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quarta-feira, 23 de junho de 2010

Táctica #4: A "Mannschaft" de Low

Football Fans Know Better

Na presente competição, a Alemanha já provocou sensações distintas: da vitória (do céu) fácil e vibrante sobre a Austrália, até à derrota (ao inferno) algo surpreendente frente à Sérvia. Para o jogo decisivo perante o Gana, adversário de respeito e líder do grupo D com 4 pontos, a dúvida coloca-se: que Alemanha teremos a oportunidade de observar? Estou em crer que estaremos diante de uma equipa autoritária e potente, embora com uma tarefa que se afigura complicada: exige-se que as habituais virtudes germânicas, máxima frieza e concentração, aliadas a um futebol mais latinizado, estejam a um nível apurado. À partida, essa face dominadora mais visível será suficiente para o objectivo chamado oitavos-de-final.

Estruturada em 4x2x3x1, Joaquim Low adoptou novos atributos associados a um futebol mais elaborado do ponto de vista técnico, porém sem descaracterizar a matriz habitual da Alemanha. Mantendo-se fiel à identidade futebolística de selecções antecessoras, o seleccionador tem conseguido esculpir um novo conceito futebolístico, assente em valores emergentes com uma abordagem ao jogo mais criativa. Refiro-me, obviamente, aos jovens talentos Mezut Ozil e Thomas Muller que, mesclados com jogadores mais experientes, dão um toque extra de rebeldia a um coelctivo que sempre se regozijou por características mais disciplinadas, mas igualmente louváveis. Vale a pena desenvolver alguns pontos fundamentais que espelham a nova concepção da "Mannschaft".

Para ler, no Jabulani.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

[Euro'2008] Final: Espanha 1-0 Alemanha

Depois de uma espera de 44 anos, a Espanha voltou a conquistar o Campeonato da Europa, ao bater na final do UEFA EURO 2008™ a Alemanha, por 1-0, no Ernst-Happel-Stadion. Fernando Torres foi o herói dos espanhóis, ao apontar, ainda na primeira parte, o golo solitário da partida.

Onze titular

No início da prova, Luis Aragonés tinha desenhado um 4x4x2 que apostava no seguinte: (i) versatilidade de movimentos de dois avançados (diferente do conceito puro de ponta-de-lança), (ii) dinamismo de três homens de segunda linha, com e sem bola; (iii) critério posicional transmitido pelo melhor pivot do torneio, e (iv) capacidade de antecipação de um quarteto defensivo, comandado pelo enorme Iker Casillas.
Após a lesão de David Villa, a equipa espanhola estendeu-se num 4x1x4x1, mas os princípios de jogo mantiveram-se intactos e a ideia principal – leia-se filosofia colectiva – nunca foi posta em causa. Inclusive, a entrada de Cesc Fabregas revelou-se crucial no prolongamento da identidade espanhola. Venceu, sem margem para dúvidas, a prática do bom futebol.

Razões para uma Espanha triunfante

Os principais motivos são publicamente conhecidos: concentração competitiva, rigor nos movimentos de transição, qualidade na posse e na circulação de bola. Em suma, poderia enumerar aspectos ligados à condição física, enaltecer a força mental e elogiar os atributos técnicos. Prefiro, no entanto, centrar-me na questão táctica.

Na sua coluna semanal, Rodrigo Azevedo Leitão escreve o seguinte: "Verticalmente, ao analisarmos o campo de jogo notaremos que quanto menor o número de linhas que orientam a lógica de uma equipe, maior o espaço vertical descoberto presente no campo. Por outro lado, ao analisarmos a distribuição horizontal, notaremos que o número menor de linhas faz com que elas possam ficar mais longas, o que em largura pode promover uma melhor ocupação do espaço do jogo"..."Por fim, o mais importante é que haja entendimento da complexidade, variáveis e nuances que a plataforma de jogo e o número de linhas podem trazer para o cumprimento efetivo de um modelo de jogo".

Esta abordagem sobre o número de linhas, com influência directa no tipo de pressão (vertical vs horizontal), abre espaço para uma análise gráfica bem curiosa.

Cenário 1: Fase de Grupos (D) e ¼ de Final

N.º linhas = 4 (4 defesas, 1 pivot defensivo – Marcos Senna – um trio criativo e 2 avançados)
N.º golos marcados = 4+2+2 = 8
N.º golos sofridos = 0+1+1 = 2
O jogo frente à Itália não é considerado, pois foi resolvido no desempate por pontapés de grande penalidade.
Pressão em profundidade, meio-campo em 1x3x(2 avançados)

Cenário 2: ½ de Final (após saída de Villa) e Final

N.º linhas = 4 (4 defesas, 1 pivot defensivo – Marcos Senna – um quarteto criativo e 1 avançado)
N.º golos marcados = 3+1 = 4
N.º golos sofridos = 0+0 = 0
Pressão em largura, meio-campo em 1x4x(1 avançado)

Este tema poderia levar a um debate de várias horas. Porém, uma coisa é certa: depois da vitória da Espanha servir de referência, em termos futuros, será previsível que, cada vez mais, o 4x4x2 e o 4x3x3 se transformem em 4x5x1. Quais as principais consequências?
No 4x3x3, será improvável a coexistência de dois extremos puros e, porventura, tentar-se-á privilegiar a utilização de médios-ala que saibam recuar e ocupar espaços defensivos.
No 4x4x2, o avançado móvel (dito n.º 9.5) poderá ser substituído por um jogador com características de n.º 10, que pense como médio e tenha o rigor táctico para ser o 5.º elemento do meio-campo.
Obviamente, uma suposta preponderância do 4x5x1 não passa de uma discussão teórica e cada caso (clube, realidade nacional) deve ser estudado separadamente.

Também Luís Freitas Lobo, através do seu artigo de opinião no jornal "Expresso", tece considerações pertinentes: "Por fim, o futebol espanhol cria um estilo para a sua selecção. Desenha-o a partir do meio-campo, onde os jogos se fazem por merecer, e tem, depois, também quem o decida já mais perto da área, com Villa e Torres. O Euro 2008 não inovou em termos tácticos, nem isso parece mais possível, mas fica para a história como o torneio-berço de um novo estilo para o futebol espanhol".

A grande vantagem de Espanha foi conhecer-se a si mesmo, sabendo adaptar-se às circunstâncias de cada desafio. Quer inicialmente em 4x4x2, quer mais tarde em 4x5x1, os campeões europeus mostraram argumentos na vertente táctica e criatividade suficiente para explanar as qualidades técnicas individuais.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

[Euro'2008] 1/4: Portugal 2-3 Alemanha

Ponto prévio: desta vez, não irei classificar o desempenho individual dos jogadores de Portugal. Segui o jogo numa marisqueira, à conversa entre amigos, no meio de caracóis, saladinhas de polvo e outras iguarias, bem acompanhadas por cerveja fresquinha. Depois, a própria emotividade da partida desaconselha apreciações quantitativas e prefiro centrar a minha atenção em questões colectivas ou de âmbito mais alargado. Posto isto, olhemos para o onze titular de Portugal:

Como jogou Portugal?

Tal como tinha escrito, na antevisão da eliminatória, não se registaram surpresas nas opções de Scolari. No papel, João Moutinho (depois Raul Meireles) juntava-se a Petit, deixando a responsabilidade de construção para Deco. No entanto, a maior chamada de atenção vai para a colocação de Simão na direita, em detrimento de Cristiano Ronaldo. Tal como previa, a selecção nacional mostrou algum receio face às investidas de Philipp Lahm e à preponderância ofensiva do flanco esquerdo alemão. Olhemos, agora, para a "Mannschaft":

Como jogou a Alemanha?

Também a Alemanha demonstrou o devido respeito pela selecção portuguesa. Face à indisponibilidade de Torsten Frings, Joaquim Low teve a sagacidade táctica de preencher o meio-campo defensivo com as entradas de Simon Rolfes (Bayer Leverkusen) e Thomas Hitzlsperger (Estugarda), libertando Michael Ballack para terrenos mais ofensivos. Deste modo, quer em 4x1x4x1, quer no esquema 4x2x3x1, a selecção germânica jogou com os sectores mais unidos, impedindo que Portugal aproveitasse espaço entre-linhas. Inteligentemente, descontando o frenesim dos últimos minutos, a Alemanha soube dominar as transições e colocar muitas dificuldades ao futebol mais técnico dos nossos jogadores.

Quais os motivos da derrota?

Em grande medida, uma das razões já foi apresentada: a Alemanha ocupou melhor os espaços, montou um meio-campo solidário atento à perda de bola e soube retirar vantagem de uma maior agressividade nos duelos individuais. A selecção germânica estudou os pontos fracos do adversário e conseguiu explorar dificuldades evidenciadas por Portugal na organização defensiva.
Contudo, não há como fugir do factor mais decisivo: os lances de bola parada. Nestas situações específicas, a opção tem recaído sobre uma marcação individualizada, quando o ideal seria defender à zona ou, porventura, de forma mista. Relembro que o golo sofrido com a Rep. Checa nasceu da marcação de um pontapé de canto e a derrota na final do Euro’2004, frente à Grécia, resulta de lance semelhante. Para agravar, o guarda-redes Ricardo pouco (ou nada) tem evoluído, quando se exige maior destreza nas saídas a cruzamentos. Lamentavelmente, não aprendemos com os erros do passado.

Scolari: seleccionador, treinador ou psicólogo?

Como não poderia deixar de ser, o "sargentão" tem de ser responsabilizado pelas escolhas técnicas, opções tácticas e consequente afastamento da selecção portuguesa. O desempenho global ficou aquém das expectativas, até pelo que tínhamos conseguido em edições anteriores. Pessoalmente, a eliminação não me decepciona porque não tinha grande ilusão em relação à vitória final. Ao contrário do folclore proporcionado pela comunicação social, sempre mantive alguma prudência sobre a real valia desta equipa.
Sobre Scolari, digo o seguinte: é meio treinador. Muito capacitado na construção de um espírito colectivo, baseado em valores de união e solidariedade. Aliás, para o bem e para o mal, as suas opções técnicas acabam por reflectir este predicado. Na função de seleccionador, o futuro treinador do Chelsea nem sempre escolhe os que estão em melhor forma (física, técnica), mas aqueles que lhe oferecem maior confiança e predisposição para "viver" em grupo. A juntar a isto, sabe retirar o melhor partido da parte psicológica, gerindo muito bem a vertente mental e motivacional dos seus atletas.
Porém, tal como afirmei, Scolari é meio treinador. No seu discurso, abdica dos aspectos estratégicos e não privilegia o lado táctico do jogo. Como tem sido constatado, ao longo destes anos, raramente trabalha um plano B alternativo e demonstra fraca maleabilidade estratégica para lidar com a adversidade. No meu entender, a razão subjuga-se à emoção. Em demasia. É certo que uma equipa pode ser um estado de ânimo. Mas, ainda acredito que o futebol é um jogo e, como tal, deve ser estudado ao detalhe. É isso que faz a diferença.

Fonte: Imagens retiradas da "Marca" online.

terça-feira, 17 de junho de 2008

[Euro'2008] Antevisão 1/4: Portugal - Alemanha

Tal como se esperava, Portugal e Alemanha vão medir forças nos quartos-de-final do Europeu, na quinta-feira, em Basileia (19.45 h). Um confronto antecipado, porque inicialmente previsto para as meias-finais, não fosse a derrota germânica frente à Croácia, na segunda jornada do Grupo B.

Como vai jogar Portugal?

À partida, Scolari não deve apresentar nenhuma surpresa e será esta a equipa titular. Existe sempre a possibilidade de Fernando Meira ser chamado e não deixa de ser verdade o facto de Nani ter deixado boas indicações. De qualquer forma, não creio que o seleccionador altere a confiança nos atletas que iniciaram o Euro’2008. A questão principal está centrada numa "nuance" estratégica. O que será preferível? Colocar Cristiano Ronaldo à esquerda, de forma a Simão proteger as subidas de Lahm? Encostar o prodígio português ao flanco direito, de maneira a aproveitar a menor vocação defensiva dos germânicos nesse espaço?

Como vai jogar a Alemanha?

A imagem retrata o onze escolhido por Joaquim Low, isto após um triunfo por 1-0 sobre a Áustria ter assegurado à "Mannschaft" o segundo lugar do Grupo B, atrás da Croácia. Confesso que tenho imensa curiosidade sobre qual a opção do selecionador alemão. Será que vai manter esta equipa, mantendo a confiança em Mario Gómez e arriscando com a colocação de Lukas Podolski à esquerda? Ou, pelo contrário, abdica das suas convicções e, numa decisão de respeito para com a selecção portuguesa, opta por fazer regressar Bastian Schweinsteiger à equipa titular?

O que Portugal mais deve temer?

Luís Freitas Lobo costuma afirmar que uma boa equipa não existe sem um meio-campo forte, quer em terrenos de recuperação, quer em zonas de construção. Não há como deixar de concordar. Todavia, sem colocar de parte a ideia colectiva do modelo de jogo, e para além dos duelos individuais no centro do campo (Petit vs Michael Ballack; Deco vs Torsten Frings), a "chave" do jogo pode estar nas faixas laterais.
A imagem acima representada ilustra um dos movimentos que requer mais atenção por parte da selecção nacional: Lukas Podolski flecte para zonas interiores, abrindo espaço à subida de Philipp Lahm, enquanto Michael Ballack queima linhas e Miroslav Klose (ou Mario Gómez) cai na faixa. Com a defesa contrária desposicionada, Lukas Podolski aparece em zona de finalização, fazendo uso certeiro do seu óptimo pé esquerdo.
Este cenário só faz sentido no caso de Joaquim Low manter a estrutura habitual. Muito provavelmente, será Bastian Schweinsteiger a fazer o papel de médio ala, substituindo o melhor marcador alemão no corredor esquerdo e em detrimento da menor inspiração chamada Mario Gómez.
Também é prevísivel que Cristiano Ronaldo e Simão, no decorrer da partida, troquem de flancos. No entanto, os primeiros minutos vão mostrar o verdadeiro Portugal. Se Simão aparecer na direita, cobrindo as subidas de Lahm, será um sinal de claro respeito pela selecção alemã. Se, pelo contrário, for Cristiano Ronaldo a pisar o lado destro, será uma aposta com o intuito de aproveitar o maior balanceamento ofensivo do lateral alemão.
Estou convicto que os desequilíbrios vão-se tornar mais visíveis quando a bola chegar perto de ambos os flancos. Portugal pode explorar a velocidade de Bosingwa. A Alemanha pode potenciar o dinamismo de Philipp Lahm. Portugal tem um ala mais rigoroso do ponto de vista táctico, Simão. A Alemanha conta com a disponibilidade de Clemens Fritz. Portugal tem Cristiano Ronaldo do seu lado. A Alemanha dispõe, como se viu, da mobilidade de Lukas Podolski. Quem vencer esta batalha (estratégica), ganhará o jogo. Amanhã, ficaremos a saber.

Fonte: Imagens retiradas da "Marca" online.