quarta-feira, 30 de setembro de 2020

"A Única Filha" de Anna Snoekstra [Opinião]


«Uma trama vertiginosa e repleta de reviravoltas que fará com que qualquer fã de thrillers não consiga parar de ler.»
Booklist
 
A ideia deste livro é muito interessante. Rebecca Winter, uma adolescente de 16 anos, desapareceu. Onze anos depois, uma mulher muito parecida com ela afirma ser Rebecca, conseguindo convencer toda a gente. Contudo, ao retomar a vida da jovem, começa também a perceber que algo naquela família não está bem e que ela própria poderá correr perigo.

Senti-me cativada logo nas primeiras páginas. A nossa personagem vê-se numa situação complicada e, para evitar ser presa, assume a identidade de uma rapariga desaparecida. Apesar de saber que ela não passa de uma impostora, acabei por sentir uma certa simpatia e por torcer por ela em todas as situações. Afinal, não era nada fácil ser evasiva com os inspetores que queriam a todo o custo descobrir o responsável pelo seu rapto. Ou tentar convencer a família e os amigos sem conhecer absolutamente nada da vida passada de Rebecca.
Ao mesmo tempo, sente curiosidade em descobrir o que aconteceu à verdadeira Rebecca, o que acabará por fazê-la sentir-se insegura dentro daquela casa.

[Fotografia da minha autoria]

O comportamento estranho da família dela - pais e irmãos gémeos - fez-me desconfiar logo nas primeiras páginas. Sem referir as razões da minha desconfiança, posso afirmar que desde muito cedo formulei uma teoria. Tinha quase a certeza do que teria acontecido (ou então queria desesperadamente encontrar um livro em que fosse capaz de desvendar o final). Mas a autora surpreendeu-me! Andei lá perto, mas acabei por ficar bastante impressionada com os acontecimentos finais.

A narrativa vai alternando entre o presente (relatado na primeira pessoa) e o passado (contado na terceira pessoa). Senti muito mais interesse pela trama do presente, uma vez que é aqui que nos são dadas informações acerca da impostora e nos é permitido ver como ela manipula os outros.

No geral, este é um thriller satisfatório, que se lê bastante rápido. Não é uma história soberba, uma vez que certos acontecimentos teriam beneficiado de um pouco mais de desenvolvimento, mas será uma boa escolha para intercalar com leituras mais pesadas e difíceis.
Um ponto positivo é o facto de abordar a temática da troca de identidade, que ainda não encontrei muito na ficção e que terá sido o motivo que chamou a minha atenção no momento em que comprei o livro.

Classificação: 3/5 estrelas

Palavras Sentidas


"Como descobri recentemente, podemos pensar que queremos saber certas coisas, mas quando vimos a descobri-las, mudam-nos. Perseguem-nos. Ficamos parados no tempo, obcecados por um passado que não podemos alterar, e enquanto isso o mundo não para, continua a avançar rumo ao futuro."

Vidas Adiadas
Dorothy Koomson

sábado, 26 de setembro de 2020

"O Predador da Noite" de Chris Carter [Opinião]


«Não dá para parar de ler.»
Express
 
O Predador da Noite é o terceiro livro da série policial Robert Hunter e o quarto trabalho do autor que tenho oportunidade de ler.
Chris Carter é, sem sombra de dúvidas, um dos melhores autores contemporâneos dentro do género policial. Os seus livros são dos mais macabros que já li, inquietantes e de leitura compulsiva.

Desta vez, Robert Hunter e o seu parceiro Carlos Garcia, da Unidade Especial de Homicídios, vão ter em mãos um dos crimes mais hediondos que se possa imaginar. A vítima do sexo feminino não apresenta qualquer marca de maus tratos, exceto o pormenor de a boca e as partes íntimas terem sido cosidas. E, para surpresa de todos, o assassino deixou um objeto dentro da vítima.

Este livro começa de forma explosiva! É impossível refrear a curiosidade e permanecer indiferente a um início destes. Um pormenor que eu adoro nos livros deste autor é a sua capacidade de terminar quase todos os capítulos com suspense. Isto, aliado aos capítulos pequenos, não dá qualquer descanso ao leitor, que muito dificilmente vai ser capaz de largar o livro.

[Fotografia da minha autoria]

A cada novo livro, o autor consegue também superar-se no tipo de crimes, na sua descrição, nas motivações do assassino. O que mais me fascinou neste livro foi o objeto que o assassino colocava dentro de cada vítima e, mais tarde, descobrir o porquê de ter sido escolhido aquele objeto aterrador em particular.

Um outro aspeto que me agradou imenso foi o aparecimento de Whitney Meyes, uma investigadora privada cuja investigação se cruza com a de Robert Hunter. Gostei desta personagem e da dinâmica que se formou entre ela e Robert. Embora ela tenha desempenhado um papel importante neste livro, acabei por ficar com pena de não a ter conhecido melhor. Creio que a Whitney merecia um destaque maior, talvez alguns capítulos extra.

O final do livro foi arrebatador, o que não é de espantar, tendo em conta os vários trabalhos que já li do autor. Li as últimas cem páginas quase de uma vez e, quando tive de interromper para almoçar, sentia-me nervosa, inquieta, com o coração a palpitar de ansiedade. E só me senti melhor quando cheguei à última página e desvendei todo o mistério. Quem é que disse que os livros são relaxantes?

Chris Carter é um autor obrigatório para os fãs de literatura policial contemporânea. De que estás à espera para o conhecer?

Classificação: 5/5 estrelas

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Palavras Sentidas


"Há tradições da infância que temos de manter vivas, porque se as abandonamos fazemos também morrer parte de nós."

O Bairro das Cruzes
Susana Amaro Velho

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Palavras Sentidas


"As pessoas não se tornam melhores, tornam-se apenas mais espertas. Quando te tornas mais esperto, não deixas de arrancar as asas às moscas, pensas em motivos melhores para o fazeres."

Carrie
Stephen King

terça-feira, 15 de setembro de 2020

Projeto Conjunto | Empréstimo Surpresa [Livro Recebido]


Ontem chegou cá a casa um novo livro surpresa escolhido pela Silvana.

Foi com grande expectativa que abri o envelope e descobri este livro:


Chegou a estar muito tempo na minha lista de livros desejados e, embora tenha ficado esquecido, agora foi-me dada uma oportunidade de o ler. A Silvana gostou bastante do livro e acredito que também serei capaz de gostar. Vamos ver!

Obrigada Silvana!
Podem visitar o blogue dela para conhecerem os motivos de me ter escolhido este livro.

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Palavras Sentidas


"Por vezes, a pessoa que nos podia fazer mais feliz é aquela em que não reparamos, a que aguarda pacientemente, mantendo-se de lado."

Lembranças Macabras
Tess Gerritsen

terça-feira, 8 de setembro de 2020

"O Evangelho Segundo Jesus Cristo" de José Saramago [Opinião]


Ler José Saramago foi uma forma de me desafiar. Sempre me senti um pouco envergonhada enquanto leitora por me ter mantido tão resistente a ler as obras deste autor. Concordo que devemos ler aquilo que nos dá prazer,  não interessando se algumas dessas leituras são mais fáceis; contudo, acredito que é enriquecedor sair da nossa zona de conforto e ler algo mais desafiante.

Deste autor, ainda só tinha lido o Claraboia — um dos seus primeiros trabalhos escritos e que surgiu antes de ele desenvolver o seu estilo — e O Conto da Ilha Desconhecida — um pequeno conto que me deu um cheirinho da sensibilidade da sua escrita.

Confesso que sempre embirrei um pouco com o autor e não foi por minha culpa. Quando estava na universidade, tive um professor de Literatura que, certa vez, nos trouxe um excerto de um livro de Saramago para fazermos um exercício de pontuação. Acredito que o professor não pretendia desencorajar-nos de ler o autor mas desde aí que cresceu em mim esta embirração injustificada.
 
Na verdade, Saramago utiliza pontuação nos seus trabalhos. Socorre-se unicamente da vírgula e do ponto final e, na verdade, nada mais é necessário. Após alguma estranheza e dificuldade inicial, a leitura flui muito melhor e o leitor é capaz de entender tudo o que lê e retirar prazer da leitura.

[Fotografia da minha autoria] 

Em O Evangelho Segundo Jesus Cristo, o autor apresenta-nos a sua visão de como poderia ter sido a vida de Jesus. Ao longo destas páginas, vamos acompanhando diversos episódios bíblicos nossos conhecidos, contudo, eles apresentam um carácter mais humano e menos divino. As personagens demonstram todo o tipo de emoções humanas, como a alegria e a tristeza, a culpa e o remorso.
Neste livro, Deus é arrogante e pouco bondoso, sendo mais adepto de guerras e sofrimento.

Enquanto lia este livro senti imensa vontade de consultar a Bíblia, de forma a comparar o que está escrito nos evangelhos com o que o autor nos apresenta neste romance. Quanto do que lemos neste livro partirá da imaginação do autor?

A leitura acabou por ser mais agradável do que eu esperava e digo-vos, ainda bem que continuei a insistir comigo mesma e me desafiei a finalmente pegar neste livro. Estou muito surpreendida e desejosa de explorar um novo trabalho do autor.

Qual o teu livro preferido de Saramago? E qual me recomendas para ler a seguir?

Classificação: 4/5 estrelas

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Palavras Sentidas


"Os meus avós lembram-se de não terem infância, havia guerra. A sua infância é a guerra, a minha é Chernobyl."

Vozes de Chernobyl
Svetlana Alexievich

terça-feira, 1 de setembro de 2020

Aquisições: Agosto

Se o mês de julho foi excelente no que toca a aquisições literárias, o mês de agosto foi o contrário: bastante mais moderado.

Apenas chegou à minha estante um livro, uma compra que fiz no início do mês e que, devido a atrasos, chegou às minhas mãos apenas no dia 31. Trata-se do primeiro livro publicado pela Susana Amaro Velho, que me deixou muito curiosa após ter lido O Bairro das Cruzes.

COMPRA


E como correu o vosso mês a nível de aquisições literárias?