Espanha, próximo adversário de Portugal nos oitavos-de-final. Nas linhas seguintes, analisaremos os prós & contras de ‘La Roja’ e qual a abordagem estratégica que a selecção nacional deverá optimizar. Antes, recuemos até 2008, quando a Espanha sagrou-se campeã europeia.
Na altura, durante a fase de grupos e quartos-de-final, Luis Aragonés era apologista de um 4x1x3x2, com Senna pivot (defensivo), um trio formado por David Silva (esquerda), Iniesta (direita) e Xavi (ao centro), ficando Torres e David Villa na frente de ataque. A partir dos quartos-de-final, com a lesão do avançado do Valência, a equipa mudou para um elástico 4x1x4x1, imagem de marca da selecção espanhola. Recordo o onze-base na final contra a Alemanha: Casillas, Sergio Ramos, Puyol, Marchena e Capdevila; Senna, Iniesta, Xavi, Fàbregas e David Silva; na frente, Torres. Dois anos passaram, mas desta equipa para a actual (que jogou diante do Chile), apenas mudaram 4 caras: Piqué em vez de Marchena, Busquets por Senna, Xabi Alonso em vez de Fàbregas e David Villa por Silva. Portanto, salvo uma ou outra alteração pontual, esta geração de jogadores pode continuar a fazer história.
Curiosamente, o seleccionador Del Bosque começou a competição de forma semelhante à final do Euro 2008, ou seja, com a equipa disposta em 4x1x4x1. De então para cá, as únicas novidades prendem-se com o seguinte: opção por Xabi Alonso, em detrimento de Fàbregas e saídas de Marchena e Senna, com entrada directa de Piqué e Busquets, respectivamente. Porém, a derrota com a Suiça alterou os planos e houve como que uma espécie de regresso ao passado, com a aposta em Torres. A Espanha precisava de maior poder de fogo, ficando David Villa inclinado na esquerda (diagonais interiores) e Jesús Navas (vs Honduras) ou Iniesta (vs Chile) com responsabilidade no corredor contrário. Presentemente, ‘La Roja’ actua num 4x3x3, com meio-campo em «1x2» quando em posse de bola, mas também desenha um 4x1x4x1 em organização defensiva, recuando os extremos para zonas mais atrasadas.
O retrato (táctico) do antes e depois está feito. Porém, em termos de futebol desenvolvido existem algumas diferenças. Em 2008, os campeões europeus mostraram argumentos na vertente táctica e criatividade suficiente para explanar as qualidades técnicas individuais. No presente, a escolha por determinados jogadores tem bloqueado a fluidez nos movimentos de transição e circulação de bola. Razões para tal? O espaço entre-linhas nem sempre é bem preenchido, pois Del Bosque tem demorado a encontrar os homens certos para os lugares de meio-campo: Busquets, Xabi Alonso e Xavi parecem intocáveis, mas também já jogaram Jesús Navas, Iniesta, Fàbregas e David Silva. Creio que o equilíbrio ainda não foi encontrado, pois Busquets e Xabi Alonso são médios de contenção e Iniesta e Fàbregas, por exemplo, têm outros argumentos (qualidade de passe em ruptura) ofensivos. Vejamos, agora, quais os prós & contras da actual selecção espanhola.
Para continuar a ler, no Jabulani.
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terça-feira, 29 de junho de 2010
Táctica #6: Espanha - prós & contras
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Craques do futuro #1: Iker Muniain
O avançado do Athletic Bilbau, Iker Muniain tornou-se no goleador mais jovem da Liga espanhola, aos 16 anos e 289 dias de idade, depois do tento apontado ao Real Valladolid, quebrando o recorde que pertencia a Xisco Nadal. Muniain, apelidado de "Bart Simpson" pelos adeptos, entrou como suplente utilizado mas rapidamente causou impacto na partida ao colocar a bola no poste mais distante da baliza do Valladolid ao minuto 77'.
'Profile'
Iker Muniain
Athletic Bilbao (Espanha)
Data de nascimento
19.12.1992 (16 anos)
Camisola n.º 27
Nacionalidade: Espanha
Altura: 1,69m
Peso: 63kg
Pé preferido: direito
Posição no terreno de jogo:
Principal: médio ofensivo direito
Secundária: médio ofensivo centro e esquerdo, avançado (extremo) direito e esquerdo, ponta-de-lança
Estilo de jogo:
Avançado móvel de suporte
Representação
Agente:
Contrato: Expira em 2011/2012
Finanças
Valor de mercado estimado: € 5M-7.5M
Salário estimado anual: € 150
Temporada 2009/10 (época presente):
Presenças – Golos / Assistências – Amarelos / Vermelhos
11 – 3/0 – -/-
Temporada 2008/09 (época anterior, no Athletic Bilbao II):
Presenças – Golos / Assistências – Amarelos / Vermelhos
13 – 1/0 – -/-
Media Files:
Iker Muniain - vídeo I
Iker Muniain - vídeo II
Iker Muniain - vídeo III
Atributos (de 0 a 5)
Impulsão & Cabeceamento (1)
Técnica & Criatividade (4)
Aceleração & Velocidade (5)
Força & Resistência (1)
Avaliação final: O jovem jogador Iker Muniain é, sem sombra de dúvidas, um dos maiores talentos do país vizinho. Actua, preferencialmente, como avançado de suporte ao homem de referência, possuindo enorme mobilidade e imprevisibilidade em toda a largura do ataque. Velocíssimo com bola, a sua técnica contempla um potencial explosivo que, aliado à capacidade de trabalho no aspecto defensivo, permite augurar-lhe um largo futuro nas várias vertentes do jogo.
Fonte: A pesquisa foi efectuada com base no site IMScouting.
'Profile'
Iker Muniain
Athletic Bilbao (Espanha)
Data de nascimento
19.12.1992 (16 anos)
Camisola n.º 27
Nacionalidade: Espanha
Altura: 1,69m
Peso: 63kg
Pé preferido: direito
Posição no terreno de jogo:
Principal: médio ofensivo direito
Secundária: médio ofensivo centro e esquerdo, avançado (extremo) direito e esquerdo, ponta-de-lança
Estilo de jogo:
Avançado móvel de suporte
Representação
Agente:
Contrato: Expira em 2011/2012
Finanças
Valor de mercado estimado: € 5M-7.5M
Salário estimado anual: € 150
Temporada 2009/10 (época presente):
Presenças – Golos / Assistências – Amarelos / Vermelhos
11 – 3/0 – -/-
Temporada 2008/09 (época anterior, no Athletic Bilbao II):
Presenças – Golos / Assistências – Amarelos / Vermelhos
13 – 1/0 – -/-
Media Files:
Iker Muniain - vídeo I
Iker Muniain - vídeo II
Iker Muniain - vídeo III
Atributos (de 0 a 5)
Impulsão & Cabeceamento (1)
Técnica & Criatividade (4)
Aceleração & Velocidade (5)
Força & Resistência (1)
Avaliação final: O jovem jogador Iker Muniain é, sem sombra de dúvidas, um dos maiores talentos do país vizinho. Actua, preferencialmente, como avançado de suporte ao homem de referência, possuindo enorme mobilidade e imprevisibilidade em toda a largura do ataque. Velocíssimo com bola, a sua técnica contempla um potencial explosivo que, aliado à capacidade de trabalho no aspecto defensivo, permite augurar-lhe um largo futuro nas várias vertentes do jogo.
Fonte: A pesquisa foi efectuada com base no site IMScouting.
segunda-feira, 30 de junho de 2008
[Euro'2008] Final: Espanha 1-0 Alemanha
Depois de uma espera de 44 anos, a Espanha voltou a conquistar o Campeonato da Europa, ao bater na final do UEFA EURO 2008™ a Alemanha, por 1-0, no Ernst-Happel-Stadion. Fernando Torres foi o herói dos espanhóis, ao apontar, ainda na primeira parte, o golo solitário da partida.
Onze titular
No início da prova, Luis Aragonés tinha desenhado um 4x4x2 que apostava no seguinte: (i) versatilidade de movimentos de dois avançados (diferente do conceito puro de ponta-de-lança), (ii) dinamismo de três homens de segunda linha, com e sem bola; (iii) critério posicional transmitido pelo melhor pivot do torneio, e (iv) capacidade de antecipação de um quarteto defensivo, comandado pelo enorme Iker Casillas.
Após a lesão de David Villa, a equipa espanhola estendeu-se num 4x1x4x1, mas os princípios de jogo mantiveram-se intactos e a ideia principal – leia-se filosofia colectiva – nunca foi posta em causa. Inclusive, a entrada de Cesc Fabregas revelou-se crucial no prolongamento da identidade espanhola. Venceu, sem margem para dúvidas, a prática do bom futebol.
Razões para uma Espanha triunfante
Os principais motivos são publicamente conhecidos: concentração competitiva, rigor nos movimentos de transição, qualidade na posse e na circulação de bola. Em suma, poderia enumerar aspectos ligados à condição física, enaltecer a força mental e elogiar os atributos técnicos. Prefiro, no entanto, centrar-me na questão táctica.
Na sua coluna semanal, Rodrigo Azevedo Leitão escreve o seguinte: "Verticalmente, ao analisarmos o campo de jogo notaremos que quanto menor o número de linhas que orientam a lógica de uma equipe, maior o espaço vertical descoberto presente no campo. Por outro lado, ao analisarmos a distribuição horizontal, notaremos que o número menor de linhas faz com que elas possam ficar mais longas, o que em largura pode promover uma melhor ocupação do espaço do jogo"..."Por fim, o mais importante é que haja entendimento da complexidade, variáveis e nuances que a plataforma de jogo e o número de linhas podem trazer para o cumprimento efetivo de um modelo de jogo".
Esta abordagem sobre o número de linhas, com influência directa no tipo de pressão (vertical vs horizontal), abre espaço para uma análise gráfica bem curiosa.
Cenário 1: Fase de Grupos (D) e ¼ de Final
N.º linhas = 4 (4 defesas, 1 pivot defensivo – Marcos Senna – um trio criativo e 2 avançados)
N.º golos marcados = 4+2+2 = 8
N.º golos sofridos = 0+1+1 = 2
O jogo frente à Itália não é considerado, pois foi resolvido no desempate por pontapés de grande penalidade.
Pressão em profundidade, meio-campo em 1x3x(2 avançados)
Cenário 2: ½ de Final (após saída de Villa) e Final
N.º linhas = 4 (4 defesas, 1 pivot defensivo – Marcos Senna – um quarteto criativo e 1 avançado)
N.º golos marcados = 3+1 = 4
N.º golos sofridos = 0+0 = 0
Pressão em largura, meio-campo em 1x4x(1 avançado)
Este tema poderia levar a um debate de várias horas. Porém, uma coisa é certa: depois da vitória da Espanha servir de referência, em termos futuros, será previsível que, cada vez mais, o 4x4x2 e o 4x3x3 se transformem em 4x5x1. Quais as principais consequências?
No 4x3x3, será improvável a coexistência de dois extremos puros e, porventura, tentar-se-á privilegiar a utilização de médios-ala que saibam recuar e ocupar espaços defensivos.
No 4x4x2, o avançado móvel (dito n.º 9.5) poderá ser substituído por um jogador com características de n.º 10, que pense como médio e tenha o rigor táctico para ser o 5.º elemento do meio-campo.
Obviamente, uma suposta preponderância do 4x5x1 não passa de uma discussão teórica e cada caso (clube, realidade nacional) deve ser estudado separadamente.
Também Luís Freitas Lobo, através do seu artigo de opinião no jornal "Expresso", tece considerações pertinentes: "Por fim, o futebol espanhol cria um estilo para a sua selecção. Desenha-o a partir do meio-campo, onde os jogos se fazem por merecer, e tem, depois, também quem o decida já mais perto da área, com Villa e Torres. O Euro 2008 não inovou em termos tácticos, nem isso parece mais possível, mas fica para a história como o torneio-berço de um novo estilo para o futebol espanhol".
A grande vantagem de Espanha foi conhecer-se a si mesmo, sabendo adaptar-se às circunstâncias de cada desafio. Quer inicialmente em 4x4x2, quer mais tarde em 4x5x1, os campeões europeus mostraram argumentos na vertente táctica e criatividade suficiente para explanar as qualidades técnicas individuais.
Onze titular
No início da prova, Luis Aragonés tinha desenhado um 4x4x2 que apostava no seguinte: (i) versatilidade de movimentos de dois avançados (diferente do conceito puro de ponta-de-lança), (ii) dinamismo de três homens de segunda linha, com e sem bola; (iii) critério posicional transmitido pelo melhor pivot do torneio, e (iv) capacidade de antecipação de um quarteto defensivo, comandado pelo enorme Iker Casillas.
Após a lesão de David Villa, a equipa espanhola estendeu-se num 4x1x4x1, mas os princípios de jogo mantiveram-se intactos e a ideia principal – leia-se filosofia colectiva – nunca foi posta em causa. Inclusive, a entrada de Cesc Fabregas revelou-se crucial no prolongamento da identidade espanhola. Venceu, sem margem para dúvidas, a prática do bom futebol.
Razões para uma Espanha triunfante
Os principais motivos são publicamente conhecidos: concentração competitiva, rigor nos movimentos de transição, qualidade na posse e na circulação de bola. Em suma, poderia enumerar aspectos ligados à condição física, enaltecer a força mental e elogiar os atributos técnicos. Prefiro, no entanto, centrar-me na questão táctica.
Na sua coluna semanal, Rodrigo Azevedo Leitão escreve o seguinte: "Verticalmente, ao analisarmos o campo de jogo notaremos que quanto menor o número de linhas que orientam a lógica de uma equipe, maior o espaço vertical descoberto presente no campo. Por outro lado, ao analisarmos a distribuição horizontal, notaremos que o número menor de linhas faz com que elas possam ficar mais longas, o que em largura pode promover uma melhor ocupação do espaço do jogo"..."Por fim, o mais importante é que haja entendimento da complexidade, variáveis e nuances que a plataforma de jogo e o número de linhas podem trazer para o cumprimento efetivo de um modelo de jogo".
Esta abordagem sobre o número de linhas, com influência directa no tipo de pressão (vertical vs horizontal), abre espaço para uma análise gráfica bem curiosa.
Cenário 1: Fase de Grupos (D) e ¼ de Final
N.º linhas = 4 (4 defesas, 1 pivot defensivo – Marcos Senna – um trio criativo e 2 avançados)
N.º golos marcados = 4+2+2 = 8
N.º golos sofridos = 0+1+1 = 2
O jogo frente à Itália não é considerado, pois foi resolvido no desempate por pontapés de grande penalidade.
Pressão em profundidade, meio-campo em 1x3x(2 avançados)
Cenário 2: ½ de Final (após saída de Villa) e Final
N.º linhas = 4 (4 defesas, 1 pivot defensivo – Marcos Senna – um quarteto criativo e 1 avançado)
N.º golos marcados = 3+1 = 4
N.º golos sofridos = 0+0 = 0
Pressão em largura, meio-campo em 1x4x(1 avançado)
Este tema poderia levar a um debate de várias horas. Porém, uma coisa é certa: depois da vitória da Espanha servir de referência, em termos futuros, será previsível que, cada vez mais, o 4x4x2 e o 4x3x3 se transformem em 4x5x1. Quais as principais consequências?
No 4x3x3, será improvável a coexistência de dois extremos puros e, porventura, tentar-se-á privilegiar a utilização de médios-ala que saibam recuar e ocupar espaços defensivos.
No 4x4x2, o avançado móvel (dito n.º 9.5) poderá ser substituído por um jogador com características de n.º 10, que pense como médio e tenha o rigor táctico para ser o 5.º elemento do meio-campo.
Obviamente, uma suposta preponderância do 4x5x1 não passa de uma discussão teórica e cada caso (clube, realidade nacional) deve ser estudado separadamente.
Também Luís Freitas Lobo, através do seu artigo de opinião no jornal "Expresso", tece considerações pertinentes: "Por fim, o futebol espanhol cria um estilo para a sua selecção. Desenha-o a partir do meio-campo, onde os jogos se fazem por merecer, e tem, depois, também quem o decida já mais perto da área, com Villa e Torres. O Euro 2008 não inovou em termos tácticos, nem isso parece mais possível, mas fica para a história como o torneio-berço de um novo estilo para o futebol espanhol".
A grande vantagem de Espanha foi conhecer-se a si mesmo, sabendo adaptar-se às circunstâncias de cada desafio. Quer inicialmente em 4x4x2, quer mais tarde em 4x5x1, os campeões europeus mostraram argumentos na vertente táctica e criatividade suficiente para explanar as qualidades técnicas individuais.
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