodríguez tentem forçar o eixo central. Portanto, muita atenção à forma como a equipa pressiona em largura e à interligação dos diversos sectores.
b) O FC Porto, sem bola: versão 4x3x3
Quique, se calhar é melhor ires chamar o Paco que agora vão aparecer uns dibujos. Editando a imagem, até podes pensar nalguns melhoramentos: (i) se quiseres indicar os movimentos de transição, adicionas umas setas; (ii) se pretenderes representar a dinâmica dos jogadores, acrescentas uns raios de acção; e, (iii), caso queiras espelhar a forma como a zona deve ser interpretada, colocas zonas individuais de intervenção. Por fim, exportas o resultado final para powerpoint e vais ver que resulta. Bem, vamos ao que interessa?
Quique, quando o FC Porto não tem a posse de bola, pode optar por vários caminhos de pressão que melhor sirvam a tarefa de recuperação e consequente saída rápida para o ataque. Antes que possas retorquir - se o FC Porto actua, preferencialmente, num 4x1x3x2, porquê esta ilustração em 4x3x3? - adianto que Jesualdo Ferreira pode pensar neste esquema posicional, como forma de melhor distribuir os jogadores no relvado. Esta versão tem a particularidade de potenciar uma pressão média-alta, sendo muito agressiva no eixo central. A intenção será impedir a nossa saída de bola, asfixiando Yebda e Katsouranis. Quando assim acontecer, dá logo a instrução para a transição ofensiva seguir circuitos junto à linha, quer por intermédio de Maxi Pereira, quer através do apoio de David Luiz. Por razões ligadas a características individuais, Rodríguez, à esquerda, e Lisandro, à direita, nem sempre vão ter a disponibilidade física para acompanhar o lateral da sua faixa.
c) O FC Porto, sem bola: versão 4x1x3x2
Quique, chama o Paco outra vez que ainda não terminámos. O próximo dibujo, em termos meramente posicionais, oferece a perspectiva típica do FC Porto actual.
Neste cenário, o adversário procura a intensidade de um primeiro momento de pressão, sendo que Hulk cai no espaço entre Maxi Pereira e Luisão, enquanto Lisandro pisa os calcanhares de Miguel Vítor (Sidnei?) e David Luiz. Porém, ao contrário do que possa parecer, esta hipótese deixa maior margem de manobra para a dupla Yebda e Katsouranis saírem com a bola jogável. Inteligentemente, diga-se de passagem, será de esperar que caiba a Raul Meireles (e não a Rodríguez) a função de fechar o lado esquerdo, precavendo as subidas do nosso lateral uruguaio. Do lado oposto, Lucho não deixará de seguir os passos de David Luiz, mas num tipo de marcação menos vincado ao homem. Só mais um pormenor: toma nota que neste quadro, mal os jogadores do FC Porto recuperem a bola, já se encontram colocados nas suas posições naturais para desenvolverem a transição ofensiva.
Quique, penso que é tudo. O resto já deves dominar a preceito. De qualquer modo, podias imprimir este excerto do texto e ias a pensar nisto durante a viagem para o Porto. Se houver alguma dúvida, já sabes - o meu endereço de email está vísivel no profile. Fica à-vontade que eu deito-me tarde. O mais certo é estar por aqui a fazer uns dibujos, ok?
Nota final: Quique Flores em Valência
Vale a pena observar o percurso de Quique Flores, na altura treinador do Valência, nomeadamente quanto aos confrontos forasteiros com Barcelona e Real de Madrid.
Época 2005/06:
Barcelona 2-2 Valência
Real de Madrid 1-2 Valência
Época 2006/07:
Barcelona 1-1 Valência
Real de Madrid 2-1 Valência
Curioso. Em quatro visitas aos palcos dos rivais, só por uma vez Quique Flores sentiu o amargo da derrota. Outro dado interessante: o Valência nunca ficou em "branco". Vale o que vale, mas trata-se de um bom indício que não merece ser menosprezado. Pelos vistos, a estratégia de contra-ataque ainda deve conter atributos escondidos...
sábado, 25 de outubro de 2008
Qual o 'ADN' de um 'grande'?
O Sporting deu um passo importante no apuramento para os oitavos-de-final, ao derrotar o FC Shakhtar Donetsk, por 1-0, em partida da terceira jornada do Grupo C da UEFA Champions League, realizada esta quarta-feira na Ucrânia.
O Benfica iniciou a participação no Grupo B da Taça UEFA com empate a um golo no terreno do Hertha BSC Berlin, em partida da primeira jornada da fase de grupos da prova, disputada no Olympiastadion.
Golos da autoria de Luis Aguiar, Renteria e Alan permitiram ao Sporting de Braga bater em casa o Portsmouth, por 3-0, com a equipa "arsenalista" a protagonizar um arranque perfeito no Grupo E da Taça UEFA.
A pergunta: o que têm a ver os jogos das competições europeias com a imagem de Moreira, aquando da marcação de penalties na 3.ª eliminatória da Taça de Portugal, frente ao Penafiel? Resposta: aparentemente, nada. Contudo, a razão por trás da questão inicial é a seguinte: o que faz realmente uma equipa ser 'grande'? Como se constrói um 'grande'?
Fiquei a pensar neste assunto, ao observar a performance do Benfica na Taça de Portugal e ao analisar o desempenho das equipas portuguesas nas provas da UEFA. Como explicar que o FC Porto tenha ganho o estranho hábito de coleccionar desilusões? Como traduzir os resultados do Sporting de Braga em face da realidade do futebol português?
Obviamente que um, dois ou três resultados, mais ou menos favoráveis, não alteram a concepção que o público tem de um 'grande'. Até porque o sentimento que temos de uma determinada equipa é influenciada por uma disciplina ligada ao deporto-rei: a estatística histórica. Não são as derrotas mais recentes do FC Porto que apagam o passado ou fazem temer o futuro. Na maioria dos casos, ser considerado um 'grande' é como pagar impostos ou morrer. É uma certeza. Que ultrapassa décadas e conhece gerações.
Em termos nacionais, pode-se aceitar esta versão como verdadeira. Basta pensar que um clube como o Benfica já nasceu com a identidade de um 'grande'. Mas, e em termos internacionais? Nesse caso, as dúvidas aumentam, pois o cenário é mais volátil. A exibição dos encarnados em Berlim, comfirma esta teoria.
Mesmo sabendo-se que foi feito um enorme esforço financeiro na construção do plantel benfiquista, aliado à aposta nas virtudes de novas competências técnicas, a verdade é que a actual equipa desconfia da sua condição. Como adepto, acredito que os jogadores acreditem no treinador, assim como Quique Flores acredita no profissionalismo do director desportivo e este, por sua vez, acredita no rigor das pessoas da direcção. Como se fosse um círculo de vitórias.
Porém, acreditar não é suficiente. Torna-se fundamental passar do mundo das emoções (do sonho) para o universo das certezas (da realidade). O Benfica quer voltar a ser um 'grande' europeu. Mas, falta-lhe ainda confiança e segurança no seu futebol para assegurar essa condição.
Continuemos o raciocínio. O jogo de Berlim foi idêntico ao de Matosinhos. O mesmo desenrolar no marcador e o mesmo resultado final. Ora, a lógica aconselha que, no campo de batalha, o mais preparado não regatei esforços em utilizar as suas armas. Daí, seja difícil de conceber que um 'grande' não faça jus à sua superioridade. Não deve temer o confronto directo e não deve recuar perante as adversidades. Quando tal acontece, não é tanto pelo facto de amedrontar-se com os skills do oponente, mas antes por desconfiar das suas próprias capacidades. Antes do Benfica vencer a equipa adversária, tem de ultrapassar os seus próprios medos, conhecer as suas forças e fraquezas. Porque um 'grande' alimenta-se de vitórias.
Para terminar, no âmbito da UEFA Champions League, gostaria de citar o nome de três equipas que têm tido um comportamento muito acima do esperado: CFR Cluj, Anorthosis e BATE Borisov. Em primeiro lugar, os romenos, deram seguimento à surpreendente vitória no terreno da AS Roma com um empate, em casa, ante o Chelsea FC. Somam 4 pontos conquistados e encontram-se no 2.º lugar. Em segundo lugar, o Anorthosis Famagusta, clube cipriota, entrou na competição com um surpreendente empate no terreno do Werder Bremen, no primeiro jogo do Grupo B, tendo posteriormente vencido o Panathinaikos perante os seus adeptos. A derrota seguinte pela margem mínima, com o Inter de Milão, não impede que o Anorthosis siga na 2.ª posição. Por fim, o praticamente desconhecido BATE Borisov, da Bielorússia, já conseguiu subtrair pontos aos favoritos, mercê dos empates alcançados com a Juventus e o Zenit.
Dá que pensar. Para já, todos sofrem do handicap de não terem nascido em berço de ouro. Carecem do chamado 'peso' da história, de um registo passado que represente uma imagem de marca vitoriosa. No entanto, será que algum dia estes clubes podem vir a ser considerados como 'grandes'? Num futuro próximo ou longíquo? Até onde podem chegar os 'outsiders'? São as questões que ficam, à disposição da opinião dos leitores.
quarta-feira, 4 de junho de 2008
Dragões fora da Liga dos Campeões
A justiça tarda, mas não falha.
Sinceramente, pouco me importa que ganhe força a hipótese do Benfica ir disputar a pré-eliminatória da Liga dos Campeões. O meu regozijo deriva do facto de observar o mais que provável fim de um clima de impunidade, baseado num discurso arrogante e numa prática virada para o confronto institucional e pessoal.
Façam um slow rewind à memória. Lembram-se, concerteza, de anos e anos povoados de inúmeros casos que foram provocando desconfiança quanto à idoneidade dos senhores vestidos de azul. São mais de duas décadas recheadas de arbitragens vergonhosas. Se, no passado, a incerteza sobre actos de corrupção era palco de conversa de bastidores, e nunca assumida pelos agentes do futebol, o dia 4 de Junho fica assinalado como a decisão que quebra com toda a hipocrisia do passado.
O epílogo da organização europeia só vem comprovar que os nossos olhos viram um filme que não orgulha a verdade desportiva. Não falo da conhecida obra de João Botelho. Falo da longa metragem assente na liderança do senhor Jorge Nuno Pinto da Costa: de Calheiros e agência Cosmos, de viagens ao Brasil e café com leite, de figuras como o guarda Abel e de salada de frutas. Muitos iluminados da nossa praça faziam questão de colocar óculos de tonalidade azulada e as sequelas da vergonha sobrepunham-se umas a seguir às outras. Todos conheciam o título do filme - sistema - mas, a bobine rodava e rodava sem parar. Nunca mais se vislumbrava o fim da história.
A justiça tarda, mas não falha. Aconteça o que acontecer daqui para a frente, respira-se um ar mais puro. Hoje é um dia diferente. É o dia em que os Miguéis Sousas Tavares de Portugal metem as mãos nos bolsos e coram de vergonha enquanto, de cabeça baixa, percorrem um caminho repleto de lodo que eles mesmo fizeram questão de construir.
segunda-feira, 2 de junho de 2008
Cronologia de uma contratação
Pinto da Costa: «Gostava que viesse o João Moutinho»
Líder elogia capitão do Sporting como jogador "à Porto"
26 de Maio 2008
Soares Franco: «João Moutinho é jogador à Sporting»
Em causa as declarações de Pinto da Costa
1 de Junho 2008
Postiga: «Oportunidade única para relançar carreira»
Avançado é reforço oficial do Sporting
A vinda de Hélder Postiga, do Dragão para Alvalade, não representa facto inédito. Para os mais esquecidos, relembro alguns jogadores que envergaram as duas cores: Inácio, Jaime Pacheco, Sousa, Futre, Morato, entre outros. A imagem seguinte retrata as trocas entre leões e dragões desde a década de 70.
Para além deste apontamento, o meu verdadeiro intuito é o de comunicar um exercício de pura adivinhação. É minha convicção pessoal que as trocas de jersey não vão ficar por aqui, apesar de não dispôr de qualquer informação confidencial (inside trading). Contudo, a possibilidade do FC Porto avançar para a contratação de João Moutinho é um cenário que tem invadido o meu pensamento. Não sei explicar, mas sinto qualquer coisa no ar. Pode ser reflexo das frases que têm vindo a público. Pode ser um feeling, sem grande significado. De qualquer modo, ficaria atento ao provável ressurgimento da chama do dragão...